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1ª Parte
Cântico:
Oração Inicial:
Jesus…Boa noite!
Este é o momento pelo qual ansiamos tanto…Deixamos as nossas preocupações, os
nossos problemas, o stress do nosso dia-a-dia… Deixamos tudo lá fora, todo aquele
mundo confuso e que por vezes nem parece que é nosso, deixamos porque queremos
estar aqui Contigo, Jesus!
Queremos estar junto a Ti, neste momento de intimidade, entregamos -Te tudo o que nos
aflige e nos deixa amargurados e tristes. Queremos entregar – Te todas as “manchas”
que temos nos nossos corações…
Gesto: Cada um irá buscar uma, a que o toca mais, ou a forma como melhor identifica
Cristo.
Oração:
Gesto: Cada jovem vai buscar uma imagem e partilha o porquê da escolha.
Testemunho:
A Sandra vivia irrequieta. Queria ser feliz e interrogava-se como. Encontrou a resposta
em Jesus e decidiu ser missionária. Entretanto fez-se freira há dois anos e estuda
enfermagem em Roma. Mas também continua a jogar futebol.
Olá! Chamo-me Sandra e nasci em Ovar. Tenho 27 anos e sou uma Irmã Missionária
Comboniana.
Vivo em Roma, Itália, onde estudo enfermagem, preparando-me desta forma para partir
para as missões.
A enfermagem será um dos tantos meios para pôr ao serviço dos mais pobres do povo
aonde me vão enviar para com eles partilhar a minha vida.
Só alimento um sonho, que faz parte do sonho de Deus: «Que todos tenham vida e a
tenham em abundância.» Por isso e para isso oriento todas as minhas energias. Sinto que
a vida é um tesouro muito precioso que é para partilhar com outros homens e mulheres.
Que valor tem se vivo só para mim? Eu não me consigo ver de outra forma.
Imagino que queres saber algo mais sobre mim. Afinal de contas, quem é esta Sandra,
aparentemente corajosa, que deseja passar toda a vida desta maneira?
Antes de tudo, esta ideia «maluca» de ser Missionária Comboniana não nasceu de um
dia para o outro, nem mesmo do meu espírito aventureiro e de espontânea vontade. O
projecto de ser missionária desenhou-se gradualmente com o decorrer dos anos. Nasceu
e ganhou força no contacto com situações concretas de sofrimento, ouvindo o
testemunho de algumas pessoas. E, em particular, ao escutar alguém que a determinado
momento se manifestou fortemente na minha vida: Jesus Cristo.
Posso garantir-te que nada acontece por acaso. Tudo serve para a orientação da nossa
vida, ainda que haja momentos em que pareça ser difícil perceber o que nos está a
acontecer.
O tempo da minha infância e grande parte da minha adolescência foi marcado pelo que
vivi na minha família. Vivi-a como tantos de vós entre a escola, a catequese e, mais
tarde, o grupo de jovens, ajudando na paróquia, a equipa de futebol feminina durante
três anos, o namorado, os amigos e as amigas...
Porque é que te digo que a minha família teve um peso tão forte na orientação da minha
vida? Porque, por um lado, no ambiente onde cresci, não havia paz, mas discussões
contínuas e, às vezes, mais do que isso. Foram anos onde o medo, a revolta e a
incompreensão eram contrabalançados com a fé e o exemplo da minha mãe. Muitas
vezes olhava-nos com as lágrimas e dizia a mim e ao meu irmão: «Vós sois a razão da
minha vida... Deveis ser fortes... Apesar de tudo, ele é o vosso pai.»
Em 1990, um estranho acidente de trabalho tirou a vida ao meu irmão. Tinha 16 anos.
Este acontecimento abalou fortemente a minha vida e a da minha família. Foram
precisos alguns anos para eu poder aceitar serenamente todos estes acontecimentos.
Entretanto, passou-se uma dúzia de anos e tantas coisas aconteceram. Nasceu-me outro
irmão - que já tem 12 anos. Chama-se Filipe e foi um verdadeiro presente de Deus para
a minha família. E o meu pai deixou de beber e começou uma vida bem diferente, ainda
que, como podes imaginar, não seja fácil mudar: é um caminho que continua ainda hoje,
com a ajuda e a fé de todos os que estão ao lado dele.
Para mim, estes não foram tempos fáceis. Foi uma época marcada por uma grande
revolta interior e exterior, contra tudo e contra todos, incluindo contra Deus. Mas não O
excluí da minha vida. No fundo, no fundo, eu acreditava na Sua existência.
O período entre os 16 e os 21 anos foi um tempo de grande procura de sentido de vida.
