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I.

INTRODUÇÃO

De acordo com Freitas (2004, p.1) nos tempos antigos o cuidar era

responsabilidade dos familiares, porém algumas mulheres virgens, que se

concebiam como “destinadas de Deus” e senhoras viúvas dedicavam-se a cuidar de

enfermos nas ruas ou em instituições de saúde. Nesta época as religiosas faziam o

possível para dar conforto aos enfermos. Entretanto estas ações tinham caráter

religioso e de solidariedade, sendo praticada sem qualquer estudo prévio para a sua

realização. Sendo assim, pouquíssimos eram os que compreendiam a necessidade

de enfermeiras cultas, e mais raros ainda os que entendiam a importância de estudo

e preparação para a realização destas atividades.

A ação de cuidar foi ao longo dos anos requerendo conhecimentos e estudos,

para o seu cumprimento com melhores resultados. Assim progressivamente foi

surgindo a arte do cuidar - a Enfermagem - a qual vem através dos tempos

desenvolvendo-se cientificamente (FREITAS, 2004).

Assim como a enfermagem, a maneira de se conceber a saúde vem, no

decorrer dos tempos, sofrendo modificações, seja no seu entendimento, seja na

forma de como é praticada.

No Brasil a partir de 1988 foi promulgada a nova constituição que criava o

sistema único de Saúde (SUS) que preconiza o direito á saúde como um dever do

estado, que é concedida pela integralidade, universalidades e equidades das suas

ações. Esse progresso no seu entendimento expõe a sua complexidade, pois para
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conquistar saúde, uma atuação assentada no aspecto biológico não se faz suficiente,

havendo necessidade de uma abordagem complexa que revele ações

interdisciplinares e transdisciplinares (FREITAS, 2004).

O conjunto dos serviços prestados pelo SUS objetiva a atenção integral à

saúde. Portanto, sua estruturação deve ser articulada e organizada de forma a

propiciar o melhor resultado com os recursos disponíveis. Dentre esses níveis de

organização, a atenção básica compreende um conjunto de ações de alta cobertura

populacional e de grande importância, executadas pelos serviços de saúde, que têm

por características: atender os problemas de saúde mais comuns (maior prevalência)

de dada população; promover, proteger e recuperar a saúde do indivíduo e da

coletividade e atuar nos âmbitos ambulatorial e domiciliar (BRASIL, 2001, p.7).

Na década de 1990, no contexto de reforma da atenção à saúde, objetivando a

mudança do modelo hospitalocêntrico de assistência em contraponto á

implementação do SUS, preconizado por princípios democráticos racionalizadores

numa conjuntura neoliberal, segundo Fleury (1994) teriam levado a uma inclusão

segmentada, ou seja, diversos “cidadãos” de diferentes “qualidades” cobertos por

distintos benefícios.

Apesar de avanços político-administrativos, reconhecem-se dificuldades para

adequar; o modelo assistencial aos princípios reformadores com maior eqüidade no

acesso e na integralidade das práticas (CONILL, 2002). A descentralização, com a

municipalização e a consolidação de sistemas locais segundo a estratégia da saúde

da família, surgem como políticas setoriais que poderiam facilitar a superação dessas

dificuldades (BRASIL, MS, 1993, 1994, 1996, 1998, 2001).

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De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003) a estratégia do

Programa Saúde da família incorpora e reafirma os princípios básicos do Sistema

Único de Saúde (SUS) - universalidade, integralidade e equidade - e está estruturado

a partir da Unidade de Saúde da Família. Nesse contexto, o Programa de Saúde da

Família (PSF) apresenta-se como uma possibilidade de reestruturação da atenção

primária, a partir de um conjunto de ações conjugadas em sintonia com os princípios

de territorialização, intersetorialidade, descentralização, coresponsabilização e

priorização de grupos populacionais com maior risco de adoecer ou morrer (BONFIM;

BASTOS, 1994).

Segundo o Departamento de atenção Básica do Ministério da Saúde (BRASIL,

2002) são de responsabilidade mínimas da Atenção Básica o controle da

Tuberculose, eliminação da Hanseníase, controle da Hipertensão Arterial Sistêmica,

controle da Diabetes mellitus, ações de saúde da criança, ações de saúde da mulher

e ações de saúde bucal, e atenção á saúde mental.(BRASIL, 2003).

No atual contexto de re-direcionamento da atenção á saúde a Enfermagem

assume papel indispensável, uma vez que contribui ativamente no processo de

formulação, implantação e implementação dos princípios do SUS (SOARES, 2001).

