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Mimos

www.embalagemmarca.com.br
estratégicos
Diante de milhares de
lançamentos, uso de amostras
ganha importância para evitar
o fracasso de produtos

ESPECIAL:
SUSTENTABILIDADE

• As razões e os meios para a adoção de programas “verdes”


• O que mudará com a Política Nacional de Resíduos Sólidos
eDITORIaL }}} A ESSÊNCIA DA EDIçÃO DO MÊS, NAS PALAVRAS DO EDITOR

Investindo em viagens na crise


ssim que esta edição de Emba- conhecimento. Trata-se, em suma, de investi-

A
lagEmmarca estiver circulan- mento na operação.
do, parte da equipe da revista A ida de Guilherme Kamio e de Marcos
estará em viagem para partici- Palhares a Chicago e a minha e de Eunice
par de dois importantes even- Fruet a Paris deverá trazer boas contribui-
tos internacionais relacionados ao setor de ções para a elaboração da próxima edição
embalagem: Pack Expo, programada para da revista. Vale lembrar que todos os meses
ocorrer de 9 a 13 de novembro, em Chicago, de dezembro, já há dez anos contando este,
e Emballage, marcado para Paris, de 17 a EmbalagEmmarca oferece a seus leitores
21 do mesmo mês, em Paris. Tanto a fei- o serviço Tendências e Perspectivas. Esse é
ra americana quanto a francesa integram o um retrato dos rumos que poderão tomar a
calendário dos eventos globais classificados economia mundial e a do país e como pode-
como “imperdíveis” no setor de embalagem, rão afetar a cadeia produtiva de embalagem.
devido ao fato de, mais do que mostrarem É, numa definição sintética, um instrumento
novidades e inovações, apontarem tendências auxiliar para o planejamento das empresas
em equipamentos, em materiais, em design e para o exercício seguinte.
em consumo. Acreditamos que incorporar a análise
É crescente a consciência dos empresários do atual momento sob a ótica dos grandes Para a revista,
e profissionais ligados à embalagem no Brasil
no tocante à importância de estarem presentes
players internacionais robustecerá em muito
o serviço Tendências e Perspectivas. Vale
informação é
em eventos como Pack Expo e Emballage, lembrar que as duas duplas que irão à Pack matéria-prima,
especialmente num momento de incerteza Expo e ao Emballage se dividirão entre a visi-
quanto aos rumos da economia mundial, ta às feiras propriamente ditas, aprofundando e estar imerso
como o atual. Mas é justamente essa situação a interação com expositores e visitantes, e onde as coisas
que, impondo cuidados sobre os gastos, leva o acompanhamento dos eventos paralelos
as empresas a relativizarem o que é tido por a ambas, voltados para discussão e análi- acontecem é
“imperdível”. É compreensível que poupem
despesas de viagem para aplicar na operação.
se. No caso do evento francês, o simpósio
internacional Pack.Vision, cumpre registrar
relacionamento e
Por que então EmbalagEmmarca se dis- a presença brasileira, com a apresentação de conhecimento.
põe a enviar dois profissionais a cada um dois cases sorteados entre os ganhadores do
daqueles eventos, sobretudo com o câmbio troféu do PrÊmio EmbalagEmmarca em 2007 Em suma, é
mais desfavorável do que estava antes da cri-
se? Acontece que, para a revista, informação
e 2008. Isso será relatado também na edição
de dezembro. Até lá.
investimento
é matéria-prima, e estar imerso onde as coi- na operação
sas acontecem é relacionamento e, portanto, Wilson Palhares

EMBALAGEMMARCA é Diretor de Redação: Público-Alvo


uma publicação mensal da Wilson Palhares | palhares@embalagemmarca.com.br
Reportagem: redacao@embalagemmarca.com.br EMBALAGEMMARCA é dirigida a profissionais que
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sumáRio }}} Nº 111 }}} NOVEMBRO 2008

ESPECIAL SUSTENTABILIDADE Reportagem de capa:


Insumos 9
Amostragem 48
diante do varejo populoso,
empresas recorrem a ações
tintas uv, livres de solventes, prometem “esver-
dear” a decoração de embalagens metálicas
de sampling para não deixar
seus lançamentos malograr

Cinco perguntas 10
debbra Johnson revela os estudos da duPont
sobre impactos da impressão de embalagens

Ciclo de Conhecimento 12
evento apontou razões e meios para as empresas
investirem em políticas de sustentabilidade

Reciclagem 37 Entrevista 40
deixe as embalagens deputado Arnaldo Jardim
secundárias nas lojas. explica o que acontecerá
É esse o mote de nova com o sancionamento da
ação do Pão de Açúcar Política de resíduos sólidos

Destilados 54 Alimentos 55 Cervejas 58


Priko lança primeira com a proximidade do
vodca skyy, célebre verão, cervejarias apostam
sopa pronta do país em
por sua garrafa azul, em lançamentos e em
cartonada asséptica
agora tem versão nacional embalagens atraentes

Lynn
Dornblaser 62
diversos produtos inter-
nacionais apostam

66
em embalagens
que literalmen-
te brilham e Internacional
67
saltam aos
Livros
vinho canadense adota
olhos do
garrafa de Pet revesti-
consumidor
da com óxido de silício Obra retrata a trajetória profissional
do designer Hugo Kovadloff

4 EmbalagemMarca novembro 2008


Editorial 3
A essência da edição do mês, nas palavras do editor

Só na web 8
O que a seção de notícias de www.embalagemmarca.com.br
e a e-newsletter semanal levam aos internautas

Panorama 46
Movimentação do mundo das embalagens e das marcas

Painel gráfico 56
Produtos e processos da área gráfica
para a produção de rótulos e embalagens

Display 68
Lançamentos e novidades – e seus sistemas de embalagens

Almanaque 74
Fatos e curiosidades do mundo das marcas e das embalagens

www.embalagemmarca.com.br
Uma revista que é lida mensalmente por cerca de
60 000 profissionais do setor precisa fazer parte da sua
grade de mídia. Um site visitado todos os meses por mais

Invis
de 40 000 pessoas é um complemento imprescindível.
www.embalagemmarca.com.br

Uma premiação que valoriza as embalagens


que trazem resultados na prática.
Participe, como patrocinador ou inscrevendo seus cases.
premio@embalagemmarca.com.br

E a crise? Deixe pa
Em 2009, mais dois grandes

ta em
eventos e muitas novidades.
3 de junho – DESMISTIFICANDO A INOVAÇÃO
15 de setembro – TENDÊNCIAS & PERSPECTIVAS
Consulte-nos sobre possibilidades
de patrocínio, apoio e participação.
ciclo@embalagemmarca.com.br

Edição Especial de aniversário


Em junho, não fique de fora da edição
comemorativa de 10 anos da principal
revista do setor de embalagens
10anos@embalagemmarca.com.br

ra a concorrência...
só na web
Uma amostra do que a seção diária de notícias de www.embalagemmarca.com.br e a e-newsletter semanal da
revista levam aos internautas

internacional

Pepsi reformulada
A Pepsi anunciou uma drástica mudança em
sua identidade visual. A alteração mais profun-
da é no logotipo, que passará a fazer alusão a
um sorriso. A nova marca estará presente em
todas as bebidas da Pepsi a partir de 2009.
Leia mais em
www.embalagemmarca.com.br/pepsi-logo Logo atual (acima) e novo, que estampará as embalagens a partir de 2009

display

Brilho no escuro panorama

Uma lata que brilha no escuro quando Abal publica guia de reciclagem de alumínio
exposta à luz ultravioleta (UV), a conhecida
A Associação Brasileira do
luz negra, é a novidade do energético Flying
Alumínio – Abal lança o 12º volu-
Horse. A lata de 473 mililitros, fabricada
me da série de Guias Técnicos do
pela Rexam, recebe uma tinta especial que
Alumínio, desta vez explorando o
reage à luz UV. O público-alvo são os fre-
tema reciclagem. Destinado a pro-
qüentadores de casas noturnas.
fissionais que atuam em todas as
Leia mais em www.embalagem- etapas da reciclagem do alumínio,
marca.com.br/luznegraflying o guia orienta sobre as melhores
práticas a serem adotadas duran-
te o processo. A publicação pode
ser adquirida pelo site da Abal –
www.abal.org.br
Leia mais em www.embalagemmarca.com.br/guiaabal

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Tetra Pak lança campanha de sustentabilidade


Estimular um novo olhar sobre as caixinhas da Tetra Pak através do
papel que a empresa desempenha no cenário de sustentabilidade
e aumentar o número de embalagens recicladas no Brasil. Este é o
mote da campanha institucional “Sem perceber você transforma o
RECEBA A E-NEWSLETTER mundo com a Tetra Pak”, que ficará no ar até dezembro. A comunica-
SEMANAL DE EMBALAGEMMARCA ção demonstra o ciclo de vida sustentável das embalagens da Tetra
Pak, que são feitas com material renovável reciclável. A campanha
Visite www.embalagemmarca.com.br/newsletter
visa aumentar em mais de 50% o volume de embalagens longa vida
e cadastre seu e-mail.
Nosso boletim eletrônico, gratuito, é recicladas no Brasil.
publicado todas as quintas-feiras. Leia mais em www.embalagemmarca.com.br/tetrasustentabilidade

8 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


}}} insumos
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Metal mais leve


Tintas UV para latas, ambientalmente mais amigáveis, estréiam no Brasil

P
or meio de sua divisão Packaging Novas tintas: cio Gasperini, diretor de marketing da Akzo
Coatings, criada no início do ano cura quase Nobel Packaging Coatings. “Com as novas
instantânea
após a compra da fabricante ingle- tintas, as metalgráficas economizam energia,
sa de tintas para embalagens ICI, produzindo muito mais em menor tempo.”
a holandesa Akzo Nobel começa A linha de produção ficará em Santo
a ofertar no Brasil tintas para a impressão de André (SP). Gasperini afirma que o investi-
embalagens metálicas com cura (secagem) por mento da empresa é estofado por aquisições,
radiação ultravioleta (UV). A empresa será a por metalúrgicas, de maquinário adequado
primeira fabricante local de insumos desse ao trabalho com a tecnologia. As tintas UV
gênero, considerados uma tendência mundial para a decoração podem revestir desde latas de tintas imobiliárias e produtos
de latas. As tintas UV não empregam solventes em sua compo- químicos até as de bebidas e de alimentos como pescados. Para
sição, sendo, portanto, ambientalmente mais corretas. facilitar a conversão do mercado aos novos insumos, a Akzo
O apelo da sustentabilidade explica em grande parte a rapi- Nobel Packaging Coatings oferecerá assistência especializada
dez com que essas tintas vêm se difundindo mundo afora entre aos fabricantes de embalagens. (GK)
as fábricas de latas. “A cura UV ocorre numa fração de segun-
Akzo Nobel Packaging Coatings
dos, enquanto no processo tradicional a secagem leva cerca de (11) 4463-9159
dez minutos em fornos, sob altas temperaturas”, ilustra Maurí- www.akzonobel.com/packaging

www.embalagemmarca.com.br novembro 2008 EmbalagemMarca 9


perguntas
para Debbra Jonhson
omo mais ou menos sabem todos os envolvidos no univer-

C
so do packaging, a impressão de filmes plásticos utilizados
Perita em sustentabilidade em embalagens e rótulos plásticos abriga uma velha disputa
entre duas plataformas, rotogravura e flexografia. Os parti-
comenta os resultados de dários da flexografia, agora, empunham um novo argumen-
to: o de que o sistema é ambientalmente mais amigável que a rotogravura,
um estudo sobre impacto por implicar em processos de pré-impressão “mais limpos”.
À frente dessa investida, que busca sensibilizar os clientes indiretos,
ambiental dos sistemas de isto é, as indústrias usuárias de embalagens, está a americana DuPont,
detentora da popular marca Cyrel de sistemas de confecção de chapas
impressão de embalagens fotopoliméricas – ou clichês, as matrizes utilizadas na impressão fle-
xográfica. A empresa bancou um estudo de ciclo de vida que compara
os impactos ambientais de embalagens impressas com flexografia e
rotogravura, tendo recentemente divulgado seus resultados. Chefe global
de Sustentabilidade da área de impressão de embalagens da DuPont, a
americana Debbra Johnson esteve no Brasil no fim de setembro, quando
EmbalagemMarca aproveitou para questioná-la sobre a ação.

Quais os principais resultados do estudo, recentemen-

1 te financiado pela DuPont, que compara os impactos


ambientais da impressão de embalagens por rotogravu-
ra e por flexografia?
Análises demonstraram que, para a impressão de embalagens plásticas
flexíveis, a flexografia é 50% mais sustentável que a rotogravura. Na práti-
ca, isso significa que para cada milhão de metros quadrados de substrato
impresso que foi mudado de rotogravura para flexografia, houve econo-
mia em energia não-renovável equivalente a 95 000 litros de gasolina e a
redução de gases de efeito estufa igual às emissões anuais de quarenta
automóveis médios. Um outro estudo, mais específico, buscou comparar
o processo tradicional de gravação de chapas, que utiliza solventes, com
o processo térmico, mais moderno. Nesse caso, foi verificado que este
último proporciona uma redução em gasto energético de aproximadamen-
te 60%, e uma redução de emissões de gases danosos de 51%. Ou seja,
para cada 10 000 metros quadrados de chapas processadas, a economia
de energia equivaleria a quase 33 000 litros de gasolina e a economia nas
emissões, a retirar da estrada 16 automóveis médios por um ano.

Como esses estudos foram feitos? Qual é a garantia de

2 credibilidade?
As análises de ciclo de vida foram efetuadas por uma equi-
pe de cinco especialistas coordenados pela Five Winds
International, uma consultoria internacional independente e experiente em
foto: divulgação

estudos de desenvolvimento sustentável. Elas foram feitas de acordo com


as normas ISO 14040 e 14044 e os padrões Peer Review. Um relatório
sobre os estudos está disponível ao público em nosso site (N. da R.: em

10 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

inglês, no endereço www2.dupont.com/Cyrel_Sustainability/ Estados Unidos um grupo chamado Sustainable Green Printing
en_US/index.html) Partnership deverá determinar, através de certificações, os “con-
vertedores verdes”, aqueles com políticas consistentes do ponto
Os fabricantes de bens de consumo estão pre- de vista ambiental. A etapa de pré-impressão terá grande peso

3 ocupados com o impacto ambiental da pré-im-


pressão das embalagens flexíveis que utilizam?
Existe, na opinião da senhora, negligência em
nessas verificações. Estamos pensando numa série de ações
para definir o que significa sustentabilidade em termos de pré-
impressão. Reitero que estamos no começo.
relação aos impactos ambientais dessa etapa industrial?
Eu prefiro não utilizar o termo “negligência”. Não se trata de Os fornecedores de embalagens flexíveis já
saber e conscientemente sonegar a questão, e sim de um pro-
cesso não muito conhecido por empresas alheias ao negócio
de impressão. A inclusão da pré-impressão de embalagens nas
5 utilizam a sustentabilidade como uma vanta-
gem competitiva do sistema de gravação tér-
mica de clichês, apontado pelo estudo como
políticas de sustentabilidade é novíssima. Até hoje, empresas mais “verde” que o sistema convencional, baseado em sol-
priorizaram suas ações em prol das embalagens mais sustentá- ventes?
veis com redução de peso dos invólucros. Muitas indústrias que Sim, mas ainda é um ponto incipiente. A gravação térmica não
contatamos confessam nunca ter pensado nisso. A tendência é é insalubre, porque os funcionários não mantêm contato com
que a preocupação aumente. solventes. Sem solventes, também é eliminada a preocupação
com manejo de resíduos. A economia gerada com isso e a maior
Que tipo de ação os resultados do estudo rapidez de gravação em relação ao processo convencional eram,

4 poderão estimular?
No âmbito das entidades de classe, estamos
organizando encontros para revisar os resultados
no começo, o que atraía as clicherias e os convertedores para o
sistema térmico. O estudo servirá para embasar a argumentação
do mercado sobre sustentabilidade do processo térmico, quanti-
das análises e discutir os próximos passos. Paralelamente, nos ficando o quão mais sustentável ele é.

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}}} evento

Uma proposta de trabalho qu


Seminário Estratégico sai do lugar comum e discute a implicação da Sus

F
oram superiores a 92% os índices de aprovação sob
os conceitos “ótimo” e “bom” obtidos em avaliação
feita pelos participantes do Seminário Estratégico de
Sustentabilidade na Área de Embalagem, promovi-
do pela Bloco de Comunicação, com patrocínio da
Eastman do Brasil e da Vitopel e apoio da Tetra Pak, do Consulado
Geral Britânico, da Abrafilme e da Greenfield. Realizado em 14 de
outubro último na Câmara Americana de Comércio (Amcham), em
São Paulo, com o título geral de “O que é ser sustentável no mundo
corporativo”, o evento constituiu o segundo movimento do Ciclo
de Conhecimento EmbalagemMarca (o primeiro foi o Seminário
Estratégico Embalagens Flexíveis – da Matéria-Prima ao Ponto-
de-Venda, em maio) e contou com a presença de numeroso público.
Na interpretação dos organizadores, os elevados percentuais Casa cheia para discutir a sustentabilidade no mundo corporativo.
positivos alcançados por ambos os eventos de transformação, Abaixo e na página ao lado, momentos do evento

como são designados internamente, refletem dois fatos de grande


importância. Indicam que o público captou e aprova seu conceito e
formatação, no sentido de que as unidades que os compuseram têm
coerência entre si e são complementares umas às outras, de modo a
compor um conjunto completo. A direção do Ciclo de Conhecimen-
to está convencida também de que, tanto quanto ou mais que esses
fatores, a alta qualidade do conteúdo das palestras e dos debates
contribuíram fortemente para os bons resultados atingidos.
Ao escolher o tema da sustentabilidade para o seminário, a
equipe do Ciclo de Conhecimento teve como preocupação central
evitar que se enveredasse pela redundância e pelo discurso mera-
mente mercadológico. Isso porque, de uns tempos para cá, o assun-
to se tornou rótulo para os mais variados e desencontrados eventos.
A opinião dos congressistas e o conteúdo das apresentações e
debates, que estão resumidos nas próximas páginas e que têm
sua íntegra disponível para os participantes na Internet (www.ciclo-
deconhecimento.com.br), demonstram que se conseguiu tratar do
tema de forma conseqüente e capaz de acrescentar ferramentas efe-
tivas à atuação das empresas da cadeia produtiva de embalagens.
As seis palestras que constituíram o seminário resultaram numa
cobertura que abrangeu desde o aspecto financeiro da sustentabili-
dade como arma estratégica de valorização empresarial até práticas
sustentáveis na indústria, no varejo e na criação de produtos e de
embalagens. Dada a avaliação positiva desse seminário e também
do anterior, sobre embalagens flexíveis, já está sendo montada a
grade de eventos que comporão o Ciclo de Conhecimento em 2009
(veja na pág. 36).

