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7. Economia política da redistribuição 7.

Economia política da redistribuição

ECONOMIA POLÍTICA { 7.1. Redistribuição do rendimento { Bibliografia básica:


z Drazen, A. (2000). Political Economy in Macroeconomics. Cap. 8 -
{ 7.2. Transferências diferenciadas Redistribution: 309-71.
z Meltzer, A. e Richards, S. (1981). A Rational Theory of the Size of
{ 7.3. Redistribuição não monetária
Government. Journal of Political Economy 89: 914–927.
{ 7.4. Teoria da procura de rendas
{ Artigos a apresentar:
Mestrado em Economia, Mercados { 7.5. Redistribuição entre gerações z (11) Cusack, T.; Iversen, T. e Rehm, Philipp (2006). Risks at Work:
The Demand and Supply Sides of Redistribution. Oxford Review of
{ 7.6. Redistribuição e mobilidade
e Políticas Públicas Economic Policy. 22(3): 365-389. – Maria Albertina Narcisco
{ 7.7. Aplicações empíricas z (12) Veiga, L. e Pinho, M. (2007). The Political Economy of
Intergovernmental Grants: Evidence from a Maturing Democracy.
Public Choice. 133: 457-477.
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Objectivos da intervenção do Estado Medidas de desigualdades Medidas de desigualdades


{ Para além da promoção de uma eficiente afectação dos recursos { Medidas de desigualdades frequentemente utilizadas: { Pobreza absoluta
económicos, a promoção da equidade constitui outra importante z Distribuição do rendimento por decis ou quintis; z Define-se um limiar de pobreza abaixo do
razão para a intervenção do Estado na economia. qual qualquer família/indivíduo é considerado
z Curva de Lorenz; pobre.
z Coeficiente de Gini; z Esse limiar mínimo é a expressão monetária
Redistribuição?
O mercado determina a de um capaz de bens e serviços considerado
z Índice de Atkinson;
mínimo para que um indivíduo/ família viva com dignidade.
distribuição do rendimento z Comparação do rendimento z Não depende da distribuição de rendimentos da sociedade.
Voluntária? mediano com os rendimentos
entre os indivíduos Estado? mais baixos (por exemplo do
{ Pobreza relativa
primeiro decil) ou de topo.
{ O objectivo da promoção da equidade não pode ser desligado do z Depende da distribuição de rendimentos na sociedade uma vez que
o limiar de pobreza é definido tendo em conta essa mesma
objectivo da promoção da eficiência. { Para além da forma como o rendimento é distribuído é distribuição.
z As políticas redistributivas distorcem a economia e como tal têm custos de também importante determinar o nível de pobreza da
população. z Por exemplo, fixar a linha de pobreza numa percentagem do
eficiência que devem ser tidos em consideração
4 5 rendimento médio ou mediano da população. 6

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Desigualdades na distribuição do Desigualdades na distribuição do
Desigualdades em Portugal rendimento rendimento
{ Portugal é um dos países europeus com maior
desigualdade na distribuição de rendimento e Survey Percentage share of income or consumption
year Gini Lowest Lowest Second Third Fourth Highest Highest
apresenta índices de pobreza elevados em relação a index
10% 20% 20% 20% 20% 20% 10%
outros países da UE 25.
Denmark 1997c 24.7 2.6 8.3 14.7 18.2 22.9 35.8 21.3
{ O rendimento per capita de Portugal corresponde Japan 1993c 24.9 4.8 10.6 14.2 17.6 22.0 35.7 21.7
actualmente a pouco mais de 70% da média Namibia 1993c 74.3 0.5 1.4 3.0 5.4 11.5 78.7 64.5
comunitária (UE 25). Portugal 1997c 38.5 2.0 5.8 11.0 15.5 21.9 45.9 29.8

{ Em Portugal, a parcela auferida pela faixa dos 20% da Brazil 2003c 58.0 0.8 2.6 6.2 10.7 18.4 62.1 45.8
população com rendimentos mais elevados é mais de UK 1999c 36.0 2.1 6.1 11.4 16.0 22.5 44.0 28.5
7 vezes superior à auferida pelos 20% da população USA 2000c 40.8 1.9 5.4 10.7 15.7 22.4 45.8 29.9
com rendimentos mais baixos.
Fonte: World Bank (2006), World Development Indicators, Table 2.8
7 8 9
Fonte: Eurostat (2006), Europe in Figures – Eurostat Yearbook 2006-07. – Distribution of Income and Consumption.

Regional poverty estimates


Region 1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002a
People living on less than $2 a day (millions)

Pobreza em Portugal Em risco de pobreza East Asia & Pacific 1,170 1,109 1,028 1,116 1,079 922 900 748
China 876 814 731 825 803 650 627 533
Europe & Central Asia 20 18 15 23 81 98 113 76
{ Portugal é um dos países europeus que apresenta Latin America & Caribbean 99 119 115 125 136 117 127 123
taxas mais elevadas de risco de pobreza, medido Middle East & North Africa 52 50 53 51 52 61 70 61

através da percentagem da população com South Asia


Sub-Saharan Africa
821
288
859
326
911
355
958 1,005 1,029 1,039 1,091
382 410 447 489 516
rendimentos inferiores ao limiar de 60 por cento do Total 2,450 2,480 2,478 2,654 2,764 2,674 2,739 2,614
rendimento mediano equivalente. Excluding China 1,574 1,666 1,747 1,829 1,961 2,024 2,111 2,082
Share of people living on less than $2 a day (%)

{ Essa taxa situa-se em 20 por cento, após East Asia & Pacific
China
84.8
88.1
76.6
78.5
67.7
67.4
69.9
72.6
64.8
68.1
53.3
53.4
50.3
50.1
40.7
41.6
transferências sociais, enquanto a média Europe & Central Asia 4.7 4.1 3.3 4.9 17.2 20.7 23.8 16.1
comunitária (UE 25) é de 15.5 por cento. Latin America & Caribbean 26.9 30.4 27.8 28.4 29.5 24.1 25.1 23.4
Middle East & North Africa 28.9 25.2 24.2 21.4 20.2 22.3 24.3 19.8
South Asia 89.1 87.2 86.7 85.5 84.5 81.7 78.1 77.8
Sub-Saharan Africa 73.3 76.1 76.1 75.0 74.6 75.1 76.1 74.9

Total 66.7 63.7 60.1 60.8 60.2 55.5 54.4 50.0

Excluding China 58.8 58.4 57.5 56.6 57.4 56.3 55.8 52.7
10 11 12
Fonte: Eurostat (2006), Europe in Figures – Eurostat Yearbook 2006-07.

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Economia política da redistribuição Redistribuição do rendimento O modelo de Meltzer e Richard
{ A redistribuição é uma importante matéria de debate político { Imaginemos um cenário em que todos os indivíduos afectados { Os indivíduos conhecem o seu rendimento quando escolhem o
em qualquer sociedade. pela redistribuição participam no processo de decisão da esquema redistributivo.
mesma.
{ A política orçamental afecta a redistribuição tanto do lado das { As decisões são tomadas com base na regra da maioria
receitas como do lado das despesas (bens públicos, bens de { Os indivíduos diferem apenas no nível de rendimento. simples.
mérito) { Qual o montante de redistribuição que emerge do processo { Todos os indivíduos são sujeitos à mesma taxa de imposto
{ Não é fácil separar a redistribuição da oferta e do político? linear e recebem o mesmo montante de transferências.
financiamento de bens públicos: z O resultado depende do facto do indivíduo saber ou não qual a sua z Os políticos não conseguem desenhar o esquema fiscal de forma a
z O aumento da equidade pode ser encarado como bem público. posição relativa em termos de distribuição do rendimento antes do privilegiar um determinado grupo de eleitores e a obter os seus
programa redistributivo ser adoptado. votos.
z A distribuição dos impostos entre grupos da população para
{ Quando os indivíduos desconhecem a sua posição relativa, o z O igual tratamento de indivíduos com o mesmo rendimento não
financiar um bem público tem implicações redistributivas.
programa redistributivo assume um carácter de seguro que não requer uma taxa única de imposto.
z Na medida em a provisão de um bem público beneficia mais está presente no caso contrário, e que pode dominar todas as
alguns indivíduos que outros e esta desigualdade é pouco visível, { Os eleitores apenas se importam com o seu rendimento líquido.
outras considerações.
pode constituir uma forma de proceder a redistribuições que se
z O resultado depende da regra de decisão adoptada.
fossem anunciados não seriam aceites. 13 14 15

