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Á~~-------. TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
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PROCESSO TC N° 01925/06

DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE
RODAGEM - DER-PB. Prestação de Contas
Anuais, exercício de 2005. Julga-se regular
com ressalvas, Assina-se prazo. Faz-se
recomendação. Encaminha-se à DIAFI cópia
das peças relativas a obras e pessoal para
as providências que entender necessárias.

1.RELATÓRIO

Trata o presente processo da prestação de contas anuais do Departamento de Estradas de Rodagem - DER-
PB, relativa ao exercício financeiro de 2005, de responsabilidade do diretor-superintendente Sr. Inácio Bento
de Morais Júnior, a qual foi examinada pela Auditoria do Tribunal de Contas do Estado, em relatório, fls.
451/461, com as principais observações a seguir resumidas:

1. A prestação de contas foi encaminhada, ao Tribunal, dentro do prazo legal e devidamente instruida;
2. O orçamento, para o exercício em análise, foi aprovado pela Lei nO7.717, de 06 de janeiro de 2005,
com estimativa de receita de R$ 2.948.146,00 e fixação de despesa no montante de R$
68.232.375,00. No decorrer do exercício, foram abertos créditos suplementares, no total de R$
11.527.616,00, ufilizando-se com fontes de recursos excesso de arrecadação, saldo do exercício
anterior e anulação de dotações;
3. A receita efetivamente arrecadada foi de R$ 2.752.595,54, com destaque para as receitas próprias
decorrentes dos terminais rodoviários, estacionamentos, multas e vistorias dos transportes coletivos
intermunicipais, as quais totalizaram R$ 2.453.520,70;
4. A despesa total realizada foi de R$ 58.316.400,63, sendo que as despesas correntes representaram
46,34% do total, e desta, 80,86% foram relativas a pessoal e encargos sociais, e 19,14% alusivas a
outras despesas correntes (65,29% referindo-se a Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica).
As despesas de capital corresponderam a 53,66% do total, sendo que Instalações representaram
76,46% e Material de Consumo 11,64%;
5. O déficit nominal de R$ 55.563.805,09, na execução orçamentária, decorreu da vedação
estabelecida no art. 7° da Portaria Interministerial nO 163 da STN de se registrar os recursos
transferidos pela Administração Direta como receita orçamentária. O equilíbrio orçamentário seria
estabelecido no orçamento geral do Estado, em atendimento ao princípio da unidade orçamentária.
No entanto, computando-se as transferências recebidas do Estado, R$ 53.482.547,61, o déficit real
apurado foi de R$ 2.081.257,48;
6. De acordo com balanço financeiro, os recursos mobilizados no exercício foram da ordem de R$
82.188.947,67, sendo 3,35% (R$ 2.752.595,54) provenientes de receitas orçamentárias, 95,93% (R$
78.845.349,51) de receitas extra-orçamentárias (as transferências feitas pelo Poder Executivo
representaram 67,83% deste total) e 0,72% (R$ 591.002,62) de saldo do exercício anterior.
7. No tocante à despesa, o mesmo balanço apresentou despesa orçamentária no total de R$
58.316.400,63, sendo R$ 56.856.146,81 gasto na função Transporte e R$ 935.730,49 na função
Encargos Especiais (precatórios e despesas correntes de exercícios anteriores, relativas a
construtoras, desapropriações e indenizações de imóveis); enquanto que a extra-orçamentária
totalizou R$ 23.396.799,23, sendo R$ 9.384.226,12 relativos a restos a pagar, e R$ 13.518.457,29 a
depósitos de diversas origens, como mais significativas;
8. O saldo disponível, ao final do exercício, foi de R$ 475.747,81, insuficiente para cumprir os
compromissos de curto prazo, no total de R$ 8.532.298,34, descumprindo o que preceitua o § 1° do
art. 1° da LRF;
9. O balanço patrimonial da autarquia apresentou um ativo real líquido de R$ 12.240.328,50. O
decréscimo expressivo, em relação a 2004, que registrou o valor de R$ 844.549.834,05, decorreu da
desincorporação, referente à reavaliação da malha rodovíária do Estado, conforme sugestão da
Controladoria Geral do Estado;
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10. A demonstração das variações patrimoniais apresentou um déficit de R$ 832.309.505,49, decorrente


da conta Mutações Patrimoniais (baixa de bens). O déficit decorreu também da desincorporação
sugerida pela Controladoria Geral do Estado;
11. Outras observações:

