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SECRETARIADO NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ

Semana Nacional da Educação Cristã – 2008

FICHA 2: ELEMENTOS DA VIDA DE S. PAULO

Nascimento e educação

Paulo nasceu na cidade de Tarso (de 5 a 10 d.C.), na província romana


da Cilícia, no seio de uma família judaica que tinha também a cidadania
romana. A sua família estava muito ligada às tradições provenientes da
observância da Lei de Moisés. Nessa cidade, foi introduzido pela família na
cultura judaica, mas também mergulhou na cultura grega e romana.
Talvez por pertencer à tribo de
Benjamim, deram-lhe o nome
hebraico de Saul (ou Saulo, em
grego), que tinha sido o nome do
primeiro rei de Israel, oriundo da
mesma tribo. Enquanto cidadão
romano também tinha o nome latino
de Paulo.
De acordo com o costume
judaico, o jovem Saul aprendeu o
ofício do seu pai: produtor de
tendas. E com ele terá aprendido
também a ler as Escrituras Sagradas
e a rezar ao Deus único.
Foi, entretanto, enviado a Jerusalém para receber uma boa educação
religiosa na escola de Gamaliel (mestre fariseu).
Tornou-se um fervoroso fariseu que perseguia os cristãos, julgando, com
isso, estar a prestar serviço a Deus.

Conversão e primeiros empreendimentos


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De acordo com a Bíblia, quando Paulo, em perseguição dos cristãos, se


dirigia para a cidade de Damasco (Síria), por volta do ano 34, Cristo
apareceu-lhe, como havia feito com os outros apóstolos. Esta experiência de
encontro com Cristo ressuscitado mudou definitivamente a sua vida.
Assumiu de tal forma a sua relação com Cristo que, mais tarde, dizia: “Já não
sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20).
Depois do seu baptismo, Paulo começou a pregar a boa-nova de Jesus
aos judeus e não judeus.
Muitas foram as vezes em que se viu perseguido, por ter abraçado a
nova fé, mas nunca desistiu de anunciar Cristo ressuscitado.

O anúncio do Evangelho

O período de treze anos que vai, mais ou menos, do ano 45 a 58 foi o


mais activo e frutífero da sua vida. Durante esse tempo, realizou três viagens
missionárias por terras e povos a ocidente da Palestina, para levar o
Evangelho de Cristo a todos os homens, fossem eles judeus ou pagãos (os
não judeus, politeístas). De acordo com Paulo, Jesus veio para a salvação da
humanidade inteira e não apenas do povo judaico. Era, por isso, necessário,
anunciar em todos os cantos do mundo essa boa-nova.

(1) Primeira viagem missionária (45-49 d.C.; Act. 13-14)

Paulo, acompanhado por Barnabé, embarcou em Antioquia da Síria com


destino a Chipre. Ali, pregou na sinagoga de Salamina, cruzou a ilha de
oriente a ocidente, seguindo a costa sul, chegando a Pafos, residência do
procônsul Sérgio Paulo que se converteu.
Escolheu a Ásia Menor como campo de seu apostolado e embarcou em
Perge de Panfília. Foi quando João Marcos, primo de Barnabé, talvez em
desacordo com os projectos do apóstolo, abandonou a expedição e voltou a
Jerusalém, enquanto Paulo e Barnabé avançaram para as montanhas de
Pisídia, infestadas de bandidos. A cidade mais longínqua até onde foram foi
Antioquia da Pisídia.
Quando os judeus
conseguiram que os dois
fossem expulsos daí,
prosseguiram rumo a Icónio,
onde encontraram a mesma
perseguição da parte dos
judeus e o mesmo
acolhimento da parte dos
gentios. A hostilidade dos
judeus forçou-os a buscar
refúgio na colónia romana de
Listra.
Aqui, os judeus armaram ciladas a Paulo e, depois de o apedrejarem,
deixaram-no como morto, enquanto ele conseguia uma vez mais escapar,
refugiando-se em Derbe, situada a cerca de 60 quilómetros da província da
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Galácia. Depois de completar o seu circuito, os missionários voltaram pelo


mesmo caminho para visitar os cristãos recentemente convertidos. Ao
regressarem a Antioquia da Síria, foram recebidos com satisfação porque
Deus lhes havia aberto as portas da fé ao mundo dos gentios.

