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Ponto 1

Uso de ministros extraordinários da Comunhão


Eucarística (MECEs)
O sacerdote celebrante é quem deve distribuir a Comunhão.
Se o número de pessoas for muito grande, outros sacerdotes que
estejam presentes à Missa, sem a celebrar, podem ser convocados
para auxiliar na distribuição da Comunhão aos fiéis, ou os próprios
diáconos que estejam servindo à Missa. Os sacerdotes e os diáconos
são, pois, os ministros ordinários. Não os havendo, o celebrante
pode contar com ministros extraordinários, chamando os acólitos
que o estejam auxiliando – sejam instituídos para esse ministério,
sejam temporários (servos) para aquela Missa em especial. Não
havendo nem diácono, nem acólito instituído, nem servo, o padre
pode chamar os fiéis, sejam religiosos ou leigos, que estejam na
Missa. É recomendável, aliás, que esses fiéis já tenham recebido o
devido treinamento doutrinário e litúrgico, tendo sido instituídos
como ministros extraordinários da Comunhão Eucarística, pelo
Bispo local. Na falta desses fiéis já instituídos como ministros
extraordinários, outros podem ser chamados, e que, no momento
apropriado da Missa, receberão uma bênção prevista no Missal
Romano.

“Os fiéis, sejam eles religiosos ou leigos, que estão autorizados como
ministros extraordinários da Eucaristia podem distribuir a
Comunhão apenas quando não há sacerdotes, diáconos ou acólitos,
quando o sacerdote está impedido por motivo de doença ou idade
avançada, ou quando o número de fiéis indo receber a Comunhão é
tão grande que tornaria a celebração da Missa excessivamente
longa. Por conseguinte, uma atitude repreensível é aquela dos
sacerdotes que, embora presentes na celebração, recusam-se a
distribuir a Comunhão, deixando essa tarefa aos leigos.” (Sagrada

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Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Instrução Inestimabile Donum, 10)

Em sentido estrito, os ministros extraordinários da


Comunhão Eucarística (MECEs) são fiéis, quer leigos quer
religiosos, que, depois de devida instrução, são instituídos pelo
Bispo através de um mandato para auxiliar o sacerdote a distribuir a
Sagrada Comunhão, quando necessário, e nas condições impostas
pela lei litúrgica. Não devem estar no presbitério junto com o
sacerdote, pois não são concelebrantes nem têm a função de ajudar
como acólitos ou servos, subindo ao altar somente se for preciso e na
hora de distribuir a Comunhão, i.e., depois dos ministros
comungarem.

O termo, utilizado em seu sentido lato, aponta para todos os


que não podem, ordinariamente, distribuir a Eucaristia, mas o
fazem pelas necessidades, e observando as leis litúrgicas: acólitos,
servos, MECEs, demais fiéis leigos ou religiosos (ministros
ocasionais da Comunhão Eucarística).

“... nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao


desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que, pela natureza
da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete.” (Concílio
Ecumênico Vaticano II, Constituição Sacrosanctum Concilium, 28)

Os ministros extraordinários, como seu próprio nome já faz


entender, podem ser usados em situações muito especiais apenas. A
lei litúrgica que disciplina essas situações é bastante clara:

“Artigo 8

O ministro extraordinário da Sagrada Comunhão

Os fiéis não-ordenados, já há tempos, vêm colaborando com os


ministros sagrados, em diversos âmbitos da pastoral, para que o
2
dom inefável da Eucaristia seja cada vez mais profundamente
conhecido e para que se participe da sua eficácia salvífica com uma
intensidade cada vez maior.

Trata-se de um serviço litúrgico que responde a necessidades


objetivas dos fiéis, destinado sobretudo aos enfermos e às
assembléias litúrgicas nas quais são particularmente numerosos os
fiéis que desejam receber a sagrada comunhão.

§ 1. A disciplina canônica sobre o ministro extraordinário da


sagrada comunhão deve, porém, ser corretamente aplicada para não
gerar confusão. Ela estabelece que ministros ordinários da sagrada
comunhão são o Bispo, o presbítero e o diácono, enquanto é ministro
extraordinário o acólito instituído ou o fiel para tanto deputado
conforme a norma do cân. 230, § 3.

Um fiel não-ordenado, se o sugerirem motivos de real necessidade,


pode ser deputado pelo Bispo diocesano, com o apropriado rito
litúrgico de bênção, na qualidade de ministro extraordinário, para
distribuir a Sagrada comunhão também fora da celebração
eucarística, ad actum vel ad tempus, ou de maneira estável. Em
casos excepcionais e imprevistos, a autorização pode ser concedida
ad actum pelo sacerdote que preside a celebração eucarística.

§ 2. Para que o ministro extraordinário, durante a celebração


eucarística, possa distribuir a sagrada comunhão, é necessário ou
que não estejam presentes ministros ordinários ou que estes, embora
presentes, estejam realmente impedidos. Pode igualmente
desempenhar o mesmo encargo quando, por causa da participação
particularmente numerosa dos fiéis que desejam receber a Santa
Comunhão, a celebração eucarística prolongar-se-ia excessivamente
por causa da insuficiência de ministros ordinários.

Este encargo é supletivo e extraordinário e deve ser exercido


segundo a norma do direito. Para este fim é oportuno que o Bispo

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diocesano emane normas particulares que, em íntima harmonia com
a legislação universal da Igreja, regulamentem o exercício de tal Ponto 18
encargo. Deve-se prover, entre outras coisas, que o fiel deputado Outros aspectos
para esse encargo seja devidamente instruído sobre a doutrina
eucarística, sobre a índole do seu serviço, sobre as rubricas que deve Na prática
observar para a devida reverência a tão augusto Sacramento e sobre
a disciplina que regulamenta a admissão à comunhão. 1. Use-se mais largamente o incenso.
2. Obedeça-se integralmente ao disposto no Missal e nos
Para não gerar confusão, devem-se evitar e remover algumas
demais livros litúrgicos.
práticas que há algum tempo foram introduzidas em algumas
3. Adquiram o pároco e o reitor de igreja o saudável hábito
Igrejas particulares, como por exemplo:
de estudar os documentos da Santa Sé sobre liturgia, e
bons livros sobre o tema, notadamente em espanhol e
— o comungar pelas próprias mãos, como se fossem concelebrantes;
inglês. Evite-se Ione Buyst, por exemplo.
4. Funde-se um coro gregoriano, um coro polifônico e um
(...)
coro para peças sacras populares (em vernáculo e latim).
— o uso habitual de ministros extraordinários nas Santas Missas, 5. Institua-se uma escola de coroinhas, como celeiro de
estendendo arbitrariamente o conceito de ‘numerosa participação.’ vocações sacerdotais. Que eles usem batina vermelha e
sobrepeliz.
(...) 6. Crie-se respeito pelo templo, que deve refletir também nas
vestes dos fiéis durante as funções sacras.
São revogadas as leis particulares e os costumes vigentes, que sejam 7. Não se siga apenas o folheto litúrgico, dado que muitas
contrários a estas normas, como igualmente quaisquer eventuais vezes transmitem não poucos erros, quer doutrinários,
faculdades concedidas ad experimentum pela Santa Sé ou por quer relativos ao correto desenvolver das cerimônias do
qualquer outra autoridade a ela subalterna. culto.
8. Estude-se a possibilidade da celebração da Missa, também
O Sumo Pontífice, no dia 13 de Agosto de 1997, aprovou em forma na forma ordinária, na posição versus Deum.
específica a presente Instrução, ordenando a sua promulgação.”
(Cúria Romana, Instrução Acerca de Algumas Questões Sobre a
Colaboração dos Fiéis Leigos no Sagrado Ministério dos Sacerdotes)

Dessa forma, o sacerdote celebrante é quem deve distribuir a


Sagrada Comunhão. Necessitando de ajuda, em face de sua pouca
saúde ou do número excessivo de comungantes, quem o deve
auxiliar são outros sacerdotes presentes, ainda que não
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concelebrantes, e diáconos que estejam servindo à Missa. São esses
os ministros ordinários. Necessitando, além desses, de mais
ministros para a distribuição da Comunhão Eucarística, ou não
havendo ministros ordinários, chame o sacerdote celebrante
ministros extraordinários: acólitos; servos; fiéis leigos ou religiosos
instituídos pelo Bispo – MECEs (ministros extraordinários da
Comunhão Eucarística) –; ou fiéis leigos ou religiosos que, estando
presentes à Missa, se destaquem por sua piedade e conhecimentos
litúrgicos e doutrinários, recebendo estes a bênção própria –
ministros ocasionais da Comunhão Eucarística.

Se há muitas pessoas para comungar, mas esse é o normal da


comunidade, não há necessidade de ajuda dos MECEs. Não é
simplesmente o número extenso de comungantes que autoriza o uso
do MECE, mas a extraordinariedade dos mesmos.

“Somente por verdadeira necessidade se recorra ao auxilio de


ministros extraordinários, na celebração da Liturgia. Porque isto
não está previsto para assegurar uma plena participação aos leigos,
mas sim que, por sua natureza, ou suplementação e provisoriedade.”
(Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos
Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, 151)

“Se habitualmente há número suficiente de ministros sagrados


também para a distribuição da sagrada Comunhão, não se podem
designar ministros extraordinários da sagrada Comunhão. Em tais
circunstâncias, os que têm sido designados para este ministério, não
o exerçam. Reprove-se o costume daqueles sacerdotes que, a pesar de
estar presentes na celebração, abstém-se de distribuir a Comunhão,
delegando esta tarefa a leigos. O ministro extraordinário da sagrada
Comunhão poderá administrar a Comunhão somente na ausência do
sacerdote ou diácono, quando o sacerdote está impedido por
enfermidade, idade avançada, ou por outra verdadeira causa, ou
quando é tão grande o número dos fiéis que se reúnem à Comunhão,
que a celebração da Missa se prolongaria demasiado. (...) O Bispo
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diocesano examine de novo a praxe nesta matéria durante os pronunciar as fórmulas e orações no idioma latino, dado
últimos anos e, se for conveniente, corrija-a ou a determine com que as cerimônias são as mesmas.
maior clareza.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a 8. Organize-se um pequeno coro para que possa executar ao
Disciplina dos Sacramentos, Instrução Redemptionis Sacramentum, menos as peças mais simples do repertório gregoriano.
157-158, 160) 9. Mesmo nas Missas em vernáculo, insira-se,
eventualmente, uma ou outra oração em latim.
Devem os MECEs comungar das mãos do sacerdote, receber
as partículas dele, nem sequer abrir o tabernáculo ou dele retirar
Jesus Eucarístico. Sua função é distribuir a Eucaristia, e não auxiliar
o sacerdote no altar. Não participem, então, da Missa, junto com o
padre, e sim, com os fiéis, fora do presbitério. Esperem sua hora
após a comunhão do sacerdote. Não devem, outrossim, participar
da procissão de entrada.