A Enfermagem assume função relevante no PSF, realizando atividades com a

comunidade e a equipe, além do individuo e a família. Tais responsabilidades são

cumpridas de acordo com o Guia Pratico do PSF (2001) que estipulações atividades

á serem realizadas, como:

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– realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares,

prescrever/transcrever medicações, conforme protocolos estabelecidos nos

Programas do Ministério da Saúde e as disposições legais da profissão;

– planejar, gerenciar, coordenar, executar e avaliar a USF;

– executar as ações de assistência integral em todas as fases do ciclo de vida:

criança, adolescente, mulher, adulto e idoso;

– no nível de suas competências, executar assistência básica e ações de vigilância

epidemiológica e sanitária;

– realizar ações de saúde em diferentes ambientes, na USF e, quando necessário, no

domicílio;

– realizar as atividades correspondentes às áreas prioritárias de intervenção na

Atenção Básica, definidas na Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS

2001 específicas, como de hipertensos, de diabéticos, de saúde mental, etc;

– supervisionar e coordenar ações para capacitação dos Agentes Comunitários de

Saúde e de auxiliares de enfermagem, com vistas ao desempenho de suas funções.

– aliar a atuação clínica à prática da saúde coletiva;

– organizar e coordenar a criação de grupos de patologias

Esta nova dinâmica de atuação do enfermeiro no serviço de saúde no Brasil

desencadeou transformações na prática da enfermagem, tornando assim necessária

mudanças no aprendizado acadêmico destes profissionais, para que o ensino

reoriente sua formação e supra as necessidades deste novo profissional.

As deficiências na formação, habilidades e práticas dos profissionais do PSF,

sem dúvida, resultam de uma formação predominantemente baseada em atenção

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hospitalar e centrada na doença, conferida pelos cursos de formação dos

profissionais da área (BRASIL, 2002).

No estudo realizado por Freitas (2004), que divulga a relação de segurança

dos alunos concluintes do curso de graduação de uma instituição federal em

prescrição /transcrição de medicamentos conforme os protocolos estabelecidos pelos

programas do Ministério da saúde e respaldados pela legislação da profissão,

demonstra assim, mais de 50% dos entrevistados não se sentiam seguros ao realizar

a atividade corretamente, relatando ainda como possível causa desta defasagem,

mais de 70% dos alunos entrevistados informaram ser insuficiente o suporte

teórico/prático oferecido pelas disciplinas da universidade em relação à matéria

citada.

A prescrição de medicamentos é garantida ao enfermeiro desde 1986, pela lei

7.498 no seu artigo 11, inciso II, alínea ”c”, que dispõe sobre a prescrição em

programas de saúde pública e em rotina das unidades básicas de saúde.

O medicamento é um dos componentes fundamentais da atenção à saúde e

sua utilização racional contribui para a qualidade dos serviços de saúde.

Problemas relatados com a terapia de drogas podem ser evitados com a

intervenção preventiva, dentre elas destaca-se a educação da equipe de enfermagem

envolvida na administração e prescrição de medicamentos como fator importante

para a prevenção dos erros de medicação (Van Den Bemt et al., 2000).

A esse respeito, há de se difundir e promover o conhecimento farmacológico

aos profissionais para que, assim, incorporem uma base apropriada para a

administração e prescrição de medicamentos.

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Portanto, a prevenção da problemática descrita relaciona-se diretamente à

educação e ao conhecimento. Cumpre esclarecer que o presente estudo justifica se à

medida que, identificando e compreendendo as necessidades educacionais dos

enfermeiros e propondo um curso que objetive minimizá-las ou saná-las, contribua se

para uma prescrição de medicamentos segura, eficaz e com nível de excelência, o

que proporcionará aos indivíduos que prescrevem os medicamentos e,

principalmente, àqueles que os recebem, benefícios de incontestável valor.

Este estudo após exposição da problemática vigente propõe investigar se os

acadêmicos do curdo de graduação em enfermagem, de uma instituição pública

federal, estão sendo formados de acordo com as exigências das recentes

reformulações do serviço de saúde no Brasil. Sendo assim, o presente estudo torna-

se de maior relevância para a instituição formadora, já que expõe os erros, acertos e

equívocos do aprendizado oferecido, tornando assim possível seu ajuste futuro.

Neste sentido, fica evidente a importância dos dados coletados e analisados para a

população, uma vez que esta é a maior beneficiaria das possíveis modificações de

melhoria de qualidade do serviço, decorrentes do que aqui foram expostos.

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II. OBJETIVOS:

2.1. Objetivo Geral

Investigar o processo de formação dos acadêmicos de enfermagem de uma

Universidade Pública Federal, de modo a relacionar o que se aprende com as

necessidades teórico/prático dos profissionais enfermeiros no serviço de saúde

pública.

2.2 Objetivo Específico

Investigar quais os conhecimentos em farmacologia adquiridos pelo acadêmico

do curso de graduação em enfermagem de uma instituição federal e pública e sua

aplicabilidade e satisfação diante da nova conjuntura dos serviços de saúde pública

do Brasil.

