11 segunda-feira, 1 de Abril de 2002

Passada a Semana Santa e a Páscoa da Ressurreição, em que somos convidados a viver de forma particular-
mente mais intensa o mistério da vida, recomeçamos de novo a viver, simplesmente. A fazer, no nosso dia-a-
dia aquilo que é preciso fazer. E como nos lembram Saint-Exupéry e João César das Neves, o mais importan-
O Jornal das Boas Notícias
te é não confundir o ponto de chegada com o caminho, a finalidade com o método.
A finalidade da vida é ser intensamente feliz.
A Boa-Notícia da vitória sobre a morte dá-nos esta certeza.
A eternidade já começou. E cada minuto da nossa vida é um momento de eternidade.
Pedro Aguiar Pinto

Quem ama acima de tudo o caminho para o amor, nunca conhecerá a alegria de o alcançar
Antoine de Saint-Éxupéry

Política pura................................................................................... 1 Sentido da Semana Santa na Sociedade Contemporânea .. 7

Jacques Delors inclui as Igrejas na reforma Europeia......... 1 A Paixão de Nossa Senhora....................................................... 8
Está a aumentar o número de sacerdotes segundo o Jornalista Aura Miguel é autora da reflexão da décima
Vaticano..................................................................................... 2 estação da Via Sacra................................................................ 9
Família: Gabinete de Mediação para breve............................ 2 Força João Paulo, não desistas! O mundo precisa do teu
Amar os não amáveis ................................................................... 2 exemplo. ..................................................................................... 9
Arcebispo de Lagos contente com perdão de Safiya........... 3 Papa preside à Via Sacra sem a percorrer............................10
GABRIEL....................................................................................... 3 Sacrifício do Papa na Semana Santa......................................10
Repudiai a mediocridade disse João Paulo II aos jovens... 4 Meio século a combater a lepra..............................................10
A primeira loja do comércio justo em Portugal................... 4 Museu do Louvre coloca colecção completa na Internet 11
Two Major Newspapers on “the marriage movement.”.... 5 Patriarca contra aborto, eutanásia..........................................11
Renascer.......................................................................................... 6 Crianças acorreram à sopa dos feijões...................................11
Câmara de Famalicão Paga Manuais Escolares a Todo o 1º Conto de Páscoa .........................................................................12
Ciclo............................................................................................ 6
Etimologia Pascal ......................................................................... 6 _____________________________________________
"Desenvolvimento sustentável" não é possível se não está a
serviço do homem, disse o Vaticano .................................. 7
não é, cautela, a solução. Ninguém combate dema-
Política pura gogos ou ditadores com a balança de pagamentos ou
João Pereira Coutinho
In: O Independente, 020315
a taxa de inflação. No fundo, a supremacia da técni-
Sábado, 9 de Março ca sobre a política prova apenas que a actividade
Jaime Nogueira Pinto escreve texto no Independen- partidária foi progressivamente ocupada por homens
te sobre a preponderância do “pensamento econó- politicamente impreparados: criaturas para quem a
mico” no debate político corrente. Percebo as inqui- fórmula de gabinete substitui, sem dramas e sem
etações de Jaime e, se me permitem, associo-me a consequências, qualquer consideração filosófica
ele. O discurso político reinante foi tomado de assal- sobre a arte de governar. Esgrimir números é mais
to por meninos semialfabetizados, que acreditam na fácil do que discutir valores. Prometer metas eco-
força de equações matemáticas para a resolução dos nómicas dispensa qualquer conhecimento histórico
grandes problemas da vida. Como foi que isto acon- profundo. Escusado será dizer que, 50 anos depois,
teceu? E por que motivo a linguagem política foi Oakeshott continua presente. Basta olhar em volta.
reduzida a uma prosápia essencialmente financeira? O deserto queima.
Jaime Nogueira Pinto não responde. Também não
precisa. Para os interessados na matéria, aconselho Jacques Delors inclui as Igrejas na refor-
“Rationalism in Politics”, o ensaio clássico que Mi- ma Europeia
chael Oakeshott escreveu no pós-guerra. Que nos Jacques Delors não quer a Igreja Católica afastada do debate
diz Oakeshott? Diz-nos que o racionalismo moder- sobre a reforma da Europa.
Filipe R. Lucena
no, nascido com Descartes e aprofundado pelos In: 020312
philosophes, contaminou o discurso público com a Jacques Delors sobre a reforma e a Convenção Eu-
obsessão pela técnica. Os problemas políticos deixa- ropeia
ram de ser questões morais e sociais de invulgar Igrejas não podem ser afastadas do processo
complexidade. Passaram a ser simples problemas Jacques Delors não quer a Igreja Católica afastada
técnicos, a exigir soluções igualmente técnicas: fór- do debate sobre a reforma da Europa. A posição do
mulas de gabinete, traçadas por especialistas de cal- Presidente da Fundação “Nossa Europa” e ex-
culadora em punho, como se a vida humana pudesse Presidente da Comissão Europeia foi frisada, dia 7
ser reduzida a pura engenharia social. Isto, para de Março, em Lille, França, ao participar na confe-
Oakeshott, é um empobrecimento perigoso. Saber rência “Os desafios para uma Europa unida”, pro-
Finanças Públicas pode ser parte da solução. Mas movida pela Comissão dos Episcopados da Comu-

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 11 nidade Europeia (COMECE), pela Universidade
Católica de Lille e pela diocese de Lille.
segunda-feira, 1 de Abril de 2002
Está a aumentar o número de sacerdotes
segundo o Vaticano
Uma semana antes desta iniciativa, a 28 de Feverei- In: Portugal Diário, 020209
O Vaticano, que durante muito tempo lamentou
O Jornal das Boas Notícias
ro, dava-se início à Convenção Europeia que, com
105 representantes dos 15 países membros e dos 13 uma crise das vocações, anunciou este sábado que a
candidatos à adesão, estabelecerá as proposições igreja católica contava, em 2000, com mais 189 pa-
para a reforma constitucional da Europa. A confe- dres do que no ano anterior.
rência de Lille quis, desta forma, colocar a Igreja O número de sacerdotes que exercem o seu ministé-
Católica e, acima de tudo, os valores por ela veicula- rio no seio das ordens religiosas baixou em 600,
dos, no debate sobre o futuro da Europa. enquanto o dos padres das dioceses aumentou em
De acordo com a Agência ZENIT, Jacques Delors 789, de acordo com o livro pontifício anual divulga-
sublinhou que “a nova Europa não pode confinar a do pelo papa João Paulo II.
religião à vida privada”, salientando que, apesar de A crise das vocações no seio da igreja católica cul-
não se pôr em questão “a laicidade da União Euro- minou em 1977, mas, a partir de 1978, o número
peia”, “espera-se que a Igreja seja escutada no pro- total de seminaristas aumentou 73 por cento, pas-
cesso de reforma da Europa”. sando de 63.882 para mais de 110.500 em 2000,
O Presidente da Fundação “Nossa Europa” reiterou, sublinha o Vaticano.
assim, o seu pesar pela supressão, da Carta dos Di- O aumento das vocações diz respeito em primeiro
reitos Fundamentais da União Europeia (Outubro lugar à África, onde o número de seminaristas tripli-
2000), de todas as referências às raízes cristãs da cou durante o período 1978-2000.