12 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

ue se consolida
stentabilidade como negócio

Patrocínio

Apoio

Apoio divulgação

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}}} José Luiz Rossi Jr.
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Empresa consciente vale mais


Professor do IBMEC mostra o lado e conomicamente vantajoso da sustentabilidade

A
primeira palestra do dia foi do professor de eco-
nomia da graduação e mestrado do IBMEC-SP
(Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais),
José Luiz Rossi Jr. No início da apresentação,
Rossi Jr. começou definindo que sustentabili-
dade pode ser vista como uma tentativa das empresas em
mover na direção de uma maximização de valor no longo
prazo, “colocando mais peso nos resultados em um período
mais longo de tempo.”
O palestrante explicou que as empresas praticam ações
sustentáveis no curto prazo para obterem resultados no
longo prazo. Isso exige uma mudança no paradigma, prin-
cipalmente dos economistas, que afirmam que o objetivo
de uma companhia é a maximização do lucro corrente. A
sustentabilidade muda isso, visto que os objetivos passam a
ser de longo prazo.
Esse novo cenário traz a seguinte questão: ser sustentável
envolve custos em curto prazo, porque toda mudança implica
em despesa, mas os resultados não serão imediatos. Por isso, Rossi Jr. apresentou pesquisas americanas e brasileiras que confirmam
evoluções das empresas com políticas sustentáveis nas bolsas de valores
é preciso calcular bem os benefícios dessa mudança. Segun-
do Rossi Jr., há dois lados: o que escolhe a sustentabilidade O professor do IBMEC deu o exemplo da emissão de
(“it pays to be green”) e outro que diz “não” (“it does not”). poluentes por uma indústria. Na visão dos “contrários”,
O palestrante apresentou os argumentos utilizados pelos dois a empresa não deve se preocupar com essa externalidade
lados que o dia-a-dia das empresas tem (poluição), pois regular isso é obrigação
revelado. do governo. Outro argumento é que, ao
Entre os argumentos dos que refutam “A regulamentação investir em sustentabilidade, a empresa está
investimentos em sustentabilidade, ele deixando de destinar recursos a atividades
citou o “teorema do bem-estar”. Esse teo- governamental mais lucrativas.
rema afirma que, uma vez que a empresa Após expor as idéias contrárias às práti-
faça algo para o seu próprio bem, o resulta- é inadequada, de cas de sustentabilidade, o palestrante falou
do final para a sociedade vai ser o melhor sobre os argumentos dos que são favoráveis
também. Partindo do pressuposto de que modo que não é aos investimentos, como “externalidade”,
isso é verdade, as empresas tentam maxi- ou seja, o comportamento de um agente
mizar o lucro. A “ausência de externalida-
possível depender social afeta os que estão próximos a ele.
de” também é um dos argumentos daqueles Outro argumento é que a regulamentação
somente dela
que são contrários a investimentos em governamental é inadequada, insuficiente
sustentabilidade: ao maximizar o lucro, a ou inexistente, de modo que não é possível
para solucionar as
empresa não prejudica nem atrapalha nin- depender somente dela para solucionar as
guém, ou seja, pensa apenas nela. Assim, questões” questões; uma vez que o governo não dá
não há problemas em maximizar o lucro conta de regulamentar esses assuntos, as
corrente. “Entretanto, ao fazer isso a com- empresas devem internalizá-lo, e uma das
panhia acaba trazendo prejuízo ou ganho a terceiros. Aí esse formas é a adoção de políticas sustentáveis.
resultado não é válido”, afirmou. O economista mostrou que é melhor “internalizar” isso,

14 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


}}} José Luiz Rossi Jr.
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

porque há pressão dos investidores e consumidores para 75% dos trabalhos indicam um efeito positivo. No aspecto
que as empresas adotem ações sustentáveis. “Certamente financeiro, o professor apontou para os seguintes efeitos:
haverá custos na implementação dessas políticas”, ponderou o valor de uma empresa que está incluída em um índice de
Rossi Jr., “mas também benefícios, como a diferenciação do responsabilidade social é maior, ao passo que, se ela for
produto, que passa a ser visto como ‘sustentável’; a criação excluída desses índices, o impacto é negativo. O professor
de confiança e cooperação, acarretando retornos maiores e mostrou dados comparativos entre o índice Dow Jones com o
duradouros; a geração de vantagens competitivas, na medi- índice Dow Jones Sustainability World Index (DJSI World),
da em que os consumidores passariam a composto por ações de empresas de reco-
reconhecer a empresa como sustentável e nhecida sustentabilidade corporativa. O
valorizá-la mais por isso.” “A sustentabilidade gráfico dos últimos anos mostram que as
O tema tem ligação também com o empresas que compõem o DJSI World têm
gerenciamento de riscos, segundo Rossi influi de maneira conseguido resultados melhores em termos
Jr. Com políticas sustentáveis, as empresas de valor de mercado na comparação com o
podem reduzir as possibilidades de eventos positiva no valor das índice Dow Jones.
prejudiciais e, caso eles ocorram, terão José Luiz Rossi Jr. levou aos congres-
custos menores. Além disso, há estudos que empresas. A relação sistas um estudo recente (2008) que aponta
indicam que empresas sustentáveis têm um que indústrias de produtos considerados
fluxo de caixa menos volátil, o que as ajuda custo/benefício é prejudiciais, como fumo e bebidas alcoó-
no mercado financeiro. Outro tópico que licas, têm suas ações menos demandadas
estimula a adoção de medidas sustentáveis
boa para companhias por investidores.
pelas empresas é a redução do custo do Assim, nota-se que a não adoção de
capital, visto que o aumento da demanda
que têm práticas políticas de sustentabilidade redunda em
pelos seus ativos resulta na ampliação do custo – em se tratando de valor da empre-
sustentáveis”
preço de mercado. sa – para as companhias. O professor
Para ilustrar os benefícios que a adoção do IBMEC-SP também expôs um gráfico
dessas práticas trazem às empresas, o professor expôs alguns compostos pelo ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial
fatos: segundo o Social Investment Forum, o Social Res- da BOVESPA) e pelo índice BOVESPA. O gráfico mos-
ponsible Investments – SRI (fundos de investimentos que trava que o valor de mercado das empresas consideradas
favorecem empresas preocupadas em reduzir seus impactos sustentáveis (participantes do índice ISE) têm maior valor
socioambientais negativos) está crescendo nos EUA a taxas de mercado.
animadoras; 11% dos ativos sob gerenciamento profissional O palestrante finalizou a apresentação ressaltando que
(fundos de pensão, fundo mútuos) naquele país estão rela- a sustentabilidade influi de maneira positiva no valor das
cionados a SRIs; e entre os anos de 2005 e 2007 os investi- empresas e que a relação custo/benefício é boa para as
mentos em responsabilidade social cresceram a uma taxa de companhias que adotam práticas sustentáveis. Ele destacou
18% ao ano. ainda que os resultados dependem das percepções que con-
Após discorrer sobre esses tópicos, o palestrante falou sumidores e investidores têm da política de sustentabilidade
sobre os resultados práticos obtidos pelas companhias que da empresa. “É importante que ela seja um programa real da
optaram por adotar práticas sustentáveis. Ele afirmou que empresa e não apenas uma ação de marketing”.

16 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


}}} fábio cyrillo
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Econômico e social: inseparáveis


Para entender o Wal Mart fornecedores têm de oferecer produtos sustentáveis

O
segundo palestrante do Seminário Estratégico
de Sustentabilidade na Área de Embalagem
foi o diretor de marcas próprias do Wal-Mart.
Fábio Cyrillo iniciou sua apresentação abor-
dando a importância da sustentabilidade dentro
da política empresarial do Wal-Mart, maior rede varejista do
mundo, com mais de 7 mil lojas, sendo 325 no Brasil com as
bandeiras Wal-Mart Supercenter, Bompreço, Big, Nacional,
Mercadorama, Maxxi e Sam´s Club. Cyrillo explicou que o
Brasil é muito importante para as operações da rede varejista
e que, juntamente com a China, o país é considerado vitrine
em relação à sustentabilidade. Isso em virtude da biodi-
versidade e dos problemas sociais e econômicos, de certa
forma parecidos nos dois países. No diagrama apresentado
pelo diretor do Wal-Mart o tema sustentabilidade aparecia
em destaque. O executivo explicou que a empresa pretende
ser líder em sustentabilidade em sua área de atuação, o que
justifica os investimentos já feitos pela empresa.
Prosseguindo com a apresentação, foi exposto o “Triple Fábio Cyrillo, diretor de marcas próprias do Wal-Mart: rede varejista está
cada vez mais exigente em relação às boas práticas de seus fornecedores
Bottom Line”, demonstrando que os objetivos econômicos,
sociais e ambientais precisam caminhar juntos para que país pobre e o varejo precisa estar preparado para dialogar
haja sustentabilidade. “O produto que não é economicamen- também com os consumidores que estão inseridos em outra
te viável, mesmo sendo sustentável, não realidade econômica. Cyrillo ressaltou que
vende”, afirmou Cyrillo. Ele ilustrou a afir- o trabalho de conscientização precisa ser
mação com exemplos do milho orgânico
“Trabalhar com feito em parceria com os fornecedores.
em lata, que no Wal-Mart não apresentou O Wal-Mart trabalha a sustentabili-
modelos sustentáveis
bom desempenho de vendas por ter o preço dade em metas mundiais, divididas em
muito elevado, e do cobertor feito a partir em empresas tem três grandes vertentes: clima, resíduos e
fios conseguidos com a reciclagem de gar- produtos. Para alcançar seus objetivos, a
rafas PET, que foi um sucesso de vendas, desafios. Um deles rede criou dez plataformas, sendo três para
por ter um preço acessível, apesar de ser clima (lojas e centros de distribição sus-
mais alto que o de produtos tradicionais é explicar aos tentáveis, escritórios sustentáveis e cadeia
concorrentes. logística sustentável), duas para resíduos
O executivo ressaltou que para trabalhar clientes o que é (reciclagem e embalagens sustentáveis) e
com sustentabilidade é preciso entender as duas para produtos (clube dos produtores
necessidades do planeta. Nesse sentido, uma embalagem e produtos sustentáveis). As outras três
os colaboradores do Wal-Mart assistem – neutralização de carbono, funcionários
a palestras e são estimulados a conhecer sustentável” conscientes e clientes conscientes – estão
essas necessidades e a incorporar produtos relacionadas às outras plataformas.
sustentáveis ao seu portfólio. Fábio Cyrillo Trabalhar em modelos sustentáveis tem
destacou que é necessário compreender os consumidores para desafios. Um deles é explicar aos clientes o que é uma emba-
poder equilibrar, de forma correta e ao mesmo tempo respon- lagem sustentável. Para facilitar esse trabalho, a rede adota
sável, a oferta de produtos. Ocorre que o Brasil ainda é um alguns pontos como fundamentais, entre eles que a embala-

18 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


}}} fábio cyrillo
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

gem seja capaz de atender aos critérios de custo e desempe- fazem a coleta nas lojas. Cyrillo ressaltou que é importante
nho do mercado; que em sua fonte, fabricação e transporte instruir a população e fornecer ferramentas para reciclar
utilize energia renovável; e que seja coletada e reciclada em o lixo, pois muitas vezes há vontade, porém não há coleta
ciclos biológicos e/ou industriais. Os fornecedores do Wal- seletiva ou postos de recebimento. O executivo afirmou
Mart têm de cumprir metas de sustentabilidade que fazem também que a tendência é a migração dos consumidores para
parte dos planos de negócios das empresas envolvidas nas os produtos considerados responsáveis, e que aí reside uma
parcerias. Outras estratégias utilizadas na união entre a rede boa oportunidade de negócio para os fornecedores. O gran-
de varejo e seus fornecedores incluem o de desafio é mostrar ao consumidor que
“innovation day” (dia de inovação) e o determinado artigo é fabricado de forma
fórum de embalagem. “O produto ‘verde’ diferenciada, sustentável e, por isso, tem
O palestrante apresentou exemplos de um preço característico.
embalagens ambiental e socialmente cor- não pode custar Cyrillo disse acreditar que o produto
retas, especificamente no setor de marcas verde não pode custar mais caro que os
próprias do Wal-Mart, onde a meta é ter
mais caro que outros: para ser sustentável, o produto
todas as embalagens sustentáveis. Fábio precisa ser economicamente viável. “Com
os outros:
Cyrillo ressaltou que o Wal-Mart adota a Procter nós conseguimos fazer o Ariel
embalagens certificadas com o selo FSC, Ecomax com selo de sustentabilidade e
para ser sustentável,
trabalha na redução do uso de materiais no o produto foi muito bem de venda. Caso
momento da produção e atua em parceria ele precisa ser tenhamos um Ariel, que é da Procter, e um
com outras empresas para a confecção de Omo, da Unilever, sendo o Ariel mais caro,
embalagens em material renovável, além economicamente o consumidor não comprará, pois ele não
de estimular a reciclagem. Ao mostrar percebe essa equação de valor. Ou entra-
produtos sustentáveis, o executivo retomou viável” mos junto com o mesmo preço do líder,
a questão das condições sociais da popula- porque ele é bom e é eficiente, ou não con-
ção, afirmando que o consumidor pretende seguimos colocar essa equação de valor.”
adquirir um produto diferenciado, porém esbarra no preço. O diretor da rede varejista também citou o exemplo da
Por isso, o posicionamento do produto é importante: o con- linha de detergentes da marca prórpria, como o Bio Wash,
sumidor precisa ter ciência do motivo de pagar um pouco que é um produto efetivamente biodegradável. “A venda é
mais por um artigo e ver a relação custo/benefício. O pales- boa, porque os consumidores das classes A e B percebem
trante comentou ainda sobre a pouca atratividade de algumas a equação real de valor e acabam comprando, mas não é
embalagens sustentáveis, frisando que, mesmo assim, elas uma explosão de vendas como a de outros produtos dessa
ocupam um lugar privilegiado nas gôndolas do Wal-Mart, categoria.”
justamente por se adequarem às normas da empresa. “No Wal-Mart costumamos dizer que um produto efeti-
Os minutos finais da apresentação foram dedicados à vamente sustentável teria que ser uma batata orgânica, em
abordagem de um tópico não menos importante: os resíduos. um saco de juta, entregue na loja a pé. Fora isso todos eles
Segundo o executivo, a rede tem parcerias com bancos de têm algum impacto. Dessa forma, precisamos colocar um
alimentos para a doação de alimentos, com empresas que produto que efetivamente impacte menos o meio ambiente”,
instalam coletores e com cooperativas de catadores, que concluiu o diretor de marcas próprias da rede.