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III. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 PROFISSIONAL ENFERMEIRO

Uma premissa básica em administração é a crescente importância do

contingente humano na organização e do qual o empreendimento dependerá para o

alcance dos objetivos propostos. Daí o reconhecimento de que o tipo de investimento

isolado mais importante para o desenvolvimento econômico é o que se faz em

recursos humanos. Na área da saúde, dos recursos humanos existentes; em todos os

níveis das instituições o numericamente mais expressivo é o da enfermagem

(Steagall-Gomes, 1990).

Em decorrência das mudanças estruturais no serviço de saúde básica, é

indispensável melhorar as informações sobre o enfermeiro a fim de possibilitar um

conhecimento mais profundo dessa categoria, o seu número, situação funcional,

também sua formação, experiência, disponibilidade, e conhecer quais são suas

funções, atualização e expectativas futuras, em relação ao serviço.

O estudo das funções do pessoal de enfermagem e especificamente do

enfermeiro é de grande valor. Os discursos atuais estão se referindo ao

estabelecimento de novos modelos de prestação de serviço, e, como conseqüência,

à necessidade de redefinição das funções do pessoal, procurando melhorar o seu

aproveitamento e sua utilização. Esses estudos podem contribuir oferecendo uma

visão da atual prática de enfermagem e caracterizar o tipo de preparo que se deve

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oferecer aos alunos de graduação, segundo a demanda de trabalho (Steagall-Gomes,

1990).

Cabe ao setor de enfermagem prestar assistência a indivíduos, famílias ou

grupos — enfermos ou sadios — em uma extensa variedade de funções e atividades

durante todo o período de funcionamento das unidades de saúde. Este grupo é

formado pelo enfermeiro, obstetriz, visitador sanitário e atendente, fazendo-se

representar em todos os níveis, através de competências e atividades, nos

Departamentos Regionais e nos seus respectivos Distritos Sanitários.

A enfermagem, profissão historicamente marcada pelo compromisso com a

saúde pública, tem grande capilaridade social, estando presente na maioria das

ações desenvolvidas na Atenção Básica/ saúde da família do Sistema Único de

Saúde (SUS). No contexto atual, onde o trabalho vem passando por transformações

constantes, requerendo atividades cada vez mais diversificadas, o enfermeiro tem

sido amplamente requisitado a ocupar espaços estratégicos para a implementação de

políticas sociais, em especial de saúde (BRASIL,2002).

A atuação do enfermeiro no âmbito do SUS abrange atividades como a

assistência, seja em âmbito individual ou coletivo; a educação como a formação de

enfermeiros e auxiliares de enfermagem, capacitação de agentes comunitários de

saúde e desenvolvimento de processos de educação permanente dos profissionais

de saúde; a gerencia de unidades, programas de saúde, projetos governamentais,

não-governamentais e/ou de ação comunitária. Organização de serviços e

planejamento em saúde como: elaboração, coordenação e execução de projetos de

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intervenção e impacto no setor de saúde, além de outras ativiadades adicionais,

como pesquisa e gestão dos sistemas de saúde(BRASIL, 2002).

A atenção básica/ Saúde da família tem se constituído num espaço relevante

para a diversidade de atuação do enfermeiro, aquecendo discussões importantes

sobre atribuições desses profissionais num contexto que privilegie a

interdisciplinaridade e o trabalho multiprofissional (BRASIL, 2002).

A necessidade de adequação das instituições de saúde frente às exigências de

uma atuação mais eficiente é um fato incontestável no Brasil atual. Por outro lado, há

que se pensar no desenvolvimento de recursos humanos, que é um dos principais

problemas do setor. Cumpre relevar que os dados quantitativos globais referentes ao

enfermeiro, assim como sua atuação e a forma como, especialmente os profissionais,

estão sendo utilizados, são fundamentais para alicerçar propostas para as áreas de

enfermagem (Steagall-Gomes, 1990). Considerando-se que o desenvolvimento de

recursos humanos para a saúde requer a disponibilidade e a formação do

conhecimento, buscou-se ampliar a área do saber em enfermagem, especialmente

aquelas advindas da análise de situações concernentes ao profissional, o enfermeiro.

Assim sendo, a presente pesquisa visou fornecer subsídios que permitam melhor

identificar o enfermeiro de saúde pública como força de trabalho.

De acordo com a Lei nº 7498, de 25 de junho de 1986 que dispõe sobre a

regulamentação do exercício da enfermagem, e dá outras providências publicadas no

D.O.U. - Diário Oficial da União pelo Poder Executivo, no dia 26 de junho de 1986 o

profissional enfermeiro pode fornecer a prescrição de medicamentos estabelecidos

em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde.

