Sobre os candidatos ao Óscar de Melhor Filme

É este domingo que saberemos quais os vencedores do Óscar, então,

seguindo o tema da semana, venho aqui dar a minha opinião sobre os
nomeados a “Melhor Filme”, devo dizer que a minha opinião não é vã, no
sentido de que, nestes últimos dois dias entrei numa demanda para
conseguir ver os cinco filmes nomeados e assim conseguir, com mais
clareza, qual o filme que eu acho que merece ganhar o Óscar este fim-de-
semana. Dai o facto de o meu artigo sair numa quinta-feira e não na quarta,
como era suposto.

Assim sendo... aqui estão eles:

MILK
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Intenso, provocador, simplesmente genial, são as minhas palavras para

caracterizar o filme MILK. O filme retrata da vida e luta de Harvey Milk um
homossexual que, durante os anos 70 decide lutar contra o preconceito
pelos homossexuais e pela igualdade de direitos, candidatando-se a
supervisor da cidade de São Francisco e contra a aprovação da proposta de
lei que permitiria a um empregador despedir os homossexuais e seus
apoiantes caso fosse provada a sua orientação sexual.

MILK faz-nos relembrar de, apesar de ser um relato de outra década, ainda
hoje existe muito preconceito, e que ainda hoje em muitos países os
homossexuais não possuem os direitos que eles nem sequer deveriam ter
de exigir... Casamento, Adopção, são sem dúvida questões controversas,
mas quem somos nós, os “normais”, para decidir sobre a escolha de outra
pessoa? Mas enfim, deixaremos essa discussão para outra altura, pois o que
me trás aqui é falar sobre o filme e sua nomeação ao Óscar, no entanto
gostaria de realçar uma frase dita por Milk, a certa altura do filme
respondendo ao argumento de que professores homossexuais apenas
querem recrutar crianças para a homossexualidade:

“-Como se ensina a homossexualidade? Como o francês?

-Eu nasci de pais heterossexuais, fui ensinado por professores
heterossexuais, numa sociedade intensamente heterossexual. Então porque
sou homossexual?
- E sem ofender, mas se é verdade que as crianças imitam os seus
professores, com certeza teríamos muitas mais freiras pelas ruas.”

Agora, sobre Sean Penn, que faz o papel de Harvey Milk, tenho que dizer
que a sua interpretação sem dúvida merece a nomeação ao Óscar de
melhor actor, ele consegue alcançar com imenso talento os sentimentos e
ideais da Milk e, sem dúvida, é de congratular a coragem para interpretar
uma personagem tão controversa.

SLUMDOG MILIONAIRE

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lionaire.jpg

Slumdog Millionaire fala sobre Jamal Malik um indiano de um bairro pobre

que concorre ao concurso Quem quer ser Milionário, Jamal quase não tem
estudos, no entanto ele chega á pergunta final, concorrendo a 20.000
rupias. Por suspeita de burla ele é preso e é ao chefe da polícia que conta a
sua história e como sabia a resposta de todas as perguntas.
No filme, é-nos mostrado a vida de dois rapazes indianos de um bairro
pobre, Jamal e seu irmão Salim, como eles são obrigados a pedir ao serviço
de um grupo de homens realmente sem escrúpulos, como crescem sem
mãe nem pai e como, em adultos cada um deles vive a sua vida. Sem nunca
esquecer Latika, uma menina também órfã que se envolve na vida deles
durante todo o seu crescimento.

Slumdog Millionaire é um filme bonito, quase romântico sobre um jovem que

aprendeu com a vida tudo aquilo que precisa responder num programa que
televisão que o poderá deixar mais rico do que ele alguma vez imaginou.

Eu realmente gostei do filme, tem uma história bem pensada e que no

envolve até ao ultimo minuto. Tem uma fotografia muito bem-feita
especialmente no tratamento da cor, por estamos habituados a uma Índia
cheia de diferentes cores e nela também há uma parte muito escura e sem
alegria. Outro factor que eu destacaria é a trilha sonora, em todo o filme
somos brindados com diferentes tipos de música, desde a típica musica
indiana até á mais moderna, como é o exemplo de M.I.A. (que me espantou
a dançar com uma barriga de nove meses nos Grammy’s) todas as músicas
tornam o filme ainda mais envolvente.

Não sei até que ponto Slumdog Millionaire merece um Óscar de melhor
filme, mas com certeza é um filme que não pode deixar de ser visto.