Europa. Um decisão que foi fruto das pressões en- A Ásia ocupa o segundo lugar, com um aumento de
tão exercidas pelo governo francês. 125 por cento, seguida do continente americano (65
Na sua intervenção, o ex-Primeiro Ministro Belga e por cento). Os seminários europeus registaram uma
Vice-Presidente da Convenção Europeia recordou subida de 12 por cento.
que, apesar do alargamento da União Europeia ter
lugar apenas em 2004, esta deverá sofrer uma grave Família: Gabinete de Mediação para breve
crise caso a Convenção falhe na sua missão. Segun- A Associação Famílias pretende arrancar no segundo semes-
do comunicado da COMECE, Jean Luc Dehaene tre deste ano com um Gabinete de Mediação Familiar.
encorajou, portanto, “todas as Igrejas e grupos inte- In: RR on-line, 2002-03-26 - 17:22

ressados, a tirar partido da oportunidade de contri- Este gabinete, que funcionará na sede da Associação
buir no trabalho da Convenção”. em Braga, "pretende dar apoio a pais desavindos, no
Em Lille, teve também lugar a primeira reunião de sentido de minimizar, nas crianças, filhas do casal, os
uma equipa de trabalho, designada pela COMECE efeitos nocivos de terem os seus progenitores em
para preparar um documento de reflexão para todos litígio", explicou Carlos Aguiar Gomes, Presidente
os Bispos da Europa. Intitulado “Fé cristã e cons- da Associação.
trução europeia”, o documento, a ser apresentado Além do Gabinete de Mediação Familiar, "a luta
em 2004, abordará o significado da integração euro- contra a info-exclusão, contra a exclusão social e
peia do ponto de vista teológico. contra a iliteracia" são outros objectivos da Associa-
D. Hippolyte Simon, Bispo de Clermont, que presi- ção de Famílias, que foram comunicados por carta
de a este grupo de trabalho, informou os presentes enviada ao Primeiro-Ministro indigitado, Durão
na conferência de Lille que “as Igrejas vão ser escu- Barroso.
tadas na Convenção através do Fórum da Sociedade
Civil” e que esta contribuição “afecta não apenas a Amar os não amáveis
Aires Gameiro
liberdade religiosa mas também os direitos do ho- In: Ecclesia, 020327
mem”. Ao encerrar a conferência, o Presidente da Situações, perplexidades, angustias perante os não
COMECE realçou que a Convenção deverá definir amáveis são sofrimentos frequentes em pessoas de
os valores e os objectivos da União Europeia. Subli- boa consciência com problemas de auto-imagem e
nhando que para cristãos, judeus e muçulmanos, os auto-estima. Os de má consciência, esses, cortam a
valores estão enraizados na fé em Deus, D. Josef direito: Os não amáveis não são para amar e pronto,
Homeyer apelou a que o futuro tratado constitucio- resolve-se o impasse e fica-se bem visto. Os não
nal da União Europeia contenha o reconhecimento amáveis são inferiores, por fora na pele e por dentro
da transcendência. no miolo e nas acções que todos vêem. Quem é que
No passado dia 10 de Janeiro, o Papa João Paulo II não vê? Só os cegos para ver o razoável da vida. Se
chamava a atenção para o risco de a contribuição são rejeitados a culpa é deles.
dos crentes na Convenção ser marginalizada. Afirmar a igualdade a dignidade, democracia para
[12-03-2002 16:46:33] [Internacional] [3043 caracteres] [Grátis] [ Filipe R. Lucena ]
todos, parece acordar a dúvida de tais decisões e
abala auto-estimas nos que desejam aceitar os não
amáveis. Para os que os rejeitam mais à vontade os

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outros são maus. Basta olhar na direcção certa e lá
está a pessoa de cor, estrangeiro, o doutra religião,
miserável, o mal-encarado, o metido nas drogas ou
O Jornal das Boas Notícias
nos copos, a ser apanhado em flagrante acto delin-
quente ou criminoso. Igualdade! Era o que faltava!
Uns são amáveis e outros são anti-amáveis.
Têm outra cultura, um temperamento detestável!
São insuportáveis, vingativos, violentos, ressentidos
e antipáticos. Pertencem aos não amáveis e ninguém
nos obrigue a aceitá-los quanto mais a amá-los. Bem
se alguns não são maus são doentes, são qualquer
coisa psíquicos, amalucados. E chovem as auto-
justificações nos que cultivam ódios de estimação e
nos que vão até aos ódios de morte. Uns roídos de
alguma culpa outros remendados de auto-
justificação.
Se querem ser aceites que mudem, se curem, se
emendem. Mudem a cor da pele, deixem de ser dou-
tro pais, doutra religião, doutra cultura, vão-se tratar.
Se não mudam vão para a terra deles. Irmãos nos-
sos? Nem me falem. Nem gente são! Se ao menos
mudassem de maneira de ser, se falassem connosco
ao menos quando estamos bem dispostos, e na nos-
sa língua, se apreciassem a nossa maneira de ser, se
nos sorrissem quando estamos em baixo e vissem os
milagres que fazemos, o bom que somos. Parece
mesmo que não querem que ninguém os ame. Não
querem nada connosco, põe-nos de parte e ainda se
queixam.
Isto para já não falar dos que nos atraiçoam, nos
excluem, movem intrigas, arregimentam claques,
organizam pequenas e grandes máfias. E exploram
os fracos do nosso lado e até os seus! Violentam e
matam. Não amáveis. Só? Odiáveis e odientos é que
eles são.
Contudo muitos que se julgam bons e que querem
ser melhores sofrem, ficam perplexos, angustiam-se
por não serem capazes de amar os maus. Duvidam
se são culpados. E mais ainda quando os não amá-
veis são pobres, miseráveis, carenciados. Sim, eles
são maus. São pecadores. Merecem o desamor, são
doentes e não o reconhecem. Mas a nossa auto-
estima o amor de nós mesmos não nos dá gozo
quando do próprio amor se excluem os não amáveis
mesmo pecadores, mesmo maus ou apenas mal en-
carados. Como sair disto?
Perante as intrigas, as paixões, os ódios de pessoas
que ferozmente os cultivavam contra ele e contra
grupos de não amáveis, Jesus, na sua paixão, passaria
também pela angústia de ser coerente e cumprir a
sua missão. Apesar de tudo esteve sempre disposto a
amar todos os não amáveis de um e doutro lado.
Mesmo maus, doentes e pecadores endurecidos.
Mesmo os traidores como Judas, Pedro e os que o
mataram.
S. João de Deus e tantos outros Santos, nas pegadas
de Cristo, conseguiram também dar o salto para o
amor dos não amáveis do seu tempo: doentes, mise-
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ráveis, ladrões, assassinos, prostitutas, mouriscos,
judaizantes… e ser próximo para todos.
O segredo de Jesus foi um só: o perdão. Para ofere-
cer o perdão nem sempre exigia que a pessoa disses-
se que estava arrependida. Esperava apenas que
aceitasse o perdão e o seu amor. E oferecia o perdão
mesmo para aqueles que não sabiam que eram cul-
pados. Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que
fazem.
S. João de Deus, como tantos outros Santos da Igre-
ja e de fora da Igreja, preparava-se para amar os não
amáveis, perdoando e pondo-se ao seu nível de do-
ente, estrangeiro, com má fama e pecador. Indignos,
eles, do seu amor e ajuda? Indigno reconhecia-se ele
de comer o pão dos pobres. Eles já eram todos
amados pelo Pai do Céu. Ele era um pecador e santo
perdoado como eles.
A uma prostituta recuperada por ele que o injuriava
dizia: Se mais cedo ou mais tarde tenho que te per-
doar, perdoo-te já.
Amar os não amáveis, mesmo os odientos, um limite
humano ou uma aventura do Divino em nós? O
Cristo da Paixão e da Cruz responde.
Páscoa de 2002
[27-03-2002 15:41:03] [Comentários] [4453 caracteres] [Grátis] [ Aires Gameiro ]
Arcebispo de Lagos contente com perdão
de Safiya
In: Zenit, 2002-03-26 - 18:58
Code: ZE02032507
A anulação da sentença à morte por lapidação de Safiya é
"uma vitória contra a Sharya", afirmou Monsenhor Anthony
Olubunmi Okogie, Arcebispo de Lagos.
"Agradeço ao Senhor porque Safya está livre daqui
para a frente. É uma vitória sobre a lei islâmica." -
acrescentou o Arcebispo, que frisou, ainda, a injusti-
ça da acusação.
Acusada de adultério, a jovem tinha sido condenada
à morte por lapidação pelo Tribunal de primeira
instância. O prelado declarou mesmo que, no caso
de se ter confirmado a sentença, estaria disposto a
substituir Safiya na execução da pena.
O Arcebispo de Lagos afirma que o texto oficial do
Corão não prevê a pena de morte por lapidação em
caso de adultério, mas apenas o castigo por chicota-
das: "A lapidação foi introduzida por Omar, o se-
gundo califa, por razões bem conhecidas por ele
próprio".
Monsenhor Anthony Olubunmi Okogie afirmou,
ainda, estar de acordo com o governo nigeriano, que
julgou a "Sharya" inconstitucional: "Não podemos
aceitar viver numa nação que aplica duas leis diferen-
tes, uma para os muçulmanos e outra para os restan-
tes cidadãos".
GABRIEL
Appio Sottomayor
In: A Capital, 20319
O Gabriel morreu num dia da semana passada. Saiu
de casa de manhã, para o trabalho, e já não voltou.
 11 O seu coração, mesmo sendo do tamanho do mun-
do, falhou irremediavelmente.
segunda-feira, 1 de Abril de 2002
Directo e discreto, como sempre, sem querer inco-
O Jornal das Boas Notícias
modar, limitando-se, quando se sentiu mal, a pedir
“uma cadeirinha”, que já nem chegou a utilizar.