Para auxiliar o padre, basta o diácono, o acólito ou outro


servo.

“Os vasos sagrados são purificados pelo Sacerdote ou pelo Diácono


ou pelo acólito instituído depois da Comunhão ou da Missa, na
medida do possível junto à credência. A purificação do cálice é feita
com água, ou com água e vinho, a serem consumidos por aquele que
purifica o cálice. A patena seja limpa normalmente com o
sanguinho. Cuide-se que o Sangue de Cristo que eventualmente
sobrar após a distribuição da Comunhão seja tomado logo
integralmente ao altar.” (Instrução Geral do Missal Romano, 279)

Exclui-se, vemos, a possibilidade, infelizmente disseminada,


de que os ministros extraordinários da Comunhão Eucarística
possam purificar os vasos usados na Missa.

“As leituras das passagens do Evangelho estão reservadas para o


ministro ordenado, nomeadamente o diácono ou o sacerdote.”
(Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos
Sacramentos. Instrução Inestimabile Donum, 2)

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O Evangelho, como toda a Escritura, contém a Palavra de
Na prática Deus, o Verbo de Deus, o próprio Cristo, Deus feito homem. Mais
ainda do que outros trechos da Bíblia, o Evangelho é a narração das
1. O pároco e o reitor de igreja celebrem, ao menos palavras e dos feitos de Jesus, Nosso Senhor. Eis a razão de que
semanalmente, a Missa em latim segundo a forma quem o proclame deva ser um ministro a Ele unido
ordinária (rito romano moderno, de 1970, de Paulo VI e sacramentalmente pela Ordem: é Cristo quem proclama o
João Paulo II, pós-conciliar). Evangelho através do padre ou do diácono; é Cristo quem proclama
2. O pároco e o reitor de igreja celebrem, se houver procura Sua própria vida e Suas próprias palavras, mediante os ministros
dos fiéis, ao menos quinzenalmente, a Missa em latim ordenados. Essa é uma das razões pelas quais só o sacerdote ou,
segundo a forma extraordinária (rito romano tradicional, melhor ainda, se houver, o diácono – pela tradição litúrgica presente
tridentino, de 1962, de São Pio V e Beato João XXIII, pré- em todos os ritos nos quais a Missa é celebrada –, é que podem
conciliar). proclamar o Evangelho. A outra é a própria norma, à qual somos
3. Que, em certas solenidades e em alguns Domingos, obrigados, pelo direito, a aceitar. Nunca, durante a Missa, um fiel,
algumas dessas Missas em latim, quer na forma ordinária, leigo ou religioso, ainda que seja ministro extraordinário da
quer na extraordinária, sejam cantadas, para maior enlevo Eucaristia ou acólito instituído, deve proclamar o Evangelho!
espiritual dos fiéis. Tampouco, pode ser proclamado o Evangelho de forma dialogada,
4. Instruam-se os fiéis a respeito da importância do latim e com papéis a desempenhar, exceto quando se tratar da Paixão do
de que, mesmo sem entender o pleno significado das Senhor – no Domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa.
palavras, estamos diante do Santo Sacrifício da Cruz
tornado realmente presente. Insista-se no aspecto da Na prática
universalidade que o latim indica e na sacralidade do uso
desse idioma, além da conveniência de utilizar uma 1. Institua-se acólitos (sempre varões), de preferência entre
língua morta, cujos vocábulos permanecem com os os MECEs. Que eles vistam batina e sobrepeliz e ajudem
significados unívocos, evitando qualquer mal-entendido nas Missas, ao presbitério, em todas as funções antes
doutrinário. desenvolvidas pelos MECEs.
5. Providenciem-se missais para os fiéis em latim ou 2. Promova-se a vocação ao diaconato permanente entre os
bilíngües, tanto da forma ordinária quanto da MECEs homens, e se os ordene.
extraordinária. 3. Além dos MECEs que se transformarem em acólitos e
6. Adquiram-se os missais de altar em latim, na forma diáconos, diminua-se pela metade o número dos que
ordinária e na forma extraordinária. sobrarem. Havendo sério risco de ferir a sensibilidade de
7. O pároco e o reitor que não souberem celebrar a forma alguns, pode-se lhes dar outros encargos, como catequista,
extraordinária busquem instrução no local adequado. Já a dirigente de grupos e pastorais, sacristão etc.
Missa na forma ordinária, quando celebrada em latim, não 4. Os MECEs que restarem não mais façam o ofício próprio
se difere da que temos hoje em nossas igrejas: basta dos acólitos. Permaneçam, durante a Missa, em seus

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bancos, na nave da igreja, e só auxiliem na distribuição da
Eucaristia se houver real necessidade. Ponto 17
5. Proíbam-se os MECEs de purificar os vasos e proclamar o Latim na liturgia
Evangelho na Missa.
6. Que sejam dadas outras funções aos MECEs que restarem:
A língua oficial para a celebração da Santa Missa e de todos
visitas a hospitais, levar a Eucaristia aos doentes quando o
os atos litúrgicos, no rito romano, em ambas as formas, tradicional
sacerdote ou o diácono não puder etc, celebrar a Palavra
(tridentina) e moderna (renovada), é o latim. O Concílio Vaticano II,
na falta de ministro ordenado e distribuir a Comunhão
ao contrário do que muitos pensam, não aboliu o uso do idioma
nesses locais. Na Missa, o primeiro seja o padre ou o
latino, antes o incentivou.
diácono; havendo necessidade, o acólito. Só então, chame-
se o MECE (que estará no banco, não no presbitério).
“Salvo o direito particular, seja conservado o uso da Língua Latina
Tenhamos atenção que esses casos de MECEs ajudando a
nos Ritos latinos.” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição
distribuir a Comunhão na Missa serão raríssimos, senão
Sacrosanctum Concilium, 36, § 1)
mesmo inexistentes na maioria das paróquias. Se o
número de comungantes for, ordinariamente, grande, não
Há, isso sim, uma permissão para que a Missa seja oferecida
é preciso chamar acólito, que dirá MECE.
em vernáculo, i.e., nas línguas nacionais dos vários países. Pode-se,
além disso, dizer determinadas partes da Missa em latim e outras
em vernáculo.

Portanto, a regra é que a Santa Missa, em rito romano, deva


ser celebrada em latim, permitindo-se que seja oferecida em
vernáculo. Para tal, as conferências episcopais devem traduzir os
textos litúrgicos do latim ao idioma pátrio e submeter essas versões
para aprovação da Santa Sé Romana. Interessante é celebrar
ocasionalmente a Missa em latim. Falamos da Missa no rito novo
mesmo, do rito romano moderno, reformado por Paulo VI e João
Paulo II, a chamada “forma ordinária”.

Também a Missa no rito chamado tridentino, o rito romano


tradicional ou clássico, anterior ao Vaticano II, dito “forma
extraordinária”, para cuja celebração o Papa Bento XVI deu indulto
mediante o Motu Proprio Summorum Pontificum, poderia ser
oferecida, se conveniente e houver procura. Mas a Missa no rito
novo em latim já é um grande bem.
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Ponto 2
Visão teológica da Missa e conseqüências práticas

Sobre a Missa, a lei da Igreja é clara em defini-la:

“Cân. 897 – Augustíssimo sacramento é a santíssima Eucaristia, na


qual se contém, se oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela
qual continuamente vive e cresce a Igreja. O sacrifício eucarístico,
memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que se perpetua
pelos séculos o Sacrifício da cruz, é o ápice e a fonte de todo o culto e
da vida cristã, por ele é significada e se realiza a unidade do povo de
Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo. Os outros
sacramentos e todas obras de apostolado da Igreja se relacionam
intimamente com a santíssima Eucaristia e a ela se ordenam.”
(Código de Direito Canônico)

Por ter o homem pecado em Adão e Eva, a consciência do


erro que o afastou de Deus foi passada de geração a geração por
toda a humanidade. O homem sabe que, no fundo, está afastado da
divindade e que precisa fazer algo para suprir a lacuna entre eles. A
própria Lei Natural, inscrita no coração de todas as pessoas, e que
não foi afetada pelo pecado original praticado por nossos primeiros
pais, afirma a necessidade de ser construída uma ponte entre Deus e
o homem. É preciso, sabe o homem, um meio de unir o divino ao
humano, de recuperar a amizade entre os dois!