O modelo de Meltzer e Richard O modelo de Meltzer e Richard O modelo de Meltzer e Richard


{ 3 passo para determinar o equilíbrio político-económico: { y é monotonicamente crescente com ξ para os indivíduos que
{ O indivíduo maximiza a sua utilidade [u(c,z)] que é uma função
Cada indivíduo optimiza as suas escolhas para uma determinada oferecem trabalho.
z crescente, côncava do consumo c e do lazer z (z = 1-l), sujeito à
política fiscal. restrição orçamental: { No final da optimização o esquema de impostos preferido será:
Com base nesta optimização cada indivíduo determina a sua τ
z z c = (1- τ)*l*ξ + ν { Se ξ > ξmd o individuo prefere uma taxa
política fiscal óptima. τν de imposto = 0 e a ausência de
{ A partir da condição de primeira ordem que determina a oferta transferências.
z As preferências são agregadas numa política fiscal “nacional” de trabalho concluímos:
através de um mecanismo de escolhas colectivas. { Indivíduos com ξ ≤ ξ0 (l=0) preferem a
z Indivíduos com um nível de produtividade inferior a um determinado
taxa de imposto que maximize v (τν).
{ O comportamento individual óptimo é função de variáveis fiscais, valor (ξ0) optam por não trabalhar;
tais como a taxa de imposto (τ) e o nível de transferências (ν). z Só os indivíduos com ξ > ξ0 oferecem trabalho. ξ { Para ξ0< ξ < ξmd a taxa de imposto
ξ0 ξmd preferida decresce de τν para 0.
{ Os indivíduos diferem no seu nível de produtividade inata (ξ). { A política de impostos - transferências (τ,ν) tem que satisfazer a
restrição orçamental do governo: { Meltzer e Richard consideram como mecanismo político de
{ O rendimento antes de impostos é observável e é igual ao agregação das preferências a regra do eleitor mediano.
produto da produtividade com o número de horas trabalhadas (l) z τymd = ν
z A taxa de imposto escolhida é a que corresponde à produtividade
que depende de ξ: z em que ymd é o rendimento médio per capita na economia. do eleitor mediano.
z y(ξ) = ξ * l(ξ) 16 17 18