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3.2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Há muito, o conceito de saúde não é compreendido mais como apenas

ausência de doença, e sim como uma somatória de fatores e condições que levam o

ser humano a ter melhor qualidade de vida, interagindo com o meio ambiente de

forma a admitir uma longevidade condizente com os avanços tecnológicos do nosso

século.

De acordo com TIRREL e CARVALHO (1993), reconhece-se a saúde como "o

reconhecimento do direito universal e inalienável, comum a todos os homens; a

promoção ativa e permanente de condições que viabilizem a preservação de sua

saúde, o reconhecimento do caráter sócio-econômico global dessas condições,

emprego, salário, nutrição, saneamento, habitação e preservação de níveis

ambientais aceitáveis; o reconhecimento e a responsabilidade parcial, porém

intransferível, das ações propriamente ditas, individuais e coletivas, na promoção

ativa da saúde da população; o reconhecimento, finalmente, do caráter social desse

direito; e também da responsabilidade que cabe à coletividade e ao Estado em sua

representação, pela efetiva implementação e resguardo das condições supracitadas".

Após a VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, o Brasil construiu um

conceito ampliado de saúde, que emergiu como resultado de amplas discussões em

meio ao movimento da Reforma Sanitária, entre as décadas de 70 e 80, servindo

como pano de fundo para o estabelecimento de novas diretrizes no âmbito da saúde.

Este Movimento surge na sociedade civil organizada, particularmente a partir das

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organizações sindicais e populares da área da saúde. Buscava o reconhecimento da

saúde como uma questão de relevância pública, como direito do cidadão assumido

claramente pelo setor público, em suas formulações, como abrangência da

integridade, ampliada para além do espectro médico assistencial (FIGUEIREDO &

TANAKA, 1996), atingindo seus propósitos na Constituição de 1988, com a inserção

do direito à saúde e da organização de um sistema Único de Saúde universal, integral

e equânime.

A carta Magna de 1988 garante saúde como direito de todos e um dever do

Estado, tendo os udúarios acesso igualitário e universal ás ações de promoção,

prevenção e recuperação da saúde, a constituição também previa a elaboração e

aprovação das leis orgânicas (Lei n 8080/90 e n. 8.142/90), com finalidade de

organizar o funcionamento do Sistema Único de Saúde, porém só após dois anos foi

aprovada com certo prejuízo para o avanço de implantação do SUS.

Na Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que consolida o Sistema Único de

Saúde (SUS), estabelece no capítulo II da referida Lei, como principais princípios e

diretrizes norteadoras (BRASIL,

♦ Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de

assistência;

♦ Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e

contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e

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coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade

do sistema;

♦ Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de

qualquer espécie;

♦ Descentralização político-administrativa, com direção única em cada

esfera de governo com ênfase: na descentralização dos serviços para

os municípios; regionalização e hierarquização da rede de serviços de

saúde;

O SUS é formado por instituições vinculadas aos três níveis de governo

(União, Estado e Município) e pelo setor privado devidamente contratado e

conveniado, como de fosse um co corpo. Devendo estar articulados para a execução

de suas atribuições (KAWAMOTO, 1995).

O SUS consiste num programa que tem como objetivo o resgate da imensa

dívida social acumulada em décadas de exclusão e à ampliação dos direitos sociais.

Em virtude dessa complexa proposta assistencial, a implantação desse sistema

enfrenta mudanças e inovações constantes que foram e são introduzidas no sistema

de saúde nos últimos anos. A sua implantação, porém, têm logrado resultados pouco

perceptíveis na estruturação dos serviços de saúde, sobretudo por não promover

mudanças significativas no modelo assistencial.

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3.3 ATENÇÃO BÁSICA

O período pós-1995 foi marcado pela expansão da Atenção Básica de Saúde.

Essa expansão foi incentivada, em primeiro lugar, pelo Ministério da Saúde (SOUSA,

2000) e, posteriormente, pelas secretarias estaduais. Ao mesmo tempo em que isso

ocorria, houve avanço no processo de municipalização e no estabelecimento de

novas sistemáticas para o financiamento das ações e serviços de saúde,

especialmente em nível da Atenção Básica (MARQUES; MENDES, 2003).

Na América Latina, o perfil da política social sofre uma profunda inflexão a

partir da introdução do plano de ajuste estrutural da economia e de reforma do

Estado, com a adoção da perspectiva de racionalização do gasto público (DINIZ,

1997). Entre as teses mais difundidas está a que associa os altos níveis de inflação, a

falta de crescimento econômico e a ineficiência e ineficácia das ações estatais ao

aumento desenfreado dos gastos públicos. Neste contexto, uma das características

mais marcantes do processo é a tensa conciliação dos objetivos macroeconômicos

de estabilização com propostas de reformas sociais voltadas para a melhoria da

eficiência e da eqüidade (MARQUES; MENDES, 2003).