Nesse sentido, procurou o homem oferecer sacrifícios que o


unisse novamente a Deus. Muitas vezes, cego pelo pecado que lhe
confundiu a razão, ofereceu sacrifícios totalmente contrários à
vontade do Criador, como holocaustos humanos. Entretanto, não
podemos deixar de ver nessa atitude ilícita e totalmente imoral um
desejo humano de reconciliar-se com Deus ou, ao menos, aplacar a
(justa) ira divina em virtude de seus pecados.
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Para preparar a vinda de Cristo, o Pai formou, em Ponto 16
determinado momento da História, um povo, e o elegeu. Esse povo, Material dos vasos sagrados
Israel, foi iniciado em Abraão, e consolidou-se nos patriarcas, Isaac e
Jacó, com seus filhos, fundadores das doze tribos da nova nação,
“Os vasos sagrados sejam feitos de metal nobre. Se forem de metal
libertada, anos mais tarde, do jugo dos senhores egípcios que a
oxidável ou menos nobre do que o ouro, sejam normalmente
escravizavam. Moisés, o líder dessa libertação, prefigurava o
dourados por dentro.” (Instrução Geral do Missal Romano, 328)
próprio Jesus, preparando-O!
Está excluída, portanto, a utilização de vasos comuns, que
Já na primeira fase de Israel enquanto nação ofereciam-se
possam ser facilmente confundidos com os de uso profano. Vidro e
sacrifícios pelos pecados, procurando agradar a Deus. Ele mesmo os
cristal estão proibidos. Nem a norma abaixo, que permite a
exigia, já ensinando o povo que a ponte precisava ser reconstruída, e
confecção de vasos de outros materiais, pode ser invocada, pelos
o pecado desfeito!
motivos que exporemos a seguir.
Mais tarde, com Moisés, um rito foi instituído pelo próprio “A juízo da Conferência dos Bispos, com aprovação da Sé
Deus, de forma a incutir ainda mais na mente dos israelitas toda a Apostólica, os vasos sagrados podem ser feitos também de outros
pedagogia do sacrifício, e os preparando para o sacrifício definitivo materiais sólidos e considerados nobres em cada região; por exemplo,
oferecido por Cristo, séculos depois. O cordeiro sacrificado no rito o ébano e outras madeiras mais duras, contanto que convenham ao
mosaico simbolizava, antecipadamente, Jesus Cristo, o Cordeiro de uso sagrado. Neste caso, prefiram-se sempre materiais que não se
Deus que tira o pecado do mundo. O ritual da primeira ceia mosaica quebrem nem se alterem facilmente. Isso vale para todos os vasos
(cf. Ex 12,1-8.11-14) já se mostra um grandioso símbolo da Paixão do destinados a receber as hóstias, como patena, cibório, teça,
Salvador. Sacrifica-se um cordeiro macho e sem defeito, no lugar ostensório e outros do gênero.” (Instrução Geral do Missal Romano,
dos pecados do povo de Israel; Cristo, mais tarde, será identificado 329)
por São João Batista como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1,29), o Agnus Dei,
e morrerá, também sem “defeito” (ou seja, sem pecado, puro, santo, Vidro, cerâmica e cristal se quebram... E mais: não são
agradável ao Pai) pelas faltas do Novo Israel, a Igreja de Deus, santa considerados nobres como o ouro no Ocidente.
e católica. O sangue do cordeiro untado nas casas os assinalaria
perante o anjo da morte como os escolhidos para a vida; o Sangue Na prática
de Nosso Senhor e Salvador, derramado na Cruz e aspergido em
nós pela fé e pelos sacramentos, nos assinala como os eleitos para a 1. Observe-se a norma quanto ao material dos vasos
vida eterna. A Páscoa judaica foi dada como instituição perpétua; litúrgicos.
essa perpetuidade foi dada por excelência quando Cristo morreu e 2. O pároco e o reitor, bem como o sacristão, vigiem, nesse
instituiu a Eucaristia como Nova Páscoa, sinal vivo e presente de sentido, para o correto cumprimento da lei canônica
vigente.
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Sua Morte e Ressurreição, como um holocausto permanente,
conforme já previra o profeta Daniel (cf. Dn 8,11;9,27).

Quando Cristo veio ao mundo, antes de oferecer-Se em


sacrifício na Sexta-feira Santa, celebrou uma ceia com Seus
Apóstolos, na noite anterior. Essa ceia foi uma antecipação mística e
real do sacrifício oferecido no dia seguinte.

Na Última Ceia, Jesus antecipou Seu sacrifício, instituindo-o


como perpétuo através do oferecimento de Seu Corpo e Seu Sangue.
O mesmo Corpo morto na Cruz e o mesmo Sangue derramado
foram distribuídos aos Seus Apóstolos, numa verdadeira
antecipação do sacrifício.

Além de antecipar o sacrifício, vimos, Jesus Cristo tornou-o


perpétuo, quando mandou: “fazei isto em memória de mim.” (Lc 22,19)

Assim, os Apóstolos e seus sucessores devem obedecer ao


mandamento de Jesus e fazer o que Ele ordenou: realizar o
sacrifício! Se o sacrifício pôde ser antecipado, pode também, por ter-
se tornado perpétuo, ser oferecido continuamente. Não se trata de
um novo sacrifício, eis que o de Cristo foi definitivo e suficiente,
mas do mesmo novamente tornado presente pelos Apóstolos, seus
sucessores e os colaboradores destes.

O sacrifício de Jesus Cristo foi oferecido na Cruz, e é tornado


novamente presente em cada Missa celebrada. Missa, portanto, é um
dos nomes que nós damos ao sacrifício da Cruz tornado novamente
presente diante de nós.

A Santa Missa é o mesmo, único e suficiente sacrifício de


Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido de uma vez por todas, ao Pai,
na Cruz do Calvário, pelo perdão de nossos pecados, tornado real e

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novamente presente, ainda que de outro modo, incruento, no altar
da igreja pelas mãos do sacerdote validamente ordenado. Ponto 15
Apresentações artísticas e Santa Missa
Mesmo, único e suficiente: a Missa não é um novo sacrifício
para saldar nossa dívida para com Deus. Oferecido de uma vez por
Mesmo que, em algumas ocasiões especiais, tenha
todas, ao Pai, na Cruz do Calvário: a Missa é o mesmo sacrifício da
presenciado apresentações artísticas durante a Santa Missa, como
Cruz, não um outro. Pelo perdão de nossos pecados: como a Cruz
uma peça de teatro encenada no Natal, isso não está correto. A
foi a causa de nosso perdão, merecendo-nos a graça de Deus, assim
Missa é um ato real em que Cristo Se oferece por nós em sacrifício
também é a Missa. Tornado real e novamente presente: a mesma
ao Pai. É a Cruz tornada presente. Por isso, não há lugar para
Cruz é tornada presente diante de nós, pois para Deus não há limite
eventos que não apontem para essa realidade: uma encenação, por
de espaço ou tempo. Ainda que de outro modo, incruento: na Cruz,
exemplo, passaria a idéia de tudo é mero símbolo, quando, na
Cristo derramou Seu Preciosíssimo Sangue; na Santa Missa, a Cruz é
verdade, os símbolos da Missa indicam e refletem algo vivo, o
tornada novamente presente, mas de outro modo, sem
sacrifício de Cristo.
derramamento de Sangue – não é, repetimos, uma nova morte de
Cristo, mas a mesma e única, porém de modo incruento. No altar da
As regras litúrgicas, por essa razão, não permitem que a
igreja: todo sacrifício precisa de um altar; a Cruz foi o altar onde
Santa Missa seja interrompida. Se um coral deseja se apresentar, ou
Cristo ofereceu o sacrifício de Seu Corpo Santíssimo; na Missa não
um grupo de atores quer representar o Evangelho, faça-se fora da
há uma Cruz física onde Cristo deva morrer, mas um altar onde é
Missa, antes ou depois dela. E, para que se utilize o recinto da igreja,
celebrado o sacrifício e os dons são oferecidos. Pelas mãos do
cuide-se que o presbitério não seja usado como palco, respeitando o
sacerdote: num sacrifício, além do altar, é preciso uma vítima e um
santuário, e também seja o pároco ou reitor extremamente zeloso de
sacerdote, i.e., um sacrificador; quando o altar foi a Cruz, Jesus
que não se faça algazarra no recinto sagrado.
Cristo foi a Vítima, mas também o Sacerdote, pois ninguém O
matou, antes Ele mesmo Se entregou à morte por nós; na Santa
Na prática
Missa, se o altar é o da igreja, e a vítima é Cristo, eis que o sacrifício
é o mesmo, também há identidade quanto ao sacerdote, o
1. Se essa prática de ter apresentações artísticas existir na
sacrificador. Validamente ordenado: Jesus mandou que os
igreja, mesmo que a pretexto de louvor ou de “atividade
Apóstolos realizassem o sacrifício feito na Cruz e antecipado na
litúrgica”, deve ela cessar, por estranha ao rito romano e à
última Ceia, e eles passaram o mandato a seus sucessores e aos
adequada concepção de liturgia, bem como por ferir a
colaboradores destes; os sucessores dos Apóstolos são os Bispos, e
disciplina vigente.
os colaboradores os padres, unidos a Cristo pelo sacramento da
Ordem.

“Este aspecto de caridade universal do sacramento eucarístico está


fundado nas próprias palavras do Salvador. Ao instituí-lo, não Se

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populum nessas partes e versus Deum na Liturgia limitou a dizer 'isto é o meu corpo', 'isto é o meu sangue', mas
Eucarística. acrescenta: 'entregue por vós (...) derramado por vós' (Lc 22, 19-
6. O altar seja limpo de coisas inúteis. Nele fique apenas a 20). Não se limitou a afirmar que o que lhes dava a comer e a beber
cruz e as velas, que podem, entretanto, estar em outras era o seu corpo e o seu sangue, mas exprimiu também o seu valor
partes do presbitério. sacrifical, tornando sacramentalmente presente o seu sacrifício, que
7. Use-se a regra clássica para as velas: algumas horas depois realizaria na cruz pela salvação de todos. 'A
a) Missa sem diácono rezada: No mínimo, duas. Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrifical
Possível de quatro a seis. Recomendado, seis, se for em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da
Domingo ou dia de preceito. comunhão do corpo e sangue do Senhor'.
b) Missa sem diácono cantada: No mínimo, duas.
Recomendado de quatro a seis, em dias normais. A Igreja vive continuamente do sacrifício redentor, e tem acesso a
Recomendado, seis, se for Domingo ou dia de ele não só através duma lembrança cheia de fé, mas também com um
preceito. contacto atual, porque este sacrifício volta a estar presente,
c) Missa com diácono rezada: No mínimo, duas. perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o
Recomendado de quatro a seis, em dias normais. oferece pela mão do ministro consagrado. Deste modo, a Eucaristia
Recomendado, seis, se for Domingo ou dia de aplica aos homens de hoje a reconciliação obtida de uma vez para
preceito. sempre por Cristo para humanidade de todos os tempos. Com efeito,
d) Missa com diácono cantada: No mínimo, duas. 'o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único
Possível quatro. Recomendado seis. sacrifício'. Já o afirmava em palavras expressivas S. João
Crisóstomo: 'Nós oferecemos sempre o mesmo Cordeiro, e não um
e) Missa celebrada pelo Bispo, pontifical ou não: Sete.
hoje e amanhã outro, mas sempre o mesmo. Por este motivo, o
8.
sacrifício é sempre um só. [...] Também agora estamos a oferecer a
mesma vítima que então foi oferecida e que jamais se exaurirá'.