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O modelo de Meltzer e Richard Incerteza quanto à posição ocupada Mecanismos de decisão alternativos
{ Caso os eleitores desconheçam a sua posição relativa no momento em que { Qual o impacto de alterações na regra de decisão colectiva no
{ Em que medida as características do eleitorado afectam o
escolhem o esquema de impostos - transferências a opção é condicionada programa redistributivo escolhido?
programa redistributivo? pelo desejo de partilhar o risco ex-ante.
z Um aspecto importante é a distribuição do rendimento: z O programa assume um aspecto de seguro. { No caso de transferências de rendimento dos mais ricos para os
{ Ilustração com base no modelo anterior: mais pobres, o modelo do eleitor mediano pode ser inapropriado.
{ Se o rendimento do eleitor mediano é superior à média, não há z Os mais ricos podem utilizar o seu rendimento para exercer pressão
programa redistributivo, independentemente do grau da z Os indivíduos conhecem o seu nível de produtividade apenas depois de
escolher o esquema redistributivo. contra o programa - um modelo de lóbi é mais apropriado.
desigualdade que existir.
z Os indivíduos são idênticos ex ante, ou seja, todos têm a mesma z Nesse caso, o esquema redistributivo adoptado reflectirá não só as
{ Alterações na distribuição que não reduzam o rendimento do expectativa sobre a sua produtividade (e rendimento). características do eleitor mediano mas também as do grupo dos
eleitor mediano de tal forma que este se torne inferior ao z 1º caso – neutralidade em relação ao risco: o eleitor mediano espera obter mais ricos.
rendimento médio, não darão origem a modificações no um rendimento igual ao rendimento médio, logo a taxa de imposto
programa redistributivo. escolhida será 0. { Regra da unanimidade: só serão aprovados esquemas redistribu-
z 2º caso - aversão ao risco: a probabilidade de ter rendimentos menores que tivos que não piorem a situação de alguém.
{ Se o rendimento do eleitor mediano for inferior à média, uma a média assume maior importância, pelo que o eleitor mediano escolhe { Só com altruísmo por parte dos mais ricos surgirão esquemas
alteração na distribuição do y que diminua o rendimento do uma taxa de imposto positiva.
redistributivos.
eleitor mediano em relação à média (aumento da desigualdade) { Os eleitores estão mais dispostos a aceitar esquemas redistributivos se
resultará num aumento da taxa de imposto e numa maior tiverem que decidir antes de conhecerem a sua posição relativa na { Com a regra da maioria simples basta que 50% + 1 dos eleitores
redistribuição. sociedade. fique melhor para que o esquema seja implementado.
19 20 21

Transferências diferenciadas Transferências diferenciadas Transferências diferenciadas


{ O modelo de Dixit e Londrengan (1996) incorpora estas duas { Dahlberg e Johansson (2002, AJPS): forte evidência a favor do
{ Geralmente as transferências destinam-se a grupos específicos modelo de Lindbeck e Weibull (1987) num programa temporário de
da população. possibilidades.
transferências atribuído pelo governo central Sueco aos municípios.
z Dois partidos (L = esquerda, R = direita), com preferências
{ Cox e McCubbins (1986) e Lindbeck and Weibull (1987) são diferentes sobre as políticas a adoptar, competem pelos votos do { Johansson (2003, JPE): os municípios suecos com maior número de
artigos pioneiros na literatura sobre redistribuição táctica, sob eleitorado. eleitores indecisos recebem mais transferências
restrições orçamentais. z Tanto os eleitores como os governantes são puramente egoístas. intergovernamentais.
z No caso dos partidos terem idêntica capacidade de subsidiar ou Case (2001, EER): na Albânia, as comunidades com mais eleitores
{ Se o Governo pretender aumentar a sua base de apoio através {
tributar os diferentes grupos da população, os eleitores indecisos
da concessão de transferências que características tornam um indecisos, assim como aquelas que se revelam determinantes para
serão o alvo dos políticos.
grupo de eleitores mais atractivo? alcançar a maioria dos votos no Parlamento, são favorecidas pelo
z Ambos os partidos cortejam os eleitores que mais facilmente governo federal.
z De acordo com Cox e McCubbins (1986) os eleitores mais leais ao alteram o seu voto em troca de favores.
partido serão beneficiados. z No caso dos partidos diferirem na sua capacidade de transferir { Veiga e Pinho (2007, PC): durante o período inicial da democracia
recursos para grupos específicos, então os eleitores cortejados portuguesa, os municípios dirigidos por autarcas com a mesma
z Segundo Lindbeck e Weibull (1987, 1993) serão os eleitores mais
serão os seus apoiantes (os eleitores que o partido conhece melhor afiliação que o PM, assim como aqueles com mais eleitores
indecisos, cujos votos são mais facilmente subornáveis.
e que, portanto, são um alvo mais fácil). indecisos, foram favorecidos na afectação das transferências do
22 23 governo para os municípios. 24