Para Draibe, um segundo ciclo de reformas ganha corpo a partir da segunda

metade dos anos 90, pautado pela complexa agenda de estabilização, reformas

institucionais e consolidação democrática. Uma série de medidas e inovações

institucionais são implantadas, buscando conciliar, de um lado, as exigências de

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adequação do padrão do gasto social aos objetivos macroeconômicos e, de outro, a

promoção de maior eqüidade e justiça social (MARQUES; MENDES, 2003). Assim, é

sob um contexto de crise da capacidade fiscal e regulatória do Estado que se

destacam medidas de racionalização dos gastos governamentais, visando melhor

desempenho dos programas sociais e maior eficiência e eficácia das ações.

A Constituição Federal de 1988, no artigo 196, afirma: "A saúde é direito de

todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que

visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e

igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (1988:

112).

Essa Constituição constrói o Sistema Único de Saúde (SUS) - que se norteia

pelos princípios éticos da universalidade, integralidade, eqüidade - e pelos princípios

organizacionais da descentralização, hierarquização e participação popular. A partir

de 1990 o Sistema Único de Saúde passou a ser regulamentado pela Lei Orgânica

8080/90: "Essa lei regula em todo o território nacional as ações e serviços de saúde,

executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por

pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado" (1990: 18055).

No início dos anos 90, com a municipalização, ocorreu um avanço no processo

de consolidação do SUS, mas ainda com a necessidade de mudanças na forma de

como o sistema está organizado (CICONE, VENACIO, ESCUDER; 2004).

Segundo Costa Neto, 2000: "O modelo assistencial predominante no Brasil nos

últimos anos caracterizou-se pela prática médica quase que exclusivamente

biológica, individualista e hospitalar, apresentando baixa cobertura com elevado

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custo, apesar de sua eficiência técnica nas respostas pontuais de procedimentos

curativos individuais, em especial nos casos complexos e de realização hospitalar ".

Essa necessidade de mudanças nas práticas de atendimento fez com que

outros programas fossem criados, dentre eles o Programa de Agentes Comunitários

de Saúde (PACS) em 1991 e o Programa de Saúde da Família (PSF) em 1994. O

PSF foi criado em 1994, pelo Ministério da Saúde, em virtude do êxito do PACS,

especialmente nas regiões Norte e Nordeste, quando os secretários municipais de

saúde queriam apoio financeiro para efetuar mudanças na forma operacional da rede

básica de saúde, expandindo o PACS para outros níveis de profissionais

(CICONE,VENACIO,ESCUDER; 2004).

O PSF pretende integrar os princípios do SUS com a comunidade, trabalha

com uma concepção de saúde centrada na promoção da qualidade de vida, tem uma

relação mais próxima entre as pessoas, tende a humanizar a assistência

estabelecendo uma nova relação entre os profissionais da saúde e a comunidade

(2000, ministério).

O programa é tido como incremental do SUS, com um conjunto de

modificações no desenho operacional de políticas públicas, devendo ser uma decisão

política do gestor consolidado com a comunidade (CICONE, VENACIO, ESCUDER;

2004).

As bases do programa destacam que, ao contrário do modelo tradicional,

centrado na doença e no hospital, o PSF prioriza as ações de proteção e promoção à

saúde dos indivíduos e da família, tanto adultos quanto crianças, sadios ou doentes,

de forma integral e contínua (BONFIM, L. A., BASTOS, A. C. S., 1998).

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As equipes do Programa de Saúde da Família são formadas por um médico

generalista, uma enfermeira, um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes

comunitários. Cada equipe deve assistir de 600 a 1000 famílias, com limite máximo

de 4500 habitantes, sendo que cada agente comunitário cobre uma área

aproximadamente de 20 a 250 famílias. Essas definições dependem das realidades

geográficas, econômicas e sócio-políticas da área, levando-se sempre em conta a

densidade populacional e a facilidade de acesso à unidade. O agente comunitário

passa a ser o vínculo mais forte entre a equipe e a comunidade, pois sua função está

ligada à divulgação e aplicação das atividades propostas por toda a equipe, através

das visitas domiciliares. O vínculo é uma conquista, não um acontecimento imediato.

Quanto mais apropriado for o vínculo, melhor será o resultado (ministério, 2000).

O trabalho das equipes do PSF prioriza a assistência a alguns grupos

populacionais considerados de maior risco a agravos: saúde mental, crianças

menores de dois anos, excepcionais e de alto custo como os destinados ao

tratamento do câncer e da Aids, gestantes, portadores de hipertensão, diabetes,

tuberculose e hanseníase (CICONE; VENACIO; ESCUDER, 2004).