Quem era o Gabriel? - perguntarão.
Apenas um cidadão anónimo, um sujeito modesto,
uma daquelas vidas a que as pessoas de grande e
notória actividade costumam chamar de “apagadas”.
Nunca, que eu saiba, o seu nome veio nos jorna
is. Nunca, que me lembre, foi glorificado. Fora do
seu círculo restrito, entre família e a Madragoa, não
serão muitos aqueles que o recordem.
E, no entanto, que vazio deixa este homem! Já sabia
da sua permanente disponibilidade, da sua
capacidade ao serviço dos outros. Mas foi preciso
que morresse para ter consciência de que Gabriel
Martins conhecia pessoalmente todos os doentes e
necessitados da freguesia de Santos, a quem visitva e
levava a ajuda possível. Só agora soube que convida-
va gente da rua para almoçar em sua casa. Só depois
de ele partir percebi como nele se reuniam as quali-
dades das duas irmãs de que nos fala o Evangelho:
tinha o sentido contemplativo de Maria e o espírito
prático de Marta. Não pensava salvar o mundo; bas-
tava-lhe cuidar do próximo.
Os meios de comunicação falam facilmente de gente
que rouba, assassina, desencadeia guerras, comete
atentados...
Desculparão os leitores este parêntese de hoje, ao
recordar apenas esta raridade de um homem que não
caberá por certo na História- porque tinha a ousadia
de ser verdadeiramente bom.
Repudiai a mediocridade disse João Paulo
II aos jovens
Num encontro com os participantes do Congresso
UNIV2002
In: Zenit, 20020325
CIDADE DO VATICANO, MARÇO 25, 2002
(Zenit.org).- João Paulo II encontrou-se hoje com
2550 universitários homens e mulheres e pediu-lhes
que vencessem a tentação da mediocridad e da con-
formidade.
Os jovens, que representavam 280 universidades e
30 países, estavam em Roma a participar do congres-
so UNIV 2002, uma iniciativa da OpusDei que co-
meçou em 1968.
“Nestes dias da Semana Santa, a reflexão dos crentes
é dominada pelo mistério da cruz. Sob a sua luz,
podemos compreender melhor o valor do serviço e
do trabalho, e para vós, queridos jovens, também do
estudo,” disse o Pontífice, comentando o tema do
meeting “Estudo, Trabalho, Serviço”.
“A cruz é uma lição silenciosa de amor, na qual
aprendemos realmente a amar,” disse o Santo Padre.
“Seguindo Cristo, o Rei crucificado, os crentes
aprendem que reinar é servir, procurando o bem dos
outros, e descobrem que o verdadeiro significado do
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amor se exprime no dom de si próprio.”
Citando o fundador da Opus Dei Josemaría Escrivá
que será canonizado a & de Outubro, João Paulo II
disse, “Toda a dignidade do trabalho se baseia no
amor.”
“O grande privilégio do homem consiste em ser
capaz de amar, transcendendo assim o efémero e o
transitório,” disse o Santo Padre na sua menagem
em italiano. “O homem pode amar outras criaturas,
pode dizer “tu” e “eu” carregados de significado [...]
O trabalho nasce do amor, exprime amor, está orde-
nado para o amor.
Quando a vida é vivida com este espírito, o Cristão
torna-se “sal da terra e luz do mundo na sua existên-
cia vulgar”, continuou o Papa.
“Não é um caminho fácil; é frequentemente contrá-
rio à mentalidade dos nossos contemporâneos,”
notou. “Significa, claro, ir contra a corrente, com
respeito às modas e condutas dominantes.”
“Não vos surpreendeis; o mistério da cruz ensina um
modo de ser e de agir que não está de acordo com o
espírito deste mundo,” sublinhou João Paulo II.
O papa apelou aos seus ouvintes para que resistis-
sem “à tentação da mediocridade e da conforma-
ção”. Só deste modo podeis fazer da vossa vida dom
e serviço para a humanidade; só deste modo pode-
reis contribuir para limpar as feridas e acalmar o
sofrimento de tanta gente marginalizada e pobre,
ainda presentes no nosso mundo tão tecnologica-
mente avançado.”
No começo da audiência, o Papa cumprimentou
Laurente Mazingi do Congo, presidente deste 35.º
congresso da UNIV, que em nome dos presentes,
agradeceu o testemunho do Papa.
O congresso UNIV, que estará em sessão na terça-
feira na Universidade La Sapienza foi organizado
pelo Instituto da Cooperação Universitária, um gru-
po italiano que promove iniciativas de cooperação
para o desenvolvimento em vários países.
A primeira loja do comércio justo em Por-
tugal
Margarida Martins Alves
In: Voz Portucalense 020327
Foi inaugurada a 21 de Agosto de 1999, em Amaran-
te, a primeira Worldshop com o nome de "Loja do
Comércio Justo". Criada pelo Aventura Marão Clu-
be, uma associação local fundada em 1993, esta loja
pode nascer graças ao apoio da Comissão Europeia
(DGXXII), do Instituto Português da Juventude, da
Câmara Municipal de Amarante e de algumas em-
presas privadas que cederam as instalações e materi-
ais de construção. Actualmente a loja trabalha com
quatro ONG (organizações não governamentais) de
importação europeias e tem uma facturação média
de 250 contos por mês.
Esta Loja do Comércio Justo orienta a sua actividade
por um conjunto de critérios:
A loja apoia a definição e os princípios do Comércio
 11 segunda-feira, 1 de Abril de 2002
Justo através da sua missão, valores, material de
divulgação e actividades; a função principal da Loja é
a promoção do Comércio Justo, através da venda de
O Jornal das Boas Notícias
produtos comercializados de modo justo, da infor-
mação e da participação em campanhas de sensibili-
zação; a Loja reinveste os seus lucros no circuito do
Comércio Justo, nomeadamente no fortalecimento
das estruturas de importação e produção e na me-
lhoria das infra-estruturas e serviços acessíveis aos
produtores; a Loja informa o público sobre os seus
objectivos, a origem dos produtos, os produtores e o
Comércio Mundial; apoia as campanhas que promo-
vem a melhoria da situação dos produtores, bem
como as que visam influenciar as políticas nacionais
e internacionais.
A grande prioridade da Loja e dos voluntários que
têm vindo a aderir ao movimento do Comércio Jus-
to são, a divulgação do movimento junto da opinião
pública e a sensibilização para os problemas que
afectam o sul do Mundo na lógica da relação de
dependência e exploração Norte-Sul. Para o efeito já
organizaram vários seminários destinados sobretudo
aos jovens em idade escolar e participaram em várias
feiras e exposições onde promovem e comercializam
os seus produtos.
Uma loja que não é para obter lucro?
Há pessoas que entram na Loja sem saber do que se
trata mas depois de uma explicação mostram-se logo
interessadas. E o certo é que a pouco e pouco, a
Loja ganhou clientes e em Amarante já há quem não
a dispense. Há pessoas que não querem chá senão
do Comércio Justo. Diz Miguel Pinto que até agora
o saldo é positivo. O consumidor paga o custo da
produção, a mão de obra e as horas de trabalho. A
loja de Amarante vende produtos alimentares, têxteis
e artesanato, oriundos de países desfavorecidos de
África, Ásia e América. Estes produtos são justa-
mente pagos ao produtor. As margens aplicadas na
venda ao público não são muito elevadas sob pena
de tornar os produtos demasiado caros. Só com a
grande cooperação do voluntariado é possível este
"milagre".
O Instituto da Juventude assegura o salário de uma
funcionária, e o resto é trabalho voluntário. No dia
da inauguração, a dificuldade foi explicar às pessoas
que não se tratava de uma loja de produtos baratos,
"uma espécie de loja dos 300" gerida por universitá-
rios, nem sequer se pretendia transformar as vendas
em mais uma iniciativa "de caridade". "Isto é uma
forma comercial de fazer cooperação", explica Mi-
guel Pinto. Os produtos "são melhores do que os
outros e são pagos de acordo com o seu valor real".
Com a vantagem de ajudarem a mudar um mundo
que demasiadas vezes é um local sinistro para muita
gente.
Projectos
Miguel Pinto, não tem mãos a medir com tantos
projectos que o Comércio Justo pode abrigar em
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Portugal para ele não faz sentido que todos os PA-
LOP façam parte da lista dos 25 países mais pobres
do mundo e apesar disso, nenhum integre a rede de
fornecedores destas lojas. Está incluindo na agenda
das suas prioridades futuras o alargamento da teia de
influências das lojas europeias a Timor, Guiné, An-
gola e Moçambique. Já para não falar na necessidade
de abrir mais lojas por todo o país.
Associação "Reviravolta" e loja no Porto
Neste momento já foi inaugurada uma loja em
Coimbra e brevemente teremos também uma
Worldshop a funcionar na cidade do Porto. Será
uma iniciativa de uma associação, chamada Revira-
volta, que trabalhará exclusivamente com o Comér-
cio Justo.
Esta associação criou parcerias com outras congéne-
res europeias o que permitiu a apresentação conjun-
ta, na Comissão Europeia, de dois projectos na área
da formação/informação sobre o Comércio Justo.
Um permitirá a organização de seminários em 24
escolas do Distrito do Porto e o outro prevê forma-
ção sobre o Comércio Justo para os voluntários que
participaram como animadores nas actividades de
sensibilização. Em perspectiva a formação duma
plataforma portuguesa de Comércio Justo e Solidá-
rio.
Contrapartidas sociais gratificantes
As contrapartidas sociais têm exemplos gratificantes:
só no Bangladesh, o Comércio Justo criou 25 mil
escolas, e as campanhas mundiais de denúncia da
falta de condições de trabalho em algumas grandes
empresas têm tido efeitos directos sobre a melhoria
de vida dos trabalhadores. O reconhecimento inter-
nacional do Comércio Justo também dá os primeiros
passos. A Comissão Europeia adoptou o café pro-
veniente deste comércio. Uma medida que terá os
seus efeitos de "marketing" e poderá servir de exem-
plo futuro. A loja portuguesa já solicitou à Assem-
bleia da República a adopção do "café com preço
justo". Aguarda resposta. Tal como espera pela res-
posta das câmaras municipais. Até mesmo da de
Amarante.
Apetecia-me mesmo dizer-te Miguel, a letra linda de
uma canção que eu gosto:"se os caminhos que per-
corres são de paz e justiça, irei contigo!"
Para mais informações, contactar:
LOJA DO COMÉRCIO JUSTO(Aventura Marão Clube)
Edifício Carvalhido - Loja X - São Gonçalo4600-013 Amarante
Tel.:255423147_ __
Mail: jmrpp@hotmail.com
www.terravista.pt/mussulo/7616
Two Major Newspapers on “the marriage
movement.”
In: AmercanValues.org 020328
“In the United States, unlike here, the idea of mar-
riage renewal has grown into a full-scale movment.”
Mark Abley. “Symposium United on Marriage.” The Gazette, Montreal, Sunday, March 24,
2002
“The movement is a loose, grass-roots coalition that
 11 seeks to reduce the divorce rate and promote mar-
riage as the best arrangement for the raising of chil-
segunda-feira, 1 de Abril de 2002
doso, a vereadora responsável pelo pelouro da Edu-
cação e principal autora das propostas relacionadas
dren. It is on a roll, going clout across the country. com este assunto constantes do programa eleitoral
O Jornal das Boas Notícias
Even those who don’t agree on the cause agree on da candidatura, anunciaram já publicamente os mol-
the results: children who grow up with only one des em que o projecto vai funcionar.
parent are more likely to be poor, drop out of Como não existe um livro único para todos os esta-
school, have emotional problems and commit belecimentos de ensino, a autarquia famalicense vai
crimes. These trends have precipitated a movement - entregar o dinheiro às escolas, para que comprem os
- a marriage movement -- that has gained adherents livros adoptados. Contas feitas, dos cofres da câmara
in the state house and the White House. deverão sair cerca de 250 mil euros que vão aliviar o
Patricia Cohen. “From ‘I Do’ to ‘I Don’t.’” The New York Times. Sunday, March 24, 2002
orçamento familiar dos pais e encarregados de edu-
cação de dez mil alunos. "A responsabilidade das
Renascer
Inês Dentinho
autarquias diz respeito apenas ao pré-escolar e ao 1º
In: O Independente, 020328 ciclo do ensino básico e é aí que a câmara tem que
"Cinquenta mil pessoas foram deslocadas pelas For- agir", explica Edna Cardoso, quando questionada
ças Armadas Angolanas" durante o curto mês de sobre a não aplicação da nova medida a outros graus
Fevereiro. Este número, escrito a azul no canto infe- de ensino.
rior-esquerdo do “JN” de terça-feira, prende a aten- A decisão autárquica está a ser bem recebida por pais
ção de quem se quer prender. Cinquenta mil, fora de e professores. Nas escolas das 49 freguesias famali-
casa, sem remédios nem água; sem sustento nem censes "há alunos ricos e alunos pobres" mas - diz a
trabalho: sem culto nem esperança. Sei que não co- vereadora da Educação - "há crianças muito carenci-
lhe repetir notícias, lembrar desgraças ou trabalhar adas". Inserido no Vale do Ave e vivendo ainda
grandes respostas para antigos males. Mas nesta quase só da indústria têxtil, Famalicão é um dos
semana em que, por todo o mundo, milhões acredi- poucos concelhos do país onde continua a ser neces-
tam que da Morte se fez Vida, volta a ser notícia a sário construir novas escolas, já que o número de
esperança em Angola. E nada como sondar as futu- crianças se mantém elevado. O novo executivo ten-
ras gerações para entender por que caminho se pode ciona, aliás, construir nos próximos quatro anos, e
caminhar. Há tempos uma pergunta foi distribuída juntamente com o Ministério da Educação, pelo
por centenas de crianças órfãs de Luanda: "O que menos a escola de Pedome, aquela que é, na opinião
vão fazer depois da guerra?" As respostas, entre o de Edna Cardoso, "a que mais falta faz em Famali-
espanto e a certeza, dividiram-se em quatro grandes cão". O objectivo da medida agora anunciada é per-
grupos. O primeiro garantiu: "Vou matar aquele que mitir que os pais, "ao não terem que gastar dinheiro
matou os meus pais." O segundo, disse apenas: nos livros, possam depois financiar outras activida-
"Vou chorar a minha mãe." O terceiro, animado, des dos filhos", diz Edna Cardoso. Em plena crise
adiantou: "Vou procurar trabalho, construir a minha financeira, que levou o novo executivo a ter de re-
casa, formar família e ser feliz." E, finalmente, o correr à banca para pagar dívidas contraídas pela
quarto grupo de crianças explicou: "Não sei o que anterior câmara, a decisão da edilidade de pagar to-
vou fazer com esta paz." A vingança, a dor, a espe- dos os livros escolares (só os das crianças oriundas
rança e a incerteza fazem os caminhos da Paz no de famílias carenciadas costumam ser financiados
futuro de Angola. Parecem contraditórios, arautos pelo Estado) pode causar discussão. Alegando ser
de um novo quadro que repete o susto de uma guer- uma questão de "prioridades", a responsável pelo
ra sem termo. Mas são, afinal, sinais de uma vida que pelouro da Educação garante que há assuntos em
renasce depois da morte. que a câmara tem que ser "inflexível". "E este é um
deles", finaliza.
Câmara de Famalicão Paga Manuais Esco-
lares a Todo o 1º Ciclo Etimologia Pascal
Por EMÍLIA MONTEIRO In: Canção Nova, 020328
In: Público, Quinta-feira, 28 de Março de 2002
Dez mil crianças vão ter livros de graça já no próximo ano A Igreja celebra o tempo de Páscoa, que vai desde o
lectivo Domingo da Ressurreição até o fim de Pentecostes -
Já no próximo ano lectivo, a Câmara de Vila Nova mais ou menos uns 50 dias - como se fosse um só
de Famalicão vai pagar os manuais escolares a todos dia, o Grande Dia, antecipação do tempo que não
os alunos que frequentem o 1º ciclo do ensino bási- terá fim.
co nas escolas do concelho. A medida fazia parte do Este sentido do tempo da Páscoa se faz especial-
programa eleitoral de Armindo Costa, o candidato mente evidente no tempo conhecido como "Oitava
do PSD/PP que em Dezembro venceu as eleições de Páscoa", os oito primeiros dias do tempo pascal,
autárquicas, mas foi praticamente ignorada pelos em que as antífonas repetem durante toda a semana:
restantes candidatos, que não acreditavam na exe- 'Hoje o Senhor ressuscitou, cantemos um hino ao
quibilidade da ideia. Contudo, o autarca e Edna Car- Senhor nosso Deus".
O ovo de Páscoa tem uma origem cristã. Na chama-

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 11 da "Idade Média", o ovo não somente era visto
como um alimento saboroso e precioso- lembrando
segunda-feira, 1 de Abril de 2002
que não existia a produção em série- mas que além
O Jornal das Boas Notícias
disso simbolizava a Cristo: assim como o ovo oculta
uma vida que brotará, a tumba de Jesus também
oculta sua futura ressurreição. Em muitos países
ainda se conserva a tradição de pintar e abençoar os
ovos de galinha antes do Domingo de Ramos, para
depois comê-los no Domingo de Páscoa.
O coelho de Páscoa é um símbolo cristão da Ressur-
reição. Seu uso se remonta à antigos predicadores do
norte europeu que viam na lebre um símbolo da
Ascensão de Jesus e de como deve viver o cristão: as
fortes patas traseiras da lebre lhe permitem ir sempre
para cima com facilidade, enquanto suas frágeis pa-
tas dianteiras dificultam a descida.
A Pomba ou "Colomba" pascal, um pão doce e en-
feitado com a forma de ave, é também um símbolo
cristão. A forma de pomba era utilizada muito fre-
qüentemente nos antigos sacrários onde se reservava
a Eucaristia. O símbolo eucarístico se convirteu logo
no pão doce que costuma ser compartilhado, em
alguns países europeus -especialmente na Itália- no
café da manhã de Páscoa e da "Pasquetta", a segun-
da-feira de Páscoa.
"Desenvolvimento sustentável" não é pos-
sível se não está a serviço do homem, dis-
se o Vaticano
In: Aci.digital, 020327
VATICANO, 27 Mar. 02 (ACI).- Como observador
permanente da Santa Sé, o Arcebispo Diarmuid
Martin assinalou durante a 58* sessão da Comissão
de Direitos Humanos das Nações Unidas que para o
Vaticano o assim chamado "desenvolvimento sus-
tentável" somente é possível se tem como centro o
ser humano.
O Prelado interveio durante o encontro que conclu-
iu na terça-feira passada em Genebra, e centrou-se
no primeiro princípio da Declaração do Rio de
1992: "Os seres humanos estão no centro do inte-
resse do desenvolvimento sustentável".
"As pessoas humanas são o ponto central de uma
economia baseada nos conhecimentos" disse Dom.
Martin; e assinalou que "sua iniciativa e criatividade
são a força motriz e inovadora de uma economia
moderna".
Contudo, o Prelado agregou citando as palavras de
João Paulo II que "a triste realidade" é que "muitas
pessoas, quiçá a maioria hoje, não tem os meios que
lhes poderiam assegurar poder ocupar seu lugar de
forma eficaz e humanamente digna dentro de um
sistema produtivo no qual o trabalho é realmente
essencial".
O delegado vaticano recordou que "a pobreza atu-
almente não se pode definir somente em termos de
falta de receita, e sim mais em termos de capacidade
de desenvolver completamente esse potencial hu-
mano com o que Deus dotou a cada homem e mu-
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lher".
Por essa razão, combater a pobreza "significa desen-
volver o potencial humano", agregou Dom. Martin,
ao sublinhar "o direito das pessoas a desenvolver
plenamente suas capacidades". "Conseguir este direi-
to não é somente uma compreensível aspiração hu-
mana. É um requisito essencial para o desenvolvi-
mento de uma economia forte e moderna", concluiu.
Sentido da Semana Santa na Sociedade
Contemporânea
Pe. Alberto Brito, sj
In: Ecclesia, 20020326
Nesta manhã de Segunda-feira Santa, em pleno Chi-
ado, uma rapariga, de micro em punho, depois de
me ter visto receber um “Programa da Semana San-
ta”, fez-me as perguntas do costume: “É católico?”
“Costuma ir às cerimónias da Semana Santa?” “Acha
que a dor se pode festejar?”
Quando respondi que era padre, pediu-me desculpa.
Disse-lhe que não desculpava, porque não era coisa
para se desculpar, e ali mesmo estivemos um bocado
à conversa...
No caminho para casa, pensei como é que se pode
encontrar sentido, hoje, para “festejar” a dor, como
ela dizia. Será isso a Semana Santa?
As imagens de vinte séculos de pintura cristã e o
recolhimento que tantas pessoas procuram nesta
época contrasta com algumas cenas chocantes nos
meios de comunicação social de hoje, a propósito da
Páscoa.
Dois mil anos depois, parece claro que ainda temos
muito que andar na compreensão do modo voluntá-
rio como Jesus viveu o sofrimento. Um Jesus que
não quer a dor e que não inventou a cruz. Como
qualquer pessoa humana, Ele quer a vida, quer a
alegria. O curioso é que Ele chega a essa Alegria por
um caminho que não conseguiríamos inventar, se
Ele o não tivesse percorrido! Se calhar, foi por isso
que Ele passou por lá primeiro!
Nós, os humanos, andamos neste mundo há milhões
de anos à procura da felicidade. E hoje, talvez seja
do que mais se fala e se procure vender no mercado.
Só que dá ideia que não se encontra este produto em
saldo e parece que não estão a subir na Bolsa as
‘firmas’ que a oferecem!
Ora, nenhuma pessoa humana está sozinha nesta
procura. Jesus, no passado como no presente, per-
corre com os homens o caminho da felicidade. É
isso a Via-Sacra!
A sua intenção é eliminar o mal. Mas Jesus não o
elimina ignorando-o ou anestesiando-se para não o
sentir na pele. Lá por ser ‘Filho de Deus’, não passa
por cima do sofrimento, nem tem um seguro contra
todos os riscos. O Seu caminho passa por transfor-
mar o sofrimento a partir de dentro, com o dina-
mismo que só o Amor imprime à vida. Passando por
meio da multidão e contactando com todas as forças
vivas da cidade de Jerusalém, perdoando inclusive
 11 àqueles que tramam a Sua morte, Jesus revela até
onde o Amor O leva!
segunda-feira, 1 de Abril de 2002
Desde o dia em que começou a sua missão. —
Viram-na em toda a parte.
O grito da Cruz liberta as enormes potencialidades No meio do povo e um pouco afastada do povo.
O Jornal das Boas Notícias
humanas, torna-se sinal e ocasião de liberdade, de Sob os pórticos. Sob as arcadas, nas correntes de ar.
dedicação incondicional à Humanidade! Nos templo, nos palácios.
Por isso, Cristo desafia-nos a transformar a nossa Nas ruas.
cruz na ‘Sua’ Cruz. A nossa cruz é ambígua e sem Nos pátios e nos pátios interiores.
esperança. A Cruz de Cristo é luminosa, chama-se E ela também tinha subido ao Calvário.
Amor e prepara, cheia de esperança, a vitória da Ela também tinha subido até ao Calvário.
vida! Uma encosta muito inclinada.
A Cruz de Cristo faz-nos ser mais humanos. À pri- E ela nem mesmo sentiu que estava a andar.
meira vista, parece que a cruz é escola de tudo me- Ela nem sentiu que os seus pés a levavam. —
nos de humanismo, porque o que se vê é uma pes- Ela também tinha subido até ao Calvário.
soa humilhada, esmagada e executada. Mas, na reali- Ela também subiu e subiu
dade, Jesus ama cada um de nós como é, ama-nos a Na confusão geral, ficando um bocadinho para trás
todos com o nosso drama e desperta em cada um de Ela chorou e chorou sob um grande véu de linho.
nós a espantosa energia do arrependimento, da con- Um grande véu azul.
versão, da fé reencontrada, que tem a sua foz na Um bocado desbotado. —
felicidade. Ela chorou como nunca será concedido a nenhuma
Por isso, mais do que fazermos nós companhia ao mulher chorar.
Senhor que dá a vida por nós, deixemos nesta Pás- Como nunca será pedido
coa que Ele nos acompanhe no nosso sofrimento. A uma mulher que chore nesta terra.
Ninguém está sozinho, embora se possa sentir as- Nunca em qualquer tempo. —
sim. O que era muito estranho era que toda a gente a
Hoje, há muitas dores físicas que a medicina tenta respeitava.
aliviar, muitos sofrimentos psíquicos que as Ciências O povo respeita muito os pais dos condenados.
Humanas procuram mitigar. E ainda bem! Felizmen- Eles até disseram: Pobre mulher.
te, multiplicam-se hoje os cuidados e as solidarieda- E ao mesmo tempo batiam no seu filho.
des, em relação a desalojados, a imigrantes, a idosos, Porque o homem é assim. —
a drogados, a reclusos, aos que se sentem inúteis... O mundo é assim.