10.1. Obras paralisadas:

OBRAS PARALISADAS Pago até 31/12/05 - R$ Fim da execução % executado


BR-230 111.082.269,39 Outl2005 89,47
PB - 071 - L de Dentro/P. Régis 1.096.450,44 Agotl2002 71,20
PB - 359 - Entr. BR 230/S. Cruz 3.769.938,87 Outl2002 99,92
PB - 063 - Alagoinha/Mulungu 205.698,63 Mar/2003 7,44
Acesso Pedra de Santo Antônio 277.873,24 Fev/2003 34,74
Acesso a UEPB 279.485,37 Nov/2002 97,03
PB - 312 - Entrada BR 061/Emas 119.861,74 Jan/2003 9,05
TOTAL 116.831.577,68

Entende, a Auditoria, que a paralisação das obras constitui descaso com a coisa pública, sobretudo
a obra relativa à BR 230, dada a característica social e relevância econômica.

10.2. Pessoal (2005):

Servidores ativos 945


Servidores de outros órgãos à disposição do DER cl ônus 37
Servidores de outros órgãos à disposição do DER sI ônus 22
Servidores do DER à disposição de outros órgãos c/ ônus 63
Cargos comissionados 10
Estagiários 97
Inativos e pensionistas 690

Observou, a Auditoria, que os servidores do DER à disposição de outros órgãos, com ônus para o
DER, bem como os de outros órgão à disposição do DER, sem ônus, vai de encontro com o que
preceitua o inciso I do parágrafo 1° do art. 90 da Lei Complementar nO58/03. Observou-se, ainda, a
ausência de documentação de dois servidores, não indicação do cargo ou função e ausência de
documentação de um servidor, não indicação do cargo ou função de seis servidores e não indicação
da matrícula de seis servidores, conforme quadro apresentada às fls. 446 do Processo.

10.3. INSS - Às fls. 337/352, dos autos, constam empenhos e algumas planilhas relativas ao
pagamento de parcelamento junto ao INSS; no entanto, não consta prova documental do
parcelamento, nem da base de cálculo constante nas planilhas.

12. As irregularidades apuradas foram as seguintes:

a. Déficit na execução orçamentária;


b. Disponibilidade financeira incapaz de suportar os compromissos;
c. Falta de pagamento de precatórios;
d. Falta de escrituração e contabilização do prédio do DER em João Pessoa, e das
residências rodoviárias nos municípios de Sapé, Solânea, Itabaiana, Campina Grande,
Sumé, Patos, Cajazeiras, Itaporanga e divisão industrial em Queimadas;
e. Obras paralisadas constituindo, salvo melhor juízo, desperdiço de recursos públicos e
descaso com a coisa pública;
f. Servidores à disposição do DER e de outros órgãos, configurando, salvo melhor juízo,
desobediência ao que preceitua o inciso I, parágrafo 1°, do art. 90 da LC nO58/03;
g. Ausência de informação quanto à relação de pessoal emitida pelo DER; e
h. Ausência, nos autos, de prova documental sobre o parcelamento feito com o INSS.

Diante das irregularidades apontadas pela Auditoria, o interessado foi devidamente notificado, apresentando
defesa de fls. 465/467.
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A Auditoria, após a análise da defesa, assim se pronunciou, em resumo:

./' Tocante ao déficit na execução orçamentária, a defesa justificou que o mesmo ocorreu devido aos
repasses feitos pelo tesouro estadual, contabilizados como extra-orçamentários. A Unidade Técnica
mantém seu entendimento, já que o déficit ocorreu mesmo contabilizando as transferências feitas .
./' Em relação à disponibilidade financeira, esclarece, a defesa, que o órgão perdeu sua receita mais
importante, com a extinção do Fundo Rodoviário Nacional, o que vem ocasionando déficit ano a ano,
sendo coberto pelo tesouro estadual. Entende, a Auditoria, que a defesa está desprovida de
fundamento legal, já que o DER, assim como a Secretaria de Finanças e a Controladoria Geral do
Estado, devem atender ao que preceitua o § 1° do art. 1° da LRF .
./' No que concerne aos precatórios, informa, o defendente, que o DER, assim como os demais órgãos
públicos, dependem do ingresso de receitas para poder fazer face às despesas. Por outro lado, há
questões impedidoras que dificulta o pagamento, como, eventualmente, a falta de dotação
orçamentária para se fazer um pagamento, mesmo existindo disponibilidade financeira, o que
ensejou, por exemplo, o seqüestro judicial de R$ 66.994,84, em 2005. É de se registrar que, além do
seqüestro, houve o pagamento de R$ 73.063,05, referente a ações judiciais e ao restante de
precatórios. Por ter o interessado reconhecido a irregularidade, a Auditoria mantém seu
entendimento .
./' No que diz respeito à contabilização e à escrituração dos imóveis, informa, a defesa, que todos eles
estão contabilizados e escriturados, faltando apenas os respectivos translados, que ainda não
ocorreu devido às distâncias físicas entre os diversos cartórios de registros de imóveis. Acredita que
em 180 dias a situação esteja regularizada. A Auditoria mantém a irregularidade, já que o
interessado não apresentou as escrituras .
./' No tocante às obras paralisadas, informa o gestor que, das 18 obras, 11 já se encontram concluídas,
3 em andamento, apenas 4 não foram retomadas, o que demonstra, segundo o gestor, que não há
descaso e desperdiço de recursos públicos alegados pela Auditoria. Em relação à obra da BR 230,
os serviços já foram retomados, logo após a liberação por parte do TCU. Diante da falta de prova
documental, a Auditoria mantém a irregularidade .
./' Quanto aos servidores à disposição do DER e de outros órgãos, o interessado informa que se deu
de acordo com que preceitua o parágrafo 5°, do art. 90 da LC nO58/03 (§ 5° - O Governador do Estado,
com a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos órgãos e entidades da Administração
Pública Estadual, poderá determinar a lotação ou o exercicio de empregado ou servidor, independentemente
da observância do disposto no inciso I e nos §§ 1° e 2° deste artigo). Como a defesa não apresentou prova
documentação (atos do Governador), a Auditoria entende que a irregularidade permanece .
./' No que concerne à ausência de informação quanto à relação de pessoal emitida pelo DER, o gestor
alega que, para apresentar defesa, há necessidade que a auditoria relacione os servidores
irregulares. A Unidade Técnica mantém a irregularidade, uma vez que a relação com os nomes
consta às fls. 446 dos autos .
./' Finalmente, em relação à ausência, nos autos, de prova documental sobre ao parcelamento feito
com o INSS, informa o gestor que parcelamento se deu em 1994, diretamente pelo governo do
estado, e quem controla atualmente esses parcelamentos é a Contorladoria Geral do Estado. A
Auditoria mantém a irregularidade diante da falta de prova documental e de fundamento jurídico.

o Processo foi encaminhado ao Ministério Público junto ao TCE-PB, que, através do Parecer nO1269/06, da
lavra do douto Procurador Marcilio Toscano Franca Filho, após discorrer sobre as irregularídades, opinou
pela:

a. Irregularidade das contas do Departamento de Estradas de Rodagem - DERIPB, referente


ao exercício de 2005.
b. Aplicação de multa ao Sr. Inácio Bento de Morais Júnior, considerando a responsabilidade
individual, prevista no art. 56, da LOTCE, em face do cometimento de infrações às normas
legais.
c. Assinação de prazo à autoridade competente, a fim de que tome as providências
pertinentes com vista ao restabelecimento da legalidade.
d. Remessa de cópias destes autos à d. Procuradoria Geral de Justiça, para as providências
penais de estilo.

2. PROPOSTA DE DECISÃO DO RELATOR

Salvo melhor juizo, o Relator entende que as irregularidades apontadas não são suficientes para reprovação
das contas, como sugerido pelo Parquet. Senão vejamos: tocante à de déficit na execução orçamentária e

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disponibilidade financeira incapaz de suportar os compromissos, não se pode atribuir total responsabilidade
ao gestor, quando ficou constato a dependência financeira do órgão ao tesouro estadual, já que 95,10% das
receitas do exercício foram provenientes de transferências do Estado, as quais, inclusive, não foram
repassadas de acordo com a previsão orçamentária. Para o equilíbrio do balanço orçamentário, o repasse
deveria ter sido de R$ 65.284.229,00, no entanto, o valor efetivamente transferido foi de R$ 53.482.547,61

