Saúde: que resultados teve a Governar o país sem o perder nem
política do medicamento? nos perdermos Artigo no Público de 3 de Fevereiro Pergunta à Ministra da Saúde no debate sectorial de 20 de Fevereiro Há uma fronteira clara traçada entre o PS e as restantes forças da esquerda. Os socialistas A Ministra da Saúde respondeu que os querem transformar Portugal pela sua acção no medicamentos estão hoje mais acessíveis, Governo, as restantes formações estão presas de ficaram mais baratos e são vendidos em mais visões do mundo que as limitam à crítica e à locais, garantindo maior proximidade ao disputa de influência social. consumidor. É, por isso, compreensível que o próximo Referiu, por outro lado, que a quota de genéricos Congresso do PS seja dominado pelo balanço do tem vindo a aumentar e que, dos 10 papel do Governo e a discussão sobre como deve medicamentos mais vendidos em Portugal, 9 são o partido propor-se governar o país na próxima comparticipados e todos eles tiveram redução de legislatura. preço. José Sócrates pode com propriedade dizer que Os preços dos medicamentos em Portugal, cumpriu aquilo a que se havia proposto: a grave quando comparados com 2003, têm vindo a ter crise orçamental foi debelada sem induzir crise redução, como é demonstrado pela evolução dos social e a sustentabilidade das finanças públicas preços-índice dos produtos farmacêuticos. foi compatibilizada com medidas de solidariedade social; mais, o país avançou As medidas de apoio ao emprego seriamente na desburocratização e foram são prudentes e adequadas à crise lançadas reformas estruturais urgentes, em particular na administração pública, na justiça, na protecção social e na educação. Opinião expressa no debate com Luis Paes É certo que uma parte dos ganhos conseguidos Antunes (PSD), na Antena 1, a 2 de pode perder-se com a crise mundial e, Fevereiro sobretudo, uma parte dos benefícios que o país tiraria da resolução do problema orçamental corre o risco de esfumar-se na actual conjuntura. As medidas assumidas são adequadas à crise tal Mas não seria justo que essas contas fizessem qual ela se apresenta hoje e evitarão que a taxa parte deste balanço. de desemprego atinja os 10%, como Perante a crise, há que assumir que o flirt da provavelmente atingiria se as tendências da Terceira Via com a desregulação dos mercados e economia se mantivessem e estas medidas não o continuismo dos governos progressistas dos fossem adoptadas. anos noventa com os seus antecessores É certo que serão necessárias medidas adicionais conservadores não nos demarcou o suficiente se a recessão continuar a aprofundar-se. das prioridades da direita que conduziram à Mas a acção do Estado é a principal esperança actual crise mundial. para repor o motor da economia em Tinha, então, razão quem defendia regulação funcionamento e é preciso que este encontre a mais apertada e rigorosa e quem não desistiu de dose justa de estímulo à economia e de apoio às defender o papel estratégico do Estado na pessoas. edificação das democracias de mercado como Temos que estar preparados para uma bolha de sistemas em que liberdade política, mercado e despesa pública. Provavelmente vamos sair da justiça social procuram combinar-se de modo crise mais endividados, com maior défice e virtuoso. Isso mesmo reconhece agora José maior pressão financeira sobre a segurança Sócrates na Moção que apresenta ao Congresso social. Mas, se assim evitarmos que a crise vá tão do PS. fundo como iria e conseguirmos que recupere Feitos os balanços, importa perceber para onde o mais rapidamente, então os recursos colocados PS gostaria de levar o país. Subscrevo por inteiro nessas medidas cumpriram o seu papel. a ideia de que este não é “o tempo das (http://ww1.rtp.pt/noticias/?article=386340&visual=26&tema=4) aventuras”. Mas não extraio daí o corolário conservador e minimalista. Pelo contrário, PS. Incluo-me nos que lamentam a anemia da partilho do corolário reformista e vida partidária, mas não será seguramente 2009 transformador. A esquerda para governar o país, o ano em que a prioridade das energias deva sem o perder nem se perder, precisa de ter um estar numa reforma do funcionamento do sentido preciso das suas prioridades e das suas Partido que tem vindo a ser adiada há décadas e forças. por quase todos os Secretários-Gerais. A prioridade do PS deve ser a melhoria do bem- Quem queira ajudar Portugal a ser governado na estar das classes médias no quadro da crise pela esquerda, é as políticas do PS que tem modernização do país. que tentar influenciar e com este PS que tem que Os socialistas puseram a luta contra a pobreza e conviver. a exclusão na agenda política e foram os autores das mais relevantes medidas tomadas neste Cooperação: o governo vai domínio nas duas últimas décadas. Estas devem ser continuadas ou prosseguidas, mas agora há reforçar a avaliação da eficácia? que olhar com mais insistência para as dificuldades da classe média, esmagada pelos Pergunta na audição de 3 de Fevereiro, ao seus níveis de despesa e os seus baixos níveis de Presidente do Instituto Português de Apoio ao rendimento. Precisamos de mais serviços Desenvolvimento públicos, que estes sejam acessíveis e a classe média os possa pagar. O IPAD considera necessário melhorar a O país precisa de uma mensagem clara e nova. capacidade de avaliação dos programas de Em tempo de crise, aos socialistas não basta dar cooperação e informou os deputados de que vai mais a quem mais precisa; é também necessário organizar acções de formação em avaliação de pedir mais a quem mais tem para que seja programas. possível satisfazer com equidade as necessidades de todos. Por isso, de todas as propostas de José Que tens feito? Sócrates, escolheria como chave dos compromissos para a próxima legislatura a Artigo publicado no Diário Económico de 27 de reforma fiscal visando a progressividade real dos Fevereiro impostos. Esta nova visão da política fiscal pode ser o nó a partir do qual se desata outra visão do equilíbrio entre as receitas e as despesas do Os congressos foram inventados num tempo em Estado, entre as suas necessidades de que as pessoas tinham dificuldades em financiamento e as suas capacidades de acção. comunicar e precisavam de se encontrar O PS deve, por outro lado, combater fisicamente num ambiente fechado para ideologicamente os sofismas de que é preciso combinar estratégias e tomar decisões. Este tipo crescer primeiro para distribuir depois ou de que de acontecimentos já não é o melhor contexto em tempos de crise as questões de sistema para o fazer, pelo que essa necessidade funcional político devem ficar em suspenso. É preciso, de comunicação deu lugar a uma celebração equilibradamente, cumprir essas tarefas em ritual dos laços que unem os membros dos simultâneo. Nem a sociedade deve ficar para partidos. “Que tens feito?” é a pergunta que mais depois da economia nem a política para depois vezes os delegados farão ao longo do Congresso. da crise. Mas nele será dado o tiro de partida para o ano O projecto reformista precisa das forças de todas as eleições. A direcção, com disponíveis. Se olhássemos apenas para algumas legitimidade refrescada e apoio esmagador, das questões concretas, encontraríamos, sem lançará seguramente as novidades a partir das dúvida, aliados à esquerda. Mas as forças quais vamos pedir aos portugueses que, no políticas à esquerda do PS enfermam de três balanço desta legislatura, confiem em nós para vícios que as inibem de ser parte da solução: são governar o país mais quatro anos, para presidir a conservadoras, pelo que vêem toda a mudança mais autarquias, para voltarmos a ser a maior como perda, mesmo quando dirigida a combater força portuguesa no Parlamento Europeu. situações insustentáveis; desvalorizam os Penso que devemos concentrar-nos em dois constrangimentos institucionais e pontos: em que se enganaram os socialistas geoestratégicos, tendo uma atitude irresponsável europeus que governaram na última década para face aos interesses nacionais; enfermam do erro ter deixado a Europa tão vulnerável? Como táctico de terem escolhido o PS e não a direita vamos sair da crise mais modernos, mais fortes e como seu adversário principal. mais iguais? Respostas de esquerda, precisam- Dir-se-á que o PS tem enfermado se. frequentemente de miopia à esquerda, optando Contactos: pelo centrismo. Há um fundo de verdade na crítica, mas ele não se aplica ao que está escrito Paulo Pedroso Grupo Parlamentar do Partido Socialista na Moção de José Sócrates e, se o seu espírito Assembleia da República passar para o Programa de Governo do PS, ela Palácio de São Bento perde a razão de ser. 1249-068 Lisboa Mais, escolhido o protagonista, a Moção e o Correio electrónico: paulopedroso@ps.parlamento.pt Programa de Governo são os instrumentos Blogue pessoal: www.bancocorrido.blogspot.com Telefone: 213917372 (Carla Dias, assistente parlamentar) fundamentais para definir o PS no próximo ciclo. Pode criticar-se o silêncio sobre a vida interna do