FROST/NIXON

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Frost/Nixon retrata os esforços de um apresentador britânico para montar

uma entrevista ao ex-presidente Richard Nixon. Quando Nixon se demite da
presidência e sai impune de um escândalo de corrupção entra num período
de total silêncio, é ai que entra David Frost, um entertainer britânico que
decide “convidar” o Nixon para uma entrevista. Assim assistimos aos
esforços de Frost que, sem patrocínios, sem apoios luta para conseguir
realizar e transmitir aquela que vira a ser a entrevista decisiva, tanto para
Nixon, como para ele próprio.
Em Frost/Nixon assistimos ao sucesso de um apresentador desacreditado e
á derrota de um Presidente quando, finalmente Frost consegue arrancar de
Nixon uma confissão e consegue captar os sentimentos do mesmo ao
perceber a sua derrota.

Quando li a sinopse do filme e percebi que se tratava de um drama político

devo admitir que as minhas expectativas fossem bastante baixas, não se
trata de um estilo de filme que me atraia pessoalmente, no entanto fiquei
agradavelmente surpreendida com o resultado.

Extremamente bem realizado e com uma interpretação brilhante do actor

Frank Langella no papel de Richard Nixon, especialmente nas ultimas cenas,
quando Nixon percebe a sua derrota, Langella consegue realmente
transparecer o desespero, a solidão pela qual Nixon terá passado ao
perceber que naquele momento a sua vida política tinha chegado ao fim. Se
dúvida, um forte candidato ao prémio

THE READER

Michael Berg relembra a sua adolescência e a mulher que mudou a sua

vida. Aos quinze anos Michael envolve-se com uma mulher mais velha,
Hanna Schmitz, com que tem uma relação amorosa e a quem lê vários livros
e romances. Com Hanna ele vive um amor intenso, mas ao mesmo tempo
distante, até que um dia, ela desaparece.
Anos mais tarde, quando Michael anda faculdade de direito ele reencontra
Hanna durante um julgamento contra um grupo de mulheres que
pertenciam às SS, no entanto Michael depara-se com Hanna no banco dos
réus.

Gostei realmente do filme, todo o envolvimento das personagens, a forma

como as suas vidas são profundamente afectadas pelos acontecimentos e
os sentimentos nunca esquecidos. Todo o ambiente, cor, e desenrolar da
história são muito envolventes.

Um filme lindíssimo, com uma interpretação estonteante de Kate Winslet,

que consegue interpretar na perfeição uma mulher solitária, fria e
amargurada que no fim descobre o seu lado humano e feminino. Sem
dúvida uma merecida nomeação tanto ao Óscar de Melhor Filme como
principalmente ao de Melhor Actriz.

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON

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benjamin-button1-b.jpg

UAU!...É a melhor palavra que encontro para definir este filme... uau...
O Curioso Caso de Benjamin Button fala sobre um Benjamin. Benjamin
nasce com mais de 80 anos, mas com uma mente de criança, ao longo da
sua vida ele rejuvenesce enquanto assiste a todos os seus amigos e
familiares envelhecerem e desaparecerem. Ele vê o seu corpo ficar mais
forte, ver cada vez melhor, ouvir cada vez mais enquanto a sua mente
envelhece com o tempo. Enquanto isto Benjamin apaixona-se e vê-se
perante um dilema enquanto assiste a sua amada envelhecer e como terá
que lidar com isso.

O Curioso Caso de Benjamin Button é uma história de fazer levar as

lágrimas aos olhos (sim, chorei que nem uma Madalena arrependida com o
final), com uma caracterização fora de série, não consigo decidir qual me
admirou mais, se ver o Brad Pitt como um velho de 80 anos ou vê-lo de
novo como um jovem de 18. Decididamente uma merecida nomeação a
“Melhor Maquilhagem”.
Quanto a Brad Pitt, por quem eu suspirei durante a minha adolescência,
perante a difícil tarefa de interpretar uma personagem tão complexa e difícil
é realmente merecida a sua nomeação a “Melhor Actor”.

Sem dúvida um dos melhores candidatos ao Óscar para “Melhor Filme”

CONCLUSÃO

Dois dias, cinco filmes... Foi realmente uma maratona, que me deu imenso
prazer, assistir aos filmes nomeados ao prémio de “Melhor Filme” deste ano.
Todos os cinco realmente mereceram a sua nomeação e com certeza será
uma competição renhida.

Eu vi os cinco filmes exactamente pela mesma ordem que o apresento aqui,

e quando acabei de ver MILK achei que o mesmo seria o mais justo
vencedor. No entanto quando acabei de ver “O Curioso Caso de Benjamin
Button” tive que admitir que este é, na minha opinião, o melhor filme de
2008.

Assim, o meu candidato a “melhor filme” é sem sombra de dúvidas O

Curioso Caso de Benjamin Button, e direi mais, na minha humilde opinião
ele também levará para casa os prémios de “Melhor Maquilhagem”, “Melhor
Actor” e “Melhor Roteiro Adaptado”.

Mas “a ver vamos” como diz o cego... Este domingo saberemos...