Mas, o que nos destrói não é o sofrimento. O que dá Os homens são o que são e não se podem mudar.
cabo de uma pessoa é sofrer sozinha! Jesus não nos Ela não sabia isto, pelo contrário, ele tinha vindo
veio dizer que não sofreríamos. Esteve e está con- para mudar o homem.
nosco sempre - também no sofrimento - e aí, faz- Que ele tinha vindo para mudar o mundo.
nos compreender, se aceitarmos a Sua companhia, Ela seguia e chorava.
que Ele nunca nos abandona. Uma vez experimen- Toda a gente a respeitava.
tada essa presença, encontramos a saída e o sentido Toda a gente tinha pena dela.
para o sofrimento e para a morte. Diziam: Pobre mulher.
Felizmente, o ponto fundamental da nossa fé cristã Porque eles talvez não fossem realmente maus.
vem responder e fazer-nos compreender que a vida Eles não eram maus de coração.
não é um beco sem saída. Vem-nos provar que tudo Eles faziam com cumprir as Escrituras. —
é superável no Amor! Eles honravam, respeitavam e admiravam o seu
Boa Páscoa! desgosto.
[26-03-2002 19:16:34] [Comentários] [4074 caracteres] [Grátis] [ Pe. Alberto Brito, sj ]
Eles não a mandaram embora, apenas a afastarm um
bocadinho com atenções especiais
A Paixão de Nossa Senhora
Charles Péguy
Porque ela era a mãe do condenado.
(1873-1914) Pensaram: É a família do condenado.
Nos últimos três dias ela tinha vagueado e seguido. Até o disseram baixinho.
Seguiu o povo. Disseram-no entre eles
Seguiu os acontecimentos. Com uma admiração secreta. —
Parecia que seguia um funeral. Ela seguia e chorava, e não compreendi muito bem.
Mas era o funeral de um homem vivo. — Mas ela percebia muito bem que o governo era con-
Seguia como uma seguidora. tra o seu menino.
Como uma serva. E isso é muito mau sinal. —
Como uma carpideira num funeral Romano. — Ela percebia que todos os governos eram contra o
Como se tivesse sido a sua única ocupação. seu menino.
Chorar. — O governo do Judeus e o governo dos Romanos.
Era isto que ele tinha feito a sua mãe. O governo dos juízes e o governo dos sacerdotes.

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 11 O governo dos soldados e o governo dos clérigos.
Ele nunca conseguiria escapar-lhes.
segunda-feira, 1 de Abril de 2002
a Via Sacra desde Roma.
Aura Miguel, jornalista da Rádio Renascença desde
Certamente que não. — 1985, acompanhou o Papa João Paulo II em 42 das
O Jornal das Boas Notícias
O que era estranho é que toda a troça caía sobre ele. suas visitas pastorais por todo o mundo, sendo a
Não sobre ela. — única portuguesa que integra a comitiva de profissi-
Só havia respeito por ela. onais de comunicação social que viaja no avião pa-
Pela sua dor. — pal. Com uma vasta experiência de visitas pastorais,
Eles não a insultaram. Aura Miguel realizou a cobertura para a Emissora
Pelo contrário. Católica portuguesa de viagens emblemáticas como
As pessoas até evitavam olhar muito para ela. as que o Santo Padre efectuou ao Cazaquistão, Terra
Sobretudo por respeito por ela. Santa, Cuba, Papua-Nova Guiné, Sudão e Ucrânia,
Portanto ela também tinha subido. entre outras.
Subido com toda a gente. Para além de várias entrevistas exclusivas com o
Até ao cimo do monte. Papa João Paulo II, Aura Miguel é também autora
Mesmo sem ter dado por isso. do livro "O Segredo que Conduz o Papa", uma obra
As suas pernas carregaram-na e ela nem deu por que vendeu mais de 30 mil exemplares em Portugal e
isso. que se encontra já traduzida em línguas como o
Ela também fez o Caminho da Cruz. francês, espanhol, alemão e russo.
As catorze estações da Via Sacra. [28-03-2002 17:33:32] [Nacional] [1561 caracteres] [Grátis] [ ]

Foram catorze estações?

Houve realmente catorze estações? —
Ela não tinha a certeza.
Não conseguia lembrar-se.
Contudo, não falhou nenhuma.
Ela tinha a certeza disso.
Mas pode-se sempre errar.
Em momentos como esse a cabeça voga.
Toda a gente estava contra ele.
Toda a gente queria vê-lo morrer.
É estranho.
Gente que geralmente não está do mesmo lado.
O governo e o povo.
Um acaso espantoso.
Quando tens alguém por ti e alguém contra ti, às
vezes podes escapar.
Podes esquivar-te.
Mas ele não podia.
Certamente que não podia.
Quando se tem toda a gente contra si.
Mas o que é que ele tinha feito a toda a gente?
Eu digo-te.
Ele tinha salvo o mundo.
Jornalista Aura Miguel é autora da reflexão
da décima estação da Via Sacra
In: Ecclesia, 020328
A reflexão da décima estação da Via Sacra, a Crucifi-
cação, de sexta-feira Santa, a que preside o Papa no
Coliseu de Roma, é da autoria da jornalista da Rádio
Renascença, Aura Miguel. A iniciativa partiu de João
Paulo II, que resolveu entregar a 14 dos cerca de 400
profissionais que habitualmente seguem a informa-
ção do Vaticano a elaboração do texto de reflexão
para as diversas estações da Via Sacra.
O acompanhamento da Via Sacra a partir do Coliseu
de Roma é feito, através do órgãos de comunicação
social, por milhões de fiéis espalhados por todo o
mundo. A Rádio Renascença associa-se e transmite
em directo, a partir das 20 horas de sexta-feira Santa,
Força João Paulo, não desistas! O mundo
precisa do teu exemplo.
In: Paróquias de Portugal, 20020329
Parece que temos memória curta... Parece que o
Jubileu do Ano
2000 já foi há
uma eternidade
atrás! Parece que
já não nos lem-
bramos do exem-
plo vivo que João
Paulo II nos deu
intensamente
durante todo esse
ano, viajando de Roma a Jerusalém, do Monte Sinai
a Fátima, estando presente em todas as inúmeras
cerimónias previstas no Vaticano.Parece que não
conseguimos ver o exemplo de extrema dedicação e
a força que o Santo Padre nos consegue transmitir,
ultrapassando a sua debilidade física. Mesmo não
presidindo à missa de Domingo de Ramos, João
Paulo II mostra-nos uma tal força interior de fazer
inveja a muitos.Parece que os nossos meios de co-
municação social ainda não compreenderam que o
Papa, pastor da Igreja Católica Romana, não é um
qualquer presidente de uma multinacional que à
primeira contrariedade se retira para uma reforma
vitalícia.Talvez seja importante o exemplo que João
Paulo II, com as suas dificuldades, tem dado nos
últimos anos à nossa sociedade que cada vez mais se
habituou a desistir após a primeira dificuldade.Na
semana santa que estamos a viver, lembremo-nos do
exemplo que o Papa João Paulo II nos dá e não nos
esqueçamos de rezar a Deus pela sua saúde e para
que Deus nos dê também força e ânimo para que
consigamos ultrapassar as dificuldades que por vezes
se cruzam nas nossas vidas.

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 11 Papa preside à Via Sacra sem a percorrer
In: Portugal Diário, 29-03-2002 22:27
segunda-feira, 1 de Abril de 2002
Pela primeira vez no seu pontificado, João Paulo II
presidiu, esta sexta-feira, no Coliseu de Roma ao
O Jornal das Boas Notícias
caminho da Cruz, sem o acompanhar a pé, perma-
necendo sentado num trono instalado no monte
Palatino e erguendo-se apenas para receber a Cruz.
Com as feições rígidas, devido à dor ou à oração,
amparado à balaustrada da varanda, o papa, muito
concentrado, suportou a Cruz durante cerca de cinco
minutos de meditação e oração na 14ª e última esta-
ção.
Há 23 anos, que o papa carregava, todas as sextas-
feiras santas, uma Cruz de madeira com um peso de
3,5 kg ao longo de toda a Via Sacra. Na sexta-feira,
uma grande cruz iluminava o templo de Vénus e
Roma, por trás da varanda do Palatino, de onde o
chefe da igreja católica seguiu, em grande parte, o
rito tradicional através de um ecrã de televisão.
Já em 2001, as suas dificuldades em deslocar-se,
devido a uma prótese no fémur direito e à doença de
Parkinson, obrigaram-no a transportar a Cruz apenas
entre a 12ª e a 14ª estações.
Sacrifício do Papa na Semana Santa
In: Paróquias de Portugal, 2002-03-30 16:23:22
O Vaticano reduziu ao mínimo a participação do
Papa João Paulo II nas cerimónias litúrgicas da Se-
mana Santa.