A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o


multiplica. O que se repete é a celebração memorial, a 'exposição
memorial' (memorialis demonstratio), de modo que o único e
definitivo sacrifício redentor de Cristo se atualiza incessantemente
no tempo. Portanto, a natureza sacrifical do mistério eucarístico não
pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com
uma referência apenas indireta ao sacrifício do Calvário.” (Sua
Santidade, o Papa João Paulo II. Encíclica Ecclesia de Eucharistia,
12)

52 13
“O augusto sacrifício do altar não é, pois, uma pura e simples
comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um Ponto 14
verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se Presbitério
incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre
a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima. 'Uma... e
idêntica é a vítima: aquele mesmo, que agora oferece pelo ministério No presbitério, lugar sagrado por excelência, evitem os fiéis o
dos sacerdotes, se ofereceu então sobre a cruz; é diferente apenas, o trânsito regular. Se necessário passar por ele façam a devida
modo de fazer a oferta.'” (Sua Santidade, o Papa Pio XII. Encíclica reverência ao altar, e, se houver tabernáculo, genuflexão, sempre!
Mediator Dei, 61)
Durante a Santa Missa, ficam no presbitério somente o
O sacerdote que celebra o Santo Sacrifício da Missa deve sacerdote, o diácono e os acólitos. Os ministros extraordinários da
participar como sacrificador. E nessa função ministerial, a mais Comunhão Eucarística só se aproximem do presbitério quando
sagrada e a mais excelsa que possa existir, o sacerdote deve ter necessário – nas ocasiões permitidas e raríssimas, conforme já
consciência de que faz as vezes de Jesus Cristo, Nosso Senhor; dissemos –, e somente depois de o sacerdote ter comungado, se ele
melhor, o próprio Salvador age através do padre. Portanto, deve o os chamar. Fiquem, portanto na nave da igreja, junto com os demais
celebrante estar revestido das disposições próprias do Coração de fiéis. Os leitores e comentaristas também fiquem na nave, e só se
Cristo, e unir-se a Ele mediante uma sincera devoção e uma piedade aproximem do presbitério no momento de executar suas funções.
verdadeira e desinteressada. Deve desejar, de toda a sua alma,
emprestar seus gestos e sua fala a Jesus para que assim, agindo in Na prática
Persona Christi, melhor celebre tão santos mistérios. É nesse sentido
que há uma oração no Ordinário na Missa em rito romano que o 1. O pároco e o reitor de igreja exortem os fiéis acerca do
sacerdote reza durante o Ofertório, silenciosamente, e que resume respeito pelo presbitério.
bem essa intenção do celebrante de estar arrependido de seus 2. Dêem-se normas concretas acerca da utilização do espaço
pecados e de oferecer um sacrifício agradável a Deus: “De coração sagrado.
contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vós; e seja o nosso 3. Insista-se na genuflexão ao Santíssimo, que não pode ser
sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus.” mudada por uma mera inclinação.
(Missal Romano; Ordinário da Missa; Preparação das Oferendas) 4. Que não fiquem os MECEs no presbitério durante a Missa.
Para auxiliar o pároco e ficar no presbitério, existem
O fiel, por sua vez, participa da Santa Missa assistindo-a com acólitos e o cerimoniário.
toda a vontade de unir-se aos sentimentos de Cristo. Se não pode, 5. Celebre o sacerdote, mais generosamente, versus Deum. Se
como o padre, ser o próprio Jesus oferecendo-Se na Cruz, deve, celebrar versus populum, que o faça sem olhar para o povo,
então, assistir o maravilhoso espetáculo do sacrifício de um Deus- e sim para o Missal, a Eucaristia e a cruz, exceto, claro, nas
homem que morre por nossos pecados com a disposição de alma de partes em que com os fiéis dialoga. Se celebra versus
quem aspira imitar aqueles santos que estiveram aos pés do populum, faça-o da cadeira nos Ritos Iniciais, na Liturgia
Calvário. A Cruz torna-se presente na Missa, e porquanto naquela da Palavra e nos Ritos Finais, podendo, mesclar versus
14 51
estavam presentes a Santíssima Virgem e o discípulo amado, São
João, o Apóstolo e Evangelista, quando estamos assistindo o Santo
Sacrifício devemos ter as mesmas atitudes de ambos. Certamente,
não estavam Nossa Senhora nem São João batendo palmas: sua
alegria pela salvação que se operava era interna, e se misturava com
uma viva dor pelos pecados da humanidade, cometidos de tal forma
que fizeram Deus sofrer e derramar Seu Sangue por nós. Imitando
os sentimentos e atitudes de São João e da Virgem Maria aos pés da
Cruz, estamos participando da Missa de um modo santo e salutar.

Praticamente, isso consiste em ficar atento em cada detalhe,


acompanhar as orações do sacerdote com o coração ao menos – pois
que nem sempre, pela diferente cultura teológica de cada um do
povo, podemos entender perfeitamente as precisões litúrgicas –, e
cumprir os ritos prescritos pela sabedoria multissecular da Santa
Igreja. Mais do que tudo deve o fiel oferecer durante a Missa todo o
seu ser para que, unido a Cristo, seja também ofertado ao Pai na
hora do sacrifício.

São Leonardo de Porto Maurício, ardoroso apóstolo da Santa


Missa, nos dá seu ensino, ainda bastante atual:

“Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa:
consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos
comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de
Deus, em companhia dos santos anjos. Vede, por conseguinte, que
modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para
receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles que
honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.” (São
Leonardo de Porto Maurício. Tesouro Oculto)

O sacerdote, antes de celebrar a Santa Missa, deve dizer


algumas orações, como as previstas pela liturgia da Igreja. Elas
ajudam-no a melhor se preparar para oferecer tão augusto sacrifício

50 15
a Deus, Nosso Senhor. Entre elas, contam-se aquela na qual o Na prática
celebrante pede a graça de bem celebrar e dispõe-se a oferecer a
Missa segundo o rito e a intenção da Santa Igreja. Outras, ajudam-no 1. O celebrante, se não usa, passe a usar a casula em todas as
a dispor sua alma para penetrar no tremendo mistério da Santa Missas. Adquira-se tal paramento nas lojas especializadas.
Missa. 2. Respeite-se a cor litúrgica.
3. Nas demais cerimônias, usem-se sempre os paramentos
O fiel participante da Missa é convidado a também rezar requeridos. Na Exposição do Santíssimo, se for solene, não
algumas orações, antes de começar a celebração, preparando sua basta o véu umeral, devendo o ministro portar a capa
alma para receber os efeitos do sacrifício e do sacramento. pluvial.
4. O sacerdote, ao assistir Missa em um lugar de destaque,
“Cân. 898 – Os fiéis tenham na máxima honra a santíssima esteja com sua veste coral adequada.
Eucaristia, participando ativamento do augustíssimo Sacrifício, 5. Procure-se ter sempre os paramentos de todas as cores,
recebendo devotíssima e freqüentemente esse sacramento e estolas, casulas, dalmáticas, cíngulos, pluviais, para que
prestando-lhe culto com suprema adoração (...).” (Código de Direito não falte o necessário a uma celebração. Sejam de tecidos
Canônico) nobres e dignos para a liturgia. Eventualmente, não só de
formato gótico, como também romano, para certas
Na prática festividades ou para diferenciar o celebrante principal dos
demais em uma concelebração.
1. Institua-se, na paróquia, uma Escola de Liturgia, na qual 6. Tenha-se sempre mais de uma casula de cada cor para as
se estudarão os documentos da Igreja sobre o assunto, não concelebrações.
a opinião de teólogos modernistas e liturgistas que não se 7. Os acólitos vistam batina e sobrepeliz, ou alva com
preocupam com a tradição da Igreja. cíngulo. O cerimoniário, como chefe dos acólitos, vista
2. Promovam-se “Semanas da Liturgia”, com palestras de batina e sobrepeliz sempre: sua batina será preta, mas se
pessoas preparadas, e afinadas com o Magistério e a os demais acólitos vestirem batina preta, este poderá ter
Tradição, com respeito pelas normas. uma batina violeta.
3. Nas aulas de catequese, e em todos os grupos, insista-se 8. Os coroinhas usem batina vermelha com sobrepeliz, e
no caráter sacrifical da Santa Missa. Assista-se, em grupo, jamais alva.
ao filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, fazendo a
ligação entre a Cruz e a Missa.