Não conseguia ser feliz com o que fazia. Dentro de mim morava um vazio profundo e
não conseguia perceber porquê.
Com o passar do tempo, começam a aparecer algumas luzes indicadoras. O desejo de
ser útil começava a ser cada vez mais forte, mas não sabia como.
O testemunho que alguns missionários combonianos deram na minha paróquia fez
nascer dentro de mim o desejo de ir para África.
A claridade de ideias veio do encontro com Jesus Cristo. Foi verdadeiramente um
encontro que revolucionou a minha vida e que é difícil de te explicar só por palavras.
Hoje não tenho medo nem vergonha de dizer que a nossa felicidade passa por Ele. A
minha vida vai-se transformando na medida em que O conheço mais. Ganha um sentido
muito concreto, que passa pela necessidade de a partilhar com os mais pobres, de dar
testemunho com palavras e com a vida da Sua existência.
Posso afirmar que é Ele que me dá a força e me empurra a ser um instrumento de paz
onde quer que esteja. Hoje, perante o nosso mundo, não posso permanecer em silêncio
nem indiferente.
O que te digo é que vale a pena viver. Vale a pena pôr ao serviço dos outros os nossos
dons, sejam muitos ou poucos, e, ao mesmo tempo, reconhecer os nossos limites,
porque só assim os podemos ultrapassar.
Vale a pena viver assim, porque só desta forma é que se pode ser feliz. É arriscado, mas
é a única maneira de dar um sentido real à vida.
Gravei no meu coração estas palavras da minha mãe: «Com Deus tudo, sem Deus
nada.» Não sei se consegues penetrar no sentido desta frase. Para mim, diz tanto nesta
vida, que já por si é tão difícil!...
Como escrevi no início, estou em Roma a fazer o curso de enfermagem. É um empenho
grande, mas tem uma razão de ser: poder colaborar para melhorar as condições de vida
da gente onde mais tarde serei enviada, se Deus quiser.
Em grandes linhas, o meu dia-a-dia passa-se entre a escola-hospital e a comunidade
onde vivo. Somos 12 irmãs, de sete nacionalidades diferentes. Viemos do México, Costa
Rica, Brasil, Chade, Etiópia, Itália e Portugal. Viver juntas é exigente, mas ao mesmo
tempo é muito rico e divertido. Tudo o que fazemos — estudar, trabalhar, rezar, jogar,
brincar, dançar, cantar, animar, testemunhar — tem na base a paixão pela missão e Jesus
Cristo como fundamento. É Ele que nos une e nos guia
In – Audácia – Janeiro 2004
E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então
se assentará no trono da sua glória;
E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor
aparta dos bodes as ovelhas;
E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por
herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era
estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te
demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes
meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos,
para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na
prisão, não me visitastes.
Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou
com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes
pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.
E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.
Silêncio
2ª Parte
Vou mostrar-vos o meu Cristo. Não é verdade que é muito belo? Mas, claro, falta-lhe o
braço direito, o esquerdo está mal seguro no ombro e a mão partida por ter sido
arrancada violentamente do cravo. Também lhe falta a perna direita, cortada por meio da
coxa. Conserva a esquerda, mas colada à pressa e sem cuidado. E, além do mais, está
sem cara. Partiram-lha totalmente. Cristo sem rosto. Cristo anónimo. Cristo fantasma. É,
porém, muito belo, não é? Ainda que muito triste.
Não me restaures.
Porque não queres que te restaure? Não compreendes, Senhor, que será para mim uma
constante dor ver-te partido e mutilado, cada vez que te olhar? Não compreendes que
sinto dó?
É isso que quero: que vendo-me partido, te lembres de tantos irmãos que convivem
contigo, ignorados e distantes, e que estão, como Eu, partidos, esmagados, indigentes,
oprimidos, doentes, mutilados… Sem braços, porque não têm possibilidades nem meios
de trabalho; sem pés, porque lhes bloquearam os caminhos e não podem dar um passo
em frente na vida; sem cara, por que lhes roubaram a honra, o mérito, o prestígio. Todos
os esquecem e lhes voltam as costas… Não me restaures! Talvez que, vendo-me assim,
te sirva de lição para a dor dos demais.
Deus tem mão esquerda
E, a murros bruscos e desalmados, afastamos continuamente da nossa beira essa mão
direita de Deus que, suave, calada, insinuante, dorida e paternal, tratava, adejando, de
ser carícia, sorriso, voo, esperança, perfume, bálsamo e beijo na nossa vida. E Deus
retira então, muitas vezes, a mão direita, Tornamo-la praticamente inútil para nós.