Para ontem, Sexta-Feira Santa, conforme tradição do
seu pontificado, estava previsto que o Papa confes-
sasse fiéis na Basílica de S. Pedro e presidisse, à noi-
te, à Via-Sacra no antigo Coliseu de Roma.
Usando uma plataforma rolante, o chefe da Igreja
Católica deslocou-se ao templo, instalou-se num dos
confessionários e, conforme faria outro padre qual-
quer (o Papa não confessa durante o ano), João Pau-
lo II ouviu em confissão, durante uma hora, nove
pessoas.
Relativamente à Via-Sacra, as agência noticiosas
começaram bem cedo a informar que João Paulo II
não participaria na tradicional cerimónia, por força
do impedimento que resulta da artrose no joelho
direito. O ritual implica que ele transportasse uma
réplica da cruz (com 3 kg) ao longo das 14 estações
que evocam o caminho da crucifixão de Cristo. Já no
ano passado, o Papa apenas tinha transportado a
cruz entre duas estações.
Para hoje, está previsto que João Paulo II participe
na Vigília Pascal e oficie, amanhã, a missa de Do-
mingo da Ressurreição, durante a qual pronunciará a
sua tradicional benção ao Mundo.
Recorda-se que, no Domingo de Ramos, o Papa não
pôde celebrar a missa e, anteontem, teve de renunci-
ar ao tradicional Lava-pés de Quinta-Feira Santa.
Os títulos e os textos da Imprensa italiana reflectiam,
ontem, a atmosfera que rodeia as cerimónias da
Semana Santa em Roma. "A dor do Papa", escrevia
o "Messaggero". "O Calvário de João Paulo", titula-
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va o "Unita". A generalidade dos repórteres subli-
nhavam o tremor das mãos do chefe da Igreja Cató-
lica e o seu discurso pouco claro.
Recorda-se que João Paulo II, que fará 82 anos em
18 de Maio próximo, foi operado a um tumor no
cólon em 1992; deslocou um ombro em 1993; frac-
turou o fémur em 1994 e foi operado ao apêndice
em 1996. A artrose no joelho direito vem somar-se
ao sofrimento provocado pela doença de Parkinson.
Meio século a combater a lepra
In: O Primeiro de Janeiro, 020330
Daniel Rodrigues
A lepra já vem de há séculos, porventura a doença mais anti-
ga da humanidade. Mas só há meio século é que despertou em
terras de França alguém que não fugia da doença, mas metia-
se entre os doentes escorraçados, abandonados, levados para
longe de todos, dos olhares e do coração, essa gente, essas
PESSOAS iam morrendo aos bocados, decepados, sem na-
riz, sem boca, sem pernas, menos que esqueletos.
O homem em arrojado, levado por uma fé e uma
fraternidade que não tem limites, seja em frente de
quem quer que seja, quis seguir o Mestre da Galileia
que escrava e não escorraçava, não fugia, acolhia.
Isso, isso mesmo!
Raoul Follereau, foi, efectivamente, o percursor das
acções humanitárias internacionais, espalhando-se
hoje pelo mundo muitos movimentos de solidarie-
dade, de organizações, que apostam que esta doença
há-de acabar um dia. Um dia será!
O Dia Universal de Fraternidade com os Hansenia-
nos foi em Janeiro, instituído pela ONU em 1954,
por iniciativa de Folleerau e destina-se, essencial-
mente, a promover a reflexão e a generosidade com
os doentes de lepra, recordando ao mundo que os
hansenianos são seres humanos, com os mesmos
direitos ao tratamento e cura, à dignificação e rein-
serção como os outros doentes.
As organizações dizem, percorrem o mundo a pro-
clamar que a lepra tem cura, mas passados 50 anos
ainda existem nesta planeta mais de 10 milhões des-
ses seres, metade dos quais por falta de meios eco-
nómicos.
Em Portugal, essa ainda difícil tarefa está ao cuidado
da APARF, procurando sensibilizar e motivar a po-
pulação para colaborar generosamente na batalha
por um MUNDO SEM LEPRA, que tem por finali-
dade tratar - curar, reabilitar através de várias activi-
dades nomeadamente ajudar a construir Centros de
tratamento, Laboratório e hospitais; acompanhar a
formação profissional e emprego.
As acções cada vez mais em evidência, mercê tam-
bém da generosidade que se vai convencendo de
que, afinal, é preciso eliminar da face da terra esta
doença. Por ano são curados mais de 50 mil...
A presença da APARF - Associação Portuguesa
Amigos de Raoul Follereau - está presente em 4
continentes, em 36 países; tem 96 projectos de apoio
 11 mundo.
segunda-feira, 1 de Abril de 2002
e são tratados mais de 100 mil leprosos em todo o
Todos os apoios, financeiros ou outros, podem ser
O Jornal das Boas Notícias
dirigidos para a APARF, Rua de Matola, 2 - 1800-
270 Lisboa.
Em Portugal, embora o número já não seja de ater-
rorizar, no entanto, ainda existem bastantes casos,
uns seguidos, detectados, outros, certamente, enco-
bertos em zonas em que a cura, as doenças deste
caris ou outras, vai chegando a passo de lesma, ou
mesmo ainda não chega...
A lepra hoje reveste-se de muitas facetas, veste mui-
tas farpelas.
No caso dos doentes hansenianos, o grande hospital
de Rovisco Pais, na Tocha, ainda está de pé, mas só
em parte é utilizado, porque os doentes internados
são poucos.
Há 30 anos que seguimos jornalisticamente esse
centro. Como tudo mudou nestas três décadas! Po-
rém, os que vinham de antanho e que muito ali so-
freram e por isso ou por aquilo, deixaram de ter
direito a uma habitação cá for e ainda por lá vão
estando, bem tratados, carinhosamente bem trata-
dos, consta-nos.
Como seria bom que os movimentos ligados à saú-
de, ou similares, promevessem visitas a esse local
terra que foi de tanto sofrimento! Erguer ali um
monumento às vítimas dessa doença impunha-se.
Que esse local possa ser também recanto de apren-
dizagem de solidariedade.
Museu do Louvre coloca colecção comple-
ta na Internet
In: Jornal Digital 2002-03-29 18:09:19
Paris - Uma modernização no site na Internet do
Museu do Louvre, em Paris, França, vai permitir aos
visitantes ter acesso ao maior museu do mundo e a
toda a sua colecção completa, inclusive milhares de
pinturas como a famosa «Mona Lisa», de Leonardo
da Vinci. Em 2002, a página do Louvre poderá ser
visitada online por cerca de 15M cibernautas.
O site do museu (www.louvre.fr) mostra já algumas
das obras exibidas nas suas galerias, recebendo cerca
seis milhões de visitas por ano. Em 2003, o Louvre
quer tornar-se no «maior museu virtual do mundo»,
exibindo um total de 35 mil obras e130 mil pinturas
muito frágeis para serem exibidas ao público.
Com o novo projecto, os directores do museu espe-
ram que as visitas ao site subam para entre 10 mi-
lhões e 15 milhões por ano, até 2010. A reforma do
site necessitou de um orçamento estimado entre 6,5
e 8 milhões de euros, fora os custos com a base de
dados e o custo do trabalho das equipas do museu.
Para financiar o projecto, o Louvre beneficiou de
diversos acordos de mecenato, contando com 4
milhões de euros do Crédit Lyonnais, um milhão de
euros da Accenture e um milhão da Blue Martini
Software para soluções informáticas.
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Patriarca contra aborto, eutanásia
In: Portugal Diário, 31-03-2002 14:56
O Patriarca de Lisboa manifestou-se hoje contra a resolução
dos dramas da existência através da morte
O Patriarca de Lisboa manifestou-se hoje contra a
resolução dos dramas da existência através do suicí-
dio, aborto, eutanásia, homicídio e da guerra porque
passam pela "violação da vida", defendendo-a como
um "valor absoluto". D. José Policarpo falava na Sé
de Lisboa, durante a tradicional homilia de Domingo
de Páscoa, festa anual dos cristãos que comemora a
ressurreição de Jesus Cristo.
Na sua mensagem, intitulada "O combate da morte
com a vida", o cardeal considerou exigente a luta
pela vida, porque "supõe uma visão clara da sua
dignidade intocável, que se transforma em exigência
ética e de coragem em renunciar a caminhos que
tantas vezes aparecem como busca de solução para
problemas reais". Os caminhos focados pelo Patriar-
ca, e critica por passarem pela violação da vida,
constituem, na sua opinião, uma "agressão violenta".