****

O problema do estatuto dos gentios (os não judeus) na Igreja


começou a ser debatido (Act. 15, 1-39). Alguns cristãos de origem judia que
vinham de Jerusalém reclamaram que os cristãos de origem pagã deveriam
ser submetidos à circuncisão, obrigatória para os judeus. Contra esta
opinião, Paulo e Barnabé protestaram e decidiu-se convocar uma reunião
em Jerusalém para resolver o assunto.
Nesta assembleia, Paulo e Barnabé representaram a comunidade de
Antioquia e conseguiram convencer os apóstolos, sobretudo Pedro e Tiago,
de que os gentios deviam ficar livres da circuncisão e de algumas outras
normas da Lei de Moisés, exclusivas para os judeus.
Assim, Paulo pôde ensinar abertamente que “...o homem não é salvo
pelas obras da Lei, mas unicamente pela fé em Jesus Cristo...” (Gl. 2, 16).

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(2) Segunda viagem missionária (49-52 d.C.; Act. 15, 40-18, 22)

Para esta segunda viagem missionária, Paulo escolheu Silas ou Silvano,


um cidadão romano como ele e membro influente da Igreja de Jerusalém.
Partiram de novo de Antioquia da Síria para Tarso e daí para Derbe.
A visita às igrejas fundadas na primeira missão realizou-se sem
incidentes. Foi provavelmente em Antioquia de Pisídia que o itinerário da
missão foi alterado.
Os missionários tiveram que viajar até ao norte, na região da Galácia.
Sabemos que a evangelização dos Gálatas decorreu quando Paulo estava
doente (Gl. 4, 13). E assim chegaram a Tróade.
Paulo continuou a utilizar
os métodos de pregação que
tinha usado desde o princípio.
Até onde foi possível,
concentrou os seus esforços
em grandes cidades a partir
das quais a fé se estenderia
até cidades de menos
destaque e, finalmente, às
áreas rurais. Onde encontrava
uma sinagoga, começava a
pregar nela aos judeus que
estavam dispostos a escutá-lo. Quando a ruptura com os judeus era
irreparável, o que ocorreria mais cedo ou mais tarde, retirava-se, sobretudo,
para casas de cristãos, com espaço suficiente para nelas reunir as
comunidades cristãs, entretanto fundadas.
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Em Filipos, Paulo e Silas, acusados de alterar a ordem pública, foram


espancados, encarcerados e, por fim, exilados.
Porém, em Tessalónica e Bereia, onde se refugiaram depois de terem
saído de Filipos, as coisas correram melhor.
A evangelização em Atenas foi absolutamente excepcional. Aqui não
havia o problema dos judeus ou da sinagoga, e Paulo, contra o seu costume,
estava só. Pronunciou um belíssimo discurso diante do areópago,
infelizmente sem grandes resultados. Seguiu-se a missão a Corinto, onde
pregou na sinagoga todos os sábados e quando a oposição violenta dos
judeus atentou contra ele, foi capaz de resistir graças, em parte, à atitude
imparcial do procônsul Gálio.
Finalmente, decidiu ir a Jerusalém a partir da qual voltou a Antioquia. A
1ª Carta aos Tessalonicenses foi escrita durante os primeiros meses da
estadia em Corinto.

(3) Terceira viagem missionária (53-58 d.C.; Act. 18, 23-21, 16)