Em relação aos precatórios, a Auditoria informou que, no exercício, foram disponibilizadas dotações
orçamentários no valor de R$ 97.705,95, no entanto, por falta de pagamento, foi seqüestrado, por ordem
judicial, o montante de R$ 66.994,84, o que, segundo a Unidade Técnica, constitui-se desobediência ao que
preceitua o § 1° do art. 100 da CF. O interessado alegou a dependência de ingresso de recursos no órgão
para fazer face às despesas. Informou que, além do seqüestro, o DER pagou a importância de R$ 73.063,05,
referente a ações judiciais e ao restante dos precatórios. O que foi confirmado, conforme documento extraido
do SAGRES, fls. 479/481. Assim, o fato de ter havido seqüestro de algum valor não pago não enseja
reprovação, no entendimento do Relator.

No que diz respeito à contabilização e à escrituração dos imóveis, o Relator entende que deve ser assinado o
prazo de 60 dias, ao gestor, para regularização da situação, sob pena de multa pessoal.

No tocante às obras paralisadas, a Auditoria se baseou, para indicar a irregularidade, apenas em documento
elaborado pelo próprio órgão sobre a situação das obras em 2005, anexo à PC, às fls. 95, sem, no entanto,
maiores aprofundamentos sobre o assunto. Como se sabe, o DER tem como um dos seus objetivos a
execução da política estadual de viação rodoviária, dependendo, no entanto, para consecução dos seus
objetivos, dos repasses dos recursos feitos pelo governo, o que nem sempre acontece no tempo devido, não
podendo o gestor ser responsabilizado, de plano, pela paralisação de alguma obra. Nesse sentido, o Relator
entende que a matéria deve ser encaminhada à DIAFI para aprofundamento do assunto, formalizando
processo, se for o caso.

No que concerne aos atos de pessoal, tal matéria não tem sido trata no bojo das prestações de contas,
devendo à DIAFI, se entender pertinente, proceder a sua verificação em processo apartado. Quanto à
ausência de alguns dados de servidores, constantes na relação à fls. 446, o Relator, a primeira vista, não vê
prejuízo para o DER, já que são servidores, em número de 14, que estão cedidos ao órgão, sem ônus para o
mesmo. No entanto, o assunto pode ser verificado também pela DIAFI, se entender pertinente.

Finalmente, em relação à ausência, nos autos, de prova documental sobre ao parcelamento feito com o INSS,
o Relator confirmou com o Contador Geral do Estado a informou do gestor de que todo o processo de
negociação da divida com o INSS foi feito pelo Estado, cujos pagamentos vêm sendo feitos via desconto no
FPE, cabendo a cada órgão apenas a escrituração contábil da parcela da dívida que lhe cabe. O controle da
dívida está sendo feito pela Contadoria Geral do Estado.

Ante o exposto, o Relator propõe que o Tribunal aprove com ressalvas a prestação de contas do DER-PB,
exercício de 2005, de responsabilidade do diretor-superintendente Sr. Inácio Bento de Morais Júnior, com
recomendações e assinação de prazo de 60 dias, ao gestor, para regularização da situação dos bens
imóveis, sob pena de multa pessoal.

3. DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO

ACORDAM os membros do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, nesta sessão de julgamento, por
unanimidade de votos, em: (1) julgar regular, com ressalvas, a prestação de contas do Departamento de
Estradas de Rodagem - DER-PB, exercício de 2005, de responsabilidade do superintendente do órgão, Sr.
Inácio Bento de Morais Júnior; (2) recomendar ao gestor no sentido de tomar medidas visando não repetir as
falhas/irregularidades apontadas, fazendo-se, ainda, constar nas próximas PCA, de forma analítica, as
receitas provenientes da CIDE; (5) assinar o prazo de 60 dias, ao gestor, para regularização da situação
dos bens imóveis, com encaminhamento das providências ao Tribunal, sob pena de aplicação de
multa pessoal; e (6) encaminhar à DIAFI cópias das peças dos autos no tocante aos assuntos relativos a
obras e pessoal para aprofundamento da matéria, se considerar pertinente, formalizando processo se
necessário.
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Publique-se e cumpra-se.
Sala das Sessões do TCE-PB - Plenário Ministro João Agripino.
'\I .r João Pessoa, 11 de abril de 2007. ,

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r Ana Terêsa Nóbrega 1-
Procuradora Geral do
Ministério Público junto ao TCE/PB

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