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Os Amores de Pedro e Inês

Narrador – Conheci um homem, o seu nome era


Diogo LP e contou-me uma história terrível, contou-
me que tinha fugido da derradeira justiça de D.
Pedro, pois cometera um acto de crueldade ao
matar a sua amada, D. Inês de Castro. Mas acabou
por escapar à sua fúria, talvez para poder contar
como tudo aconteceu...

D. Afonso IV- Pedro, chegou a hora de te casares!


Virá de Castela uma linda donzela. O seu nome é D.
Constança.

Pedro - Sim, meu pai! Finalmente vou casar. Há


tanto tempo que esperava por este momento...
(desabafa virado para o público)
Aia – Senhores, D. Constança chegou.
D. Afonso IV – Entra Constança, entra!
(Entram D. Constança e Inês)

D. Pedro - Mas que linda mulher. É ela, a que eu vi


quando chegou! A que sorriu para mim, a que me
encantou. Que sorte, vou casar com aquela por
quem me apaixonei! (virado para o público)

D. Afonso IV- Pedro, esta será a tua mulher, D.


Constança!
Narrador. Pedro ficou desiludido por ter percebido
que tinha confundido a identidade das duas
donzelas. Pedro casou com D. Constança, mas esta
vivia com um grande desgosto, pois não era amada
por D. Pedro. D. Constança sabia bem dos amores
entre D. Pedro e D. Inês. Eles nunca conseguiram
esconder o seu amor. Penso mesmo que nem faziam
questão de o esconder. Os seus olhos não mentiam
quando se encontravam… Mas apesar de não ser
amada, D. Constança sabia que tinha de dar um
herdeiro ao trono. Quando estava para nascer o seu
segundo filho, pensando reconquistar a amizade e a
lealdade de D. Inês não perdeu a oportunidade de a
convidar para madrinha.

D. Constança - Inês, não gostavas de ser a


madrinha deste filho que está para nascer?

D. Inês - Sim, minha Senhora, nada me deixaria


mais feliz do que ser madrinha dessa criança.
D. Constança – Chamar-se-á Luís e vai ser belo e
forte como o pai! Vais ver!

Narrador – Mas nada correu como D. Constança


queria, o seu filho Luís acabou por morrer alguns
dias depois de nascer e D. Constança seguiu-o,
morrendo de tanto desgosto.

D. Pedro - Inês, eu não queria que Constança, mãe


dos meus filhos morresse, mas agora nada impede o
nosso amor, podemos ir viver juntos!

D. Inês - Mas para onde vamos? Sabes que o teu


pai não gosta de mim. Ele sente que eu sou uma
ameaça! Vais enfurecê-lo!
D. Pedro – Não quero saber. Nem quero ouvir!
Vamos para uma quinta em Coimbra. Lá ninguém
nos encontrará, seremos felizes.
Narrador – Como estava Pedro enganado, os
rumores foram ganhando força, e a força ganhou
ódio, um ódio de morte.

D. Afonso IV- O quê!? Pedro e Inês casaram-se


secretamente! A independência de Portugal está em
risco! Reúnam os meus conselheiros.
Os três em coro respondem ao Rei – Sim,
Majestade, aqui estamos!

Diogo LP - Meu rei, eu sou da opinião de matar


Inês. É a única forma de resolvermos esta questão.
Os Castro são uma ameaça!

Alvaro G - Sim, meu amo! Eu também entendo que


essa é a única saída: matá-la.

Pêro C - Parece que todos temos a mesma opinião.


Será essa a ordem de vossa Majestade?
D. Afonso – Sim, condeno-a à morte! Só assim
podemos garantir a nossa independência. Nunca
gostei dessa galega, nem dos modos como o meu
filho olhava para ela… Vão! Não hesitem, sejam
firmes!
Narrador - Aproveitando a ausência de D. Pedro, o
homem que eu conheci e os seus dois
companheiros foram para a quinta onde se
encontrava Inês, em Coimbra.
(As crianças brincavam na rua, D. Inês bordava em
casa.)

Aia - D. Inês, aproximam-se três cavaleiros. Temo


pela sua segurança!

D. Inês – Sim… Eles vêm para me matar. Vai, leva


daqui os meus filhos. Protege-os!!! Vai, foge para
bem longe… Não! Não! Não!
Pêro C - Traidora! Chegou a tua hora!!! Morre!!!

Narrador - E deixaram a pobre estendida no chão


depois de lhe terem espetado uma espada no
ventre, apesar das suas súplicas e fugiram como
uns cobardes, temendo a fúria de D. Pedro. (Pedro
chega e vê-a estendida no chão. Chora junto ao
corpo, pega nela para a sentar no trono. Toda a
corte, desfilando, beija a mão de Inês morta,
coroada rainha.)

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