"É assim com o suicídio, com a eutanásia, com o
aborto, com o homicídio, com a guerra como busca
de solução para os conflitos", exemplificou.
"A vida humana é um valor absoluto, que tem a sua
origem em Deus, o qual, apesar de no-la dar, não
abdica de ser o Seu Senhor. Quando, para procurar
solução para dramas reais da existência, se segue o
caminho de menosprezar a vida, é sair derrotado
deste combate entre a morte e a vida", sustentou o
Patriarca. No entanto, D. José Policarpo admitiu que
este "combate" não é fácil, "e é por isso que a Pás-
coa de Jesus Cristo se torna decisiva para a Humani-
dade", observou, porque o seu espírito vem fortale-
cer e dar a possibilidade de vitória.
"A vida de Cristo passa a ser o critério de discerni-
mento e de juízo de todos os combates entre a vida e
a morte", defendeu o Patriarca. Na sua mensagem, o
cardeal salientou ainda o significado da ressurreição
de Cristo, na qual considera que os cristãos devem
procurar sentido para o seu caminho e fortalecer-se
para o seu combate pessoal entre a vida e a morte.
Crianças acorreram à sopa dos feijões
Patrícia Isabel Silva
In: Diário de Coimbra, 020330
Nos longínquos anos do século XIX, a família Naza-
reth começou a abrir os portões da sua quinta às
crianças que ali vinham saciar o estômago. Com o
passar do tempo, a chamada tradição dos “Feijões”
estendeu-se a toda a população e depois acabou por
se perder. No entanto, em 1988, o Grupo Etnográfi-
co da Casa do Povo de Souselas recuperou a tradi-
ção, que hoje é, especialmente, uma forma das gen-
tes da terra confraternizarem
Aos 89 anos de idade, D. Luísa é a pessoa mais velha
da família Nazareth. Confortavelmente sentada, a
matriarca assistiu ontem à reconstituição da tradição
dos “Feijões”, iniciada nos tempos dos seus avós,
 11 pobres de Souselas.
segunda-feira, 1 de Abril de 2002
que tinha como finalidade saciar as crianças mais
O ritual acontecia sempre à Sexta-feira Santa. Nesse
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dia, a família Nazareth abria as portas da sua quinta e
era ver a alegria da pequenada «à volta dos alguidares
grandes» de sopa. «Chegavam a ser 10, 20 crianças» a
partilhar o mesmo recipiente, recorda com saudade
Luísa Nazareth, que guarda com cuidado algumas
fotografias dessa época. Acontecia também cada um
chegar munido de um prato e uma colher e começar
a bater, como que a pedir para ser servido.(...)
Conto de Páscoa
João César das Neves
In: DN020401
Era de manhã e eu, pensativamente, ia andando pela
rua. Ao dobrar uma esquina, dei de caras com uma
rapariga linda. Tinha os cabelos brancos, vestido
comprido branco e olhos brilhantes. Era muito mai-
or do que eu e, no entanto, próxima de mim. Tinha
uma beleza estranha e olhava-me fixamente. Apesar
disso, tudo aquilo me parecia surpreendentemente
natural. Foi então que falou sem abrir os lábios: "Eu
sou um anjo da guarda e quero pedir-te ajuda. Estou
muito preocupada com o humano a quem tenho de
guardar. Ele está no meio de um grande perigo de
que talvez nem eu o consiga defender. Lembrei-me
de te pedir auxílio."
Apesar do insólito da situação, nem pestanejei e
concordei, também sem emitir nenhum som. O anjo
indicou-me um degrau, ali perto, onde nos sentá-
mos, para ela me explicar a situação. As pessoas
passavam por nós como se não nos vissem.
"O meu protegido é uma boa pessoa. Claro que,
como toda a gente, tem muitos defeitos. Demasiados
defeitos", disse, pensativamente, o anjo, com cara
franzida. "Mas isso não é o problema. Ele detesta as
suas imperfeições e esforça-se sinceramente por se
emendar. E até tem conseguido sucessos importan-
tes. O problema é outro. O problema é que ele é boa
pessoa. É mesmo uma excelente pessoa. É essa a
terrível dificuldade."
O anjo fez uma pausa. A minha cara deve ter mos-
trado confusão. Ela continuou.
"Ele é uma excelente pessoa. Muito religioso, pensa
muito em Deus, cumpre todas as orações, faz jejuns
e sacrifícios, dá esmolas e esforça-se por ser útil a
todos. Tem inimigos e zangas, mas muitos que o
conhecem tendem a considerá-lo um homem simpá-
tico, prestável e caridoso, preocupado em ajudar o
próximo e traduzir a sua fé cristã na vida quotidiana.
É uma excelente pessoa. Estou tão preocupada com
ele!", disse o anjo, com um suspiro.
A minha confusão atingiu o máximo. Aquele parecia
ser o tipo de homem que eu gostaria de ser, o meu
ideal de vida. Por que razão o seu próprio anjo esta-
va tão desanimado e preocupado? E que poderia eu
fazer para ajudar o anjo da guarda de um cristão tão
meritório? Então, a rapariga, notando o meu espan-
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to, explicou.
"Então, não vês que isso é um perigo terrível? Ele
começa a achar que a finalidade da vida é mesmo só
ser uma boa pessoa, um cristão piedoso e cumpri-
dor, atento ao próximo e dedicado aos irmãos. Ain-
da no outro dia, dei por ele a pensar como o Senhor
devia estar orgulhoso dele! Não vês que o perigo é
enorme? Ele está mesmo à beira de se tornar naquilo
que o Senhor mais abominou, quando andou por
aqui."
O anjo calou-se, esperando que eu concordasse.
Como o ar de confusão se mantinha, viu-se obrigada
a pronunciar a palavra que, claramente, enojava a sua
natureza angélica.
"Um fariseu. Ele está à beira de se tornar um fariseu.
É a pior coisa que há", disse o anjo, tristemente. "Os
fariseus são boas pessoas. Cumprem os seus deveres
e estão contentes com isso. Eles não são maus. In-
terpretais mal as palavras do Senhor quando dizeis
que as críticas se dirigem à Sua injustiça. Eles eram
justos e bons. Eu sei isso muito bem, porque em
tempos fui anjo de um deles. O problema é que se
contentam com ser boas pessoas. Daí, é apenas um
passo até se tornarem "sepulcros caiados" (Mt 23,
27).
A finalidade da vida não é ser religioso ou cumpri-
dor. A finalidade da vida é ser intensamente feliz. É
por isso que se é religioso e cumpridor. O meu pro-
tegido, ao cumprir os deveres, esquece-se da sua
razão de ser, esquece-se de viver a vida. A vida pas-
sa-lhe ao lado, com todas as excelentes oportunida-
des para amar e ser feliz. Como não é como criança,
o reino de Deus não é dele (Lc 17, 16). O Senhor
aparece-lhe centenas de vezes durante o dia, nas
centenas de pessoas e coisas maravilhosas que Ele
criou e em que manifesta a Sua presença. Mas o meu
protegido nem dá por elas. Ontem, fiz as contas: das
16 horas que ele passou acordado, apenas viveu em
pleno uns 20 minutos!
Ele vê as dores como dores, não como oportunida-
des de amar. Ele vê os prazeres como prazeres, não
como momentos de felicidade. Ele vê os deveres
como deveres, não como caminho para a verdade.
Ele vê a vida como vida, não como parte da eterni-
dade. Sobra-lhe o menos cristão dos sentimentos, o
medo, e falta-lhe a mais cristã das sensações, a ale-
gria. Acha que vai ser feliz no Céu e não percebe que
o Céu é já cá, desde que o Céu veio viver e morrer
aqui mesmo. Por estar à espera do Céu, está a des-
perdiçar o Céu. Vive a Cruz sem saber que já foi a
Ressurreição. Chiu!", disse, de repente. "Ele vem aí!
Vê lá se me ajudas. Por favor. Ando tão preocupada
com ele!"
Nesse momento, dobrando a esquina, aproximou-se
um homem. E, subitamente, reconheci-o. Era eu
mesmo, que naquela manhã, pensativamente, ia an-
dando pela rua. Ao ver-me, fiquei estupefacto. Eu
continuava a andar e, sem me ver a mim ou ao anjo,
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passei em frente do degrau. Então, o anjo saiu do
meu lado e, piscando-me o olho, seguiu-me, esvoa-
çando atrás de mim. Continuaram ambos o seu ca-
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minho. Deixei de os ver quando, lá ao longe, entra-
ram na igreja.
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