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Politica de barril de porco
Redistribuição não monetária Redistribuição não monetária (“pork barrel politics)
{ Quando um programa público tem benefícios concentrados num
{ Muitos programas governamentais embora não sejam { Aspectos comuns: pequeno grupo e um custo social que excede o benefício social,
explicitamente redistributivos geram benefícios e impõem custos é frequentemente denominado de programa de “barril de porco”.
z 3º As transferências não monetárias são caracterizadas pela sua
diferenciados aos vários grupos da população.
ineficiência. { O excesso de oferta destes projectos resulta de:
z Ex. regulamentação que restringe a concorrência, grandes obras z Desproporção per capita dos benefícios e dos custos do programa:
{ Frequentemente há ineficiência nos projectos individuais (custos
públicas com impacto geográfico muito marcado. { os custos percepcionados são baixos: aqueles que os suportam
excedem os benefícios)
não têm incentivo para se oporem à sua implementação;
Aspectos comuns: { Para além disso, os projectos surgem em excesso.
{ { os beneficiários têm um grande incentivo para o apoiarem.

z 1º Normalmente os benefícios estão concentrados num pequeno z 4º Falta de transparência (custos e benefícios ocultos). z Para além dos benefícios económicos estes programas geram
benefícios políticos.
grupo e os custos dispersos por um grupo grande. z 5º As transferências não monetárias podem assumir um aspecto z O processo de decisão no interior da região:
z 2º Uma importante característica destes programas, especialmente especial no caso do consumo do bem providenciado requerer que o { A troca de votos entre deputados para obter a maioria
quando têm um impacto geográfico muito específico, é o seu consumidor possua um recurso privado. necessária à aprovação do projecto;
universalismo na partilha dos custos. z Ex. educação parcialmente financiada pelo Estado. { A facilidade de proceder a alterações orçamentais (incluir um
novo projecto).
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Teoria da procura de rendas Teoria da procura de rendas Teoria da procura de rendas


(“Rent seeking”) (“Rent seeking”) (“Rent seeking”)
{ Noção genérica: procura de rendas com custos { Tullock argumentou que os custos sociais do monopólio podem
{ Esta literatura analisa a utilização de recursos ser bastante superiores aos indicados por Harberger e outros,
sociais.
económicos para influenciar decisões governamentais que concluíram que estes custos são pequenos.
{ Sentido mais restrito: obter rendas de monopólio que que podem criar rendas. z A análise de Harberger concentrou-se nos custos de bem-estar
o Governo possa criar ou aumentar.
z Salienta as consequências indesejáveis da tentativa de captados pelo triângulo que reflecte a diminuição do excedente do
{ Krueger (1974): “Em muitas economias não apropriação de rendas. consumidor que não é ganho pelo monopolista (L).
orientadas pelo mercado, as restrições geram rendas O rectângulo que mede a renda do monopolista (“A”) não
{ A actividade de procura de rendas está intimamente z
de vários tipos pelas quais as pessoas representa uma perda social, mas apenas uma redistribuição de
frequentemente competem. Por vezes, essa ligada aos lóbis, mas a ênfase não é colocada na rendas dos consumidores para o monopolista.
competição é perfeitamente legal. Outras vezes, a actividade de exercer pressão em si mas sim nas
z Tollock argumentou que a competição para obter “A” leva a que o
procura de rendas toma outras formas, como implicações ao nível do desperdício de recursos. custo social do monopólio exceda “L”, incluindo a parte, toda, ou
subornos, contrabando e mercado negro.” até mais do que as próprias rendas de monopólio.