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}}} eduardo vaz
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

O mercado é cada vez mais verde


Diretor industrial da Bertin diz que cresce preocupação com a sustentabilidade

O
diretor industrial da Bertin Higiene e Beleza,
Eduardo Vaz, iniciou sua palestra falando que o
tema sustentabilidade fazia parte de sua agenda
antes mesmo de ele ocupar a diretoria indus-
trial da empresa. Desde os anos 90 o executivo
trabalha com o conceito. Após essa introdução, o palestrante
retomou a definição de desenvolvimento sustentável, acres-
centando que isso não é um destino final e sim uma jornada.
Assim, sempre surgirão novas alternativas de produção,
novos materiais, e é importante buscar essas alternativas
para impactar menos o meio-ambiente.
Continuando sua apresentação, Eduardo Vaz abordou
algumas diretrizes da organização sueca The Natural Step. O
executivo frisou que já existem empresas no Brasil que estão
adotando os princípios da ONG, reafirmando que a preocu-
pação com a sustentabilidade vem crescendo. As diretrizes
do The Natural Step apontam para uma sociedade sustentá-
vel, onde o homem não pode explorar de forma predatória
os recursos naturais. É preciso que haja o correto tratamento Para Eduardo Vaz, diretor industrial da Bertin Higiene e Beleza, alguém
dos resíduos produzidos e cuidado para que os recursos, precisa ser responsabilizado pelos resíduos, e esse alguém é a indústria
como a água potável, não sejam contaminados. a questão posta é: como fabricar os produtos? Para responder
Após discorrer sobre esses assuntos, Vaz falou a res- a essa indagação, o diretor da Bertin apresentou dados da
peito dos pontos que motivam as empresas a repensar seus indústria norte-americana apontando que uma das soluções
modelos e apontou que a sustentabilidade é o caminho a ser é produzir os artigos reutilizando materiais
seguido pelas companhias. Além disso, e, assim, contribuir na redução das emis-
ter um comportamento ético é útil para os
“É fundamental sões. Eduardo Vaz frisou algumas razões
negócios, aumentando assim sua vantagem para investir em sustentabilidade, como a
competitiva. “O mercado é cada vez mais refletir sobre a preocupação existente por parte dos consu-
verde”, frisou o executivo. midores e cidadãos, a maior conscientiza-
Dando continuidade à apresentação, o sustentabilidade da ção das crianças, o ambientalismo, que se
executivo afirmou que “no paradigma dos tornou um movimento social, o comércio
negócios, o mais importante é a economia, companhia como internacional, cujas regras já estão abran-
enquanto a sociedade e o meio ambiente gendo também as questões ambientais, e o
(vida no planeta) ocupam lugares secun- negócio. Deve-se aumento da demanda do mercado por pro-
dários”. Contudo, é necessário que haja dutos sustentáveis. O palestrante citou que
uma quebra nesse paradigma e que o meio pensar na estratégia em breve indústria e varejo deverão firmar
ambiente seja trazido para o centro dos parcerias para que os resíduos dos produtos
negócios. O executivo expôs ainda uma da empresa inserida tenham o correto destino final, pois o trato
visão otimista, afirmando que a sociedade desses resíduos já é lei em alguns lugares.
está tomando ciência que seu modo de vida na comunidade” “A questão é a necessidade de fazer uma
não é sustentável e que deve repensar os legislação de forma global que responsabi-
caminhos adotados. lize alguém para ser o detentor daquele resí-
Partindo do princípio que existe a necessidade de mudar, duo final, e o caminho mais fácil é o fabricante. Não é possível

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ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

colocar uma legislação na qual todo consumidor seja respon-


sável pelo destino final daquela embalagem. Não há jeito. Não
funciona. Não é possível aplicar isso.” Assim, o fabricante,
sendo responsável pelo destino final, vai ter que trabalhar em
parceria com o varejo para motivar o consumidor a devolver
a embalagem. Um dos exemplos dados para ilustrar isso foi
o destino das pilhas e baterias, que já têm legislação regula-
mentando o descarte.
Vaz destacou que ao se falar em sustentabilidade não se
deve ficar concentrado apenas no meio ambiente, pois este,
apesar de sua importância, não pode ser a única preocupa-
ção. O palestrante evidenciou ser fundamental refletir sobre
a sustentabilidade da empresa também como negócio. Além
disso, há a questão da equidade e pessoas, que analisa os cus-
tos que as cidades/pessoas têm em função das estratégias das
companhias. “Deve-se pensar na estratégia da sua empresa
inserida em uma comunidade”, sentenciou Eduardo.
Retomando a questão ambiental, o palestrante reafirmou
a importância da eco-eficiência e expôs exemplos de pesqui-
sas que buscam encontrar novos materiais, mais fáceis de
serem degradados após o descarte. Vaz lembrou também da
importância da análise do ciclo de vida do produto, desde sua
concepção até o uso final, para que este seja sustentável do
início ao fim de seu ciclo de vida.
Para ilustrar a apresentação, o executivo da Bertin Higie-
ne e Beleza mostrou um gráfico com o índice Dow Jones de
Sustentabilidade onde foi possível perceber que as empresas
que adotaram práticas sustentáveis tiveram desempenho
melhor do que as empresas que não o fizeram. A apresenta-
ção foi concluída com a exposição de alguns exemplos que
comprovaram o quanto a sustentabilidade pode agregar às
empresas, incluindo, entre outros aspectos, a redução das
despesas de manufatura, aumento da produção e fidelização
dos consumidores.

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}}} joão cesar rando
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Benchmarking brasileiro
Coleta de embalagens vazias de agrotóxicos no Brasil é referência mundial

A
palestra do presidente do inpEV (Instituto
Nacional de Processamento de Embalagens
Vazias), João Cesar Rando, foi iniciada com
um breve histórico sobre como, no início da
década de 90, um projeto prático contribuiu
para a construção de uma legislação – que divide a responsa-
bilidade entre todos os elos da cadeia – para os resíduos pós-
consumo de embalagens de agrotóxicos. No início da década
de 2000 uma lei especificou quais atribuições seriam do
agricultor, do canal de distribuição, da indústria e do poder
público. Nesse contexto nasceu o inpEV, que, nas palavras
de João César Rando, é um instituto “que visa representar o
fabricante dentro das responsabilidades que a lei estabelece”.
Paralelamente, a lei foi vista como uma oportunidade para
ser desenvolvido um sistema que fosse referência na questão.
Além de garantir a correta destinação das embalagens vazias,
a entidade sem fins lucrativos estimula a educação e cons-
ciência de proteção ambiental e apóia o desenvolvimento
tecnológico dos invólucros do setor. Presidente do inpEV, João Cesar Rando, acredita que educação de toda a
cadeia é um passo importante para a implantação de projetos sustentáveis
Prosseguindo com a apresentação, o executivo apontou
que a cadeia está unida e divulgou que seus associados os integrantes da cadeia um objetivo comum: fazer a gestão
são responsáveis pelo recolhimento de 95% do volume de ambiental das embalagens.
embalagens comercializadas. Desde 2002, quando o instituto Abordando a responsabilidade do fabricante, João Cesar
começou a operar, já foram investidos no Rando explicou a logística reversa, a rotei-
sistema cerca de R$ 265 milhões. rização do caminhão para que o mesmo
As responsabilidades e os custos são “Foi possível veículo que leva o produto cheio passe, em
compartilhados, de modo que, atender à seu trajeto de volta, nos postos de coleta
legislação faz parte do custo do negócio. estabelecer entre e traga as embalagens vazias já compac-
O inpEV investe cerca de 0,3% do fatura- tadas. No processo o agricultor devolve
mento para que o sistema de recolhimento todos os integrantes as embalagens limpas em um posto ou
de embalagens vazias funcione. Dos cus- central de recebimento. Posteriormente, as
tos do processo, aproximadamente 75%
da cadeia um embalagens são recolhidas e seguem para
são cobertos pelos fabricantes, 15% pelas incineração ou reciclagem.
cooperativas e distribuidores e 10% pelos
objetivo comum:
A exposição de um gráfico mostrou a
agricultores, que lavam e devolvem as evolução do volume de embalagens que che-
fazer a gestão
embalagens. garam ao destino final (reciclagem ou incine-
A infra-estrutura para o funcionamento ambiental ração) entre 2002 e 2006, e percebeu-se que
do sistema conta com cerca de 375 unida- houve um crescimento. São coletados 95%
des de recebimento, distribuídas em todos das embalagens” do volume de embalagens primárias (que
os estados do país. Outra frente de atuação entram em contato direto com o produto) e
é o apoio à formação de associações de 80% do volume total (que inclui os invólu-
revendedores são mais de 2500 revendedores, cooperativas cros secundários). O controle do sistema é feito através de um
e distribuidores. Dessa forma, foi possível estabelecer entre acompanhamento mensal nas unidades ou estados.

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}}} joão cesar rando
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Além do desafio de retirar o material, há a questão do Um outro programa de educação criado foi o “Dia Nacio-
destino deles. O palestrante explicou que, no começo, havia nal do Campo Limpo”, no qual a comunidade local visita as
uma recicladora pequena, mas, em virtude do aumento do unidades de recebimento. O programa está evoluindo para
volume do trabalho, foram efetivadas parcerias que origi- uma “Semana Nacional” e abrangendo também as escolas,
naram uma rede de recicladoras para manter o sistema em com a visita de crianças às unidades.
funcionamento. Rando ressaltou que todo o processo é ras- O palestrante encerrou a questão educacional e retomou
treado, de modo que o inpEV acompanha o assunto do benchmark, mostrando como
a embalagem desde a sua origem até o “É fundamental que funcionam as iniciativas internacionais.
destino final. Durante o processo é fun- Nos Estados Unidos há um programa que
damental que haja a colaboração de todos haja a colaboração não está muito estruturado, mas recebe
os elos da cadeia, por isso as embalagens as embalagens vazias. No Canadá há um
também são utilizadas como ferramenta de de todos os elos da espaço para o depósito das embalagens,
divulgação do projeto, carregando um selo mas não há inspeção e só determinados
cadeia, por isso as
com a inscrição “Lave-me e devolva-me”. tipos de embalagens são recolhidos. João
A partir da reciclagem desses invólucros embalagens também Cesar Rando apresentou números que com-
podem ser feitos diversos materiais, como provam que o Brasil recolhe mais emba-
artigos voltados para a construção civil, são utilizadas como lagens usadas que todo o resto do mundo
sacos para lixo hospitalar, cruzetas para junto. A eficiência do sistema brasileiro
postes, entre outros. No futuro o instituto ferramenta de foi mostrada também na questão de custos,
espera transformar o material reciclado em onde se percebe que o projeto é o que tem
embalagens para a indústria, experiência já
divulgação os menores custos quando comparado às
feita com as tampas. do projeto” alternativas mundiais.
O presidente do inpEV abordou a edu- Abordando especificamente a sustenta-
cação, fundamental para a conscientiza- bilidade, o presidente do Instituto Nacional
ção dos agricultores a respeito da importância da gestão de Processamento de Embalagens Vazias falou sobre um
dos resíduos. Durante três anos o inpEV desenvolveu uma estudo profundo, um balanço da eco-eficiência que resultou,
campanha com um personagem, Olímpio, para transmitir segundo dados de 2006, em efeitos positivos no eixo do
mensagens claras e simples aos agricultores. De acordo com impacto ambiental. Bons resultados também foram regis-
pesquisas feitas pelo instituto, mais de 90% dos agricultores trados no eixo do impacto de custo. Uma análise do estudo
fazem a lavagem no momento correto e 95% devolvem as apontou que, em 2006, o trabalho do sistema contribuiu
embalagens, conhecem a lei e a avaliam como positiva. “É consideravelmente na redução das emissões de carbono. O
claro que o fator lei é um ponto que ajuda bastante, mas não balanço social, que também faz parte da sustentabilidade,
é o determinante. Temos muitas leis no país que funcionam de estava em andamento e, por essa razão, não foi citado.
acordo com o nível de esforço que se faz para que funciona- “Queremos ter um sistema auto-sustentável em todas as suas
rem. Acredito que a lei é um ponto importante, mas eu citaria fases”, assinalou o palestrante. João Cesar Rando finalizou a
também outros condicionadores, como o comprometimento apresentação dizendo que o inpEV busca a sustentabilidade
da cadeia. Se ela não quisesse fazer acredito que seria difícil completa do sistema e pretende produzir novas embalagens
implantar o projeto.” para a indústria a partir de material reciclado.

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}}} martin bunce
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

“Nós podemos fazer muito mais”


Designer britânico acredita que ações sustentáveis devem partir das empresas

O
designer britânico Martin Bunce iniciou sua
apresentação com uma breve exposição sobre
a TinHorse, pequena consultoria britânica de
design que conquistou a conta de importantes
companhias, como a Unilever. A empresa, desde
o início de suas atividades, está atenta à questão da sustenta-
bilidade e busca um contínuo aprimoramento para lidar com a
questão. Segundo Bunce, sua empresa é um exemplo de que é
possível empresas pequenas atenderem outras muito maiores,
mas que chamar a atenção delas para assuntos complicados
como a sustentabilidade é uma tarefa mais árdua. Contudo,
o esforço precisa ser feito. “Nós podemos fazer muito mais”,
sentencia o designer.
Bunce apontou que a sustentabilidade é um tema muito
importante, e que se preocupa quando as empresas indagam se
os consumidores estão realmente interessados com as iniciati-
vas sustentáveis das corporações, e também se estão dispostos a
pagar mais por um produto sustentável. Para o designer inglês,
o assunto não deveria depender das preferências do consumi- Para o designer britânico Martin Bunce, ações de sustentabilidade
deveriam levar em conta a própria existência das companhias
dor, e o que se deveria levar em conta é a própria existência das
empresas e do planeta. “Caso continuemos a consumir com os tivas, que muitas vezes ainda são desconhecidas pelos executi-
mesmos padrões, se não fizermos nada, esgotaremos os recur- vos que passam o briefing de novos desenvolvimentos. Cabe,
sos em quinze anos”, afirmou, ressaltando então, ao designer o papel de instigador,
que não há tempo a perder e que as iniciativas perguntando “como agir” ou “o que fazer”
devem partir das companhias. “Caso continuemos a em relação ao tema da sustentabilidade, de
Para ilustrar o ponto acima, Bunce mos- forma que os clientes precisem buscar nos
trou uma análise dos projetos desenvolvidos
consumir manuais empresarias a forma indicada de
pela TinHorse em 2006 e 2007. O britânico tratar o assunto.
constatou que a sustentabilidade não era con-
com os mesmo Um problema que se enfrenta hoje é o que
templada nos brienfings passados pelos clien- se chama de “fadiga verde”, que, em outras
padrões, se não
tes, com questões como expansão de marcas, palavras, reflete um estado de descrença por
ampliação de participação de mercado e fizermos nada, parte dos consumidores com relação à real
inovação dominando as pautas. Quando a eficácia das ações voltadas à sustentabilida-
sustentabilidade era posta em debate, os exe- esgotaremos os de. De acordo com Bunce, informações nega-
cutivos diziam que a área de supply chain se tivas sobre o assunto – como a de que o Reino
responsabilizaria pelo assunto. Dessa forma, recursos em Unido “exporta” lixo para a Índia, revelada
o pensamento sustentável não era construído pelo noticiário britânico – acabam gerando
desde o princípio. quinze anos” um grande descrédito entre os consumidores
O palestrante lembrou que as apresen- – que, no Reino Unido, são penalizados até
tações anteriores destacaram os três pilares criminalmente quando não separam adequa-
da sustentabilidade – econômico, social e ambiental – e que os damente seus lixos.
designers têm um papel importante nesse processo. Segundo Abordando as medidas usadas para verificar o quanto um
Bunce, as empresas estão consolidando suas diretrizes corpora- processo afeta o ambiente, o palestrante citou a Análise de

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}}} martin bunce
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Ciclo de Vida (ACV), que consiste em um amplo estudo desde compravam sacos de lixo, consumindo muito mais plástico.
a concepção do produto até o seu final. “Antes de a embalagem Dentro da linha de olhar, acima de tudo, como os consumi-
entrar no mercado é feita a ACV, comparando a nova embala- dores usam os produtos, Martin Bunce abraçou a tese de que
gem com o benchmark daquela categoria. Se não se consegue muito pode ser feito na direção da eliminação de desperdícios
nenhuma melhoria, volta-se para a prancheta”, disse. com uma correta concepção das embalagens.
Durante sua apresentação o designer classificou a susten- O palestrante usou, entre outros exemplos, os pacotes de
tabilidade como um “problema difícil”. Segundo ele, esse tipo macarrão. Segundo Bunce, quando cozinha uma quantidade
de questão costuma não ser entendido até errada do produto, o consumidor está des-
que uma solução seja desenvolvida, e precisa perdiçando energia com a fervura de água
ser trabalhada de maneira ininterrupta. Além “Enquanto um em excesso, e gerando lixo quando descarta
disso, é preciso ter em mente que não há o macarrão que sobra. Se a embalagem fosse
solução certa ou errada, pois todo problema material culpa o usada para ajudar a preparar a quantidade
é único e novo. correta, talvez consumisse mais material,
Outro ponto abordado foi que há uma outro, há inúmeras mas a eliminação dos desperdícios traria
“guerra” contraprodutiva entre os materiais de menor impacto ambiental. Para o designer,
embalagem, pois enquanto um fica culpando
atividades conômicas muitas vezes as soluções estão nas coisas
o outro, há inúmeras atividades econômicas simples.
que são muito mais prejudiciais ao ambiente,
prejudiciais ao Bunce alertou, contudo, para o fato de
e a embalagem acaba ficando no foco. que é preciso se tomar cuidado com as
ambiente, mas a
Para Martin Bunce, a busca por ativida- decisões comunicadas ao mercado como
des mais sustentáveis esbarra ainda em um embalagem acaba sendo sustentáveis, pois erros podem gerar
outro problema, que é o fato de as pessoas uma reação adversa por parte do consumi-
se engajarem em algo porque se influenciam ficando no foco” dor. Para exemplificar, Bunce citou a Inno-
por manchetes chamativas. Ele usou o exem- cent, marca de bebidas “amada pelos britâ-
plo das sacolas plásticas distribuídas na boca nicos”. A empresa adotou o uso de garrafas
do caixa de supermercados, que são muito criticadas. Mas, com plásticos biodegradáveis para seus sucos, o que ganhou
segundo o designer, as pessoas se esquecem que essas sacolas a mídia rapidamente. Porém, a idéia difundida inicialmente,
os ajudam a levar os produtos para casa, e ainda podem ter usos de que as garrafas se degradariam facilmente, passou a ser
alternativos, como fazer as vezes de sacos de lixo. duramente contestada, já que os plásticos biodegradáveis
Para o designer, o importante é pensar em como os consumi- não se degradam se não encontrarem condições apropriadas
dores utilizam os produtos que compram, pois eles são criativos para isso. A empresa foi obrigada a voltar atrás e adotar outro
e têm grande capacidade para reinventar as coisas, como ocorre tipo de embalagem.
com as sacolas plásticas. A experiência feita no Reino Unido Em suas considerações finais, Bunce levantou um ponto
para estimular, no varejo, o uso de sacolas plásticas retornáveis importante. Para ele, há um certo paradoxo na questão do
acabou tendo o efeito contrário do que se esperava. Os consu- consumo, pois as pessoas mais esclarecidas são, em geral, as
midores passaram a comprar essas sacolas, mas se esqueciam com maior poder de compra, e estão pouco dispostas a abrir
de levá-las de volta na próxima compra, e acabavam compran- mão “do melhor que o dinheiro pode comprar” – bens e ser-
do outras. No final, usavam-nas como as descartáveis, e ainda viços que não necessariamente são os mais sustentáveis.

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}}} Luciana Villa Nova
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Aliar inovação e sustentabilidade


Para a Natura, com ecodesign se obtém produtos ambientalmente adequados

L
uciana Villa Nova, gerente de desenvolvimento
de embalagem da Natura, iniciou sua palestra
falando um pouco sobre a história da Natura,
empresa nacional que se estruturou no segmen-
to de venda direta entre os anos de 1969 e 1974,
e com dados atuais, como a receita bruta consolidada e o
número de consultoras – mais de 700 mil.
Após a exposição dos números, Luciana fez uma expo-
sição da filosofia da Natura e esclareceu que o bem estar
pregado só existe quando os indivíduos estão bem consigo
mesmos e com os outros. A executiva frisou que por “outros”
são entendidos a sociedade e o meio ambiente. Nesse senti-
do, as políticas organizacionais são norteadas por esse prin-
cípio de bem estar. Além disso, é preciso que o compromisso
com a sustentabilidade esteja presente nos produtos, ainda
que estes sejam cosméticos, que trabalham fortemente com
a estética. Segundo a palestrante, a Natura busca incorporar
os aspectos sociais e ambientais em toda a cadeia produtiva,
evitando e/ou compensando os impactos ambientais causa- Luciana Villa Nova, gerente de desenvolvimento de embalagem da Natura:
design deve levar em conta a funcionalidade e a escolha dos materiais
dos. Outro ponto abordado foi a importância do desenvol-
vimento de itens que tragam um impacto positivo tanto no de formas sustentáveis de exploração, uso de fontes reno-
setor social quanto no ambiental. váveis e utilização de recursos naturais buscando manter
Segundo Luciana, um dos desafios da Natura é aliar ino- o equilíbrio. O aspecto social é garantido pela educação e
vação e sustentabilidade. A empresa tem pela valorização das formas de trabalho
um índice de inovação, que mede o quanto que integram a cadeia. Finalizando a tríade
os lançamentos representam na receita “O ecodesign vem o âmbito econômico, com a intenção
bruta da companhia. Atualmente, 60% da da empresa de atender aos critérios de
receita bruta vêm dos produtos apresen- das embalagens desempenho e custos do produto. Luciana
tados ao mercado nos últimos dois anos. ressaltou que tudo isso precisa ser feito
A gerente afirmou que a empresa trabalha deve contemplar, dentro de um conceito estético da embala-
em duas grandes frentes: formulações, em gem, visto que a empresa atua no setor de
que é buscada a utilização de componentes além da redução cosméticos.
de origem vegetal, e ecodesign de embala- Em virtude dessa exigência, o design
gem/eco-sócio-design de embalagem, ou dos impactos de embalagem é muito importante para
seja, as embalagens como fator de educa- empresa, levando em conta a funcionalida-
ção para o consumidor. Luciana Villa Nova
ambientais, a de e a escolha dos materiais. Ao falar em
reforçou que a sustentabilidade precisa ser embalagens sustentáveis, Luciana fez um
trabalhada nos aspectos sociais, ambien-
questão da redução
paralelo entre os ciclos de vida da natureza,
tais e econômicos. Assim, o ecodesign nos quais tudo que é criado é reutilizado, e
dos custos”
das embalagens deve contemplar, além da o ciclo de vida das embalagens. “O ecode-
redução dos impactos ambientais, a questão sign precisa pensar em como fazer e quais
dos custos, que não devem ser repassados ao consumidor. materiais escolher para que, ao final do ciclo, o material
A questão ambiental é trabalhada na Natura pela busca possa ser reutilizado”, ressaltou. Os indicadores que ajudam

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}}} Luciana Villa Nova
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

a verificar a implementação de diretrizes como a reutilização, vida de um lançamento, sempre com o objetivo de reduzir
a reciclagem e a redução são a análise do ciclo de vida da ou evitar os impactos no meio ambiente. Para ilustrar, foi
embalagem e a avaliação das emissões de carbono neutro. falado sobre o produto Chronos, que utilizando um sistema
Luciana mostrou alguns exemplos da Natura, como a de refilagem pela parte de baixo do pote, ao invés de fazê-lo
refilagem. Os refis foram lançados pela Natura em 1983. Na por cima, conseguiu reduzir em 10% o impacto ambiental.
análise do ciclo de vida foi constatado que os refis reduzem Além do ciclo de vida, que é um dado quantitativo, há o
em 50% o impacto no meio ambiente. Números mais expres- qualitativo, que é carbono neutro. Nesse aspecto a empresa
sivos de redução de material nas embalagens, por exemplo, enfoca na redução das emissões de carbono, compensando
foram conseguidos com os refis de maqui- – através da compra de créditos de carbo-
lagem. Posteriormente o refil foi estendido no – somente aquilo que não foi possível
a outras categorias, e hoje é responsável “O desafio da diminuir. Nos próximos cinco anos a Natu-
por mais de 20% dos itens vendidos pela ra espera reduzir em 33% a emissão de car-
Natura. Luciana conta que há também um Natura é trabalhar bono de seu ciclo de produção e, para isso,
trabalho forte de educação junto às reven- trabalhará no desenvolvimento de novas
dedoras para que haja um incentivo à venda com embalagens embalagens, na busca de matérias-primas
do refil, não por só uma questão financeira, de origem vegetal, melhoria de matriz ener-
mas também porque será bom para o meio de PET gética, entre outros. Luciana Villa Nova
ambiente. mostrou que, dos 33% que a empresa pre-
A executiva também dedicou alguns 100% reciclado. tende reduzir, 50% estão dentro da área de
minutos às embalagens recicladas, especi- embalagens, de modo que há um desafio no
ficamente o PET. A empresa efetuou um Hoje esse desenvolvimento de novos materiais para
trabalho com alguns fornecedores para que atingir a meta da empresa.
pudesse implantar em suas embalagens o
número está Luciana finalizou sua apresentação falan-
uso de 30% de PET reciclado. Além disso, do sobre o indicador usado para dialogar
em 30%”
era importante que houvesse uma integra- com o consumidor. Frisando os três concei-
ção na cadeia social, ou seja, que esse PET tos envolvidos nas embalagens – social, via
não fosse proveniente de lixões, coletas feitas por crianças inclusão pelas cadeias de reciclagem, de educação e de mobi-
ou com trabalho irregular ou semi-escravo. “Houve um desa- lização – ela apontou para a inserção de uma “tabela ambien-
fio técnico e social”, lembrou Luciana. A executiva explicou tal” na rotulagem dos produtos Natura, em que são mostradas
que, em virtude da preocupação com o social, a Natura traba- a quantidade de material reciclado utilizado, a porcentagem
lha com cooperativas de reciclagem. Foi apontado também o daquela embalagem que pode ser reciclável e o número de
desafio da empresa, que é chegar a 100% de PET reciclado, refilagens recomendado. Assim, há um esforço para que o
seguindo o modelo europeu, que está bem próximo disso. consumidor também contribua na preservação ambiental.
Luciana mostrou quais indicadores são usados pela “Temos um programa de logística reversa, pelo qual mobiliza-
empresa para medir os resultados dessas ações, entre eles a mos nossa consultora para que ela seja um agente de mudança
análise do ciclo de vida, metodologia que considera toda a na coleta seletiva. No momento em que a transportadora entre-
cadeia produtiva, desde a matéria-prima até a transformação ga a caixa dela, é devolvida uma outra caixa com uma série de
em resíduo. Ela explicou como a Natura analisa o ciclo de embalagens vazias dela ou das consumidoras próximas.”

34 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


}}} evento
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Com começo, meio e fim


Já estão programados para 2009 eventos que se diferenciam pelo planejamento

A
avaliação dos dois Seminários Estratégicos pro- administrativa e produtiva deve ser buscado mais intensamente
movidos por EmbalagemMarca, registrada em do que em tempos normais. Esse, acredita a Bloco de Comuni-
fichas, bem como a opinião expressa em viva cação, será um poderoso instrumento para que o setor envolvido
voz por inúmeros participantes, indicam que o com embalagem no Brasil não só atravesse a turbulência, mas
Ciclo de Conhecimento está no caminho certo e saia dela fortalecido e mais competitivo.
já se consolidou como uma iniciativa diferenciada na ação de Na arquitetura dos eventos futuros, a equipe tem se valido
transformar informação em conhecimento. Assim, para 2009, já das sugestões oferecidas pelos participantes dos seminários. O
têm data e local reservados dois eventos: um sobre inovação na principal diferencial por eles apontado é o de que os eventos
área de embalagem e outro intitulado Tendências e Perspectivas deixam claro terem sido fruto de planejamento. Ou, como
para 2010 (veja quadro). sintetizou um profissional que participou das duas oportu-
Esses dois seminários, dentre outros que estão sendo nidades, “têm começo, meio e fim”. Essa virtude elementar
organizados no âmbito do Ciclo de Conhecimento, integrarão estará presente nos próximos passos do Ciclo. Naturalmente,
uma série de iniciativas que a Bloco de Comunicação vem as críticas apresentadas foram, como desde o início das ati-
preparando para comemorar os dez anos de lançamento de vidades da Bloco de Comunicação, recebidas com gratidão,
EmbalagemMarca, que ocorre em junho de 2009. Serão ativi- por contribuirem para a missão de transformar informação em
dades e produtos voltados para a ampliação do conhecimento conhecimento.
relacionado à cadeia produtiva de embalagem e, portanto, a seu A disponíbilização do conteúdo das apresentações e dos
fortalecimento. debates dos eventos, no site www.ciclodeconhecimento.com.br,
Do ponto de vista da equipe da empresa, esforços nesse sen- foi apontada como outro serviço que distingue os Seminários
tido se fazem especialmente necessários num momento de crise Estratégicos. Eles não terminam em si, e seu material de apoio
como o atual. O entendimento é de que a ampliação do conheci- não se limita à entrega de cópias das apresentações feitas em
mento especializado e o aprimoramento da capacidade criativa, PowerPoint, como é habitual (e quando ocorre).

Nos Seminários Estratégicos, o esforço por fazer sempre melhor


Na oferta desse instrumento de transmissão de informação com valor agre-
gado que é o Ciclo de Conhecimento, a Bloco de Comunicação se determinou
DESMISTIFICANDO A INOVAÇÃO (3/6/2009, São Paulo)
Banalizada, a palavra “inovação” é utilizada, em variados contextos, de
seguir a mesma norma que orienta a produção da revista EmbalagemMarca
maneira superficial, cosmética, de “mais do mesmo com outra cara”. O
e outras iniciativas, entre elas o Prêmio EmbalagemMarca – Grandes Cases de
Seminário conceituará adequadamente o que é (e o que não é) inovação
Embalagem. Trata-se do lema de “fazer melhor do que os outros fazem e sem- e apontará caminhos para a adoção desse instrumento como forma de
pre melhor do que nós mesmos fazemos”. gerar vantagens competitivas para as empresas. Inovação em embala-
A equipe não se deixa levar pela presunção da auto-suficiência. Tem consci- gem e embalagens inovadoras.
ência de que seu trabalho consiste em captar informações e de as processar
e disponibilizar de maneira a serem facilmente compreensíveis. Sob esse TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS (15/9/2009, São Paulo)
prisma, os integrantes da equipe têm perfeita noção de que não são “produto- O trabalho de prospecção e análise de mercado, e suas implicações
res” de informações, porém meros disseminadores. Apenas procuram cumprir na cadeia produtiva de embalagem, feito nos últimos nove anos, todos
da melhor maneira o seu dever. os meses de dezembro, pela revista EmbalagemMarca vai se tornar um
Os organizadores do Ciclo de Conhecimento sabem que, tanto quanto ou instrumento de orientação e planejamento ainda mais preciso. A partir
mesmo mais que todo seu trabalho, o que leva aos bons resultados que vêm de 2009 ocorrerá, sempre em setembro, com base em apresentações e
debates feitos por especialistas e por executivos representantes de todos
sendo atingidos é a alta qualidade do conteúdo das palestras e dos debates.
os elos da cadeia nesse que está programado para ser o mais importante
A palavra de ordem é não fazer “mais alguns”, porém eventos que sejam vis-
simpósio do setor de embalagem no Brasil. O conteúdo do evento servirá
tos como outros se comparados com os que o mercado oferece. Veja como
como parte dos fundamentos da edição de dezembro da revista.
essa orientação perpassa os seminários já agendados para 2009.

36 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


}}} RECiCLagEm
ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Coleta na fonte
Pão de Açúcar incentiva o descarte
de embalagens já nas saídas dos caixas

P
elas mãos do grupo sendo posteriormente estendidos
varejista Pão de a seis lojas do Rio de Janeiro e
Açúcar, o descarte à chamada “loja verde” da rede,
pré-consumo acena em Indaiatuba (SP) – unidade-
ao avanço da reci- modelo toda construída e operada
clagem de embalagens no Bra- sob princípios de sustentabilidade.
sil. Funciona da seguinte manei- Em outubro, a ação chegou a seis
ra: cestos de coleta situados nas lojas de Curitiba, e no início de
bocas dos caixas incentivam novembro eram previstas implan-
consumidores a descartar embala- tações em outras três lojas paulis-
gens secundárias de papel, pape- tanas do Grupo. Até o fechamento
lão ondulado e plástico ao invés desta edição, o programa havia
de levá-las para casa. Exemplos arrecadado cerca de 32 000 itens.
de alvos do projeto, batizado de “É uma solução simples, e de fácil
Caixa Verde, são os cartuchos de aplicação pelos nossos clientes,
cremes dentais, as luvas carto- que minimiza no meio ambiente
nadas dos potes de sorvete e os os impactos do consumo”, diz
filmes plásticos empregados em Paulo Pompilio, diretor de Res-
multipacks de bebidas. ponsabilidade Socioambiental do
Os Caixas Verdes estrearam Pão de Açúcar.
em janeiro deste ano numa loja Conforme explica o grupo
do Pão de Açúcar em São Paulo, varejista, a idéia dos Caixas Ver-
des é de pesquisadores do Mes-
trado em Gestão Ambiental da
Universidade Positivo, em Curi-
tiba. Ações similares, porém, já
são vistas na Europa há algum
tempo. De acordo com o Pão
de Açúcar, as ações em prol do
descarte pré-consumo não afeta-
rão os investimentos em coleta
de embalagens pós-consumo.
Nesse quesito, a rede já
contabiliza mais de 100
postos de coleta seleti-
va, mantidos em par-
ceria com a Unile-
ver. (GK)
FO

Cestos incentivam
tO

o descarte de
:d
ivu

embalagens
Lg

secundárias nas lojas



ãO

www.embalagemmarca.com.br setembro 2008 EmbalagemMarca 37


ENTREVISTA }}} aRnaLDo JaRDim ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Finalmente um fim

FOtO: divuLgAçãO
Deputado Arnaldo
Jardim, coordenador
do projeto da Política
Nacional de Resíduos
Sólidos, adianta,
entre outros pontos
controversos, como
será tratada a questão
da responsabilidade
pela destinação das
embalagens e demais
rejeitos não-orgânicos

O
Brasil registra bons – em processo de plasma, num projeto da federal Arnaldo Jardim (PPS-SP), líder
alguns casos, invejáveis Tetra Pak. do Grupo de Trabalho que discute a
– índices de coleta e Essa performance se dá de forma não formatação da PNRS, adianta pontos
reciclagem de resíduos orgânica. Não existe uma política importantes dessa diretiva que, final-
sólidos, com destaque, nacional de administração do que a mente, poderá apontar um fim para os
no casos de embalagens, para latas de sociedade descarta, com destaque para resíduos.
alumínio e recipientes descartados de as embalagens. O tema rola – quando
defensivos agrícolas. O desempenho rola – em discussões inconclusivas Segundo notícias recentes, a Política
do país em termos de recuperação de no Congresso Nacional desde 1991, Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
alguns materiais, para produção de em torno de um projeto de Política poderia ser colocada em votação até
novos recipientes, para transformação Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). o fim deste ano. Há chance de isso
em outro tipo de produtos ou para Agora que o projeto alcançou sua ocorrer?
aproveitamento energético, é expres- maioridade e sob crescente pressão da Faz dezessete anos que o Congresso
sivo no caso do vidro, das celulósicas, sociedade, parece ter sido alcançada tenta votar uma Política Nacional de
do PET e de outros plásticos. O Brasil também a maturidade que poderá levar Resíduos Sólidos. Entretanto, acredito
é pioneiro mesmo na reciclagem de a diretiva geral a ser finalmente san- que desta vez estamos caminhando no
embalagens cartonadas assépticas pelo cionada. Nesta entrevista, o deputado rumo certo. Essa certeza decorre de um

40 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


ambiente extremamente favorável à aprovação específicas que contaminaram e poluíram lite-
de um marco regulatório sobre o tema, diante ralmente as discussões – como a questão dos
da perspectiva de engajamento do Governo pneus – o Congresso Nacional não concluiu
Federal na sua aprovação. O governo enca- essa tarefa. Vale o registro, muito bem lembra-
minhou ao Congresso Nacional o Projeto de do, do importante papel do deputado Emerson
Lei nº 1991/07, que trata do tema. O ministro Kapaz que, de 1998 a 2002, conseguiu chamar
de Meio Ambiente, Carlos Minc, já manifes- a atenção para o tema, além de deixar um
tou em algumas oportunidades a disposição legado de propostas e encaminhamento que
de incluir a questão dos resíduos sólidos na são importantes na construção da proposta de
agenda política do seu ministério. Por fim, PNRS. Mas, mesmo tratando-se de um debate
tem a iniciativa do presidente da Câmara dos importante e necessário, não podemos permitir
Deputados, deputado Arlindo Chinaglia (PT/ que um tema polêmico comprometa ou mesmo
SP), que constituiu um grupo de trabalho interfira na elaboração e aprovação de uma
suprapartidário para apresentar uma proposta legislação nacional, que incide sobre os mais
de Política Nacional de Resíduos Sólidos, que diversos segmentos.
tenho a honra de coordenar. O grupo
de trabalho foi formado no início de Em outras oportunidades, o senhor afir-
junho e de lá pra cá realizamos quatro “Mais do que uma mou que o ponto nevrálgico da Política
audiências públicas. Entretanto, tive- Nacional de Resíduos Sólidos será a
mos um recesso parlamentar seguido de legislação restritiva logística reversa, isto é, a questão da
um processo eleitoral nos municípios coleta dos resíduos, sobretudo de emba-
que paralisaram os trabalhos na Câmara e punitiva, o marco lagens descartadas. Como o projeto
Federal. Passado este período, estamos pretende incentivar essa prática?
retomando os trabalhos, no sentido de regulatório terá o Esse é um ponto de destaque na propos-
finalizar a proposta do grupo de trabalho ta do Executivo que institui a PNRS, na
e, assim, avançar na articulação para a papel de erradicar qual é definida como um instrumento de
aprovação da proposta da PNRS no ple- desenvolvimento econômico e social,
nário da Câmara Federal. Acredito que
práticas inadequadas caracterizado por um conjunto de ações,
isso ainda será possível neste ano. procedimentos e meios, destinados a
de disposição final facilitar a coleta e a restituição dos resí-
As propostas iniciais para um projeto duos aos seus geradores, para que estes
dos resíduos”
de lei dessa natureza remontam a 1991. sejam tratados ou reaproveitados em
Desde então, por diversas vezes criou-se novos produtos, na forma de novos insu-
a expectativa de uma aprovação, mas ela foi mos, em seu ciclo ou em outros ciclos produ-
sempre postergada. Sete anos atrás, por exem- tivos, visando à não geração de rejeitos. Nesse
plo, o então encarregado do projeto na Câmara sentido será necessário o esforço do poder
(o ex-deputado Emerson Kapaz, coincidente- público (em especial, as Prefeituras), do setor
mente filiado ao PPS) nos concedeu entrevista produtivo e dos cidadãos. No Brasil, já existem
confiante numa iminente decolagem da PNRS. exemplos bem-sucedidos que estimulam boas
Não aconteceu, assim como em erupções pos- práticas empresariais, novas oportunidades de
teriores do assunto. Por que o projeto está negócios, ciclos ecoeficientes e a geração de
travado no Congresso há tanto tempo? empregos/renda. Mais do que estabelecer quais
O caminho da sustentabilidade exige um esfor- as cadeias produtivas que deverão ser obriga-
ço conjunto do poder público, do setor produ- das a implantar programas de logística reversa,
tivo e da sociedade. O Congresso Nacional, a PNRS estabelecerá a responsabilidade com-
especificamente, tem uma dívida com a socie- partilhada pelo ciclo de vida do produto, levan-
dade quanto à elaboração e à aprovação das do em conta a viabilidade técnica e econômica
diretrizes para o tema. Em virtude de questões para a sua implantação.

42 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

Generalizou-se a idéia de que, assim como as


políticas de resíduos sólidos de outros países,
o projeto de lei brasileiro quer instituir a res-
ponsabilização dos geradores pela destinação
dos rejeitos. O que o projeto realmente prevê
em relação a isso? No caso dos invólucros de
bens de largo consumo, sobre quem recairá
o ônus: ao fornecedor de matéria-prima, ao
transformador ou à indústria usuária final das
embalagens?
Em sentido amplo, a legislação estabelecerá
a responsabilidade compartilhada, ou seja, o
poder público e a coletividade são responsáveis
pela efetividade das ações que envolvam os
resíduos sólidos gerados. A proposta ensejou
a inserção de alguns instrumentos que precisa-
ram ser contemplados no debate parlamentar,
tais como o princípio do poluidor-pagador, a
logística reversa e a chamada responsabilidade
pós-consumo. Mais do que uma legislação res-
tritiva e puramente punitiva, esse marco regu-
latório terá um papel fundamental de erradicar
práticas inadequadas de disposição final dos
resíduos, coibir o surgimento de novas áreas
clandestinas que se tornam lixões do dia para
a noite e se transformam na maioria das vezes
em áreas contaminadas. Um grande problema a
ser solucionado em relação à responsabilidade
pela poluição por resíduos está em identificar
o gerador. Por isso, a política contará com um
inovador instrumento – denominado Sistema
Declaratório Anual de Informações –, que obri-
gará os geradores, transportadores e unidades
receptoras a declararem seus resíduos (tipos e
quantidades). O inventário de resíduos sólidos
também será um eficaz instrumento do controle
da geração e destinação dos resíduos em todas
as suas características.

Quem contesta esse modelo argumenta que


as indústrias não podem ser penalizadas pelo
mau hábito da sociedade. O empresariado
sente-se injustiçado ao ter de arcar com multas
decorrentes de embalagens descartadas incor-
retamente pelo consumidor. Qual sua posição
a respeito?
Em um cenário de responsabilidade compar-
tilhada pelos resíduos sólidos, todos terão de

www.embalagemmarca.com.br novembro 2008 EmbalagemMarca 43


realizar um esforço para mudarmos a nossa alegam ser inviável investir nesse modelo, por
realidade em relação ao caótico quadro promo- questões infra-estruturais e de custos. Qual sua
vido pelo lixo. O setor produtivo não carregará opinião sobre isso?
sobre seus ombros todas as responsabilidades Não caberá à PNRS enveredar por minúcias
pela geração e pela destinação. Todavia, não técnicas e de viabilidade econômica dentro do
podemos admitir que lave as mãos e se omita, setor empresarial. O que tenho testemunhado
em especial, pelos resíduos gerados por seu é que o setor produtivo já investe no aumento
processo produtivo. O PL 1991/2007 que ins- do ciclo de vida de seus produtos, tendo em
titui a Política Nacional de Resíduos Sólidos vista a economia gerada pelo menor uso de
trata expressamente de um importante instru- recursos naturais. A Análise do Ciclo de Vida
mento denominado Análise do Ciclo de Vida do Produto será prevista como um instrumen-
(ACL) dos produtos, definindo-a como técnica to na PNRS, entretanto não será obrigatória,
para levantamento dos aspectos e impactos apesar de já utilizada por alguns poucos seto-
ambientais potenciais associados. Conceitua, res, pois se trata de um conceito que ainda se
ainda, a avaliação do ciclo de vida do produto consolida mundialmente. Recentemente, por
como estudo das conseqüências dos exemplo, pude constatar que empresas
impactos causados à saúde humana e de refrigerante estão retomando o uso
à qualidade ambiental. Este envolve “O setor produtivo da garrafa retornável e já anunciaram
uma série de etapas, desde a produção, descontos para o consumidor na troca
sua concepção, obtenção de matérias- não carregará sobre do vasilhame. No mercado de cerveja,
primas e insumos, processo produtivo, as garrafas retornáveis respondem por
até seu consumo e a disposição final. seus ombros todas 70% do consumo total do país.

Outro ponto polêmico diz respeito a as responsabilidades O valor das latinhas de alumínio con-
investimentos que a PNRS poderá acar- tribui fortemente para o êxito de sua
retar ao setor produtivo. O efeito natu- pela geração e pela logística reversa. No entanto, setores
ral não será o de repassar esses custos cujas embalagens não têm tanto valor
aos consumidores?
destinação. Todavia, como sucata, como o de defensivos
A PNRS tem por objetivo proporcionar agrícolas, criaram programas bem-
um novo cenário em que o setor empre-
não podemos admitir sucedidos de destinação de resíduos
sarial busque adotar práticas ecoeficien- pós-consumo. O senhor acha que falta
que lave as mãos”
tes de produção e de prestação de servi- pró-atividade de outros segmentos pro-
ços, utilizando menos recursos naturais dutivos?
e gerando menos resíduos, ao mesmo tempo A reciclagem é preceito fundamental e terá
em que produz mais. Por isso, a legislação vai destaque na PNRS em vários aspectos, pois
estimular a inovação tecnológica, a busca de o Brasil, em alguns setores, já usufrui de uma
sistemas de produção mais limpos e estimular realidade comparável a de países desenvolvi-
a ampliação do ciclo de vida dos produtos. Não dos, como é o caso das latinhas de alumínio.
acredito que o efeito natural será repassar esses Entretanto, a reciclagem não é o meio, mas sim
custos aos consumidores. Dentro do princípio o fim. Ou seja, temos o desafio de estruturar
da responsabilidade compartilhada, o governo e ampliar o percentual de coleta seletiva, pre-
e o legislativo deverão estabelecer mecanismos cisamos dispor de novas tecnologias, investir
de estímulo, assim como o setor produtivo deve na capacitação de cooperativas de catadores
investir na ecoeficiência. e “valorar” outros tipos de resíduos. Neste
sentido, o Grupo de Trabalho realizou audi-
No passado, embalagens retornáveis já foram ência pública justamente sobre a construção
utilizadas em grande escala por setores como de um modelo viável, a partir de instrumentos
o de bebidas. Hoje, produtores e varejistas econômicos e tributários, que fomentem pro-

44 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


ESPECIAL
SUSTENTABILIDADE

cessos de produção mais limpos e favoreça a


inovação tecnológica, no sentido de distinguir,
do ponto de vista tributário, os equipamentos
destinados a esta finalidade e, assim, estimule
boas práticas, novas oportunidades de negó-
cios, ciclos ecoeficientes e a geração de traba-
lho e renda. A questão tributária ainda é um nó
a ser desatado, tendo em vista a dificuldade de
conseguirmos um consenso em torno de uma
Reforma Tributária, que está sendo debatida
no Congresso Nacional. Todavia, será um
instrumento imprescindível de fomento para a
viabilidade da implantação da PNRS.

Especialistas estimam que o Brasil desperdi-


ce anualmente cerca de 10 bilhões de reais
somente ao não aproveitar o lixo doméstico.
O senhor tem alguma estimativa do quanto o
país poderia lucrar com o melhor reaprovei-
tamento das embalagens?
O estabelecimento de um marco regulatório
de resíduos sólidos deve ser entendido como
um instrumento indutor do desenvolvimento
social, ambiental e econômico. Assim, o lixo
deixa de ser um problema e se desmembra em
diversas oportunidades, na medida em que
gera novas riquezas e negócios, cria postos
novos de trabalho, ao mesmo tempo em que
promove a inserção social por meio da recicla-
gem, estimula a adoção da ecoeficiência nas
empresas e dissemina na sociedade a neces-
sidade de um consumo consciente. O Brasil
paga um alto preço ambiental, social e eco-
nômico em face da ausência de uma Política
Nacional de Resíduos Sólidos. Multiplicam-se
normas e resoluções de diferentes organismos
que resultam na ineficácia na aplicação dos
mesmos; a falta de um marco regulatório gera
instabilidade na gestão e gerenciamento dos
resíduos; não estimula a adoção de políticas
programáticas capazes de apontar caminhos
para a sustentabilidade, seja para coibir prá-
ticas inadequadas de disposição de resíduos,
erradicar os lixões a céu aberto; além de não
estimular o setor produtivo a adotar processos
de produção mais limpos e de ecoeficiência,
ou mesmo, conscientizar a população sobre o
seu papel, como consumidor consciente.

www.embalagemmarca.com.br novembro 2008 EmbalagemMarca 45


PanORaMa }}} MOVIMENTAçÃO NO MUNDO DAS EMBALAGENS E DAS MARCAS

UMA NOVA HORS-CONCOURS

A Bombril é a mais nova inte- vidos em produtos e serviços de


grante do seleto rol das marcas qualquer categoria, incluindo sal-
de alto renome. São aquelas vaguardas especiais à identidade
que, por atingir reconhecimento visual e aos desenhos das emba-
extremamente alto pelo público, lagens. Poucas marcas gozam
ganham proteção do mesmo status
mais rigorosa do no Brasil. Coca-
Instituto Nacional Cola, Petrobras,
da Propriedade McDonald’s,
Industrial (INPI) Kibon e Moça
contra usos inde- estão entre elas.

METÁLICAS

Injeção de fôlego
Em um ano, Latapack-Ball abrirá fábrica de latinhas no Rio
Garrafa, para
500 mililitros
de água, pesa
Batendo recordes de expedi- de produção e output anual de
só 6,6 gramas ção ano após ano, o setor de 3,5 bilhões de latas/ano. O res-
latas de alumínio para bebidas tante do capital será aplicado
PET ganhará mais fôlego em 2009. em ampliações da fábrica de

Magreza ainda maior


A Latapack-Ball confirmou um Jacareí (SP), que atingirá capa-
investimento de 140 milhões cidade de 2,6 bilhões de latas/
Krones projeta nova garrafa de PET ultraleve de dólares para expandir sua ano, e da fábrica de tampas
para o envasamento de água mineral natural capacidade produtiva. Desse para latinhas de Simões Filho
montante, 110 milhões de dóla- (BA). “O mercado continua
Na K, mostra tecnológica do setor de plásticos ocorri- res bancarão a construção de crescendo. Com mais poder
da em outubro de 2007 na Alemanha, a Krones causou uma nova fábrica, em Três Rios de venda, vamos dobrar nosso
frisson ao apresentar uma garrafa de PET para o acon- (RJ), que deverá entrar em ope- faturamento”, confia Jorge
dicionamento de 500 mililitros de água mineral pesando ração em outubro do ano que Bannitz, diretor comercial da
apenas 8,8 gramas, enquanto as garrafas tradicionais vem. A unidade terá três linhas Latapack-Ball.
do gênero pesam entre 13 e 16 gramas. Pois bem. Após
mais refinamentos, a fabricante alemã de linhas de emba-
lagem para bebidas conseguiu criar uma nova garrafinha
O NÚMERO
ultraleve, com peso de 6,6 gramas. A novidade bateu 200
concorrentes e acaba de receber o troféu de melhor ino-
vação em embalagem do prêmio Water Innovation Award,
da revista britânica BottledWaterWorld.
A garrafa, com formato de pêra, facilita o manuseio pelo
consumidor em sua parte superior. Bojuda, a zona inferior
possui parede com espessura inferior a 0,1 milímetro.

44%
Para evitar colapso estrutural durante a distribuição, uma das vendas de cafés no varejo brasilei-
pequena quantidade de nitrogênio líquido é introduzida ro ocorrem em flexíveis com vácuo, as
na embalagem. A substância transforma-se em gás após embalagens mais populares da categoria.
o fechamento da garrafa, criando uma pressão interna Pacotes e almofadas vêm em segundo
que estabiliza e fortifica o recipiente. No gargalo, um novo lugar (31%), seguidos pelos potes de vidro (9%). Os números cons-
tipo de proteção de bocal, desenvolvido em conjunto
FOnte: QuALibest

tam de um estudo do instituto Qualibest, segundo o qual 71% dos


pela Krones e pela Bericap, substitui o tradicional anel de brasileiros costumam comprar café e 68% consomem o produto dia-
sujeição. Também da Bericap, a tampa de rosca adotada riamente. A pesquisa baseou-se em 2 975 entrevistas.
é igualmente ultraleve: pesa apenas 1,1 grama.

46 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


Edição: guilherme kamio ||| guma@embalagemmarca.com.br

CELULÓSICAS

Passagem para o Oriente


Joint-venture leva embalagens da Rigesa à Índia

Sucesso no Brasil, as caixas celuló-


sicas da Rigesa para a proteção de
hortifrutigranjeiros serão utilizadas
na Índia. Controladora da Rigesa, a
americana MeadWestvaco anunciou a
formação de uma joint-venture com a
Wadco, fabricante indiana de embala-
gens de papelão ondulado. Esta última
irá oferecer soluções da Rigesa aos
agricultores indianos, que anualmen-
te perdem 40% de suas produções
devido a embalagens e processos de
distribuição ineficazes. A Rigesa será
a administradora da joint-venture. “A
parceria com a Wadco fortalecerá a
nossa presença naquela região e nos

fotos: divulgação
proporcionará uma plataforma para
expansão”, declara Paulo Tilkian, pre- Caixas poderão mitigar perdas
sidente da Rigesa. de hortifrútis na terra de Gandhi

DESIGN

Raio ampliado
Compra da American Color leva ProDesign a São Paulo

A agência de design e engenharia de


embalagens ProDesign anunciou a
aquisição da American Color (Amcol).
Atuando há vinte anos com arte-
finalização e merchandising, a Amcol
é especialista na confecção de protóti-
pos de embalagens com resina acrílica
e aplicações de transfers e de filmes
termoencolhíveis. Com o negócio, a
ProDesign, sediada em São José dos
Campos (SP), pretende se fortale-
cer na capital paulista e atrair novos
clientes. A Amcol atendia, entre outras
empresas, Danone, L’Oréal, Bombril,
Unilever, Química Amparo (Ypê), Siol e
Dhaymers. “A nova unidade já está em
funcionamento, com pessoal de aten-
dimento, criação, execução de artes
finais e mock-ups”, diz Paulo Pereira,
Prototipagem: à disposição na metrópole
sócio-diretor da ProDesign.

www.embalagemmarca.com.br novembro 2008 EmbalagemMarca 47


}}} reportagem de capa

Alô, consumidor!
Uso de amostras ganha importância para gerar experimentação de novos produtos
Por Guilherme Kamio

P
ara lançar suas pastilhas Valda de amostras. Para ela, a oferta de pequenas por-
Friends, há pouco mais de dois ções para testes tem relevância especial no mer-
anos, o laboratório fluminense cado doméstico, porque o brasileiro, ao contrário
Canonne investiu numa grande dos argentinos e europeus, por exemplo, não tem
ação de sampling. Amostras grá- o costume de comprar embalagens de pequeno
tis, acondicionadas em pequenos sachês, foram volume. “Isso gera um maior grau de frustração
distribuídas em atacados, supermercados, farmá- caso o produto não atenda plenamente às expec-
cias, danceterias e até em aviões. A ação foi vital tativas do comprador”, entende Andréia.
para o sucesso do produto, hoje o segundo mais

fotos: bloco de comunicação / carlos curado


rentável entre os itens do guarda-chuva Valda.
Descontado o trocadilho, esse episódio dá uma
amostra de como a amostragem pode ser uma
escudeira valorosa para produtos e marcas estre-
antes – e de que embora seja uma ferramenta de
marketing das mais ancestrais, nunca fez tanto
sentido.
Ocorre que, pelas estimativas oficiosas –
isto é, aquelas não-oficiais, porém consideradas
críveis, na falta de varreduras precisas –, algo
em torno de 12 mil novos bens de consumo
irromperam no varejo brasileiro de auto-serviço
em 2007. O sortimento das lojas cresce expo-
nencialmente, oferecendo ao consumidor cada
vez mais opções aos itens habituais da sua cesta
de compras, e novos candidatos a ocupá-la. As Entre outras possibilidades de uso
segmentações das linhas de produtos não param. de sachês (acima), Mappel aposta
na conjugação com cartelas
Resumo da ópera: num cenário em que 80% dos (abaixo): mais visibilidade
lançamentos fracassam, conforme apontam pes-
quisas de institutos como a Nielsen, gerar expe-
rimentação tornou-se uma meta aflitiva para as
empresas – principalmente aquelas inabilitadas a
bancar premières de gala, regadas a barulhentas
campanhas de mídia.
“Num negócio como o de cosméticos, carac-
terizado por muitos lançamentos e concorrência
intensa, fica difícil fazer inserções no mercado
sem convidar o consumidor ao conhecimento”,
assinala Andréia Emília, responsável pelo plane-
jamento da Grand Pack, empresa especializada
na fabricação de sachês para o acondicionamento

48 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


Vanessa Paes, consultora de marketing de
outra importante fabricante de sachês, a Mappel,
acrescenta que as amostras têm também ganhado
evidência devido ao crescimento das empresas
de cosméticos que operam com vendas diretas.
“O municiamento das consultoras com amostras, Grand Pack, outro
nome forte em
para que elas próprias experimentem novos pro- sachês, investe
dutos e depois os distribuam às consumidoras, é em formatos
diferenciados
hoje uma convenção”, diz Vanessa. Segundo ela,
clientes dessa praia, como a Avon, já realizam
ações de amostragem com praticamente todos os
produtos novos.

Encartados e diferenciados
Como possibilidades para sofisticar os planos
de lançamento de produtos – hoje rotulados na
indústria, em muitos casos, pela perorada defini-
ção de “marketing de ativação” – a Mappel e a
Grand Pack apostam nos sachês para encarte em
revistas, dotados de estruturas especiais capazes
de resistir, na distribuição, a pressões maiores
que 1 tonelada; nos sachês acoplados a cartelas,

www.embalagemmarca.com.br novembro 2008 EmbalagemMarca 49


que maximizam a comunicação dos lançamen-
Dove: 3 milhões de
tos; e nos sachês com formatos remissivos às amostras de novo
embalagens “reais” dos produtos, como potes, sabonete em creme
frascos e bisnagas.
Bisnagas, a propósito, começam a ser utili-
zadas no Brasil como veículos para amostragem.
Exemplares dessas embalagens, com volume
reduzido, estão sendo utilizados pela Avon para
o début no mercado nacional de sua loção

perfumada Bond Girl (vinculada ao seriado


cinematográfico 007) e pela fabricante capixaba
de cosmecêuticos Adcos. “Não se trata de uma
Avon e Adcos
novidade mundial, mas é um conceito novo
apostam na para nós”, diz Fábio Yassuda, diretor comercial
amostragem com
uso de bisnagas:
da C-Pack, fabricante das bisnagas em questão.
tática incipiente “Como os produtos regulares utilizam o mesmo
no Brasil
tipo de embalagem, em volumes maiores, a lem-
brança pelo consumidor fica mais fácil.”

Miniaturização crescente
A miniaturização de embalagens “reais” dos pro-
dutos também cresce como tática para destacar
lançamentos de produtos. Atualmente, a Unile-
ver encampa uma campanha de fôlego centrada
na amostragem de 3 milhões de minifrascos de
seus novos sabonetes em creme Dove Cream Oil

Estojos em evidência
Packs de papel cartão popularizam-se como veículos de amostragem
O varejo, especialmente os hipermerca- entende Marlo Germer, diretor da Gráfica
dos, tem sido invadido por packs espe- 43. O empresário destaca que os estojos
ciais com ações de amostragem. Tais vêm sendo crescentemente utilizados
ações, em grande parte escorada em não apenas para ações de produtos da
cartuchos de papel cartão com janelas, mesma marca ou fabricante. Um exemplo
têm feito a festa de gráficas como 43, é o do pack promocional, feito pela 43,
Emibra e Nilpel. “Além de concatenar para caldos da Knorr (Unilever): ele ofere-
ações de amostragem, o uso de estojos ce gratuitamente um novo item da fabri-
é uma maneira de ganhar destaque nas cante de grãos Camil, um pacote de 500
populosas gôndolas dos supermercados”, gramas de feijão preto. Knorr com amostra de feijão
Camil: união de empresas distintas

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Shower. Criada e planejada pela agência Ogilvy,
a ação distribuirá a novidade em lojas de confec-
ções, revistas femininas, hotéis e supermercados,
onde as miniaturas são acopladas, com cintas
de filme termoencolhível, a outros produtos do
portfólio Dove.
Outra recém-lançada família de sabonetes
líquidos da empresa, a Lux Gotas de Beleza,
também tem sido alvo de ações de amostragem
com frascos em miniatura, vinculados a sabone-
tes em barra acondicionados em estojos promo-
cionais de papel cartão (produzidos pela Gráfica
43). Procurada, via sua assessoria de imprensa,
para comentar a estratégia, a Unilever preferiu
não se manifestar.
Tendo igualmente declinado uma solicitação
de entrevista sobre ações de sampling, a Colgate-
Palmolive encampa uma ação parecida à de Lux.
Lux: miniatura
Um estojo cartonado, fabricado pela Nilpel,
para popularizar oferece, em gratuidade à compra de uma escova Colgate: miniatura de novo
sabonete líquido
dental, um minifrasco do mais novo integrante anti-séptico vai de graça
em estojo de escova
da sua linha de anti-sépticos bucais Plax, o Ice.

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Apelando à portabilidade, os frasquinhos, de
60 mililitros, são também ofertados como itens Com nicho no dorso,
regulares pela empresa. Comenta-se, porém, que “frasco-canguru” gera
experimentação de outros
eles nasceram com a missão de promover experi- itens da Gota Dourada
mentação, por meio de distribuições gratuitas no
varejo e em consultórios odontológicos.
Uma inovação no campo da amostragem é
protagonizada pela Gota Dourada. A empresa,
sediada em Brodowski (SP), utiliza há cerca de
um ano aquilo que define como “embalagem-
canguru” para realizar a amostragem de seus pro-
dutos. Trata-se de um frasco para xampus com
uma cavidade, na parte traseira, onde são acopla-
das miniaturas da mesma embalagem, contendo
amostras grátis de outros produtos, como loções
pré-lavagem e condicionadores.

Avanço em diversas frentes


Produzidos pela Atualplastic e pela Zeviplast a
partir de um molde da Formold, as embalagens
são acopladas umas às outras manualmente na
fábrica da Gota Dourada. “O conceito é um
sucesso e vem nos ajudando a alargar nossa car-
teira de produtos”, diz Gerson Neix, diretor do
conselho administrativo da Gota Dourada. Além
de serem distribuídos em todo o território nacio-
nal, os produtos com embalagem-canguru são O uso de amostras, contudo, não vem se
também exportados para dez países europeus. popularizando somente no cercado dos cosmé-
ticos e dos produtos de toucador. O mercado de
fraldas, por exemplo, abre espaço cada vez maior
para ações do gênero. Um exemplo é dado pela
Pom Pom, cujos pacotes de fraldas trazem pre-
sos, com fitas adesivas, envelopes plásticos com
amostras de lançamentos – um deles é a versão
Top Confort. As embalagens, tanto as regulares
quanto as das amostras, são confeccionadas pela
Cristal Embalagens.
No campo dos alimentos, a Bunge tem ban-
cado, nos últimos meses, um ostensivo programa
de distribuição de amostras do azeite português
Andorinha, que ela distribui com exclusividade
no mercado nacional. Mini-réplicas da garrafa de
vidro de meio litro do produto, com capacidade
de 20 mililitros e moldadas com PET, vêm sendo
distribuídas como brinde, presas a mercadorias
como vinhos e saladas prontas. “As minidoses
Pom Pom utiliza são também utilizadas em ações de abordagem
flexíveis para distribuir
amostras de fraldas
a consumidores em aviões, pizzarias e restau-
rantes, permitindo ao produto ser degustado na

52 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


hora”, informa Fábio Di Celio, gerente de negó- AtualPlastic
(11) 3934-4433
cios da Bunge Alimentos. De acordo com ele, a www.atualplastic.com.br
amostragem vai ao encontro do posicionamento
C-Pack
premium da marca Andorinha, pois “é percebida (11) 5547-1299
como ação de produtos com valor agregado.” www.c-pack.com.br
Vanessa Paes, da Mappel, concorda com a Cristal Embalagens
(48) 3434-8000
visão do executivo da Bunge. “Embora seja uma www.cristalembalagens.com.br
ação especialmente atraente para os lançamentos Formold
Ação da Bunge com frasquinhos que não contam com verba para investimento (11) 5511-3343
do azeite Andorinha engloba em publicidade, a amostragem curiosamente www.formold.com.br
vínculos com outros produtos e
infunde no público a noção de que o produto Gráfica 43
distribuição em restaurantes
(47) 3221-1200
que a promove é diferente e especial”, entende vendas@43sagrafica.com.br
a profissional de marketing, que utiliza como Grand Pack
preceito em seu trabalho uma declaração de Seth (11) 4053-2143
www.grandpack.com.br
Goldman, fundador da fabricante americana de
chás orgânicos Honest Tea: “Eu trocaria 100 Mappel
(11) 4346-6377
veiculações de propaganda pela distribuição de www.mappel.com.br
uma amostra grátis”. Pode soar a mera frase de Nilpel
efeito, mas cabe dizer que, abusando de ações (11) 2191-2300
www.nilpel.com.br
de amostragem, a Honest Tea teve crescimento
Zeviplast
meteórico, e foi comprada recentemente pela (11) 4647-0285
Coca-Cola numa transação milionária. www.zeviplast.com.br

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}}} DEstiLaDos

Vôo nacional
Skyy, a vodca da garrafa azul, é agora fabricada no Brasil

F
ã de vodca, o inventor explica Grigoleto.
americano Maurice Kan- Outra adaptação diz respeito à ter-
bar resolveu formular, no minação da garrafa. O gargalo foi leve-
início dos anos 90, uma mente alterado para garantir o encaixe
versão da bebida isenta de uma tampa produzida localmente.
ao máximo de impurezas de fermenta- “Trata-se de um modelo de tampa con-
ção, de modo a minimizar a chance de vencional, mas que recebeu modifica-
ressacas. Sua criação, a Skyy, tornou-se ções no molde para perder o aspecto
célebre. Não só pela qualidade, mas brilhoso e ficar com uma textura super-
também pela embalagem: uma garrafa ficial fosca”, detalha Antônio Alberto
inortodoxa para vodca, com vidro todo Gomes, gerente de vendas da Plastamp,
pigmentado num azul-cobalto inspirado fornecedora do sistema de vedação.
no céu de São Francisco. A Skyy, agora,
prepara um vôo alto no Brasil, partindo Escoamento
de Sorocaba, no interior paulista. Fica Com a nacionalização, a Campari pre-
ali a fábrica do Gruppo Campari encar- tende interromper a importação da Skyy
regada da nacionalização da bebida, americana ao mercado nacional. “A
segundo receita e apresentação fiéis à empresa possui um potencial de distri-
original americana. buição bastante grande, e a fabricação
“A vodca é a mesma, mas a emba- nacional em larga escala nos permitirá
lagem, embora utilize o desenho técni- explorar canais de vendas que antes não
co lá de fora, sofreu pequenos ajustes podíamos com a Skyy importada”, afir-
na ‘tropicalização’”, comenta Alexan- ma Luciana Moreno, gerente de comu-
dre Grigoleto, gerente de marketing da nicação da Campari brasileira. Um dos
Campari do Brasil. A garrafa é produ- projetos da empresa é o de popularizar
zida pela vidraria Owens-Illinois do em restaurantes, bares e casas noturnas o
Brasil no mesmo tom azulado da emba- preparo de caipiroska com o produto – a
lagem americana, mas tem capacidade chamada “Skyypirinha”. “Como a Skyy
para 980 mililitros. Nos Estados Unidos, competirá na mesma faixa de preço das
Skyy é comercializada em garrafas de principais marcas de vodca nacional, a
750 mililitros e de 1 litro. “A diferen- embalagem, sofisticada, poderá impul-
ciação de volume facilitará a distinção sionar vendas e fidelizar público”, con-
entre as versões brasileira e americana”, fia Grigoleto. (GK)

Componente Material/Tipo Fornecedor


Owens-Illinois do Brasil
Garrafa Vidro, com pigmentação azul (11) 2542-8000
www.o-i.com
divuLgAçãO

Auto-adesivo, de PP transparente, impresso em CCL Label


Rótulo (19) 3876-9300
offset e serigrafia (3 cores), com hot stamping www.ccllabel.com.br
De rosca, com dosador Plastamp
Tampa (11) 4584-2020
(corta-fluxo), injetada com PEAD www.plastamp.com.br
Klabin
Caixa de embarque Papelão ondulado (11) 3046-9940 Azul-cobalto é o mesmo da garrafa americana,
www.klabin.com.br mas volume (980 mililitros) é exclusivo do Brasil

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}}} alimentos

Mais uma colher


Caixinhas longa vida estréiam
no aquecido mercado de sopas

O
forte calor não tem sido um empecilho
para o varejo de sopas no Brasil. Há
alguns anos esse mercado se desenvolve
em níveis espetaculares, tendo fechado
2007, por exemplo, com crescimento de
35% – movimentando cerca de 300 milhões de reais.
O boom se deve em grande parte às embalagens para
consumo individual, responsáveis pelo sucesso de sopas
semiprontas em pó como Vono (Ajinomoto) e Qualimax
(Liotécnica). Empresas, agora, começam a apostar em
sopas single serve prontas. Em julho, a Swift lançou
produtos desse tipo em stand-up pouches com pequenas
porções. A mais recente novidade nessa área é a primeira
linha de sopas prontas do Brasil acondicionada em emba-
lagem cartonada asséptica.
Trata-se de uma aposta da Priko, companhia paulista
que debutou neste ano no mercado. Cremes de ervilhas,
de cebolas e de legumes da empresa são acondicionados
em caixinhas longa vida Tetra Prisma de 200 mililitros,
da Tetra Pak. “O produto, inédito no Brasil, segue uma
tendência mundial que conseguiu atrair consumidores em
outros países”, diz Cláudio Hebling, presidente da Priko.
A meta da empresa, ambiciosa, é conquistar 10% do mer-
cado de sopas individuais no primeiro ano de atuação.
A Priko não pretende disputar preço com as sopas em
pó. “Nosso produto tem maior valor agregado e custará
o dobro dos produtos disponíveis no mercado”, afirma
Hebling. De acordo com ele, a Priko buscará ampliar
seu portfólio já no início de 2009, com novas versões de
sopas, e estrear em novas categorias de alimentos e de
bebidas um ano depois. (FP)
Tetra Pak
(11) 5501-3200 Sopa em caixinha,
www.tetrapak.com.br segundo a Priko, “é
tendência mundial”

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PaIneL GRÁFICO }}} MERCADO DE CONVERSÃO E IMPRESSÃO DE RÓTULOS E EMBALAGENS
Edição:
Edição:Guilherme
Leandro Haberli
Kamio

Suzano vence Prêmio Nacional de Qualidade Armor é da Orfite


Empresa concorreu com outras 51 organizações
Grupo francês compra a empresa
A Suzano Papel e Celulose venceu o reconhecimento à excelência na gestão
O grupo francês Orfite tornou-se
Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ), das organizações sediadas no Brasil, o
acionista majoritário da Armor, forne-
organizado pela Fundação Nacional de PNQ chegou a sua 17ª edição com 52
cedora de ribbons de transferência
Qualidade (FNQ). Considerado o maior organizações inscritas e duas vencedo-
térmica para impressão. De acordo
ras: além da Suzano, a CPFL Paulista
com comunicado da empresa, a nova
foi a outra ganhadora. Classificaram se
equipe assumirá todos os projetos e
como finalistas a AES Eletropaulo, a
desenvolvimentos da Armor. Segundo
Gerdau Açonorte e o 4º Regimento de
Hubert de Boisredon, diretor geral da
Carros de Combate do Exército.
empresa, “funcionários, clientes, par-
As empresas ganhadoras, finalistas e des-
ceiros e fornecedores podem confar
taques do PNQ 2008 foram definidas na
na continuidade da política industrial
noite do dia 27 de outubro, depois de uma
que já deu provas de consistência e
reunião de juízes da Banca Examinadora,
dinamismo.”
que durou o dia todo. Os nomes dos ven-
O valor da negociação não foi divulga-
cedores foram anunciados no dia 28 pelo
do pelas companhias.
Conselho Curador da FNQ.

Abigraf renova convênio com a Apex-Brasil


Acordo vale até 2010 e compreende investimentos de 4,7 milhões de reais

O Graphia – Graphic Arts Industry ção e divulgação do setor gráfico bra- com 19 países das Américas, Caribe,
Alliance – grupo de exportação de sileiro no exterior. Europa e Ásia. O grupo já viabilizou a
produtos e serviços gráficos consti- O grupo iniciou suas atividades em inserção de mais de oitenta empresas
tuído pela Associação Brasileira da 2003 e acumula vendas ao exterior, no mercado internacional e também
Indústria Gráfica (Abigraf) – renovou o nos seus três segmentos de atuação participou de 68 missões comerciais
contrato de promoção comercial com (embalagem, papelaria e editorial- internacionais. O convênio de parceria
a Apex-Brasil (Agência de Promoção promocional), superior a 21 milhões de com a Apex-Brasil terá vigência até abril
de Exportações e Investimentos do reais — cerca de 12 milhões de reais de 2010, compreendendo investimentos
Governo Federal). O acordo visa à conquistados somente nos últimos de 4,7 milhões de reais, para diversas
prospecção, promoção, comercializa- dois anos. O Graphia realiza negócios atividades no exterior.

Labelexpo Asia
Heidelberg ganha três Good Design Award em nova data
Prêmio é concedido pelo ministério da Indústria e Comércio do Japão Evento é antecipado
Três soluções da Heidelberg foram vencedo- objetos, pessoas e ambientes.
A Labelexpo Asia
ras do “Good Design Award”, premiação de Neste ano, 635 empresas se inscreveram,
2009, que seria
mdesign de produtos promovida pela Japan totalizando 1067 produtos. O juri destacou
realizada de 8 a
Industrial Design Promotion Organization, a impressora Speedmaster XL 162, o CtP
11 de dezembro
do ministério da Indústria Suprasetter 190 (equi-
do ano que vem,
e Comércio do Japão, pamentos no formato
teve a data alte-
desde 1957. O prêmio é VLF – Very Large Format)
rada. A feira de rotulagem
aberto a empresas que e o Prinect Press Center,
de Xangai, na China, agora
considerem que os seus produtos contri- todas lançadas durante a Drupa 2008. O
acontecerá de 1 a 4 de
buem para a criação de relações estetica- evento aconteceu em Tóquio no dia 8 de
dezembro. Mais informações
mente mais agradáveis e melhores entre outubro.
em www.labelexpo-asia.com

56 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


Edição: flávio palhares ||| flavio@embalagemmarca.com.br

Evonik anuncia SPP-Nemo lança guia para clientes


planta no Brasil Livro é ferramenta para profissionais do setor gráfico
Investimento tem previsão
A SPP-Nemo, distribuidora multimar- ticas e rápidas.
inicial de 45 milhões de euros
cas de papéis e produtos gráficos, O Guia Prático já contou com
Fornecedor do setor de celulose lançou o Guia Prático Impressão Offset outras edições, que tiveram como
e papel, o grupo alemão Evonik – Problemas e Soluções, que tem temas Menor Desperdício, Maior
Industries confirmou a constru- como principal objetivo ser uma ferra- Produtividade da Gráfica, Seleção
ção de uma nova planta no Pólo menta de trabalho para o setor gráfico. e Compra do Papel Correto, entre
Petroquímido de Triunfo (RS). O inves- Desenvolvido pelo consultor Benjamin outros.
timento previsto é de 45 milhões de Chafy, o guia traz um
euros – o equivalente a cerca de 120 apanhado geral sobre
milhões de reais. a impressão offset,
A nova planta vai produzir peróxido procurando identificar
de hidrogênio (H2O2), um agente eventuais problemas
ecológico para branqueamento e que podem ocorrer
oxidação utilizado na fabricação de dentro desse processo
papel e celulose. O início das obras gráfico, bem como as
está previsto para meados de 2009. A formas de evitá-los ou
unidade deve entrar em operação no minimizá-los através
início de 2011. de ações simples, prá-
}}} CERvEJas

Estação de lançamentos
Com a chegada do verão, cervejarias apostam em novas embalagens

A
proximidade do verão é sempre sendo utilizado nas garrafas de 600 mililitros. O
época propícia para as cervejarias selo também aparece no alto de todas as latas,
colocarem novos produtos nas pra- junto com a inscrição “edição histórica”
teleiras dos supermercados. Con- A AmBev aproveita para levar ao mercado
firmando a escrita, neste final de de São Paulo produtos que já são conhecidos
ano lançamentos pipocam no varejo. A AmBev, dos consumidores de outros Estados, como Rio
líder absoluta de mercado, comemora os 120 de Janeiro e Minas Gerais: a Skol de 1 litro (ver
anos da cerveja Brahma com uma edição de EmbalagEmmarca 108) e o multipack de 24 latas
latinhas comemorativas produzidas pela Rexam, da Brahma e da Skol (EmbalagEmmarca 107).
com vários rótulos históricos, que contam a
história da cervejaria. Entre eles se encontra o Petra, mais e maior
primeiro da marca, de 1888, com o desenho de Outra cervejaria que aposta nos dias quentes
uma mulher envolta em ramos floridos de lúpulo do verão é a Petrópolis. A empresa ampliou a
e cevada, dois dos principais ingredientes da família de uma de suas mais vendidas cervejas
bebida. premium, a Petra, originalmente elaborada ape-
Outro destaque é o rótulo de 1901, que regis- nas na versão escura. Os três novos produtos
tra a criação da Cerveja Pilsen, um marco na da cervejaria fluminense são Petra Schwar-
época, porque até então toda cerveja produzida zbier, cerveja escura de baixa fermentação;
era escura. Também é destaque a latinha com Petra Bock, do tipo bock avermelhada; e Petra
o rótulo de 1967, quando a cerveja mudou de Aurum, uma pilsen.
nome, de Brahma para Brahma Chopp, marca Com os lançamentos, a Petrópolis diversi-
que ostenta até hoje, e incorporou a cor preta ficou também os tipos de embalagem adotadas
no rótulo. “Os rótulos abordam os 120 anos para suas marcas, que se restringiam a latas de
de história e evolução da marca, que sempre alumínio e garrafas long-neck de vidro de 355
esteve muito presente na vida nos brasileiros”, mililitros e em latas de alumínio. As novas cerve-
diz Bruno Cosentino, gerente de marketing da jas chegam ao consumidor em garrafas de vidro
marca. “Por isso, comemorar este momento é não retornáveis de 500 mililitros, produzidas
relevante e especial para a Brahma e para os con- Para marcar os 120 anos,
pela Saint-Gobain, que têm o shape das emba-
sumidores.” No total, são onze latas com rótulos Brahma lança rótulo lagens de tradicionais cervejas alemãs, como a
comemorativo (garrafa)
históricos e mais um comemorativo, com o logo- e latas alusivas a rótulos
Erdinger. Para dar um ar mais nobre, além dos
tipo dos 120 anos da cerveja, que também está históricos rótulos, produzidos pela Gráfica Rami e pela

1888 1911 1925 1933 1940 1953 1967 1971

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Novas versões de Petra, da Cervejaria Petrópolis,
ganharam garrafas inspiradas nas cervejas alemãs

Dixie Toga, as garrafas têm gargalheiras com


a inscrição do nome da cerveja e o logotipo da
Cervejaria Petrópolis e uma faixa exaltando a
receita utilizada em cada bebida, material for-
necido pelas mesmas empresas. O design é da
SPO+Pantani.

Acompanhando a lei seca


Impulsionado pela chamada lei seca, que pune os
motoristas apanhados dirigindo após consumir

1980 1991 1998

www.embalagemmarca.com.br novembro 2008 EmbalagemMarca 59


bebidas alcoólicas além de determinado limite,
ultimamente a abstenção cresceu no Brasil e o
consumo de cervejas sem álcool robusteceu-se.
Apesar de o mercado desse tipo de bebida ser
ainda incipiente no país, e até por isso, seu poten-
Nova Schin Zero marca
cial de crescimento é muito grande. estréia de cervejas
De acordo com instituto Nielsen, a venda de sem álcool em garrafa
de 600 mililitros, mas
cervejas sem álcool representa apenas 0,7% do mantém a tradição de
volume total no país, enquanto na França, na long neck e latinha

Espanha e em Portugal, por exemplo, o consumo


chega a 9%. Em conseqüência, as empresas que
Aro
ainda não tinham em seu portfólio cervejas sem (11) 2412-7207
álcool – ou com teor alcoólico inferior a 0,5%, www.aro.com.br
conforme determina a legislação – trataram de
CIV
acelerar a colocação de novos produtos nas pra- (81) 3272-4444
teleiras. www.civ.com.br
Foi o caso da Cervejaria Petrópolis, que lan-
Dixie Toga
çou a Itaipava Sem Álcool em latinhas, forneci- (81) 2982-9200
das pela Latapack-Ball, com os tradicionais selos www.dixietoga.com.br
higiênicos de alumínio adotados pela marca, Foilspack
produzidos pela Foilspack e pela Natermann, e (15) 3325-3508
em garrafas de vidro long-neck, fabricadas pela www.foilspack.com.br
Saint-Gobain, com rótulos da Gráfica Rami e Gráfica Rami
tampas da Aro. A embalagem foi criada pela (11) 4587-1100
www.ramiprint.com.br

Latapack-Ball
(12) 2127-4700
www.latapack.com.br
agência de design SPO + Pantani, com rótulo em
Metalic que predomina a cor azul, tradicional nas cerve-
(85) 3299-7300 jas sem álcool.
www.metalic.com.br
O Grupo Schincariol engrossou a tendência,
Natermann ao apresentar, durante a realização do Grande
Itaipava Sem Álcool www.natermann.com.br Prêmio do Brasil de Fórmula 1, dia 2 de novem-
preserva a cor azul
caracetrística da categoria Owens-Illinois bro, em São Paulo, a Nova Schin Zero, cerveja
(11) 2542-8084 sem álcool. Comercializada em garrafas long
www.oidobrasil.com.br neck e latas de aço, fornecidas pela Metalic, e de
Rexam alumínio, produzidas pela Latapack-Ball e pela
(21) 2104-3300 Rexam, a bebida é a primeira cerveja nacional
www.rexam.com
sem álcool vendida em garrafas de vidro de 600
Saint-Gobain mililitros, fornecidas pela CIV, pela Owens-
(11) 2246-7214 Illinois e pela Saint-Gobain. Segundo o diretor
www.sgembalagens.com.br
de marketing do Grupo Schincariol, Marcel
SPO + Pantani Sacco, a cervejaria aproveita o crescimento do
(11) 3168-9166 mercado de cervejas sem álcool, impulsionado
www.spodesign.com.br
pela lei seca, para “lançar uma nova opção ao
Young & Rubicam consumidor acostumado a beber sua cerveja em
(11) 3026-4400
embalagens de 600 mililitros”. O design das
yr.updateordie.com
embalagens, que também tem o azul como cor
predominante, é da Young & Rubicam. (FP)

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ARTIGO }}} LYNN DORNBLASER

Tudo que reluz…

T
alvez por causa dos desafios libras (cerca de 545 reais), acondicionado
econômicos, ou apenas porque numa embalagem de couro com acabamentos
as pessoas apreciem um sentido metálicos e cristais Swarovski incrustados
de diversão e capricho em seus no logotipo formado por um “R” duplo (1).
produtos, o fato é que recente- Esse produto, um bronzeador, pode ser utili-
mente temos visto vários lançamentos que, zado sozinho ou combinado com uma das três
literalmente, brilham. A embalagem oferece sombras (batizadas, luxuosamente, de Villa,
maneiras para os produtos amplificarem sua Private Jet e Penthouse).
imagem, e ainda apresenta aos consumidores A empresa diz que a linha está em desen-
algo divertido e diferente. volvimento há três anos. Existem planos para
“Vários lança- Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a coleções em edições limitadas, que inclui-
mentos literal- confecção de luxo Rock & Republic ampliou rão as maquiagens usadas nos desfiles da
seu portfólio fashion para cosméticos. E a Rock & Republic. A primeira delas se chama
mente brilham, linha de produto é, no mínimo, tão sofistica- Noir, e foi inspirada na coleção Outono 2008
da quanto os jeans que comercializa, graças da marca. A Rock & Republic a lançou
com emba- às embalagens pouco usuais. A nova linha em setembro nos Estados Unidos, nas redes
inclui máscara e itens de maquiagem para os
lagens que olhos, lábios e rosto, com embalagens que se
Nordstrom, Neiman Marcus, Bloomingdale’s
e Saks, assim como no website da empresa.
amplificam as alinham com a imagem vanguardista e sexy No Reino Unido, a Noir chegou em outubro,
da marca. O destaque da linha é o Accentuate com exclusividade na Harrods.
imagens dos Bronzer/Highlighter, comercializado por 160 Uma linha um pouco mais acessível, des-
produtos”

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tinada a permitir que um grupo maior de
consumidores aprecie um pouco de
brilho e esplendor, é vendida pela
Sephora nos Estados Unidos com
o nome de Kat Von D Rock N
Roll. Kat Von D, uma tatuadora,
é a grande estrela de um reality
show americano chamado LA
Ink. Ela é conhecida pelas tatu-
agens estilizadas e estilosas que
cobrem boa parte de seu corpo.
A sombra para os olhos tem um
tom acetinado, e vem numa emba- 2
lagem preta com gravura de rosas (2).
Há algumas variedades de sombras disponí-
veis (Groupie, Air Guitar, Confessional, entre rosa com “pérolas” prateadas e o valor agrega-
outras), todas disponibilizadas em estojos do pelo glitter aumentam o apelo do produto
atraentes. entre as meninas e adolescentes. Com a maior
Algumas vezes, o glamour não precisa sofisticação da segmentação demográfica,
estar num produto caro. E, às vezes, combina- produtos como o Girlie, destinados a públicos
ções inusitadas de produtos podem criar coisas muito específicos (no caso, garotas, em
muito diferenciadas. Em Portugal, a Unilever vez de crianças em geral) tendem a se
está trazendo funcionalidade multiuso para a tornar mais comuns (3).
categoria de sorvetes, com o lançamento do A maquiagem congelada ainda não é um
Girlie – uma novidade congelada num bastão conceito consagrado, mas o fato de ser uma
de pástico oco preenchido com maquiagem grande novidade pode colocá-la como uma
brilhante (glitter). Não apenas esse picolé se queridinha entre as meninas. 4
torna notável por sua dupla funcionalidade, Finalmente, na outra ponta do espectro
mas acaba criando uma segmentação demo- de valor, vemos um crescente número de
gráfica. Com público-alvo definido no próprio produtos que acendem ou piscam. A maior
nome do produto, o Girlie não tem vergonha parte é composta por confeitos, posicionados
de assumir seu viés feminino. A coloração geralmente para consumidores relativamente
jovens. Esse é o caso da Regal Confections’
Kidsmania, vendida no Canadá. É um pirulito
3
que incorpora uma luz que brilha quando
ligada (4). E, como os outros produtos citados
na coluna deste mês, esse produto pode servir
como um símbolo de status. O pirulito vem
com um cordão que permite que o consumidor
o carregue pendurado no pescoço.