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3.3 MEDICAÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA:

A equipe de enfermagem é responsável pela administração dos medicamentos

aos clientes em todas as instituições de saúde e prescrição de medicamentos de

rotina nas unidades de serviço de atenção básica á saúde no Brasil. Fato é que tais

atividades revestem se de grande importância para profissionais e clientes

envolvidos, na medida em que é experiência cotidiana, de responsabilidade legal da

equipe de enfermagem, e ocupa papel de destaque na função terapêutica a que o

cliente está submetido (TELLES FILHO; CASSIANI, 2004).

Portanto, é imprescindível que a equipe de enfermagem, durante a terapêutica

medicamentosa, observe e avalie sistematicamente o cliente quanto a possíveis

incompatibilidades farmacológicas, reações indesejadas, bem como interações

medicamentosas, com o intuito de minimizar riscos ao cliente. Salienta-se que ao

enfermeiro cabe a detecção precoce, a prevenção de riscos e de possíveis

complicações advindas da terapia medicamentosa (CARVALHO, 2000). Destaca-se

que tais observações e avaliações somente poderão ser oriundas de profissionais

com conhecimento em farmacologia.

De acordo com Puschel (1994) administrar e prescrever os medicamentos

são, portanto, processos multi e inter-disciplinar, que exige do indivíduo responsável

pela atividade, conhecimento variado, consistente e profundo. Por conseguinte, é

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fundamental, também, o conhecimento sobre os princípios que envolvem a ação,

administração de medicamentos, interações e efeitos colaterais, uma vez que um

erro, pode trazer graves conseqüências aos clientes sob responsabilidade desses.

O conceito adotado pelo NATIONAL COORDINATING COUNCIL FOR

MEDICATION ERROR REPORTING AND PREVENTION – NCC/MERP(10) para erro de

medicação é:

Erro na medicação é definido como qualquer evento previsível que pode


ser causado ou surgir do uso inconveniente ou falta de uma medicação, causando
prejuízo (dano ou injúria) ao paciente, enquanto a medicação está sob o controle
dos profissionais de saúde, pacientes ou consumidor. Tais eventos podem estar
relacionados à prática profissional, aos produtos para o cuidado à saúde,
procedimentos e sistemas, incluindo a prescrição, comunicação da prescrição,
rótulo do produto, embalagem e nomenclatura; à composição, à distribuição, à
administração; à educação dos enfermeiros e pacientes; à supervisão e uso (NCC
MERP, 1998.)

Os medicamentos classificados de rotina que são continuamente prescritos no

serviço de atenção básica de saúde no Brasil são classificados de acordo com

padronização do OMS (FERRAES, 2002). De acordo com a Lei Nº 7.498, de 25 de

junho de 1986 que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e

outras providências afirma legalmente que direito do profissional enfermeiro a

prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em

rotina aprovada pela instituição de saúde.

Cabe aqui relembrar que, medicamento essencial é o termo consagrado e

usado pela OMS como medicamento que serve para satisfazer as necessidades de

saúde da maior parte da população (WHO, 1997). De acordo com Ferraes (2002, p.

30) desde os anos 70, a OMS tem atuado na formulação do Programa de

Medicamentos Essenciais sempre com o objetivo de proporcionar o acesso a

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medicamentos de qualidade e seguros, a um custo mínimo acessível para a maior

parte da população. Em 1977 foi proposta uma Lista de Medicamentos Essenciais, e

que em 1981, foi formulado um programa com firme propósito de “[...] facilitar a

disponibilidade de medicamentos seguros, eficazes e de baixo custo para a

população; assegurar que os medicamentos sejam usados racionalmente e apoiar a

produção farmacêutica nacional”.(BARROS, 2000a, p.412).

É de conhecimento geral que, segundo a OPAS, este grupo de medicamentos

essenciais (considerados como de importância máxima, contendo medicamentos

básicos, indispensáveis e imprescindíveis) devem ser acessíveis em doses apropriadas a

todos os segmentos da sociedade, em todo o momento em que se fizerem

necessários para o usuário (FERRAES, 2002).

Barros (2000b, p.412) referindo aos medicamentos essenciais reitera este

aspecto mencionando que estes medicamentos são”’ [...] medicamentos

fundamentais para atender necessidades básicas de saúde devendo estar sempre

disponíveis , serem adotados de qualidade inquestionável e terem custo acessível “

O Elenco mínimo e obrigatório de medicamentos para a pactua, o na Atenção

Básica, apresentado a seguir, foi aprovado pela Comissão Intergestores Tripartite e

estabelecido pela Portaria nº. 16/GM, de 14/12/00. Visa atender ao quadro de

doenças prevalentes no ‚âmbito regional e nacional (BRASIL, 2001). O grupo de

medicamentos de Rotina prescritos e dispensados nas unidades básicas de saúde do

município de João Pessoa estão listados abaixo:

