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Perante nós estão dois percursos convergentes. Dum lado o capitão que avança pelo
extremo ocidental do vale até ao alto das Cruzes e depois desce até à cidade manuelina.
Do outro os companheiros do navegador, a gente obreira, que mantêm o convívio com o
mar, avançando ao longo da linha da água ao encontro da cidade dos mercadores e
artesãos.
A viagem avança ao longo da Rua de Santa Maria que desemboca no Largo da Feira.
Aqui ficou, por algum tempo, o centro de atenções do primitivo povoado: o poço de
abastecimento de água, a primeira igreja paroquial de Nossa Senhora do Calhau,
destruída pela aluvião de 1803, e o hospital da Misericórdia. Hoje, restam apenas
vestígios do poço.
Passada outra ponte e avançando pela Rua da Alfândega chega-se ao Largo dos
varadouros, fronteiro ao mar e à Praça Cristóvão Colombo. Esta praça foi construída em
1992 no espaço onde outrora existiu a Casa de João Esmeraldo que, segundo a tradição,
foi morada de Cristóvão Colombo nos anos(1478-1481) que por cá passou. Hoje,
todavia é sabido que a casa em 1495 ainda estava em construção, sendo portanto
posterior à primeira permanência do navegador na ilha.
Continuando a visita pela rua das Pretas chegámos ao princípio da Calçada de Santa
Clara, onde se situa um importante núcleo museológico da cidade. Primeiro o Museu
Municipal, onde é possível tomar contacto com o meio natural madeirense. No rés-do-
chão deste antigo palácio da família Ornelas, funciona o Arquivo Regional da Madeira,
o principal repositório da documentação histórica do arquipélago.
Próximo está a Casa Museu Frederico de Freitas, constituída á base do espólio legado á
região por este benemérito advogado. A Casa da Calçada, como é conhecida, apresenta
ao público uma variada colecção de mobiliário, artes decorativas, uma rara colecção de
azulejos e gravuras madeirenses.
No cimo da calçada fica o Convento de Santa Clara(1495), no sítio onde Zarco havia
construído a capela de Nossa Senhora da Conceição de Cima. Na igreja, alvo de
inúmeras transformações ao longo dos séculos, são de realçar o túmulo de Martim
Mendes de Vasconcelos com arcaria gótica(impropriamente atribuído a João Gonçalves
Zarco), os azulejos hispano-mouriscos do coro. Sob o pavimento da capela mor estão as
sepulturas de João Gonçalves Zarco e seus descendentes.
Próximo do Convento está o Museu da Quinta das Cruzes, instalado em 1953 na casa
que terá sido a residência dos capitães do Funchal. Do conjunto merecem a nossa
atenção o museu, propriamente dito e o parque arqueológico, constituído de pedras de
armas, lápides comemorativas e elementos arquitectónicos de edifícios que foram
destruídos. Do seu recheio destacamos o mobiliário (armários e arcas feitos na ilha com
a madeira das caixas de açúcar do Brasil) e os presépios.
Seguindo pela Rua das Cruzes deparamo-nos no seu termino, na Rua da Carreira, com a
Capela de S. Paulo. Um singelo templo religioso construído por Gonçalves Zarco em
1425. Da primitiva construção resta o tecto de alfarje da capela-mor, o arco gótico e a
pia em mármore. Foi junto desta capela que Zarco ergueu em 1469 o seu hospital.