Lynn Dornblaser é diretora da divisão CPG Trend


Insight da consultoria Mintel International, com
escritórios em Chicago e Londres. Com mais de
vinte anos dedicados a análises de tendências glo-
bais de consumo, ela pode ser contatada pelo
e-mail lynnd@mintel.com

64 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


}}} intERnaCionaL

insigHts
Hay que endurecer...
IDÉIAS LÁ DE FORA

Dose certa 1. Sem tensoativos ou


branqueadores químicos, e sim com
Revestimento interno em garrafa de PET de vinho uma enzima orgânica como agen-
aumenta barreira sem comprometer a reciclagem te limpador, o lava-roupas sueco
Care&s é acondicionado num cartu-

O
Canadá, segundo os connaisseurs de vinhos, cho de papel cartão com decoração
é uma fonte de gratas surpresas. Uma delas, fashion, inspirada em caixas de
exclusivamente no tocante à embalagem, é roupas. Dentro da caixa, um blister
protagonizada pela vinícola Artisan Wine plástico traz doses do sabão em pó
Company. As variedades Semillion/Char- divididas como pílulas, “de modo a
donnay e Cabernet/Shiraz de seus vinhos finos Painted evitar as overdoses que estragam
Turtle vêm sendo acondicionadas em garrafas de PET as roupas”, segundo a fabricante
homônima. O design da embalagem
que, diz-se, têm a mesma impermeabilidade das de vidro.
é da agência sueca Love for Art and
O segredo: um revestimento interno com óxido de silício
Business (www.loveartbusiness.se).
(SiOx), que forma uma barreira ao oxigênio, prolongan-
do a vida-de-prateleira de bebidas engarrafadas em PET.
(Trata-se, a propósito, de uma das soluções candidatas a
popularizar as cervejas em PET).
O revestimento, transparente, atóxico e finíssimo,
com espessura de 10 nanômetros, é aplicado nas gar-
rafas através de um sofisticado processo de deposição
por plasma, conhecido pelo nome comercial Plasmax. A
tecnologia foi desenvolvida pela suíça SIG Beverages,
empresa recém-adquirida pela alemã KHS, sua concor-
rente na área de sistemas de engarrafamento. De acordo
com esta última, o componente de barreira não compro-
mete a reciclagem do PET, por ser facilmente removível Dose certa 2. O leite em pó para
das garrafas. bebês Nurture Follow-On, da Heinz,
As garrafas, de 750 mililitros, são vedadas com foi introduzido no mercado britânico
tampas de rosca, de alumínio. “Além de ser prática, por com uma tampa especial em sua
embalagem. A peça, baseada num
não estilhaçar e não exigir saca-rolha, a embalagem é
mecanismo basculante que facilita a
ambientalmente mais amigável”, afirma David Fallis,
abertura com uma só mão, traz uma
vice-presidente de operações da Artisan Wine. “Como
Garrafa tem finíssima colher dosadora acoplada
pesa aproximadamente um décimo do peso médio de uma
camada interna de em sua parte interna.
garrafa convencional de vidro, ela reduz significativamen- óxido de silício aplicada
através de deposição Injetada em poli-
te a emissão de gases que, ao longo da nossa cadeia de
por plasma propileno prateado
distribuição, contribuem para o efeito estufa.” No Canadá, pela RPC Market
tal argumento vem convencendo: a embalagem já levou Rasen (www.rpc-
troféus em dois prêmios de sustentabilidade. (GK) marketrasen.co.uk), a
tampa conjuga-se a
Componente Material/Tipo Fornecedor uma lata cartonada
Ball multifoliada produ-
Garrafa PET www.ball.com zida pela Sonoco
Barreira Revestimento de óxido de silício KHS Plasmax
www.khsplasmax.com (www.sonoco.com).
Tampa Alumínio, de rosca G3 Enterprises
www.g3enterprises.com
Rótulo Plástico, auto-adesivo, impresso em flexografia 12 cores Tapp Technologies
www.tapptech.com

66 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


}}} livros

Roteiro de vida
Com textos e imagens, Hugo Kovadloff
rememora sua trajetória como designer

B
rasileiro por escolha,
tendo nascido em Bue-
nos Aires e emigra-
do para o Brasil ainda
jovem, nos anos 50,
Hugo Kovadloff acumulou, ao longo
de quase quarenta anos de carreira,
contribuições marcantes à história do
design nacional. Ajudou a criar as
identidades das marcas dos bancos
Itaú, Bamerindus e Real; das Bicicle-
tas Monark, das Lojas Renner, da Vasp
e a da Claro. Participou da instalação
do escritório nacional da americana
Landor, uma das maiores firmas de ciplinas e formas de arte, o que lhe
design do mundo. Hoje, é diretor de garantiu um olhar multidisciplinar. Os
criação do GAD’ Branding & Design, seis capítulos do volume são reche-
firma que ajudou a consolidar ao longo ados de ilustrações de projetos de
dos últimos anos. Em Roteiro de uma Kovadloff. Uma delas, que compõe a
vida no design (Editora Rosari, 165 capa e é comentada no livro, marcou
páginas) Kovadloff revisita toda a sua um capítulo importante na história da
trajetória. embalagem no Brasil (veja o quadro).
No livro, o designer narra a sua “Acredito que o livro seja uma contri-
formação profissional, destacando buição para que as pessoas conheçam
seus estudos na Europa e principal- a história do branding e do design no
mente seu interesse por diversas dis- país”, afirma Kovadloff. (GK)

No final da década de 1960, lagem inclui a criação de uma marca


a Cooperativa Agrícola de Cotia me que reproduzia a fruta com um único
encomendou o desenvolvimento de traço na cor vermelha e uma folhinha
uma embalagem para maçãs. Ela verde.
tinha uma característica O cliente aprovou imediatamen-
muito inovadora para a te o design e este foi o pri-
época. Seria a primeira meiro trabalho que desen-
embalagem dessa fruta volvi e que foi para a rua.
a não utilizar madeira Tive a satisfação de ver por
como matéria-prima, e muitos anos essas embala-
sim papelão ondulado, o gens em muitas barracas nas
que possibilitaria a impres- feiras livres da cidade.
foto: divulgação

são de duas cores em flexografia


com qualidade. A solução da emba- Trecho de Roteiro de uma vida no design

www.embalagemmarca.com.br setembro 2008 EmbalagemMarca 67


DISPLAy }}} lançamentos e novidades – e seus sistemas de embalagem

Beleza profissional
Kendra lança linha para cabeleireiros

Já está disponível nos centros estéticos a nova


linha da Kendra Cosméticos destinada a pro- Bigaplast
fissionais. O Gloss Serum Repair é acondicio- (11) 5051-0812
www.bigaplast.com.br
nado em frasco de PET, fornecido pela Spil Tag
decorado em serigrafia, com tampa de polipro- Brainbox Design
(11) 3018-1695
pileno (PP) suprida pela Bral-Max. A pomada www.brainboxdesign.com.br
finalizadora ganhou pote e tampa de PP pro-
Bral-Max
duzidos pela Bigaplast. O rótulo auto-adesivo (24) 2243-2911
de polipropileno biorientado (BOPP), fabricado www.bral-max.com.br
pela Grifiart, é aplicado na tampa. Os cartuchos Grifiart
de papel cartão dos dois produtos são impres- (47) 3427-5000
sos pela Kingraf. O layout das embalagens é a www.grifiart.com.br

Brainbox Design. Kingraf


(41) 3072-6262
www.kingraf.com.br

Spil Tag
(14) 3408-1100
www.spiltag.ind.br

Muros mais limpos


Indutil lança produto anti-pichação

A New Growing Design & Branding assina o desen-


volvimento da embalagem da Induclean, tinta con- New Growing
tra pichações recém-lançada pela Indutil Indústria (11) 2268-0409
www.newgrowing.com.br
de Tintas. As latas de aço de 3,6 litros que acondi-
cionam a tinta são fornecidas pela Novalata. Novalata
(11) 2068-5255
www.novalata.com.br

68 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


embalagem Edição: flávio palhares ||| flavio@embalagemmarca.com.br

Marca própria animada


Personagens de filme estampam caixas de gelatina
Emibra
As gelatinas da marca própria Carrefour chegam aos (11) 4748-2199
www.emibra.com.br
pontos-de-venda em novas embalagens de papel car-
tão com personagens do filme Horton e o Mundo dos Mais Design
Quem. Os cartuchos são impressos pela Emibra e tive- (11) 3333-3997
www.maisd.com.br
ram o layout criado pela Mais Design.

Pele macia no verão


Johnson & Johnson lança hidratantes

A Johnson & Johnson dispo-


nibiliza nas gôndolas seus
novos hidratantes Softlotion
Pele dos Sonhos e Proteção
UV FPS 15. Os produtos são
acondicionados em frascos
de polietileno de alta den-
sidade (PEAD) produzidos
pela Sinimplast. As tampas
de polipropileno (PP) são
fornecidas pela Caria e os
rótulos auto-adesivos de
polietileno (PE) pela CCL
Label. O layout das embala-
fotos: divulgação

gens é assinado pela Interbrand.

Caria CCL Label Interbrand Sinimplast


(11) 3872-3122 (19) 3876-9300 (11) 3707-8500 (11) 4061-8300
www.caria.com.br www.ccllabel.com.br www.interbrand.com www.sinimplast.com.br

www.embalagemmarca.com.br novembro 2008 EmbalagemMarca 69


DIsPLay }}} LANçAMENTOS E NOVIDADES – E SEUS SISTEMAS DE EMBALAGEM

Menores e verticais
Lacta ingressa no segmento de tabletes médios

A Lacta traz aos pontos-de-venda


de todo o país os tabletes médios de
70 gramas dos chocolates Diamante Alcan Packaging
Negro, Shot e Lacta Avelã. Os flow- (11) 4512-7000
www.alcan.com.br
packs de polipropileno (PP) são for-
necidos pela Alcan Packaging e são Narita Design
dotados do sistema abre-fecha. (11) 3167-0911
www.naritadesign.com.br
As caixas-display permitem que
o produto possa ser exposto na
vertical, possibilitando maior visi-
bilidade e maximização do espaço
no ponto-de-venda. O layout é da
Narita Design.

Sobremesa agrupada “Destubainização” da tubaína


Creamcake Danúbio ganha nova embalagem Schincariol leva Itubaína para long neck

O grupo Vigor investe na reformulação das A Schincariol entra na contramão do mercado e “destubainiza”
embalagens da sobremesa láctea Creamcake a tubaína. Para comemorar os 54 anos da marca Itubaína, o
Danúbio. O produto passa a ser acondicio- refrigerante ganha uma versão em garrafa de vidro long neck de
nado em potes termoformados de 90 gramas 335 mililitros, produzida pela Owens-Illinois. Batizada de Itubaína
de polipropileno (PP) da Poly-Vac, fechados Retrô, a versão revive a nostalgia da década de 1950. São três
por selos de alumínio e PP supridos pela diferentes rótulos colecionáveis, de papel com cola, fornecidos
Selimpack. A novidade fica por conta do pela Savasa Impressores: um foguete, um copo e uma garrafa. O
agrupador de papel cartão, impresso pela design dos rótulos foi criado pela Schincariol
Gráfica 43. A agência responsável pelo Owens-Illinois
design das embalagens foi a R1234. (11) 2542-8084
www.oidobrasil.com.br

Savasa Impressores
(11) 4792-4214
www.savasa.com.br FOtOs: divuLgAçãO

Gráfica 43 R1234
(47) 3221-1200 (11) 3168-1012
www.43sagrafica.com.br www.r1234.com.br

Poly-Vac Selimpack
(11) 5693-9988 (11) 4447-2080
www.poly-vac.com.br www.selimpack.com.br

70 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


}}} índice de anunciantes

Anunciante Página Telefone Site


Amazon Coding 57 (11) 3133-7666 www.amazoncoding.com.br
Antilhas 41 (11) 4152-1111 www.antilhas.com.br
Bauch Campos 43 (11) 4785-2500 www.bauchcampos.com.br
Bericap 19 (15) 3235-4500 www.bericap.com
Betim Química 53 (31) 3358-8500 www.betimquimica.com.br
BIC Label 51 0800 260 434 www.biclabel.com.br
Braga 31 (19) 3897-9720 www.braga.com.br
Braskem 29 (11) 3576-900 www.braskem.com.br
CCL Label 4ª capa (19) 3876-9300 www.ccllabel.com.br
Comprint 3ª capa (11) 3371-3371 www.comprint.com.br
Congraf 33 (11) 3103-0300 www.congraf.com.br
EMCR 68 (11) 5934-3183 www.emcrinducao.com.br
Frasquim 68 (11) 2412-8261 www.frasquim.com.br
Frugis 9 (11) 3941-4200 www.frugis.com.br
Gironews 65 (11) 3675-1311 www.gironews.com
Grand Pack 69 (11) 4053-2143 www.grandpack.com.br
Gysscoding 37 (11) 5622-6794 www.gysscoding.com.br
Ibema 15 (41) 3240-7400 www.ibema.com.br
Indemetal 13 (11) 4013-6644 www.indemetalgraficos.com.br
Indexflex 63 (11) 3618-7100 www.indexflex.com.br
Innovia Films 43 (11) 5053-9948 www.innoviafilms.com
Itap Bemis 61 (11) 5516-2045 www.dixietoga.com.br
Kromos 67 (19) 3879-9500 www.kromos.com.br
Limer-Cart 45 (19) 3404-3900 www.limer-cart.com.br
Loop 69 (19) 3404-6700 www.loop.ind.br
Magistral Impressora 17 (11) 3659-6186 www.magistralimpressora.com.br
MD Papéis 2ª capa 0800 011 3257 www.mdpapeis.com.br
Metrolabel 59 (11) 3603-3888 www.metrolabel.com.br
Mintel 71 +1 (312) 450-6103 www.mintel.com
Moltec 69 (11) 5693-4600 www.moltec.com.br
Novelprint 68 (11) 3760-1500 www.noveltech.com.br
NZ Philpolymer 55 (11) 4716-3141 www.gruponz.com.br
Optima 47 (19) 3886-9800 www.optima-bra.com
Pantone 23 (11) 4072-4100 www.pantonegrafica.com.br
Prakolar 35 (11) 2291-6033 www.prakolar.com.br
Propack 55 (11) 4785-3700 www.propack.com.br
Qualipack 11 (11) 2066-8500 www.qualipack.com.br
Rigesa 27 (19) 3707-4000 www.rigesa.com.br
Rotatek 59 (11) 3215-9999 www.rotatek.com.br
Silgan White Cap 5 (11) 5585-0723 www.silganwhitecap.com
Simbios-Pack 69 (11) 5687-1781 www.simbios-pack.com.br
Suzano 21 0800 722 7008 www.suzano.com.br
Tetra Pak 38 e 39 (11) 5501-3205 www.tetrapak.com.br
Union Pack 49 0800 707 9533 www.unionpack.com.br
Videojet 25 (11) 4689-8800 www.videojet.com

72 EmbalagemMarca novembro 2008 www.embalagemmarca.com.br


EmbalagemMarca é sinônimo para nós de informação concisa,
atualizada e ao mesmo tempo abrangente. A qualidade das repor-
tagens, incluindo o material gráfico, delineando meticulosamente
todos os aspectos do nosso mercado, da matéria-prima ao consu-
midor, merecem nosso reconhecimento.
O pioneirismo da criação do Ciclo de Conhecimento é exemplar e
único. Pioneirismo e Inovação, assim como para a EmbalagemMar-
ca, são os alicerces sobre os quais a Bericap fundamenta sua traje-
tória. E por acreditar nestes mesmos princípios, é que associamos
nossa Marca com a EmbalagemMarca.

Aurel Forgaci, Managing Director

(15) 3235-4500 É LIDa PORQUe É bOa. É bOa PORQUe É LIDa.


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Almanaque
Fusca virou Reis e patriarcas na garrafas
império As garrafas de champanhe são personagens do Velho Testamento.
conhecidas não só pelo seu formato Jeroboam, em português Jeroboão,
Ao iniciar suas atividades, em característico, mas também pela por exemplo, foi o fundador e
1969, a Natura tinha uma loja variação dos seus tamanhos. A primeiro rei de Israel. Rehoboam,
própria, na rua Oscar Freire. Nos garrafa mais comum, de 750 mili- ou Reboão, era filho de Salomão
primeiros anos, a falta de dinhei- litros, é chamada standard e serve (Salomon), rei de Judá. Matusalém
ro – o capital do empreendimento de base para várias outras opções, foi o patriarca bíblico que viveu até
equivalia ao valor de um Fusca cujos volumes são sempre divisores os 969 anos de idade. Salmanazar
– e a dificuldade de produção em ou múltiplos de seu tamanho (ver era rei da Assíria. Baltazar foi rei
grande escala emperravam o cres- abaixo). Inicialmente, as garrafas da Babilônia, assim como seu ante-
cimento da empresa, cujos produ- de medidas especiais – principal- cessor, Nabucodonosor. Melchior,
tos tinham boa aceitação. Em 1974, mente as maiores – foram criadas ou Belchior, era um dos três reis
a Natura fez a opção que mudou para atender aos caprichos da magos. Sovereign, em inglês, é
sua história: começou a trabalhar realeza francesa, no século XVIII. simplesmente soberano.
com venda direta. A companhia O objetivo era impressionar os
teve forte expansão nas décadas convidados nos banquetes. Novos
de 70 e 80 – as vendas passaram tamanhos foram elaborados gradu-
de US$ 5 milhões em 1979 para almente até formar a família atual.
US$ 170 milhões em 1989, quado A origem dos nomes das
houve a fusão das cinco empresas garrafas leva a reis babilô-
que formavam o Sistema Natura nicos, assírios, judaicos e
– Natura, Pró-Estética, Meridiana,
Yga e Éternelle. Hoje conhecida O nome de cada uma
por suas embalagens sofisticadas Piccolo (pequeno, em italiano) – 187 Matusalém – 6 litros (8 garrafas)
– ao contrário do seu início, quan- mililitros, equivalente a 1/4
de garrafa standard Salmanazar – 9 litros (12 garrafas)
do usava embalagens standard –,
Demi-bouteille (meia garrafa, em
a Natura é um império: é a maior francês) – 375 mililitros, ou 1/2 garrafa
Baltazar – 12 litros (16 garrafas)

empresa de capital nacional na Standard (padrão) – 750 mililitros Nabucodonosor - 15 litros (20 garrafas)
área de cosméticos, tem mais de Magnum (grande, em latim) – Melchior – 18 litros (24 garrafas)
700 mil consultoras e opera na 1,5 litro, ou 2 garrafas
Salomon – 20 litros (28 garrafas)
América Latina e na Europa. Jeroboam – 3 litros (4 garrafas)
Rehoboam - 4,5 litros (6 garrafas) Sovereign – 25 litros (33,3 garrafas)

Você sabia?
Na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, a economia global
enfrentou uma forte crise econômica, que levou ao racionamento de pro-
dutos em vários países. As embalagens também precisaram ser adaptadas,
devido à escassez de materiais. Para economizar papel, os rótulos foram
reduzidos. A austeridade da década de 40 afetou até a tinta de impressão:
No início, Natura usava
a quantidade de tinta nas embalagens de alguns produtos se reduziu de
embalagens standard modo que apenas o nome da marca e as instruções fossem coloridos.

74 EmbalagemMarca www.embalagemmarca.com.br/almanaque novembro 2008

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