AAS 100 mg Estrógenos Conjugados 0,625 mg

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AAS 500mg Furosemida


Ambroxol xarope Glibenclamida 5 mg
Amoxicilina 500mg Hidróxido de Alumínio Suspensão
Amoxicilina suspensão Iodeto de potássio xarope
Aminofilina 100mg Mebendazol Suspensão
Ampicilina 500mg Mebendazol 100 mg
Ampicilina susp. Oral 250/5mL Metildopa 500 mg
Anfotericina B = Tetraciclina Metronidazol 4% susp. Oral 100 mL
Benzilpenicilina Benzatina 600000 UI Metronidazol = Nistatina Cr. Vaginal
Benzilpenicilina Benzatina 120000 UI Metronidazol creme vaginal
Benzoato de Benzila Emulsão 25% Neomicina + Bacitracina
Bromitrato de fenoterol (gotas) Nifedipina 10 mg
Captopril 25 mg Nifedipina 20 mg Retard.
Cefalexina susp. 125/25 mL Nistatina 60G + Aplicador
Cloranfenicol Sol. Oftámica Parcetamol 500 mg
Cloreto de benzalcônio + Clor. de Sódio Parcetamol gotas
Cloridrato de Bromixina Solução Poliviatamínico
Cloridrato de Bromixina Xarope Poliviatmínico Xarope
Cloridrato de Clonidina (Atensina) Prednisona 5 mg
Cloridrato de Metoclopromida gotas Prednisona 20 mg
Cloridrato de Metoclopramida 10 mg Prometazina 25 mg
Complexo B Propanolol 40 mg
Complexo B gotas Sais para reidratação oral
Dexametasona creme 0,1% Salbutamol xarope
Dexametasona compromido 0,5 mg Sulafmetoxazol + Trimetropina
Diclofenaco de Sódio 50 mg Sulaftometoxazol + Trimetropina Susp.
Diclofenaco gotas Sulfato de Polimixina (Otosporin)
Digoxina 0,25 mg Sulfato Ferroso Gotas
Dimeticona gotas Sulafto Ferroso
Dipirona 5000 mg Tetraciclina 250 mg
Dipirona gotas 500 mg Vitamina A + D Pomada
Elixir paregórico Vitamina C 500 mg
Elixir de vitaminas
Eritromicina suspensão 2,5%
Eritromicina 250 mg
Eritromicina 500mg

Funcionando adequadamente as Unidades Básicas de saúde são capazes de

resolver 85% dos problemas de saúde em sua comunidade (BRASIL, FUNASA, 2001),

dessa forma a equipe deve estar preparada para atuar com essa nova visão. Isto traz

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Quanto a Prescrição na Atenção Básica

para os profissionais de saúde a necessidade de reorientar suas práticas, que deverão

estar focadas nas ações básica (FREITAS, 2004). Para Barreto (2004) a formação de

recursos humanos é um dos maiores problemas para a consolidação do SUS.

Segundo Freitas (2004, p.33) as instituições de ensino principalmente as

Universidades têm relevante importância nesta questão, uma vez que é responsável pela

formação de parcela significativa dos profissionais de saúde que atuam na busca por

uma vida saudável, porém o que se nota na grande maioria das Universidades

Brasileiras, é que os currículos dos cursosárea de saúde são direcionados para a cura

das doenças e para o modelo hospitalocêntrico de atendimento, não adequadas á

realidade atual a ás mudanças ocorridas no setor de saúde pública.

Assim enfatizado na 11° Conferencia Nacional de Saúde (2000), as Universiades

não vem sendo orientada pela leitura das necessidades sociais em saúde, não cumprindo

seu papel na formação de profissionais comprometidos com o SUS e com o Controle

Social.

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Quanto a Prescrição na Atenção Básica

IV.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 TIPO DE ESTUDO

Optou-se por realizar um estudo de caso, que é sempre bem delimitado por ter

seus contornos claramente definidos no desenrolar do estudo, podendo ser similar a

outros, mas é ao mesmo tempo distinto, pois tem uns interesses próprios, singulares

(LÜDKE, M.;1986).

Segundo Goode e Hatt, 1968, o caso se destaca por constituir numa unidade

dentro de um sistema mais amplo. O interesse, portanto, incide naquilo que se tem de

único, de particular, mesmo que posteriormente venham a ficar evidentes certas

semelhanças com outros casos ou situações. O que distingue o estudo de caso de outros

tipos de estudo é a compreensão do objeto estudado como um fenômeno singular,

representativo de uma realidade.

4.2 LOCAL DO PESQUISA

O estudo foi realizado em uma Universidade Pública e Federal, localizada na

cidade de João Pessoa-PB, no período de 2005.

O motivo da escolha se deu principalmente por se tratar da Universidade onde

a pesquisadora está inserida e assim tornou-se possível e de maior facilidade o

acesso aos acadêmicos a serem entrevistados, objetos de esstudo desta pesquisa.

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Quanto a Prescrição na Atenção Básica

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Foram entrevistados membros das equipes de saúde da família selecionados

através do processo de amostragem aleatória sistemática, estratificada sob critério de

proporcionalidade, uma vez que havia interesse em incluir todas as categorias de

profissionais que participam do PSF no município (SILVA, 1998).

O número de profissionais sorteados representa a proporção dos mesmos em

relação ao número total dos profissionais. O tamanho da amostra foi calculado conforme

tabela "Tamanho de amostra para estimar proporções", publicada por Silva, 1998,

utilizando os seguintes parâmetros: proporção da população 80%, precisão absoluta

10%, nível de significância 5%, chegando-se ao tamanho da amostra de profissionais.

4.4 PRINCÍPIOS ÉTICOS DA PESQUISA

4.5 INSTRUMENTO E COLETA DE DADOS

O instrumento de coleta de dados constituiu-se de um questionário aberto como

fonte direta e primária de informações, semi- estruturado direcionado aos profissionais

das equipes de saúde da família, previamente testado divido em blocos: Bloco 1 –

Características dos Profissionais; Bloco 2 –- Conhecimento dos Profissionais sobre

farmacologia na Atenção Básica; Bloco 4 –- Conhecimento dos Profissionais

Medicamentos usados na Atenção Básica.

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Quanto a Prescrição na Atenção Básica

Nesta pesquisa a técnica de entrevista também foi bastante útil. Honningmann

apud Minayo (1992) oferece uma classificação sobre os diversos formatos de entrevista,

bastante interessante e muito utilizada: sondagem de opinião (questionário totalmente

estruturado); entrevista semi-estruturada (perguntas fechadas e abertas); entrevista

aberta (entrevistado fala livremente); entrevista focalizada (aprofundamento de

determinado tema sem um roteiro prévio), e entrevista projetiva (com utilização de

técnicas visuais). Existem ainda a história de vida e a discussão de grupo (CRUZ NETO,

1994), sendo esta última defendida por outros autores como grupo focal (WESTPHAL et

al., 1996; CORDONI JUNIOR, 1997).

Conforme Minayo (1992), a entrevista permite obter dados relacionados

diretamente à pessoa entrevistada e sua relação com o mundo local, num nível mais

complexo, envolvendo opiniões, valores e atitudes. É importante ter clareza quanto ao

tipo de informação que se procura. Conforme denominação dos cientistas sociais, estes

dados são subjetivos e só podem ser conseguidos com a colaboração dos atores sociais

envolvidos. A entrevista pode ser considerada uma situação de interação que serve para

esclarecer dados ou buscar aprofundamentos de informações já obtidas e agregar

informações fundamentais para o processo de avaliação.

O Roteiro de entrevistas é um instrumento que orienta a comunicação entre o

pesquisador e o entrevistado e objetiva aprofundar este encontro. O roteiro serve como

um guia, mas não pode prever todas as situações (MINAYO, 1994). É importante

ressaltar que questões podem e devem ser reformuladas com objetivo de melhor

compreensão dos entrevistados e dos fatos em questão (MINAYO, 1992; 1994).

Parasuraman apud Chagas (2000) menciona que um questionário é tão somente

um conjunto de questões, feito para gerar os dados necessários para se atingir os

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Quanto a Prescrição na Atenção Básica

objetivos do projeto. Segundo Chagas (2000), um bom questionário deve ser elaborado

contendo informações sobre os seus componentes (identificação do respondente,

solicitação de cooperação, instruções claras e objetivas ao nível do respondente) e sobre

os passos necessários para a elaboração (esta belecimento de ligação com o problema e

objetivos da pesquisa, hipóteses, população a ser pesquisada e métodos de análise de

dados escolhidos e/ou disponíveis; decisões sobre conteúdo das perguntas, formato

desejado para as respostas, formulação e seqüência das perguntas, apresentação e pré-

teste). O citado autor ressalta a

importância da realização de um pré-teste porque é provável que não se consiga prever

todos os problemas e/ou dúvidas que podem surgir durante a aplicação do questionário.

Em obediência à Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho

Nacional de Saúde, que dispõe sobre as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de

Pesquisas em Seres Humanos (BRASIL, 2000a), o projeto foi submetido à apreciação da

Comissão de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná –

UEL/PR, que emitiu seu parecer favorável. O Termo de Consentimento para entrevista

também foi aprovado pela referida Comissão. O parecer da Comissão de Ética e o Termo

de Consentimento estão em Anexo B.

Trata-se de um estudo descritivo-exploratório para identificar e reclassificar os erros de

administração de medicamentos

4.6 ÁNALISE DE DADOS

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Quanto a Prescrição na Atenção Básica

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Quanto a Prescrição na Atenção Básica

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