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Projeto:

Coop.com
Site de Produção Colaborativa de Audiovisuais

Mariana Campos Carvalho

Belo Horizonte – Minas Gerais


1. Introdução
Momento Atual

Comunidades virtuais já são lugar comum no mundo de hoje, com sites


de relacionamento tomando grande parte de nosso tempo; conteúdo de blogs
sendo distribuído e redistribuído em vários locais por RSS e Trackbacks;
aplicações que misturam o conteúdo de vários serviços sendo criados - os
chamados "Mashups"; comunicação em tempo real por texto se transformando
numa realidade onipresente e extremamente barata. O próximo grande passo,
que para muitos já começou a ser dado, é a transferência quase que completa
de todas as aplicações locais (os programas) para uma malha de
armazenamento de dados que chamamos hoje de "nuvem". Basicamente, é
como ter todos seus programas (ou grande parte deles), em um ou vários sites
de Internet.
As vantagens? Possibilidade de acesso a conteúdo de qualquer lugar do
planeta de qualquer computador conectado a Internet, menor dependência de
sistemas operacionais proprietários e tecnologias que mudam diariamente,
menor chance de falhas e perda de dados, maior resistência a vírus e outras
pragas virtuais, distribuição de conteúdo praticamente instantânea. Também é
possível utilizar computadores mais baratos e mais simples, como é a
proposta do projeto OnLive, onde o vídeo de jogos 3D de alta definição são
gerados por servidores de alta performance e o computador/console cliente é
responsável apenas pela exibição do vídeo que chega em tempo real.
Porém, estas são razões meramente técnicas a favor da nuvem, mas
existe uma gama de vantagens sociais extremamente atraentes neste tipo de
aplicação: a colaboração. A colaboração é uma área bastante complexa na
computação, pois os programas de hoje foram feitos se pensando em apenas
um operador.
A Internet, apesar de criada no fim da década de 60, ainda é uma
criança dentro da computação, e seu crescimento se deu de forma orgânica e
desordenada, com o mínimo de regras possíveis para garantir seu
funcionamento pleno.
O maior desafio hoje para os arquitetos da nova Internet é criar sistemas
que permitam não apenas o uso por um usuário, mas por vários, seja
simultaneamente ou em turnos, estejam eles a um metro de distância ou em
lados opostos do planeta.
É avaliando esse momento atual que pensamos na criação de um site
para produção colaborativa de audiovisuais, o Coop.com.

2. Conceito
A Intervenção, a Colaboração e a Democracia.

Intervenção, autoria, universalidade, democracia, amadorismo,


profissionalismo, técnicas diferentes transmitem sensações diferentes? A arte
universaliza? Culturas diferentes se expressam através da arte da mesma
maneira? Até onde a intervenção modifica a intenção? Até onde fragmentos de
outros contextos se unem e formam um novo contexto? Ao intervir em uma
obra e mudar sua intenção a arte perde seu valor? Línguas diferentes dizem
coisas diferentes? Qualquer um pode produzir arte?
Esses são apenas alguns dos conceitos com os quais esse projeto
poderá trabalhar. É claro que o Coop.com será apenas uma ferramenta e tudo
depende de seus usuários, por isso é infinita a quantidade de conceitos com os
quais se pode trabalhar através do site.
Ao criar um projeto de vídeo no site você já começará a lidar com
questões conceituais, a primeira delas: criar um projeto numa sala aberta, onde
você não poderá controlar de nenhuma maneira a intervenção dos outros na
sua idéia? Ou numa sala fechada, onde você poderá estipular alguns limites?
Digamos que você opte pela sala fechada. Aqui você terá que lidar com
questões como: aceito imagens de qualquer país? Tudo bem se a música for
em francês? Quero legendas em inglês? Aceito qualquer tipo de técnica? Pode
aparecer uma animação no meio de um vídeo? Quero sugerir como a cena
deve ser filmada ou isso irá tirar a liberdade criativa do outro?
E quando o vídeo do projeto que você criou estiver pronto terá que lidar
ainda com questões como: esse vídeo é meu? Todos que participaram foram
relevantes para o resultado final e então esse vídeo é de todos? Esse vídeo é o
que eu tinha em mente ou o resultado foi muito diferente devido à intervenção
de outras pessoas? Com a colaboração e intervenção de outras pessoas o
projeto que criei se transformou em outro?
Pelos exemplos fica fácil perceber que não estamos propondo um site
que apenas transponha programas de produção audiovisual para a internet,
muito menos um site de relacionamento de pessoas interessadas por
audiovisual, a proposta do Coop.com vai muito além e queremos trabalhar com
diversos conceitos da produção artística.
Os conceitos principais que deram origem ao projeto são: intervenção,
colaboração e democracia.
O cinema comum é por si só uma produção colaborativa que sofre
diversas intervenções, mas na grande maioria das vezes essas intervenções
são meramente técnicas, existe um criador que tem maiores poderes sobre
aquela produção e é ele que detém a idéia do que irá ser filmado e ele pode
aceitar ou não alguma intervenção, assim como é ele que a assina. Queremos
que além de intervir tecnicamente os participantes da criação de um vídeo
tenham o mesmo direito sobre a obra do criador daquele projeto e que possam
intervir no cerne principal da criação artística, a idéia. Assim teremos uma obra
criada de forma totalmente colaborativa, onde a autoria do vídeo será de todos
nele envolvidos.
Isso, junto ao fato de que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo
poderá se envolver em qualquer projeto do site torna o Coop.com um site de
colaboração realmente democrático.
Unindo intervenção, colaboração e democracia acreditamos que os
vídeos produzidos através desse site serão conceitualmente riquíssimos e
assim teremos uma vasta quantidade de vídeos extremamente criativos e
únicos, que não poderiam ser feitos de outra maneira, que não através do
Coop.com.

3. Tecnologia
O Adobe Flash

Em nosso projeto, no que se trata da interface do usuário, para garantir


maior interatividade, agilidade e mais possibilidades de recursos, a melhor
opção é o Adobe Flash.
É uma tecnologia consolidada na segunda metade da década de 90 que
hoje é utilizada por grandes sites como Youtube e MySpace para apresentação
de conteúdo multimídia, já que essa tecnologia permite (1) o streaming, onde o
conteúdo é enviado pela internet na mesma velocidade que é visualizado, (2)
dados em formato texto, permitindo chats em tempo real ou (3) dados
complexos, possibilitando nosso objetivo maior que é a edição colaborativa
online.
Por traz de tudo isso existe uma camada de programação pura, que vai
ler os dados e enviá-los para o usuário, desde dados de login, os dez vídeos
mais acessados, que vai distribuir as mensagens numa sala de bate-papo, ou,
no nosso caso, que vai ler o vídeo e cortar pedacinhos e junta-los logo depois
na edição. Uma das novas tecnologias de código aberto hoje em dia é o Ruby
on Rails, que já é utilizado por alguns websites da "Web 2.0", como o Twitter.
Tudo isso fica em servidores de armazenamento, que guardam desde
pequenos dados, como as senhas, até grandes arquivos de vídeo em alta
resolução. É a parte tecnicamente mais simples, porém a mais custosa.

4. Desafio
Nuvem

A edição de vídeo é um dos processos mais custosos em computação


hoje em dia, devido principalmente a um elemento: é necessária a
movimentação de uma imensa quantidade de dados em absolutamente todas
as partes do processo. É necessário um grande espaço de armazenamento,
tanto em disco quanto na memória volátil, e estes dados são movimentados
constantemente de um lugar para outro. Computadores de baixo porte não
lidam muito bem com esse trafego de dados e podem tornar o processo
traumático.
Transferir os custos desse processo para a "nuvem" é viável, pois, com
servidores mais rápidos, podemos ter acesso a uma quantidade maior de
dados em menor tempo. O vídeo é sempre montado em tempo real, lendo
diretamente dos discos dos servidores, e enviado por demanda para o
computador do usuário, unindo fragmentos criados por diversos usuários, que
estarão em diversos locais. O servidor é responsável pela carga, enquanto o
cliente é responsável apenas pela exibição.
Estando os arquivos em um servidor, não é necessário transmiti-los para
o computador com alta qualidade - é possível editá-los focando apenas em
transições, sincronia, baixando o arquivo de alta qualidade apenas no fim do
processo.
Com uma interface convidativa e que permita comunicação entre vários
usuários, é possível delegar a edição a um grupo, e não apenas a uma pessoa,
trabalhando vários elementos da linha-de-tempo ao mesmo tempo, ou até
mesmo visualizando e opinando sobre um mesmo trecho. É possível que
usuários diferentes efetuem correções não-destrutivas (ou seja, que podem ser
desfeitas) em qualquer parte do material, além de se ter um histórico em tempo
real de todas as modificações. É possível delegar certos trechos ou certas
tarefas, a pessoas diferentes - uma trabalhando a ordem das cenas e outra
acertando as transições.
As possibilidades são imensas e extremamente positivas.

5. Aspectos legais
A Creative Commons
A filosofia do site é permitir que o maior número de pessoas tenha
acesso a maior quantidade possível de material, garantindo diversidade.
Porém, todo material criativo criado por uma pessoa precisa ter uma licença de
uso. Quando nenhuma é especificada, a lei assume automaticamente que o
detentor do copyright tem "todos os direitos reservados".
A Creative Commons é uma alternativa onde o autor pode reter alguns
direitos - como o de exigir crédito -, enquanto deixa outros livres - como licença
para realizar trabalhos derivativos. É aí que este projeto entra: criando-se uma
vasta biblioteca de material disponível sob a licença Creative Commons com
permissão de distribuição e de utilização em trabalhos derivativos, é possível
se livrar de toda a burocracia presente em tais serviços.
Outro ponto interessante da Creative Commons é que ela não designa
"copyleft", ou domínio público. O autor não abdica dos direitos autorais, retendo
crédito total sobre seu trabalho, o que aproxima ainda mais criadores de
trabalhos primários e de trabalhos derivados. Além disso, a licença também
permite atribuições como "não-comercial", para que os trabalhos derivativos
não possam ser comercializados sem a devida autorização do autor.
O Creative Commons já é utilizado com sucesso em sites de
compartilhamento de imagens como o Flickr, em sites de jornalismo como a
Agência Brasil - que é parte da Radiobrás - e em diversos livros que tratam de
direitos autorais e software livre.
Licenças similares, porém mais antigas, são utilizadas na Wikipédia e
em projetos de software livre como o GNU/Linux.

6. Design
Sketches das Páginas

Forma e conteúdo devem sempre estar ligados, na internet isso parece


se tornar ainda mais importante.
O design de um site faz toda a diferença para a sua funcionalidade, em
se tratando de um site de criação e edição de vídeos isso é fundamental, afinal
o usuário passará horas diante de uma tela trabalhando em um processo
criativo e por si só já cansativo, por isso páginas limpas, claras e com poucas
cores são a nossa opção.
Elaboramos alguns sketches de páginas do site. É sempre bom lembrar
que são apenas rascunhos de páginas, com o intuito de deixar mais claro, de
forma visual, a proposta do site, indicando o conteúdo de cada página, bem
como a possível localização de links e conteúdos, não sendo, no entanto, a
última palavra quanto a isso, muito menos quanto ao design das páginas.

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