16 49
vez, vi um padre capuchinho celebrar da mesma forma, com a
agravante de estar, inclusive, sem a casula: e ainda justificou o uso Ponto 3
do hábito pelo fato de ser frade! Ora, nada mais errôneo! Seu hábito Entrada, Sinal-da-Cruz e Saudação
é para o uso cotidiano; na Missa, deve, por cima do hábito – ou, no
calor, no lugar dele –, vestir a alva, e só depois a estola e a casula.
O sacerdote e os ministros – concelebrantes, diáconos,
acólitos, cerimoniários – se dirigem ao presbitério, diretamente da
Nem mesmo os sacerdotes de ordens e congregações que
sacristia ou em procissão do fundo da igreja. Durante esse tempo, é
tenham hábito branco, ou diocesanos que tenham sua batina nessa
cantado um canto de entrada, ou a Antífona da Entrada, que, aliás,
cor, podem presumir que sua veste – em vista de ser a mesma cor da
pode ser simplesmente dita.
alva – substitua a alva. Não há privilégio algum vigente, nem
poderia haver!
Chegando ao presbitério, o celebrante e seus auxiliares
genufletem, se houver tabernáculo, ou fazem vênia ao altar, se não
“Está reprovado o uso de celebrar, ou até concelebrar, só com a
houver ou se aquele estiver deslocado para uma capela lateral. Após
estola em cima da cógula monástica (nota do autor: i.e., hábito
a genuflexão ou a vênia, conforme o caso, deve o celebrante beijar o
religioso), em cima da batina ou do traje civil.” (Sagrada
altar.
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Instrução Liturgicae Instaurationes, 8 c)
Na falta de canto de entrada, o sacerdote canta ou diz a
Como devem estar trajados os clérigos que, assistindo a Santa Antífona da Entrada após a Saudação. Nas Missas sem povo, a
Missa, não a estejam celebrando? Se estiverem assistindo a Missa Antífona da Entrada é dita após o Ato Penitencial e antes do Kyrie.
sem serem oficialmente convidados, da mesma maneira que simples Do contrário, segue diretamente para esta, após uma breve monição
fiéis, basta que estejam com seu traje comum: batina, hábito do introdutória à Missa do dia.
instituto religioso, camisa com colarinho romano – clergyman. Do
contrário, se lhes for concedido um lugar de destaque, por alguma Está proibido o uso de elementos, na procissão de entrada,
razão especial qualquer, por cima da batina devem usar sobrepeliz que não apontem para a essência do ato sagrado, i.e., para o caráter
e, se quiserem, também barrete. Sendo Bispos, devem estar com o sacrifical da Santa Missa, e que, por isso mesmo, não estão descritos
traje talar apropriado por cima da sobrepeliz. Os cardeais têm a nas rubricas. Dessa forma, os acólitos e demais ministros podem
batina e o traje talar vermelhos, como os Bispos e Monsenhores os carregar, na entrada, o Missal ou o Evangeliário, o turíbulo com o
têm de tom violáceo – ou batina preta com traje talar violáceo. incenso, e a cruz processional. Outros símbolos, como cartazes
explicativos, por exemplo, mesmo que tenham significado religioso,
Os clérigos que, estando presentes, desempenharem alguma não podem ser usados: primeiro por não estarem previstos nas
função litúrgica, sem celebrarem, como no caso de ordenações ou de normas litúrgicas; segundo por não apontarem para o caráter
auxílio na distribuição da Sagrada Comunhão, devem, por cima da sacrifical da Missa. Já vi em uma procissão de entrada, ministros
sobrepeliz, trajar a estola com a cor respectiva. levando pombas na Missa de Pentecostes, e ramos de árvores em
uma na qual o Evangelho do dia falava da videira que é Cristo. Ora,
48 17
tais são exemplos do que é totalmente inadmissível na celebração do durante a bênção, se ela for solene, i.e., com a Hóstia consagrada no
Santo Sacrifício da Missa. ostensório, deve usar o pluvial, e se for simples, com a Hóstia
consagrada no cibório, seu uso é optativo; em qualquer das bênçãos,
A Saudação é dirigida pelo sacerdote. O sinal-da-cruz é feito solene ou simples, deve ser usado o véu umeral por cima das outras
por todos os fiéis, mas sua fórmula é dita somente pelo padre! Ele é vestes. Em algumas igrejas, os sacerdotes utilizam apenas o umeral,
quem oferece o sacrifício e preside os atos dos fiéis; só ele é essencial esquecendo o pluvial – capa magna –, ou o contrário. Isso está
para que haja Missa válida, ainda que seja preciso ao menos um errado!
assistente para que ela seja lícita, exceto por alguma razão que
justifique essa ausência. Só o padre diz a fórmula do sinal-da-cruz Pode a estola ser colocada por cima da casula? Não! A estola
porque é ele quem está se apresentando diante do santuário sagrado deve ser corretamente colocada sobre a alva e sob a casula, pois esta,
de Deus, Nosso Senhor. Não se pode substituir a fórmula própria e como símbolo da caridade de Cristo – além de o ser da Cruz –, deve
tradicional por outra, ainda que pouca diferença ou com meros cobrir o sacerdote, como Seu amor nos reveste totalmente. Além
acréscimos àquela. Não se inventem “musiquetas” com a letra do disso, as rubricas dispõem que seja assim.
sinal-da-cruz para uso na Missa! Os fiéis, à fórmula do sinal-da-
cruz, respondem “Amém”, expressando sua adesão à intenção do É possível que o celebrante ofereça a Santa Missa trajando a
celebrante. estola somente por cima da batina ou do hábito religioso, sem usar
alva? Outro costume que está tristemente generalizado. A batina é a
Após, o sacerdote dirige a Saudação propriamente dita, veste cotidiana do sacerdote diocesano e de certas ordens e
segundo uma das fórmulas previstas no Missal Romano, a qual é congregações religiosas – jesuítas, legionários de Cristo etc. O
respondida apropriadamente pelos fiéis, segundo as mesmas hábito, por sua vez, é o equivalente da batina para os religiosos –
disposições das rubricas. sacerdotes ou não – da maioria das ordens e congregações. Assim,
há o hábito dos beneditinos, o dos dominicanos, o dos cistercienses,
A Santa Missa é um sacrifício de Deus Filho a Deus Pai, na o dos redentoristas, o dos franciscanos, o dos capuchinhos, o dos
unidade de Deus Espírito Santo. Ainda que a humanidade, carmelitas, o dos carmelitas descalços, o dos servitas, o dos
representada pelo povo que está na igreja, seja a beneficiária do agostinianos, o dos trapistas, e assim por diante. A função do hábito
sacrifício, Deus é o destinatário. É a Ele que a Missa é dirigida, e não ou da batina é servir de vestimenta diária, e não de paramento
aos fiéis, não à assembléia. Não está o sacerdote na Missa para propriamente litúrgico: não é para o uso nas cerimônias da Igreja, e
dirigir um espetáculo ao povo. Tampouco é a Missa uma palestra do sim para o trajar do dia-a-dia, podendo, aliás, ser substituído por
padre à assembléia em oração, ou uma exposição sua acerca do camisa clerical com colarinho romano, estilo clergymen.
mistério da Cruz: ela é o próprio mistério da Cruz tornado
novamente presente! Em vista disso, se um sacerdote celebrar a Missa com a batina
ou hábito como se fossem substitutos da alva, estará equivocado. Já
Dessa maneira, não é conveniente que o sacerdote vi um sacerdote carmelita celebrar a Santa Missa sem alva, usando a
cumprimente os fiéis, no início da Missa, como se fosse um mestre- estola e a casula diretamente sobre o hábito de sua ordem. Outra

18 47
de-cerimônias, ou como se a eles fosse a celebração dirigida. O
Entretanto, quando a Missa for celebrada fora do recinto padre está na Missa para oferecer um sacrifício ao Pai: é um diálogo
sagrado, i.e., em local que não seja uma igreja ou oratório, há um do sacerdote com Deus, e não do primeiro com o povo. Aliás, as
indulto em alguns países – no Brasil, inclusive, por determinação da intervenções dialogadas entre o padre e os fiéis são uma motivação
CNBB, decidida em sua 11a Assembléia Geral, e aprovada pela Santa a estes para que, junto com o sacerdote, apresentem-se unidos a
Sé em 31 de maio de 1971 –, para que se possa utilizar uma veste Cristo no sacrifício oferecido ao Pai. Os pólos da Missa não são o
que seja um misto de alva e casula: a túnica. Ao invés de alva, amito, padre, de um lado, e o povo de outro, e sim esses dois – padre e
estola, cíngulo e casula, pode ser usada, nesses casos, túnica e estola. povo – de um, e Deus de outro. É Deus quem deve ser
Mesmo assim, é uma opção que deve ser evitada na maioria dos “cumprimentado”.
casos, servindo apenas para quando houver dificuldade de
conseguir as vestes apropriadas, quer pela distância do local, quer A única saudação é a própria do início da Missa, que serve
por outros fatores pastorais. como uma bênção de Deus, através do sacerdote, para os fiéis que a
Ele vieram oferecer Seu Filho. O uso de outra saudação, como “bom
Outrossim, quando a Missa for concelebrada por mais de um dia”, “boa tarde”, além de sua falta de senso em face do destinatário
sacerdote, a obrigação de usar a casula é só do celebrante principal, da adoração prestada na Missa, faz com que a saudação litúrgica
ou presidente. Os demais celebrantes não necessitam utilizar a fique sem sentido.
casula, embora seja vivamente recomendável que o façam, se
possível até com um feitio de casula diferente para o presidente da Na prática
Santa Missa (uma sugestão é que o sacerdote principal utilize
paramentos romanos e os demais góticos, ou o contrário). 1. Não dê o sacerdote nem o comentarista um “bom dia”,
nem “boa tarde”, “boa noite” ou qualquer outro
O calor, contudo, não justifica o abandono da casula: usem cumprimento similar. A saudação é a do Missal. O culto é
casulas de tecido mais leve! para Deus, não para o homem.
2. Faça-se o sinal-da-cruz conforme as rubricas: rezado ou
Em outros ritos litúrgicos, a norma é que, se estiver o cantado. Se cantado, com a letra milenar inalterada e sem
ministro (Bispo, padre ou diácono) vestindo batina, coloque a acréscimo algum de qualquer ordem. Em todos os casos,
sobrepeliz por cima, com a estola e o pluvial, e não estando com apenas o sacerdote recita, enquanto o povo o acompanha
aquela, utilize alva, cíngulo, estola e, se achar conveniente, pluvial – somente no gesto.
capa magna; os acólitos vistam-se como de costume. 3. A entrada é acompanhada por um canto, quer do
Gradual, quer do Missal, ou ainda qualquer outro que seja
Na Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, a regra é coerente com a dignidade da liturgia. Dê-se preferência à
diferente: durante a exposição, por cima do conjunto de alva, antífona do Gradual, que pode ser traduzida ao
cíngulo e estola, sem batina, ou de batina, sobrepeliz e estola, o vernáculo. Se nenhum canto houver, o sacerdote deve
sacerdote ou diácono que expuser o Santíssimo pode usar pluvial; recitar a antífona proposta no Missal, e só ela.