O principal destino da terceira viagem de Paulo foi Éfeso. Ele tinha


prometido aos efésios voltar à cidade para aí anunciar o Evangelho. Assim,
depois de uma breve visita a Antioquia, partiu através da Galácia e da Frígia
e, passando pelas regiões da “Ásia Central”, chegou a Éfeso.
Para prover ao seu sustento, trabalhou manualmente todos os dias, o
que não o impediu de pregar o Evangelho. Como de costume, começou na
sinagoga onde teve êxito durante os primeiros meses. Depois ensinou
diariamente numa sala colocada à sua disposição por um senhor chamado
Tirano. Aí viveu cerca de três anos, de tal forma que os habitantes da Ásia,
judeus e gregos, ouviram a palavra de Deus.
Claro que houve provações e obstáculos a superar. Alguns destes
obstáculos surgiram da inveja dos judeus, outros vinham da superstição dos
pagãos, particularmente acentuada em Éfeso.
Os progressos do
Cristianismo
arruinaram a venda das
pequenas reproduções
do templo de Artémis e
as da própria deusa,
estatuetas muito
compradas pelos
peregrinos; um certo
Demétrio incitou o povo
contra Paulo. Este teve
de partir para a
Macedónia e de lá para
Corinto, onde passou o
Inverno. Prosseguiu viagem, voltando a Filipos e Tróade. Depois, avançou
para Assos, Mitiline, Mileto, Rodes, Pátara, Tiro, Ptolemaida, Cesareia e
Jerusalém.
Quatro das maiores epístolas de São Paulo foram escritas durante esta
terceira missão: a primeira aos Coríntios, em Éfeso, por volta da Páscoa,
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antes da sua saída da cidade; a segunda aos Coríntios, na Macedónia,


durante o Verão ou Outono do mesmo ano; aos Romanos, em Corinto, na
Primavera seguinte; a data da epístola aos Gálatas é objecto de controvérsia.

O cativeiro (Act. 21, 17-28,31)

Quando os judeus acusaram falsamente Paulo de ter introduzido no


templo de Jerusalém os gentios, a multidão maltratou-o e foi posto na prisão
da fortaleza Antónia. Para não ser assassinado, foi enviado, sob forte escolta,
a Cesareia, que era a residência
do procurador Félix. Paulo não
teve dificuldade em esclarecer
as contradições dos que o
acusavam mas, ao negar-se a
comprar a sua liberdade, Félix
manteve-o algemado e
encarcerado durante dois anos,
para agradar aos judeus. O
novo governador (Festo) quis
enviar o prisioneiro a Jerusalém
para que fosse julgado na
presença dos seus acusadores. Porém, Paulo, que conhecia perfeitamente as
artimanhas dos seus inimigos, apelou ao imperador César. Em consequência,
esta causa só podia ser resolvida em Roma.
O centurião Júlio enviou o prisioneiro Paulo e outros prisioneiros num
navio mercante no qual Lucas e Aristarco puderam obter passagem. Já que o
destino era distante, a viagem foi lenta e difícil. Passaram pela costa de Síria,
Cilícia e Panfília. Em Mira de Lícia os prisioneiros foram transferidos para
uma embarcação que se dirigia a Itália, porém, os ventos contrários
persistentes empurraram-nos para um porto de Chipre. Paulo aconselhou
que passassem o Inverno aí, mas a sua opinião foi rejeitada e o barco ficou à
deriva, sem rumo, durante catorze dias, terminando na costa de Malta. Com
a chegada da Primavera, apressaram-se a prosseguir viagem. Paulo devia
chegar a Roma em Março. “Ficou dois anos completos numa casa alugada...
pregando o Reino de Deus e a fé em Jesus Cristo com toda confiança, sem
proibição” (Act. 28, 30-31).
Não há grande dúvida de que Paulo acabou por ser absolvido em
julgamento.

Os últimos anos

Sobre este último período temos poucas certezas. Paulo queria passar
por Espanha desde há muito tempo e não há provas de que tivesse mudado
o seu plano, mas também não há certeza da sua concretização.
Uma antiga tradição estabelece os seguintes pontos:
• Paulo sofreu o martírio em Roma na praça chamada Aquae Salviae
(hoje Piazza Tre Fontane), um pouco a oeste da Via Ostia, cerca de
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três quilómetros da esplêndida basílica de São Paulo Fora dos Muros,


lugar onde foi enterrado.
• O martírio ocorreu durante o reinado de Nero.
• De acordo com a opinião mais comum, Paulo sofreu o martírio antes
de Pedro.
Paulo possuiu sem dúvida uma resistência física fora do comum, capaz
de suportar os muitos trabalhos e dificuldades, mas a sua principal força
provinha-lhe do grande amor a Jesus Cristo e da sua entrega total ao serviço
de Deus.

Bíblia usada: Tradução Interconfessional da Bíblia em Português Moderno

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