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Teoria da procura de rendas Teoria da procura de rendas
(“Rent seeking”) (“Rent seeking”) Redistribuição entre gerações
{ Há pelo menos 2 tipos adicionais de desperdícios a considerar: { Exemplos:
{ Aplicações práticas: z Transferências de rendimento tendo em vista a diminuição da
z Os recursos gastos pelos governantes que esperam beneficiar das
z Política comercial – a implementação de tarifas, quotas ou outras pobreza - mais frequente entre os idosos;
despesas realizadas pelos potenciais monopolistas à procura de
medidas proteccionistas é uma importante fonte de criação de z Financiamento público da saúde – os idosos recorrem a estes
rendas;
rendas. serviços mais intensamente;
z Os desperdícios sociais realizados por terceiros em consequência
z Programas de pensões de reforma;
das acções desenvolvidas pelos monopolistas e pelo governo. z Regulação das actividades económicas – as agências de
z Acumulação de dívida pública.
regulação são veículos de criação e distribuição de rendas.
{ Se as rendas criadas são ou não completamente desperdiçadas { Programas redistributivos entre gerações colocam questões
pelas tentativas de as obter depende: adicionais uma vez que é possível a transferência ser feita para
z Da natureza das regras que determinam o vendedor do concurso; uma geração que ainda não nasceu (não participa na decisão).
z Do grau de aversão ao risco dos candidatos; { Procurará a geração presente tirar vantagem da geração futura
no desenho do programa redistributivo?
z Da incerteza quanto ao valor das rendas;
{ Quando chegar a altura das gerações futuras suportarem a
z Do grau de heterogeneidade entre os candidatos e da informação herança negativa será que vão estar dispostos a suportá-la
de que dispõem sobre os outros. 31 32
apesar de não terem participado nas decisões? 33

Redistribuição e mobilidade Redistribuição e mobilidade Redistribuição e mobilidade


{ Até agora assumimos que os indivíduos não conseguem evitar { A mobilidade das bases de tributação limita as possibilidades de { Uma taxa de imposto uniforme para todas as jurisdições elimina
legalmente os efeitos da política redistributiva. redistribuição. a possibilidade de escapar à tributação através das migrações.
{ Ao nível local as pessoas podem manifestar as suas z Quando as bases de tributação são móveis a tributação deve ser
z Haverá uma tendência para as pessoas se organizarem pelas
preferências sobre a redistribuição migrando (votar com os pés) feitas ao nível central, com a receita de impostos distribuída entre
regiões em função dos seus rendimentos.
– modelo de Tiebout. as localidades, num programa de federalismo fiscal.
z As comunidades com maior rendimento serão caracterizadas por { No caso das preferências entre jurisdições serem diferentes, a
z Quando um programa de redistribuição do rendimento é decidido subsídios e impostos mais baixos que as comunidades com uniformização da política diminui o grau de satisfação.
ao nível local, ele transforma-se num bem público oferecido aos rendimento mais baixos.
residentes nessa comunidade. { Os indivíduos são forçados a contribuir para melhorar o bem-
z Políticas redistributivas afastarão os ricos podendo colocar em estar noutras jurisdições pelo que o apoio ao programa
z Escolher entre comunidades significa optar entre diferentes questão os programas redistributivos. redistributivo decresce.
conjuntos de bens públicos.
{ No contexto da União Europeia, onde existe mobilidade de z Caso as migrações coloquem em questão os esquemas
factores produtivos, é importante harmonizar as políticas redistributivos os países poderão optar por colocar entraves à
redistributivas. imigração.
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Redistribuição e mobilidade
{ O factor capital é mais móvel que o factor trabalho aumentando
a importância destas questões.
z Tributação do investimento directo estrangeiro e competição entre
os países para o atrair.

z Há uma diferença qualitativa entre a mobilidade do capital e a


mobilidade do trabalho na determinação dos programas
redistributivos:
{ A emigração de pessoas representa a saída de eleitores,
enquanto com o factor capital não é geralmente assim.

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