46 19
Ponto 13
Paramentos

O Cânon 929 do Código de Direito Canônico prescreve que se


utilizem, obrigatoriamente, os paramentos descritos nas regras
litúrgicas. Na Missa, os paramentos utilizados pelo padre, são a
alva, o amito, a estola, o cíngulo, a casula e o manípulo; o Bispo,
além desses, utiliza a cruz peitoral e a mitra, além de ter nas mãos o
báculo; o diácono usa alva, amito, estola, cíngulo e dalmática; o
acólito, se estiver de batina, usa a sobrepeliz por cima, e, sem ela,
apenas alva e cíngulo. Os ministros ordenados coloquem a alva, que
consiste em uma veste branca que reveste o corpo inteiro, e, se
necessário, o amito, pano quadrado utilizado para cobrir as partes
da roupa não-litúrgica que estiver por baixo da alva. Depois, devem
vestir a estola (ao longo do corpo para os sacerdotes; transversa para
os diáconos), com a cor respectiva do tempo ou da festa. Segurando
a estola para mantê-la junto ao corpo, deve estar o cíngulo, a não ser
que a forma da alva dite o contrário – quando, por exemplo, já
houver uma espécie de cíngulo costurado àquela. Por cima de tudo,
deve estar a casula, com a cor correspondente, e que pode ser de
duas formas, gótica e romana. O manípulo é um pano que fica no
punho do sacerdote, e tem a cor da casula e da estola; é um
paramento optativo depois da reforma do Vaticano II. O diácono, ao
invés da casula, usa a dalmática, que deve ter a cor do tempo ou da
festa também.

Ao contrário do que pensam alguns, a casula é obrigatória!


Não bastam alva e estola! A casula é a veste própria do sacerdote, e
simboliza a Cruz, a dignidade própria do padre! Quem a aboliu de
seus cultos foram os protestantes mais exaltados, para negarem o
caráter sacrifical da Missa. Se a Santa Missa é a Cruz tornada
presente, mesmo invisível, a casula a torna visível, por seu
simbolismo. A casula remete ao sacrifício!
20 45
Ponto 4
Ato Penitencial
Convidando os fiéis a um ato de arrependimento, o sacerdote
celebrante os introduz ao rito, com a fórmula prevista no Missal.
Após uma breve pausa, utiliza uma das três fórmulas: a) o Confiteor;
b) o “Tende compaixão”; c) o Kyrie. Conclui com uma absolvição,
que, por ser desprovida de força sacramental, não possui a eficácia
do Sacramento da Penitência celebrado na confissão dos pecados ao
sacerdote.

Podem ser cantadas músicas de Ato Penitencial, desde que a letra


utilizada seja de alguma das formas prescritas. Quaisquer outros
cantos, ainda que implorem o perdão de Deus e demonstrem
arrependimento dos pecados, estão excluídos por não se encaixarem
no ordinário da Missa, do qual o Ato Penitencial é integrante.

O Ato Penitencial é omitido quando se celebra, no início da Missa, o


rito do Asperges, e também quando a celebração for imediatamente
precedida de um ofício da Liturgia das Horas com caráter
penitencial. Nos demais casos, muito mais comuns, é
imprescindível!

Quando as invocações do Kyrie, “Senhor, tende piedade de nós...”, não


forem utilizadas no Ato Penitencial, devem ser proferidas após a
absolvição que se segue àquele. Isso significa que sempre que o Ato
Penitencial consistir no Confiteor (“Confesso a Deus todo-poderoso...”)
ou no “Tende compaixão”, o Kyrie é feito em um ato próprio.

“Depois do Ato Penitencial inicia-se sempre o ‘Senhor, tende piedade’, a


não ser que já tenha sido rezado no próprio ato penitencial. Tratando-se de
um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia,

44 21
é executado normalmente por todos, tomando parte nele o povo e o grupo de
cantores ou o cantor.” (Instrução Geral do Missal Romano, 52) Ponto 12
Avisos
É possível que o Kyrie rezado seja substituído por uma música que
tenha as invocações na letra.
Há uma oração que, como o nome diz, não é “Oração depois
dos Avisos”, mas “Oração depois da Comunhão”. Deve, portanto,
Na prática
ser feita logo após a Ação de Graças, momento no qual o fiel deve
deleitar-se da presença de Cristo em sua alma.
1. Esqueça-se o folhetinho de Missa. Use-se o Missal. Uma
das três fórmulas, e só.
Os avisos e comunicações, se necessários, podem ser dados,
2. Não se use músicas de perdão. Diz-se o texto do Missal,
pelo padre, durante a homilia, ou, por qualquer pessoa, após a
quer rezado quer cantado, mas só ele e nada mais.
Oração depois da Comunhão. Em algumas igrejas, os avisos são
Querem música? Cante-se o texto previsto no Missal, mas
dados, erroneamente, antes dessa oração, o que está errado, visto
não “músicas de perdão”.
que seu nome é “Oração depois da Comunhão”, e não “Oração
depois dos Avisos”.

Na prática

1. Corrija-se, imediatamente, as distorções eventualmente


existentes, e só se dêem os avisos após a Oração depois da
Comunhão.

22 43
cantadas como se fossem “cantos de paz”. Não há, liturgicamente
falando, “canto de paz”, como não existe “canto de glória”. Ponto 5
Glória ou Hino de Louvor
Na prática
O Glória deve cantado ou dito nos Domingos fora do Advento e da
1. O Rito da Paz só seja feito se oportuno. Quando a Missa Quaresma, nas solenidades e nas festas. Seu texto antiqüíssimo não
demorar muito ou houver muitas pessoas não deve ser substituído por outro (cf. Instrução Geral do Missal
acostumadas aos ritos católicos, é conveniente que se o Romano, 53). O costume, infelizmente disseminado em muitas
evite, para que não haja dispersão. paróquias, de substituir tal hino por um simples “canto de glória”
2. Não se execute música durante o abraço da paz. encontra expressa proibição na Instrução Geral. Nem mesmo o
3. O pároco ou reitor forme seu povo para que seja sóbrio famoso “canto de glória” com letra de louvor à Santíssima Trindade,
nos cumprimentos. Os acólitos dêem o exemplo ao que alguns afirmam ser suficiente, serve para ser executado nesse
transmitir a paz de modo solene e digno. momento. O hino do Glória faz parte do Ordinário da Missa, e deve
4. Não se altere o texto da oração. ser cantado ou dito integralmente, como está no Missal!
5. O celebrante advirta os fiéis de que só ele deve rezar a
oração disposta no Missal. Na prática
6. Convide-se o povo ao abraço da paz pelas palavras do
Missal, e não por outras, ainda que lícitas. 1. Esqueça-se o folhetinho de Missa. Use-se o Missal.
2. Não se use “canto de Glória”. Diz-se o texto do Missal,
quer rezado quer cantado, mas só ele e nada mais.
Querem música? Cante-se o texto previsto no Missal, mas
não “músicas de perdão”.

42 23
Ponto 11
Rito da Paz

O Rito da Paz inicia-se logo após o Embolismo do Pai Nosso.


Tendo os fiéis respondido “Vosso é o Reino...”, o sacerdote
celebrante reza:

“Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apóstolos: Eu vos deixo a


paz, eu vos dou a minha paz. Não olheis os nossos pecados, mas a fé
que anima a vossa Igreja; dai-lhe, segundo o vosso desejo, a paz e a
unidade. Vós, que sois Deus, com o Pai e o Espírito Santo.” (Missal
Romano; Ordinário da Missa; Oração da Paz)

Essa oração, ao contrário do que acontece em algumas


paróquias, é dita somente pelo padre. Os fiéis permanecem em
silêncio, anuindo ao desejo do sacerdote com seu “Amém”.

Feita prece, o celebrante, se for conveniente – por condições


de tempo, lugar e evento particularmente festejado –, pode exortar a
todos que se saúdem transmitindo a paz do Senhor aos que estão
participando da Missa. Usa, então, alguma das fórmulas de
exortação ou alguma semelhante.

Cuide-se que o Rito da Paz não se torne desorganizado, com


pessoas saindo de seus lugares e dando à Santa Missa um aspecto
pouco piedoso. A balbúrdia e a bagunça não devem ser parte da
Celebração Eucarística. Qualquer dispersão pode perturbar a devida
devoção, que se requer para a frutuosa participação no sacramento a
receber.

É por esse motivo que as rubricas não prescrevem nenhum


canto específico para esse momento, nem prevêem que possa ser
entoada uma música, como essas costumeiras que vemos por aí,
24 41
Na prática
Ponto 6
1. O celebrante introduza ao Pai Nosso usando só as Posições do corpo
monições previstas.
2. Ensine seus acólitos fora da Missa de que só ele deverá
As posições utilizadas na Missa refletem o estado que a alma
levantar as mãos durante o Pai Nosso. Poderá formar os
do fiel deve ter no momento em que ela é utilizada. Mais do que
demais fiéis em momentos oportunos.
atos externos e mecânicos, elas salientam a importância de
3. Nunca diga aos fiéis que dêem as mãos e procure corrigir
determinadas partes da Missa e apontam ao fiel como deve se portar
essa distorção, se houver.
interiormente nelas.
4. Vigie o pároco ou reitor de igreja para que a letra do Pai
Nosso, quando este for cantado, não seja alterada nem que
Assim, a posição em que mais tempo ficamos durante a Missa
a ela seja acrescentada qualquer coisa.
é em pé. Ficamos em pé durante os Ritos Iniciais, na Seqüência, na
Aclamação ao Evangelho e em sua Proclamação, na Profissão de Fé,
na Oração Universal, e desde logo antes do “Orai, irmãos...” –
durante o Ofertório – até a Epíclese ou a Consagração – conforme o
costume –, desde a Aclamação que se segue ao “Eis o Mistério da
Fé” até a Comunhão do Sacerdote, e da Oração depois da
Comunhão até a Despedida. Ficamos sentados durante as leituras
da Liturgia da Palavra, durante a Homilia, e durante o Ofertório.
Podemos ficar sentados também enquanto outros fiéis estão na
procissão para recepção da Comunhão, ou após comungarmos, na
Ação de Graças. Ficamos, por fim, ajoelhados, na Consagração, e,
onde for costume, também após receber a Santa Comunhão e no Ato
Penitencial. É costume, outrossim, que os que não podem
comungar, por qualquer motivo, ajoelhem-se para fazer um ato de
comunhão espiritual, que, todavia, pode ser feito de pé ou mesmo
sentado, ainda que o recomendável seja a primeira posição – de
joelhos.

A genuflexão é um ato que consiste em dobrar apenas o


joelho direito, encostando-o no chão – e não apenas fazendo uma
espécie de “meia genuflexão”. O sacerdote faz tal gesto logo após a
Consagração, uma vez depois de cada espécie (portanto, temos aí
duas genuflexões). Também deve o celebrante genufletir antes de
40 25
comungar (terceira genuflexão). Se houver sacrário no presbitério, o
sacerdote e os ministros genufletem quando passarem por ele, no Ponto 10
início e no fim da Missa, exceto o acólito que carrega a cruz Pai Nosso
processional, mas não durante a mesma. Os fiéis devem genufletir,
durante e fora da Missa, sempre que passarem pelo sacrário, exceto
Não se deve inventar letra ou oração alguma para substituir o
se caminharem processionalmente; havendo apenas o altar sem o
Pai Nosso. Reze-se o Pai Nosso com o texto liturgicamente previsto,
tabernáculo, faz-se a inclinação profunda – vênia.
sem acréscimos ou omissões. Quando for cantado, também não é
permitido acrescentar nem omitir nada do texto aprovado – nem o
Faça-se inclinação de cabeça aos nomes de Jesus, de Maria
tristemente disseminado “Pai Nosso que estais nos céus, Pai Nosso
Santíssima e ao nomear conjuntamente as Pessoas da Trindade.
que estais aqui.” A oração do Pai Nosso deve ser feita tal qual está
no Missal, e não com uma letra diferente, ainda que só ligeiramente
Na prática
alterada.
1. Lembre o pároco ou o reitor da igreja que os fiéis devem
Só o sacerdote levanta as mãos, pois está rezando em nome
genufletir ao entrar no templo, se houver sacrário (e fazer
da comunidade. Dispensável, pois, que os fiéis as levantem. Não há,
vênia ao altar, se não houver aquele).
entretanto, proibição expressa para isso, e muitos liturgistas
2. É preciso reforçar que não basta uma inclinação dos
experientes e bastante ortodoxos, como o Mons. Peter Elliott,
leitores e demais ministros quando passam diante do
consultor do Vaticano e autor de Cerimonies of the Modern Roman Rite
sacrário (exceto quando caminham processionalmente). O
(em espanhol, Guia Pratica de la Liturgia) e de Liturgical Question Box,
costume, infelizmente disseminado, dos leitores apenas
não se posicionam contrários a que os fiéis também levantem as
fazerem uma inclinação e não a genuflexão, havendo
mãos. Como a questão é controvertida, somos da opinião de que,
sacrário, seja banido!
como tudo o que é dispensável em liturgia e que não esteja prescrito
deve ser evitado, os fiéis não as levantem.

Não se pode, outrossim, dar as mãos durante o Pai Nosso,


como é costume, infelizmente, em muitas paróquias. Além de não
estar previsto no Missal, não há sentido algum em dar as mãos, eis
que não aponta para o ato sacrifical, além de conferir um certo ar
esotérico incompatível com a Fé católica. A origem da oração de
mãos dadas está nas devoções particulares, próprias de alguns
movimentos, e, em si, é lícita. Ocorre que a liturgia, por seu caráter
público, não é ocasião propícia para que sejam utilizados elementos
da piedade individual.

26 39
Ponto 7
Modo de receber a Santa Comunhão Eucarística

O fiel deve receber a Comunhão com reverência e piedade.


Para isso, a prática tradicional da Igreja é a de distribuir a Eucaristia
aos fiéis estando eles de joelhos, e diretamente na língua. É
permitido que, apesar dessa prática ser a normativa, o fiel receba a
Comunhão de pé, desde que, antes de o fazer, demonstre respeito
pelo sacramento, inclinando-se diante da Eucaristia. Estando de pé,
e tendo se inclinado antes de receber a Comunhão, pode comungar
diretamente na língua ou nas mãos, fazendo, se esse optar por esse
modo, das mãos um trono. Nunca pode o fiel receber a Comunhão
nas mãos em forma de pinça!

“A Igreja sempre pediu dos fiéis, respeito e reverência pela


Eucaristia no momento de recebê-la. No que diz respeito à maneira
de ir para a Comunhão, o fiel pode recebê-la de ambos os modos:
ajoelhando-se ou ficando de pé, de acordo com as normas
estabelecidas pela conferência episcopal: ‘Quando o fiel comunga
ajoelhado, nenhum outro sinal de reverência pelo Santíssimo
Sacramento é requerido, uma vez que ajoelhar é por si só um sinal
de adoração. Quando se recebe a Comunhão estando em pé, é
rigidamente recomendado que, ao vir em procissão, faça-se um sinal
de reverência antes de receber o Sacramento. Isto pode ser feito no
exato momento e lugar, de forma que a ordem das pessoas que vêm e
voltam da Comunhão não fique interrompida.’” (Sagrada
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Instrução Inestimabile Donum, 11)

A Comunhão de joelhos e na língua é a forma tradicional de


receber a Sagrada Eucaristia. Por isso, nenhum sacerdote pode
proibir o fiel de fazer uso desse direito. Tampouco pode proibir que
o receba na língua, se estiver de pé, e haja indulto para que receba
38 27
de pé. Em casas de congregações religiosas, capelas e circunscrições 3. Cessem as respostas do povo à Oração Eucarística, uma
eclesiásticas nas quais vige a disciplina sacramental do Missal de vez que tal só foram aprovadas ad experimentum, e, como
1962, pode o Ordinário ou Superior determinar que a única forma estamos sob a III Edição Típica, tais autorizações foram
de comungar seja a tradicional, de joelhos e na língua; em todas as revogadas.
outras, há liberdade para o fiel, não podendo o sacerdote negar-lhe a
Comunhão por este preferir ajoelhar-se ou receber na língua.

“Jamais se obrigará algum fiel a adotar a prática da comunhão na


mão.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos
Sacramentos. Notificação de 3 de abril de 1985)

De qualquer maneira, o sacerdote ou outro ministro que


distribua a Comunhão Eucarística, tenha o máximo cuidado de não
perder nenhum dos fragmentos do Santíssimo Corpo nem alguma
gota do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo,
conforme o sábio conselho dos Padres:

“Se algum fragmento vieres a perder, seja para ti como se estivesses


perdendo um de teus membros.” (São Cirilo de Jerusalém.
Catequeses Mistagógicas, 5,21: PG 33,1126)

Na prática

1. Coloque-se um genuflexório móvel entre o ministro que


distribuirá a Comunhão e o fiel que a receberá, para que
ele se sinta convidado a comungar de joelhos.
2. Incentive-se a que a Comunhão seja sempre distribuída na
boca, e sobre tal procedimento sejam os fiéis alertados
durante a Missa, em reparação pelos pecados do mundo
inteiro e por tantas irreverências para com a Eucaristia.

28 37
d) A Oração eucarística IV possui um Prefácio imutável e apresenta
um resumo mais completo da história da salvação. Pode ser usada Ponto 8
quando a Missa não possui Prefácio próprio, bem como nos Ofertório
domingos do Tempo comum. Não se pode inserir nesta Oração,
devido à sua estrutura, uma fórmula especial por um fiel defunto.”
(Instrução Geral do Missal Romano, 365) Ordinariamente, os objetos utilizados na Liturgia Eucarística
– vasos sagrados, missal, dons etc – devem estar não sobre o altar,
Além dessas preces universais, existem outras para mas na credência, espécie de mesa auxiliar.
circunstâncias especiais, compostas por diferentes conferências
episcopais e aprovadas pela Santa Sé. Cada uma delas seja usada Terminada a Liturgia da Palavra, o diácono prepara o altar.
conforme a necessidade (v.g., para crianças, para celebrações que (cf. IGMR, 74) Nas Missas sem diácono, qualquer ministro leigo
enfatizem a reconciliação etc). pode preparar o altar. A norma é clara: “O acólito ou outro ministro
leigo coloca sobre o altar o corporal, o purificatório, o cálice, a pala e o
Evite-se, por isso, cair no uso de apenas uma das orações, missal.” (Instrução Geral do Missal Romano, 139).
valorizando, sobretudo, o Cânon Romano, presente já na forma
Durante o Ofertório, os fiéis são convidados a manifestar sua
tradicional da Missa, dita tridentina, e preservada na reforma de
gratidão a Deus mediante contribuições financeiras e,
Paulo VI.
principalmente, pela união de seus corações ao de Cristo que se
oferece no Sacrifício da Missa. Não se incorpore, todavia, ao rito da
Durante a Consagração, é obrigatório o silêncio! Infelizmente
Missa orações não previstas pelos livros litúrgicos, como a
popularizou-se, especialmente por grupos de música ligados à
disseminada “Oração do Dizimista” ou a esta assemelhadas,
espiritualidade da Renovação Carismática Católica, o costume de
principalmente se substituir a Oração sobre as Oferendas, o que,
entoar cantos de louvor ao Santíssimo Sacramento após ou durante
neste último caso, é considerado abuso gravíssimo!
a Consagração. Isso está terminantemente proibido! Nem mesmo
acompanhamento instrumental é permitido. É silêncio absoluto!
O principal ato do Ofertório, todavia, é o agradecimento que
Conferir Instrução Geral do Missal Romano, 32.
o sacerdote faz dos dons – pão e vinho – sobre os quais irá orar,
Na prática mudando-os, na hora da Consagração, no Corpo e no Sangue do
Senhor.
1. Faça-se silêncio absoluto durante a consagração.
2. O sacerdote utilize com mais generosidade a Oração “Convém que a participação dos fiéis se manifeste através da oferta
do pão e do vinho para a celebração da Eucaristia, ou de outras
Eucarística I (ou Cânon Romano). E nos Domingos, nas
dádivas para prover às necessidades da igreja e dos pobres. As
solenidades e nos dias em que se comemore um dos
oblações dos fiéis são recebidas pelo Sacerdote, ajudado pelo acólito
santos nela nomeados, utilize-a sempre!
ou outro ministro. O pão e o vinho para a Eucaristia são levados
para o celebrante, que os depõe sobre o altar, enquanto as outras
36 29
dádivas são colocadas em outro lugar adequado.” (Instrução Geral pela Ordem. Se não se pode falar a oração, tampouco fazer outro
do Missal Romano, 140) gesto com o mesmo objetivo.

O celebrante eleva um pouco a patena com a hóstia, dizendo O documento da Igreja que acompanha cada edição oficial do
em silêncio as palavras de agradecimento. Depois, no lado do altar, Missal em rito romano é claro ao explicar o modo de escolha da
derrama o vinho no cálice com um pouco de água, falando, ainda Oração Eucarística:
em silêncio, as palavras que o rito manda que se digam (“Por esta
água...”). Em seguida, retorna ao centro do altar e faz com o cálice “A escolha entre as várias Orações eucarísticas, que se encontram
de vinho o mesmo que fez com a patena contendo o pão. Afasta-se no Ordinário da Missa, segue, oportunamente, as seguintes normas:
um pouco e inclina-se profundamente, rezando uma prece
específica prescrita pelo Missal: a) A Oração eucarística I, ou Cânon romano, que sempre pode ser
usada, é proclamada mais oportunamente, nos dias em que a Oração
“De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vós; eucarística tem o Em comunhão próprio ou nas Missas enriquecidas
e seja o nosso sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, com o Recebei, ó Pai, próprio, como também nas celebrações dos
Senhor, nosso Deus.” (Missal Romano; Ordinário da Missa; Apóstolos e dos Santos mencionados na mesma Oração; também nos
Preparação das Oferendas) domingos, a não ser que por motivos pastorais se prefira a Terceira
Oração eucarística.
Volta o sacerdote ao lado do altar, e procede ao lavabo, em
que pode ser auxiliado por um acólito ou servo, pedindo a Deus a b) A oração eucarística II, por suas características particulares, é
purificação de seus pecados para melhor oferecer o sacrifício. É mais apropriadamente usada nos dias de semana ou em
proibido fazer o Ofertório dos dois dons – pão e vinho – ao mesmo circunstâncias especiais. Embora tenha Prefácio próprio, pode
tempo. igualmente ser usada com outros prefácios, sobretudo aqueles que de
maneira sucinta apresentem o mistério da salvação, por exemplo, os
Pode haver uma procissão em que os fiéis levam os dons do prefácios comuns. Quando se celebra a Missa por um fiel defunto,
pão e do vinho ao presbitério. Pode, além disso, haver um canto de pode-se usar a fórmula própria proposta no respectivo lugar, a saber
ofertório. Esse canto, opcional como dissemos, é entoado durante a antes do Lembrai-vos também.
preparação do altar, durante a procissão das oferendas e durante o
c) A Oração eucarística III pode ser dita com qualquer Prefácio. Dê-
Ofertório propriamente dito, ou somente na primeira parte, e ainda
se preferência a ela nos domingos e festas. Se, contudo, esta Prece
apenas na primeira e na segunda. Se, durante as orações de
for usada nas Missas pelo fiéis defuntos, pode-se tomar a fórmula
agradecimento do Ofertório – “Bendito sejais...” –, não houver canto,
especial pelo falecido, no devido lugar, ou seja, após as palavras:
elas são ditas em voz alta, ocasião na qual os fiéis devem responder:
Reuni em vós, Pai de misericórdia todos os vossos filhos e filhas
“Bendito seja Deus para sempre.” dispersos pelo mundo inteiro.

30 35
Cristo sacrificado durante a Consagração. Ora, tal oferecimento é ato A Oração sobre as Oferendas, como a Coleta e a Oração
propriamente sacerdotal, e, como tal, é feito por Jesus Cristo, único e depois da Comunhão, são parte do Próprio da Missa. Cada Missa
Sumo-Sacerdote. E o modo como Jesus Sacerdote age na Missa é tem a sua, e o sacerdote, depois de feito o Ofertório, convida os fiéis
através dos que a Ele se unem pelo sacramento da Ordem, os a se unirem a ele, em silêncio, na oração. Antigamente, a Oração
padres, em virtude do qual passam esses últimos a desempenhar sobre as Oferendas era chamada Secreta.
sua ação sacerdotal que brota de Cristo. Não há sentido nos leigos
rezarem tal oração. É como se os leigos pudessem consagrar. Não se Chama o sacerdote o povo com as palavras habituais: “Orai,
trata de simples proibição, ainda que também o seja, mas de uma irmãos e irmãs...” A assembléia, ao ouvir esse convite, levanta-se e
afirmação da esterilidade dessa oração ser recitada por quem não responde: “Receba o Senhor por tuas mãos...” Em seguida, o
goza do sacerdócio hierárquico da Igreja. celebrante reza a oração, ao final da qual todos respondem com o
amém costumeiro. O acólito pode segurar o missal para auxiliar o
“O Per Ipsum (por Cristo, com Cristo, em Cristo) por si mesmo é padre na leitura da prece. Repetimos que não é possível substituir
reservado somente ao sacerdote. Este Amém final deveria ser essa oração por qualquer outra, nem pela chamada “do Dizimista”.
enfatizado sendo feito cantado, desde que ele é o mais importante de
toda a Missa.” (Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Na prática
Disciplina dos Sacramentos. Instrução Inestimabile Donum, 4)
1. Observem-se rigorosamente as rubricas, e só se faça o
“No fim da Oração Eucarística, o Sacerdote, tomando a patena com prescrito.
a hóstia e o cálice ou elevando ambos juntos, profere sozinho a 2. Coloque o celebrante todo o seu fervor e aplique bem os
doxologia ‘Por Cristo’. Ao término, o povo aclama ‘Amém’. Em seus afetos nas cerimônias que compõem o Ofertório, de
seguida, o Sacerdote depõe a patena e o cálice sobre o corporal.” modo que toda a assembléia seja edificada pela piedade e
(Instrução Geral do Missal Romano, 151) pelo cuidado com tão importante ato de culto.
3. Cessem as orações estranhas ao rito.
“A doxologia final da Oração Eucarística é proferida somente pelo 4. O celebrante só vá ao altar a partir da Liturgia Eucarística.
Sacerdote celebrante principal, junto com os demais concelebrantes, Celebre a Liturgia da Palavra na cadeira. Caso celebre
não, porém, pelos fiéis.” (Instrução Geral do Missal Romano, 236) versus Deum, pode fazer tudo no altar. É possível também
celebrar a Liturgia da Palavra versus populum na cadeira, e
Quanto a estender a mão para o altar, como que para se unir a Liturgia Eucarística versus Deum no altar.
ao sacerdote, é outro ato que, além de não ser previsto pelas normas
litúrgicas – o que mostra sua proibição tácita, segundo o costume de
interpretação da liturgia –, demonstra-se estéril, desprovido de
qualquer sentido. Unir-se ao sacerdote para que? Para oferecer
também o sacrifício? Com que autoridade? A do Batismo, que
confere aos fiéis um sacerdócio comum, não é suficiente,
necessitando-se da autoridade do sacerdócio hierárquico conferido
34 31
A Oração Eucarística contém a Consagração, i.e., o próprio
Ponto 9 sacrifício, e também outras partes que, por sua essência, conferem os
Oração Eucarística motivos pelos quais oferecemos o mesmo sacrifício. O que, por isso,
não é ato sacrifical – a Consagração –, é ou a preparação para ele ou
a explicitação das razões pelas quais oferecemos aquele. Portanto,
“Cân. 907 – Na celebração eucarística, não é lícito aos diáconos e
como sacrifício ou parte essencialmente anexa, deve ser feita a
leigos proferir as orações, especialmente a oração eucarística, ou
Oração Eucarística pela pessoa investida na dignidade sacerdotal,
executar as ações próprias do sacerdote.” (Código de Direito
Canônico) dotada, pelo sacramento da Ordem, da virtude do sacerdócio de
Cristo. Por conseguinte, os leigos não podem dizer nenhuma parte
Por sua vez, uma instrução da Cúria Romana explicita o da Oração Eucarística, somente as respostas próprias que sejam
assunto, ao disciplinar: prescritas pelo Missal. O celebrante que oferece aos leigos, ou a
clérigos desprovidos da dignidade sacerdotal, que digam a Oração
“Está reservado ao sacerdote, em virtude de sua ordenação, Eucarística, está ignorando sua posição no Corpo de Cristo, está
proclamar a Oração Eucarística, a qual por sua própria natureza é o desprezando o caráter sacrificador que foi impresso em sua alma
ponto alto de toda a celebração. É, portanto, um abuso que algumas quando do recebimento do sacramento da Ordem. Por mais que
partes da Oração Eucarística sejam ditas pelo diácono, por um digam o contrário, há sim diferença entre o leigo e o padre, entre o
ministro subordinado ou pelos fiéis. Por outro lado isso não significa sacerdócio hierárquico deste e o sacerdócio comum daquele, e
que a assembléia permanece passiva e inerte. Ela se une ao sacerdote diferença de essência, não apenas de grau.
através do silêncio e demonstra a sua participação nos vários
momentos de intervenção providenciados para o curso da Oração A Oração Eucarística não pode ser interrompida, nem mesmo
Eucarística: as respostas no diálogo Prefácio, o Sanctus, a aclamação para explicações pretensamente catequéticas: a melhor catequese é a
depois da Consagração, e o Amém final depois do Per Ipsum.” liturgia bem celebrada! “O Presidente (n.a.: da celebração) não
(Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos intervenha durante a Oração Eucarística.” (Instrução Geral do Missal
Sacramentos. Instrução Inestimabile Donum, 4) Romano, 31) Por isso, exclui-se também qualquer instrução no meio
da Oração Eucarística, ainda que de poucas palavras.
“A proclamação da Oração Eucarística, que por sua natureza, é pois
o cume de toda a celebração, é própria e exclusiva do sacerdote, em A Missa é sacrifício, já sabemos. O ato próprio em que Cristo,
virtude de sua mesma ordenação. Por tanto, é um abuso fazer que a Vítima, é sacrificado, se dá na Consagração do pão e do vinho, que
algumas partes da Oração Eucarística sejam pronunciadas pelo suas substâncias mudam-se no Seu Corpo e Sangue. Todavia, se a
diácono, por um ministro leigo, ou ainda por um só ou por todos os Consagração é o sacrifício em si, há um momento em que ele é
fiéis juntos. A Oração Eucarística, portanto, deve ser pronunciada oferecido ao Pai. Depois de sacrificar a vítima, devemos oferecê-la
em sua totalidade, tão somente pelo Sacerdote.” (Sagrada ao destinatário. Na Santa Missa, o oferecimento do sacrifício ao Pai
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. ocorre quando o sacerdote diz o “Per Ipsum”, o “Por Cristo”. Pela
Instrução Redemptionis Sacramentum, 52) letra do texto, vemos que se trata de um oferecimento mesmo do

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