Carl Sagan A compreens�o humana n�o � um exame desinteressado, mas recebe infus�es da vontade e dos afetos; disso se originam ci�ncias que podem ser chamadas �ci�ncias conforme a nossa vontade�. Pois um homem acredita mais facilmente no que gostaria que fosse verdade. Assim, ele rejeita coisas dif�ceis pela impaci�ncia de pesquisar; coisas sensatas, porque diminuem a esperan�a; as coisas mais profundas da natureza, por supersti��o; a luz da experi�ncia, por arrog�ncia e orgulho; coisas que n�o s�o comumente aceitas, por defer�ncia � opini�o do vulgo. Em suma, in�meras s�o as maneiras, e �s vezes impercept�veis, pelas quais os afetos colorem e contaminam o entendimento. Francis Bacon, Novum organon (r0) Meus pais morreram h� anos. Eu era muito ligado a eles. Ainda sinto uma saudade terr�vel. Sei que sempre sentirei. Desejo acreditar que sua ess�ncia, suas personalidades, o que eu tanto amava neles, ainda existe � real e verdadeiramente � em algum lugar. N�o pediria muito, apenas cinco ou dez minutos por ano, para lhes contar sobre os netos, p�-las ao corrente das �ltimas novidades, lembrar- lhes que eu os amo. Uma parte minha � por mais infantil que pare�a � se pergunta como � que estar�o. �Est� tudo bem?�, desejo perguntar. As �ltimas palavras que me vi dizendo a meu pai, na hora de sua morte, foram: �Tome cuidado�. �s vezes sonho que estou falando com meus pais, e de repente � ainda imerso na elabora��o do sonho � sou tomado pela consci�ncia esmagadora de que eles n�o morreram de verdade, de que tudo n�o passou de um erro horr�vel. Ora, ali est�o eles, vivos e bem de sa�de, meu pai fazendo piadas inteligentes, minha m�e muito s�ria me aconselhando a usar uma manta porque est� frio. Quando acordo, passo de novo por um processo abreviado de luto. Evidentemente, existe algo dentro de mim que est� pronto a acreditar na vida ap�s a morte. E que n�o est� nem um pouco interessado em saber se h� alguma evid�ncia s�ria que confirme tal coisa. Por isso, n�o rio da mulher que visita o t�mulo do marido e conversa com ele de vez em quando, talvez no anivers�rio de sua morte. N�o � dif�cil de compreender. E se tenho dificuldades com o status ontol�gico daquele com que ela est� falando, n�o faz mal. N�o � isso que importa. O que importa � que os seres humanos s�o humanos. Mais de um ter�o dos adultos norte-americanos acreditam que em algum n�vel estabeleceram contato com os mortos. O n�mero parece ter dado um pulo de 15% entre 1977 e 1988. Um quarto dos norte-americanos acredita em reencarna��o. Mas isso n�o significa que estou disposto a aceitar as pretens�es de um �m�dium�, que afirma canalizar os esp�ritos dos seres amados que partiram, quando tenho consci�ncia de que a pr�tica est� cheia de fraudes. Sei o quanto desejo acreditar que meus pais s� abandonaram os cascos de seus corpos, como insetos ou cobras na muda, e partiram para outro lugar. Compreendo que esses sentimentos poderiam me tornar uma presa f�cil at� de um trapaceiro pouco inteligente, de pessoas normais que desconhecem suas mentes inconscientes, ou dos que sofrem de uma desordem psiqui�trica dissociativa. Relutantemente, ponho em a��o algumas reservas de ceticismo. Como �, pergunto a mim mesmo, que os canalizadores nunca nos d�o informa��es verific�veis que nos s�o inacess�veis por outros meios? Por que Alexandre, o Grande, nunca nos informa sobre a localiza��o exata de sua tumba, Fermat sobre o seu �ltimo teorema, James Wilkes Booth sobre a conspira��o do assassinato de Lincoln, Hermann Goering sobre o inc�ndio do Reichstag? Por que S�focles, Dem�crito e Aristarco n�o ditam as suas obras perdidas? N�o querem que as gera��es futuras conhe�am as suas obras-primas?
Trabalho Final - ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS NO SECTOR FAMILIAR, EM RESPOSTA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EM ZONAS SEMI-ÁRIDAS DO DISTRITO DE MABALANE (GAZA)