Outras vezes, muitas – que sorte então! -, Deus não Se dá por vencido. Retira a direita,
mas desprega a esquerda. Diante da mão esquerda de Deus que, quando actua, irrompe
quase sempre inesperada e implacável na nossa existência, a primeira reacção é um grito
de protesto, de rebeldia e desespero. Terrível, violenta, dura, implacável, mas bendita
mão esquerda de Deus! A cruz é o disfarce primitivo e verdadeiro da tua mão esquerda.
O acidente de trabalho, a represa rebentada, o choque de automóvel, o fracasso, o
cancro… - a tua mão esquerda! – não continuam a ser cruzes onde nos crucifica a dor?
A mão esquerda está mais perto do Teu coração que a direita. Naturalmente, porque só
usas a esquerda com aqueles que misteriosamente e privilegiadamente o Teu coração
ama.
Senhor, se não basta, para nos salvar, a ternura da Tua direita, desprega a esquerda e
disfarça-a do que quiseres – fracasso, calúnia, ruína, acidente, cancro, morte… Dá-me a
Tua mão, ainda que seja a esquerda, tanto faz, se for Tua. Se segurar a Tua mão, não
receio fugir. Se segurares a minha, não receio perder-me. Dá-me a Tua mão, ainda que
seja a esquerda.
Perdeu-se uma cruz
Não pretendas furtar-te à cruz. É inútil. Não se adquire. Nasce connosco. Para fugir da
cruz, há que deixar de existir. O sono, durante o qual de certo modo deixamos de existir,
liberta-nos da cruz, da dor, da angústia. Para voltarmos a existir, ao despertar, e
encontrarmos de novo a cruz, mas frescos e renovados para mais uma jornada da Via-
Sacra. O nosso engano é querermos despojar Cristo da Sua cruz, para vermos se assim
nos livramos da nossa. Respeitemos a cruz que Cristo escolheu voluntariamente, pois
Ele ama-a com desmedido amor desde toda a eternidade. Enquanto que nós não
sabemos, não queremos, nem podemos, por vezes, viver com a nossa. Afinal, sabes
porque é que às vezes a nossa cruz acaba por ser insuportável? É um absurdo aguentar
uma cruz laica, sem sangue nem amor de Deus. Não tem sentido.
Preces:
Animador: Rezemos pelas missões e pelos missionários que trabalham nos 5
continentes.
Depois de cada invocação, repitamos:
Envia teu Espírito Senhor e renova a face da terra.
Leitor 3: Rezemos pela Ásia, terra das grandes religiões. Que nunca acabe nela a sede
pelo Absoluto. Suscitai nos missionários que lá evangelizam um forte amor ao diálogo.
Que eles consigam caminhar juntos na descoberta do Deus verdadeiro e na construção
de seu Reino.
Leitor 4: Rezemos pela Oceânia, terra de muitas ilhas, de muitos povos, de belezas e de
encantos. Que a Boa Nova semeada pelos missionários produza frutos de fraternidade e
paz.
Leitor 5: Rezemos pela Europa e pela América do Norte, para que não esqueçam os
valores espirituais e continuem a grande missão de evangelizar e de ajudar os
continentes ainda carentes de pão e de Evangelho.
Outras preces...
Introdução: Jesus nos pede que rezemos no plural e peçamos o pão - nosso de cada dia
para todos e não apenas para mim ou a minha família ou comunidade.
Pai nosso,
Pai de todos os povos e de todas as nações,
Que estais nos céus,
onde nos quereis a todos junto de Vós para sempre,
Santificado seja o Vosso nome
nos corações de todos os vossos filhos e filhas.
Venha a nós o vosso reino,
um reino de justiça, amor e paz, aos nossos corações e aos corações de todos e nos faça
Vossos apóstolos.
Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu,
em todo o mundo, removendo ódios, guerra, violência e injustiça.
O pão-nosso de cada dia nos dai hoje.
Alimentai-nos com o pão do céu que só Vós nos podeis dar. Fazei-nos partilhar o nosso
pão com os famintos. Que ninguém tenha necessidade de comida, roupa e abrigo.
Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
porque só Vós conheceis todos os nossos pecados. Só Vós podeis mudar os nossos
corações de pedra e dar-nos um coração de carne.
Não nos deixeis cair em tentação,
porque sem a vossa ajuda não podemos fazer a Vossa vontade. Não nos deixeis ser
enganados pelas falsas promessas do mundo.
Mas livrai-nos do mal,
dos perigos, das doenças e do nosso egoísmo. Guardai-nos livres para amar-Vos e
servir-Vos em cada pessoa e sermos transformados à imagem do Vosso Filho, nosso
Senhor Jesus Cristo. Ámen.
Entrega a cada um da sua moldura com Cristo Partido e dos excertos que foram
lidos.
Acção de Graças: