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3. Autocomposição 4.1.

Conceito: é a técnica de solução indireta


Método de
3.1. Conceito: é o método de solução direta de de litígio cujo julgamento compete a um terceiro
Conflito
conflito (pelas próprias partes), de comum acor­do, de (juiz ou árbitro).
1. Conflituosidade: o conflito faz parte da própria forma alternativa à resolução pelo Estado, admitido 4.2. Noção histórica: a trajetória das formas
relação entre as pessoas. O que muda, com o nos direitos disponíveis, onde ambos os contendores, re­solutivas de conflito pode ser sintetizada pela
pas­sar do tempo, é a forma de sua resolução. E ou um deles, abrem mão dos seus interesses. configuração do Direito Romano. Ele divide-se em
tais soluções devem ser operacionalizadas pelo 3.2. Espécies: a) renúncia: é a renúncia à pre­ten­são duas fases: da Justiça Privada (dividida em dois
Direito. O processo de criação e aperfeiçoamento deduzida; b) submissão: é a renúncia à resistência períodos – o Arcaico e o Clássico) e da Justiça
de soluções deve considerar uma constante oferecida à pretensão; c) transação: é a concessão Pública. O Período Arcaico, compreendido desde
evo­lução de complexidade, impondo que as recíproca das partes; d) desis­tên­cia da ação: é a os primórdios até o século II a.C., apresentava
relações intersubjetivas sejam constantemente decorrência da disponibi­lidade relativa ou absoluta al­guns critérios de julgamento para as partes e
remodela­das pela descoberta de “novos direi- que o autor tem sobre a existência do processo, dividia o procedimento de resolução em duas
tos”. Tais di­rei­tos, antes não tutelados, agora dependendo do mo­men­to do andamento processual eta­pas: a) a primeira, perante a manifestação do
são constitucio­nalmente exigíveis (direitos do (em regra, pode ser exercida em dois momentos: 1º) “pretor”; e b) a outra, perante um árbitro que as
consumidor, am­bien­tal, probidade administra- antes da ci­ta­ção do réu, gera disponibilidade absoluta, partes indicavam e o “pretor” nomeava. Perdurou
tiva, dentre outros). Daí a maior preocupação po­dendo ser implementada sem condições; 2º) após dentro do período seguinte e pode ser denomina­
do direito processual para que sirva às novas a citação e antes de eventual despacho saneador, do de arbitragem voluntária, já que as partes iam
necessidades. Além do mais, existem situações não havendo este, da sentença, requer a anuên­cia ao “pretor” voluntariamente. Em seguida, veio o
em que o conflito é pra­ticamente inevitável, como da parte adversa, provocando uma disponibili­dade Período Clássico (ou arbitragem obrigatória).
na relação entre direi­tos da personalidade e a relativa). Ocor­reu do século II a.C. até o século II d.C. Ca­
liberdade de manifes­tação de pensamento, ainda 3.3. Autocomposição endoprocessual: é aque­la racte­rizou-se pela maior intervenção estatal. O
mais na modalidade de liberdade de imprensa. que ocorre dentro do processo judicial, fomen­tada ou Estado começou a escolher o árbitro e impô-lo às
não pela atividade conciliatória do juiz, que a converte partes. Além disso, a autoridade pública passou a
2. Autotutela ou autodefesa na forma escrita e lhe dá a qua­lidade de título execu­ preestabelecer, de forma genérica e impessoal,
2.1. Conceito: é o método de solução direta de tivo judicial (sentença homo­logatória de acordo). alguns critérios de julgamento. Mais adiante, à
conflito (pelas próprias partes), marcado pela 3.4. Autocomposição extraprocessual: é aque­la medida que o Estado se afirmava, a intervenção
completa ausência de terceiro (juiz ou árbitro) e que ocorre fora do processo, podendo ser rea­lizada estatal ia se intensificando. A autoridade pública
pela execução privada da decisão. Pressupõe o antes ou durante a instauração do pro­cesso judicial. passou, então, ela mesma, a julgar. O “pretor”
sacrifício integral do interesse de uma das partes Também é estimulada pela ordem jurídica. não mais nomeia, mas, sim, decide diretamente
(da mais fraca). É a técnica mais primitiva. 3.5. Regra impositiva da tentativa de conci­liação: é a causa. Conclui-se, pois, que houve três fases
2.2. Regra da vedação da autotutela: é a proi­ aquele dever imposto pela ordem jurí­dica aos agentes distintas: a) autotutela; b) arbitragem facultativa;
bição das práticas de autodefesa, ante a assun­ do Estado (inclusive aos juízes) e aos que exercem c) arbitragem obrigatória. Isso marcou uma ten­
ção estatal do monopólio da jurisdição. Provoca, serviços essenciais à Justiça (advogados). dência para se chegar à jurisdição.
inclusive, a criminalização da autotutela fora dos 3.6. A autocomposição no processo penal: co­mo 4.3. Espécie de heterocomposição
casos expressamente previstos em lei. regra, admitem-se as formas de autocom­posição 4.3.1. Arbitragem
2.3. Exemplos de autotutela ainda permitida: para o dano, mas, quanto à pretensão penal (a au- a) Conceito: é a forma de autocomposição em
a) no plano internacional: as invasões, agres­ tocomposição penal), somente é aceita nos juizados que as partes submetem-se ao julgamento de um
sões bélicas, ocupações, intervenções entre especiais criminais a transação. terceiro, escolhido em mútuo acordo.
Es­tados (justificadas, na maioria das vezes, pelo 3.7. Exemplos de autocomposição: a) no pla­no b) Questões controvertidas: quanto à classifi­
di­reito de reação); b) no plano nacional: sem­ internacional: os tratados, convenções; b) no plano cação da arbitragem como meio heterocom-
pre de forma excepcional, o direito de retenção, interno (nacional): a escritura pública ou ou­tro docu- positivo ou autocompositivo. A alocação em
o desforço imediato, a auto-executoriedade das mento público assinado pelo devedor; o documento heterocompo­sição é justificada pela existência
decisões administrativas, as prisões em flagrante particular assinado pelo devedor e por duas testemu- de um terceiro que julga a causa, não vinculando
e a greve. nhas; o instrumento de transação referendado pelo o teor de seu jul­gamento ao comum acordo das
2.4. Conseqüências diretas da regra vedató­ria Ministério Público, pela Defen­soria Pública ou pelos partes.
da autotutela: impõe ao Estado o dever de assu- advogados dos transatores (art. 585, II, do CPC); as c) Juízo arbitral: é um órgão privado que exer­
mir a tutela (proteção) daqueles interesses antes convenções coletivas e acordos coletivos de traba- ce o julgamento de causas a ele submetidas
protegidos pelas próprias partes. Em sínte­se, lho (arts. 611 e seguin­tes da CLT); a mediação e o volun­tariamente pelas partes, que acordaram
vale a máxima chioveniana: “o processo deve dar termo de conciliação firmado perante a Comissão de a submis­são de seus conflitos a este juízo. É
a quem tem um direito tudo aquilo e precisa­mente Conciliação Prévia (art. 625-E, da CLT). dis­ciplinado pela Lei 9.307/96 e é composto
aquilo que ele tem o direito de obter”. de: con­venção arbitral – compromisso entre as
4. Heterocomposição partes ou cláusula compromissória inserida em

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contrato; somente abrange direitos patrimoniais direitos e habilitados, material e psicologicamente, a subsistemas processuais. É a disciplina que
disponíveis; é restrita à eficácia da cláusula exercê-los, me­diante superação das barreiras objeti- permite pensar o sistema processual, dis­tribuindo
compromissória inserida nos contratos de adesão vas e subje­tivas (...) e, nessa última acepção dilatada, os avanços obtidos por cada uma das áreas às
(aqueles em que uma das partes somente aceita que acesso à justiça significa acesso ao poder”. demais e corrigindo os seus erros, sem­pre lem-
os termos do contrato, sem ter participado de sua brando que tem uma base conceitual co­mum e
elaboração, comum nas relações de consumo);
A Teoria Geral objetiva a realização dos valores adotados pela
exige a capaci­dade das partes; veda a homolo-
do Processo ordem constitucional.
gação judicial (servindo até como impedimento 1. Histórico: é fruto de uma visão sistematizada (ou
ao direito de ação judicial); recebe tratamento condensada) do estudo do processo, supe­ran­do as 8. Escopos do sistema processual: a) social:
semelhante ao título executivo judicial. fronteiras de suas ramificações do siste­ma processu- pa­cificação dos conflitos sociais com justiça e
al. No Brasil, como disciplina curricular universitária, educação (função pedagógica); b) político: par­­
Evolução do surgiu em 1974. ti­cipação dos cidadãos dos centros de poder;
Estudo do Processo c) ju­­rídico: aplicação da vontade concreta do
1. Fases do estudo do direito processual: a 2. Tendência expansiva: segue uma marcha or­denamento jurídico.
his­tória do processo inclui três fases metodoló- expansiva que pode ser sintetizada por seu objeto
gicas fundamentais: a) sincretista: o processo de estudo: a) processo jurisdicional: subdividido em 9. Abrangência: abarca os três subsistemas já
era considerado um simples meio de exercício do civil lato sensu (aqui incluído o processo trabalhista) citados, mas sem lhes negar autonomia e garan­
di­reito; a ação era um direito subjetivo material; e penal; b) processo estatal, que se es­praia sobre tindo-lhes particularidades constitutivas de suas
b) autonomista ou conceitual: grandes teorias outras formas de processo aplica­das pelo Estado próprias teorias gerais. Cada um dos subsiste-
pro­cessuais, especialmente sobre a natureza – o processo administrativo em suas várias formas mas tem uma teoria geral que detém objeto mais
jurí­dica da ação e do processo, as condições (tributário, investigativo, disci­plinar etc.) e, até mesmo, deli­mitado, voltado ao setor específico (processo
da ação e os pressupostos processuais; c) o processo legislativo; c) processo de aplicação de civil, processo penal e processo do trabalho). Tem
instru­mental: exame dos resultados práticos medidas de exercício do poder: tanto numa feição o fi­to de aplicar, em geral, os seus respectivos
do pro­cesso, abandono de uma postura interna mais comum, rela­cionada aos entes intermediários di­reitos materiais (civil, penal e trabalhista).
e a ado­ção de uma postura externa. entre o indivíduo e o Estado, como os partidos po-
líticos, associa­ções, sociedades mercantis etc, até 10. Direito processual e direito material: a)
2. O movimento de acesso à Justiça alcançar o âmbito de aplicação de qualquer forma de di­reito processual: é o complexo de normas
2.1. Importância e objetivo: faz parte da fase poder exercido no meio social, justapondo-se, dessa que regem o sistema processual, voltado para
instrumental do estudo do processo e simboliza forma, ao conteúdo jurídico do princípio do devido disciplinar a atuação jurisdicional diante do
a sua concretização no plano prático; teve o seu processo legal (art. 5º, da CF). processo que serve de meio ao direito de ação;
ponto doutrinário inicial na coleta e sistematiza- b) direito material: é o complexo de normas
ção de dados empíricos de vários lugares do 3. Fator imperativo dessa expansividade: a) a que regem as relações jurídicas relativas aos
mundo, por meio de um esforço de pesquisa aplicação dos direitos fundamentais a todas as bens jurídicos, disciplinando os seus critérios de
denominado “Projeto de Florença”. Os pesqui- relações intersubjetivas, sejam elas jurisdicionais julgamento (direito penal, direito administrativo,
sadores con­feccio­naram uma série de relatórios ou não, sintetizadas pela eficácia vertical (relação direito comercial, direito tributário, direito traba­
em vários países, apontando as deficiências e Estado e indivíduos) e horizontal (relações entre lhista etc.). No primeiro caso, bons exemplos
inovações na área de acesso à Justiça. os indivíduos) dos direitos fundamentais, como o são as regras que disciplinam prazos, requisitos
2.2. Obra inicial e sistematização: o trabalho devido processo legal, ampla defesa, contradi­tório, da petição inicial, regras de citação; no outro
mais importante nesse movimento é a obra igualdade, além de outros; b) publicização da relação caso, os critérios de divisão de bens em caso
intitu­lada de Acesso à Justiça, de Mauro Ca- jurídico-processual. de suces­são, o direito de indenização por dano
ppelletti e Bryant Garth, que faz uma síntese moral; c) ins­titutos bifrontes (direito processual
dos principais problemas e inovações, dando 4. Conceito: é uma síntese indutiva do significa­do ma­terial): são aqueles que somente no processo
uma série de solu­ções para a falta de efetividade e diretrizes do direito processual como sistema de aparecem de modo explícito em casos concretos,
do processo. Além disso, os autores dividem a institutos, princípios e normas estruturados para o mas são integrados por um intenso coeficiente
história do movimento em três ondas: a primeira, exercício do poder, segundo determinados objetivos: de elementos materiais do direito material e de
de gratuidade judiciária; a segunda, de enfren- passar dos campos particularizados do processo algum modo dizem respeito à própria vida dos
tamento do problema da re­presentação quanto civil, trabalhista ou penal (administrativo, legislativo sujeitos e suas relações entre si e com os bens
aos direitos coletivos; a terceira, relacionada com e mesmo não-estatal) à integração de todos eles num da vida (Dinamarco). Por exemplo: as fontes
a efetividade. só quadro e mediante única inser­ção no universo do de prova.
2.3. Acesso à Justiça em sentido integral: se­ direito é lavor árduo e incipien­te que a teoria geral do
gundo palavras de Antônio Herman Benjamin, em processo se propõe a levar avante (Dinamarco). 11. Espécies de normas de direito proces­sual:
seu sentido integral, o “acesso à Justiça assu­me segundo Dinamarco, podem ser considera­das
caráter mais consentâneo, não apenas com a 5. Denominação: por influência do direito ale­mão, de forma ampla, englobando: a) normas pro­
teoria dos direitos fundamentais, mas, também, difundiu-se a expressão direito processual, hoje cessuais em sentido amplo (ou simplesmente
co­mo os escopos jurídicos, políticos e sociais dominante. normas processuais): são aquelas que tratam
do pro­cesso. Seria, então, o próprio ‘acesso da própria relação jurídico-processual estabe­
ao Direi­to, vale dizer, a uma ordem jurídica 6. Autonomia: é disciplina detentora de auto­nomia lecida entre os sujeitos do processo e denotam
justa (=inimiga dos desequilíbrios e destituída doutrinária, jurisprudencial, legislativa e acadêmica, as situações que eles podem ou devem ocupar
de presunção de igualdade), conhecida (=social além de conviver com a autonomia dos ramos que dentro dela (deveres, poderes, faculdades, ônus,
e individualmente re­conhecida) e implementável abrange - subsistema processual civil, processual sujeição e autoridade); b) normas procedimen­
(=efetiva), contem­plando e combinando, a um só penal e processual trabalhista. tais: são aquelas que expressam uma série de
tempo, um rol apro­priado de direitos, acesso aos atos coordenados a partir de uma iniciativa da
tribunais, aces­so aos mecanismos alternativos 7. Funções: a) identificar quais os traços comuns parte e direcionados a um provimento jurisdi­
(principalmente os preventivos), estando os às ramificações (subsistemas) do direito proces­sual; cional (há quem as conceitue como as normas
sujeitos titulares ple­namente conscientes de seus b) indicar os princípios gerais aplicáveis a todos os que tratam do aspecto exterior do processo,

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dando-lhe concretude fática); c) normas de por meio do processo, o cidadão tem a seu dispor 2.2.6. Demanda (do pedido, da liberdade do
organiza­ção judiciária: são aquelas que tratam instrumento capaz de prover os seus direitos com a direito de ação ou da iniciativa da parte): é
da orga­nização e divisão dos órgãos do Poder máxima garantia social e o mínimo de sacrifício das aquele princípio que designa o demandante, e
Judiciário e dos seus serviços auxiliares. liberdades individuais e coletivas; b) implica­ções: a não o juiz, como aquele que tem a iniciativa de
participação do cidadão (democracia), por meio do propor a ação perante o Poder Judiciário. Varia
12. A instrumentalidade do processo processo, para a realização de seu di­rei­to individual de acordo com o sistema adotado – inquisitivo
12.1. Conceito: é a aplicação da constatação e social; c) exemplo: as deman­das de interesses ou acusatório. No primeiro, as funções de acu-
de que o processo deve servir de instrumento difusos e coletivos. sação, defesa e julgamento são reunidas em
das partes litigantes rumo à almejada paz social. 1.2.4. Jurídico (igualdade, isonomia, parida­de): uma única pessoa; no acusatório, tais funções
Entretanto, a redução do processo à dimensão a) enunciado: a equiparação de todos que estejam são distribuídas entre sujeitos diferentes. No
meramente técnica serve para torná-lo inócuo. submetidos a uma mesma ordem jurídica no que se processo penal bra­sileiro adota-se o sistema
A instrumentalidade do processo pressupõe refere ao respeito, ao gozo e à fruição de direitos, acusatório, já que o juiz não pode dar início ao
tam­bém o seu caráter axiológico. Ela contém assim como à sujeição a deveres; b) referências processo sem ser provo­cado. Nos processos
objetivos sociais, políticos e jurídicos. constitucionais: inciso III do art. 3º; incisos XXX e civil e trabalhista existem exceções ao sistema
12.2. Aspecto negativo da instrumentalidade: é XXXI do art. 7º. Referências no CPC: art. 125, inciso acusatório, pois é permitido ao juiz dar início ao
a tradicional postura de que o processo não é um I; art. 130. processo em vários casos. Algumas exceções:
fim em si mesmo e não deve, na prática co­tidiana, execução trabalhista (CLT, art. 878); execução
ser guindado à condição de fonte geradora de 2. Princípios fundamentais ou gerais de título judicial (CPC, art. 475); “habeas corpus”
direitos (Dinamarco). É o que se ve­rifica no art. 2.1. Conceito: são aqueles sobre os quais todo o (CPP, art. 654, § 2º); execução penal de ofício
244 do CPC: “quando a lei pres­crever determi- sistema jurídico se apóia, partindo de uma opção (Lei de Execução Penal, art. 105).
nada forma, sem cominação de nulidade, o juiz político-ideológica. Ao contrário dos informativos, são 2.2.7. Disponibilidade: consiste no grau de
considerará válido o ato se, rea­lizado de outro escolhas políticas do legislador constituinte, depen- li­berdade conferido às partes em relação ao
modo, lhe alcançar a finalidade”. No mesmo sen- dendo do sistema jurídico-constitucional. exer­cício de seus direitos. Em regra, é maior nos
tido a regra que veda a decretação de nulidade 2.2. Espécies pro­cessos não-penais (civil e trabalhista) e quase
do ato que não traga prejuízo à parte (art. 249, 2.2.1. Juiz natural: é aquele princípio que impõe a inexistente no processo penal.
§§1º e 2º, CPC). garantia de estabelecimento de um órgão jul­gador, 2.2.8. Dispositivo: princípio que estabelece
12.3. Aspecto positivo da instrumentalidade: por critérios abstratos e prévios ao conflito. Por uma relação de dependência entre o juiz e a
é aquele que impõe uma postura positiva em conseqüência, são vedados os tribunais cria­dos iniciativa das partes em relação à instrução da
bus­ca da atribuição de resultados jurídico-subs­ para o julgamento específico de um caso (tri­bunais causa. Depende do sistema de investigação das
tanciais do processo, garantindo efetividade ao de exceção). provas adotado pela ordem jurídica. Vai da total
di­reito pleiteado. 2.2.2. Imparcialidade do juiz: é aquele princípio que depen­dência do ato da parte até a sua completa
12.4. Tutela dos direitos: é o próprio resultado impõe ao julgador a posição de relação aos pólos indife­rença.
jurídico-substancial almejado pela parte que tem do processo (autor e réu). É condição de validade 2.2.9. Impulso oficial: princípio que impõe aos
o direito. Está vinculado ao conceito de instrumen­ do processo. Não se con­funde com neutralidade do órgãos estatais o dever de dar continuidade aos
talidade, já que é o objetivo desta. juiz. O juiz não é neutro; pelo contrário, ele é o agente processos a eles submetidos.
estatal in­cum­bido de velar pela realização dos valores 2.2.10. Persuasão racional do juiz: princípio
Princípios do ins­culpidos pela ordem constitucional (princípios da que impõe ao julgador a liberdade na apreciação
Direito Processual dignidade da pessoa humana, livre iniciativa, valori- das provas existentes nos autos, segundo o seu
zação do trabalho etc.). livre convencimento. O juiz não está preso a va­
1. Princípios informadores 2.2.3. Igualdade: consiste na vedação de distin­ções lores preestabelecidos das provas; ao contrário,
1.1. Conceito: são aqueles que prescindem indevidas no tratamento dispensado aos participan­ deve lhes valorar, segundo a sua consciência.
de demonstração, representando axiomas que tes do processo (partes, procuradores, terceiros Contudo, existem certos casos em que o juiz,
infor­mam o estudo do processo. interessados, terceiros indiferentes). O princípio mesmo não estando vinculado às provas, deve,
1.2. Espécies está inserido no “caput” do art. 5º da CF. Contudo, por imposição legal, buscá-la. Como ocorre em
1.2.1. Lógico: a) enunciado: o processo deve se faz parte do próprio conceito de igual­dade, em sua certos atos jurídicos que somente se provam por
desenvolver com os atos e formas mais aptos a feição material, tratar de forma de­sigual os desiguais. determinadas formas – certidão de casamento,
descobrir a verdade e evitar o erro; b) algumas Assim sendo, a ordem jurídica, por razões de inte- propriedade de imóvel etc.
implicações: b.1) a necessidade de reunião de resse público, por óbices extraordinários à defesa 2.2.11. Motivação das decisões judiciais: con­
autos, unidade de instrução e decisão conjunta em juízo, por circuns­tâncias objetivas ou subjetivas siste no dever de construção de uma base fática e
de ações (conexão e continência); b.2) o princí- das partes ou dos interesses levados a juízo, deve de direito para os atos jurisdicionais. Está além do
pio da prejudicialidade: o efeito da apreciação conferir certas prerrogativas (diferem de privilégios dever de indicar os fundamentos do seu entendi-
da preliminar (processual ou de mérito) sobre por serem jus­tificáveis) processuais. É o caso do mento, compreendendo a articulação de todos os
o pro­cesso. prazo em quádruplo para contestar e em dobro para elementos fáticos e jurídicos que funda­mentaram
1.2.2. Econômico (economia processual ou recor­rer conferido aos entes da Fazenda Pública, seu julgado. O julgador deve traçar os pontos que
sim­plificação): a) enunciado: o processo procu­ aos representantes do Ministério Público e à Defen­ formaram a trajetória de sua conclusão. É ligado
ra obter o maior resultado com o mínimo de soria Pública. ao princípio da persuasão racional, cons­tituindo o
esforço; b) conteúdo: o ideal de justiça rápida, 2.2.4. Contraditório: consiste na garantia da bi­la­te­ princípio do livre convencimento moti­vado.
barata e justa; c) algumas implicações: economia ralidade da ação, decorrente do próprio ca­ráter dialéti­ 2.2.12. Publicidade: impõe que todos os atos
de gastos (custas processuais e gratuidade), co do processo (tese, antítese e sín­tese), ofertando ao do processo sejam públicos, podendo, em
economia de tempo (celeridade), economia de sujeito processual atacado o direito de manifestar-se casos de justificação, dentro das hipóteses
atos (eficiência do provimento jurisdicional, sis- eficazmente sobre o ato que o atacou. constitu­cionais, ser restritos às partes e aos seus
tema de nulidades e eficiência da administração 2.2.5. Ampla defesa: consiste na utilização pelas procura­dores.
judiciária). partes de todos os meios e recursos legais pre­vistos 2.2.13. Lealdade processual: as partes devem
1.2.3. Político (ou participativo): a) enunciado: para a defesa de seus interesses em juízo. se portar dentro de padrões de probidade, res­

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peitando, além dos ditames da legalidade, os para que se alcancem os bens da vida conferidos juiz natural (ver acima); c) indelegabilidade:
da mo­ralidade processual. Por conta disso, são por tal ordem. determina que o juiz não pode delegar suas fun­
tipifi­cados os atos de litigância de má-fé. Existe, 5. Tutela jurisdicional: é definida como a moda­ ções a outras pessoas; d) indeclinabilida­de: é
ao lado desse princípio, mas sem se confundir lidade de tutela jurídica conferida pelo Estado-Juiz o princípio que proíbe o julgador de pro­nunciar o
com ele, o princípio da cooperação processual, para assegurar a proteção a quem seja titular de um “non liquet” (sem solução), mesmo que se esteja
que impõe a todos (não somente às partes) o direito subjetivo ou outra posição jurídica de vantagem diante de intrincada questão jurídica (CPC 126);
dever de colaborar com o serviço de prestação (Dinamarco). e) inevitabilidade: determina que a jurisdição
jurisdi­cional. Dele decorre o instituto do ato se imponha a todos, por poder próprio, o qual
atentatório à dignidade da jurisdição. 6. Algumas classificações das tutelas juris­ independe da vontade das partes; f) aderência
2.2.14. Instrumentalidade das formas: consis­ dicionais: ao território: é o princípio que vincula o exercício
te na constatação de que, embora o processo 6.1. pelo critério da pretensão do demandante: a) da jurisdição aos limites de soberania do Estado
necessite de certas formalidades para existir, cognitiva: visa resolver uma crise de certeza quan- que a instituiu, fazendo coincidir sua aplicação ao
estas não podem servir de óbices injustificados to a uma situação jurídica; b) executiva: objetiva conceito de território nacional, e, mais especifica­
à persecução dos fins colimados pelo próprio efetivar uma situação jurídica conferida pela ordem mente, aos limites de sua circunscrição territorial
pro­cesso. jurídica estatal, seja em título executivo judicial ou (tribunais nacionais, regionais e locais; comarcas,
2.2.15. Duplo grau de jurisdição: confere às extrajudicial; c) cautelar: visa somente preservar seccionais, varas).
partes o direito de reexame da decisão jurisdi­ a via­bilidade de um outro processo, sem satisfazer
cional por outro órgão. Não está explícito na CF, as partes; 9. Extensão da jurisdição: como regra geral,
mas decorre da leitura da estrutura atribuída ao 6.2. pelo critério da intensidade: a) plena: é aquela adotou-se o princípio da inafastabilidade da ju­
Poder Judiciário na própria CF. tutela jurisdicional capaz de assegurar a mais ampla risdição, pelo qual todos os interesses jurídicos
Link Acadêmico 1 intensidade possível, alcançando-se com ela o podem ser levados ao Judiciário. Há, contudo,
acolhimento e a satisfação das preten­sões legítimas limites a tal amplitude, que podem ser: a) inter­
Jurisdição levadas a juízo (exemplificadas pela tutela executiva nos: dentro do próprio espaço da soberania
e constitutiva, positiva ou negativa); b) limitada: na­cional, como no caso de vedação da análise
1. Conceito: é o poder estatal exercido pelo é aquela que não se faz suficiente para garantir a do mérito do ato administrativo, dos atos “interna
Estado com o objetivo de promover, com justiça, satisfação do direito material, sendo necessário que corporis”, as questões de bagatela, juízo arbitral,
a pacificação social dos conflitos. o Estado preste depois um tipo de tutela que a com­ atos excepcionalmente revolucionários; b) exter­
plemente (exem­plos: tutela cognitiva e cautelar); nos ou internacionais: decorrentes da própria
2. Natureza tríplice da jurisdição: ela é, ao 6.3. pelo critério do procedimento adotado: c) limitação fática do poder estatal nacional, em não
mesmo tempo, poder, função e atividade. Como comum: é aquela tutela jurisdicional pres­tada por poder estar em todos os lugares do mundo, pela
poder, é a manifestação da potestade estatal em meio dos métodos tradicionais postos à disposição própria falta de importância dos atos realizados
decidir com imperatividade; como função, expres­ do jurisdicionado, como no procedi­mento comum, no estrangeiro, pela adoção do princípio do
sa o encargo estatal de promover a pacificação ordinário ou sumário, no processo de conhecimento; res­peito à independência das outras nações, ou
dos conflitos; como atividade, é o complexo dos a) diferenciada: é uma forma de prestação jurisdicio­ pela falta de força impositiva da soberania aos
atos do Estado-Juiz no processo, exercendo seu nal por métodos di­versos dos tradicionais (exemplos: demais Estados. Por exceção, existem alguns
poder e cumprindo a função que lhe compete. tutela ante­cipada; procedimento monitório; mandado fatos que devem ser precedidos pela provocação
Como fato complexo que é, não pode ser redu- de se­gurança); adminis­trativa: as questões da justiça desportiva
zida a uma só perspectiva. 6.4. pelo critério da satisfatividade: a) satis­fativa: e a ma­téria de habeas data (Lei 9.507/97).
é aquela que entrega o próprio bem da vida ao
3. Características da jurisdição: a) substitu­ vencedor; b) não satisfativa: é aque­la que objetiva 10. Espécies de jurisdição: a) pelo critério do
tividade (Chiovenda): é a decorrência direta da somente resguardar a viabilidade daquilo que vai ser objeto: penal ou civil (englobando aqui tudo que
proibição da autotutela, e repercute na assunção veiculado noutro processo, já em curso ou não; não for penal – aplicação do critério da exclu-
pelo Estado das atividades tendentes à resolução 6.5. pelo critério do resultado jurídico-substancial são); b) pelo critério dos órgãos que a exercem:
dos conflitos, forçando, assim, uma substituição almejado: a) tutela inibitória: é uma tutela genuina­ espe­cial ou comum; c) pelo critério da posição
das atividades inicialmente deferidas às partes; mente preventiva, totalmente desatrelada da idéia de hierár­quica dos órgãos: inferior ou superior; d)
b) escopo de atuação do direito (Chiovenda): dano, seja até mesmo na forma de ameaça, voltada a pelo critério da fonte jurídica em que se esteia:
por meio da jurisdição, o Estado confere a devida evitar o ilícito, inibindo-o antes de acontecer, durante de direito ou de eqüidade; e) pelo critério da
concretização dos direitos subjetivos; c) compo­ sua realização (fazendo cessar seus efeitos), ou evi­ litigio­sidade: contencioso ou voluntário.
sição da lide (Carnelutti): a jurisdição presta-se à tando que se repita (quan­do passível de repetição); b)
resolução da lide (aquilo que a parte interessada tutela res­sarcitória: é a mais singela e ultrapassada 11. Características gerais da jurisdição vo­
deduz em juízo, caracterizada pela existência de das tutelas jurisdicionais, pois ressarcir é, grosseira­ luntária no CPC: a) são comuns as exceções
pretensões resistidas); d) inércia: a jurisdição mente, restabelecer o que deveria existir caso o dano ao princípio da demanda; b) obrigatoriedade
tem de ser provocada pelas partes, por agente não houvesse ocorrido etc. da intervenção do MP - seja na qualidade de
estatal ou privado, que receba tal mister (como pro­vocador ou de fiscal da lei; c) prazo para
no caso do Ministério Público, associações, 7. Técnicas processuais resposta geralmente de dez dias, não caben-
sindi­catos); e) definitividade: é a qualidade de 7.1 Conceito: são os meios pelos quais é pres­tada do recon­venção, tampouco se aplicando os
imu­tabilidade que recebem as decisões judiciais a tutela jurisdicional. prazos do art. 188 do CPC; d) admissibilidade
tran­sitadas em julgado. 7.2 Espécies de técnicas processuais: a) pro­ da jurisdição de eqüidade (aplica-se o critério
cessos; b) procedimentos; c) provimentos juris­ da eqüidade no julgamento); e) não faz coisa
4. Tutela jurídica: é uma construção dogmática dicionais; d) cognição; e) formas de sumarização. julgada material; f) “numerus clausus”: os proce-
capaz de dar conta das diferentes necessidades dimentos de juris­dição voluntária são previstos
de tutela dos direitos, tomando em consideração 8. Princípios relativos à jurisdição: a) inves­ taxativamente em lei.
as suas características e, principalmente, o tidura: é o princípio que corresponde à idéia de que 12. Natureza jurídica da jurisdição voluntá­
papel que pretendem cumprir na sociedade. É a jurisdição só será exercida por quem tenha sido ria: a) teoria administrativista: trata-se de
aquilo que a ordem jurídica põe à disposição regularmente investido na autoridade estatal; b) administração pública dos interesses privados;

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b) teoria jurisdicionalista: é vista como uma passa a ser absoluta, fugindo, por conseqüência, Link Acadêmico 5
autêntica jurisdição (predominante); c) teoria da disponibilidade das partes); b) valor da causa:
au­t onomista: é interpretada como um tipo também é, em regra, critério de competência rela­tiva Processo
autônomo de jurisdição. (por exceção, pode ser absoluto, pois o juízo que tem
Link Acadêmico 2 competência para examinar a causa de maior valor 1. Conceito: é uma técnica de resolução de
será também competente para a causa de menor con­flitos utilizada como instrumento para quem
Competência valor, sendo, nesse sentido, rela­tiva a competência quer a tutela jurisdicional.
pelo valor da causa – salvo no caso dos juizados
1. Conceito de competência jurisdicional: é a especiais federais, por expressa disposição legal. 2. Teorias sobre a natureza jurídica do pro­
quantidade ou medida da jurisdição atribuída/dis­ Já no sentido inverso, a recíproca não é verdadeira, cesso: a) o processo como contrato: teoria
tribuída, no caso concreto, a um órgão ou gru­po de forma que o juízo que tem competência para a própria da fase inicial do Direito Romano, onde
de órgãos do Judiciário, em razão de divi­são causa de menor valor não pode examinar a demanda as partes dispunham sobre a conveniência ou
de trabalho, da importância do interesse, pelo de maior valor, sendo, nesse caso, absoluto o limite não de se submeter ao processo; b) processo
respeito à dignidade do cargo exercido ou em de com­petência). como mera formalização da relação jurídica
atenção à comodidade das partes. Link Acadêmico 3 material: concepção própria da fase da falta de
autonomia do processo, onde não se distinguia
2. Princípios informadores: são sintetizados em Ação a relação processual da material; c) processo
três diretrizes básicas que norteiam todo o siste­ co­mo relação jurídica: é própria da fase da
ma de determinação de competência, infor­mando 1. Conceito: é o direito público subjetivo abstra­to, auto­nomia do estudo do processo, pressupondo
a aplicação das regras específicas, esta­belecidas exercido em face do Estado-Juiz, objetivando a uma distinção entre a relação de direito material
na legislação processual nacional. prestação da tutela jurisdicional. dis­cutida pelas partes e a relação processual,
2.1. Princípio do juiz natural: ver tópico outor­gando-lhe requisitos próprios de existência
acima. 2. Teorias e de va­lidade; d) o processo como situação
2.2. Princípio da perpetuação da competên­ 2.1. imanentista, civilista ou clássica: pressu­põe jurídi­ca: é a posição doutrinária que enfatiza
cia: é o que determina que a competência para uma vinculação absoluta entre o direito e a ação a concei­tuação do processo como um jogo de
exame de certa causa seja verificada no início do (Savigny); encargos, de situações ocupadas pelos seus
processo, com a propositura da ação. Estabele­ 2.2. teorias autonomistas: sujeitos, sejam elas de vantagem ou de des-
cido o órgão jurisdicional competente, ele o será 2.2.1. teorias concretas: a) teoria concreta pro­ vantagem.
até o final do processo, ainda que o critério de priamente dita (Adolf Wach): a ação como direito
competência venha a ser alterado futuramente. público autônomo, mas concedida so­mente ao titular 3. Pressupostos processuais
Exceções: a) quando as mudanças suprimirem do direito material - duplo sujeito passivo: Estado e 3.1. Conceito: são os requisitos que devem ser
o órgão judiciário; b) ou quando alterarem a o adversário (ação = direito a uma sentença favorá­ atendidos para uma eficaz formação da relação
com­petência em razão da hierarquia. No primeiro vel); b) teoria do direito potestativo (Chiovenda): jurídica processual.
caso, por inexistência do órgão jurisdicional, o variação da anterior, passa a tratar a ação como 3.2. Pressupostos processuais de existên­cia:
processo é remetido a outro; no segundo, por direito potestativo (aquele ao qual não corresponde são aqueles cujo atendimento é necessário para
interesse público (competência absoluta - ma- nenhuma obri­gação); a própria noção de relação jurídica proces­sual.
terial e funcional). 2.2.2. teoria abstrata (Dagenkolb e Plósz): a ação Compreendem a investidura do juiz na ju­risdição,
2.3. Princípio da competência sobre a compe­ como direito público à manifestação juris­dicional, a capacidade para ser parte, a capa­cidade pos­
tência: é aquele que determina que todo juiz absolutamente independente do direito material; tulatória e a petição inicial. Diante da ausência
tem competência para apreciar sua própria 2.2.3. teoria eclética de Liebman: é uma po­sição de algum desses pressupostos, o pro­cesso é tido
competência para determinada causa. Eviden­ aparentemente conciliadora entre as teorias autono­ como inexistente.
temente, a análise do magistrado sobre sua mistas concretas e abstratas, apresen­tando a ação 3.3. Pressupostos processuais de validade:
competência não vinculará outros juízes, mesmo como autônoma, mas condicio­nando seu usufruto a são aqueles requisitos que devem ser atendidos
porque estes detêm idêntica prerrogativa. Se dois quem preencher determi­nadas condições vinculadas para que a relação jurídica se dê de forma válida.
juízes de igual hierarquia se pronunciarem de ao direito matérial (condições indispensáveis ao São eles: a imparcialidade do juiz, a capacidade
modo conflituoso, caberá ao tribunal competente exame de mérito). absoluta do juízo, a capacidade para estar em
dirimir a dúvida. juízo, a citação válida, a regularidade procedimen­
3. Admissibilidade da ação: juízo acerca da presen­ tal, a ausência de litispendência, coisa julgada,
3. Competência absoluta: é aquela composta ça de suas condições e outros pressu­postos. compromisso arbitral e perempção.
de regras de natureza cogente, determinadas Link Acadêmico 4 Link Acadêmico 6
pelo interesse público, não se admitindo, por isso,
que as partes possam convencionar de forma 4. Condições da ação 4. Participação no processo
distinta da prevista na lei, gerando, ademais, 4.1. Conceito: são os requisitos para que seja pos­ 4.1. Critério para definir a qualidade em que
sanções mais graves. São critérios de natureza sível o exame do mérito (pedido). se participa do processo: é o interesse jurídi­co,
absoluta o material, o funcional e o pessoal. 4.2. Espécies: a) legitimidade ou legitimação das demonstrado pelo participante diante do litígio e,
partes: é a relação de pertinência entre as partes da especialmente, em relação ao direito material a
4. Competência relativa: é aquela que tem suas ação e as da relação jurídica material nela discutida; ser exercido, em caso de procedência da ação
diretrizes impostas, preponderantemente, pelo b) interesse processual ou in­teresse de agir: é processual. Assim, o interesse jurídico apresen­
interesse das partes, que podem, por essa razão, a satisfação do interesse subs­tancial ou jurídico, ta-se como a verdadeira medida da participação
dispor desses critérios, alterando o regime legal. protegido pelo direito material, que não puder ser do sujeito parcial no processo.
São critérios de natureza relativa: a) territorial, alcançado senão por inter­médio da jurisdição; c) 4.2. Graus ou qualidades da participação
que, em regra, é relativo, admitindo-se que as possibilidade jurídica do pedido: é a exigência de no processo: partindo-se do critério acima,
partes transijam sobre sua fixação (CPC, art. 95 - que a situação afirmada pelo autor seja suscetível de é pos­sível distinguir vários graus de interesse
trata de hipótese em que a competência territorial proteção pelo ordenamento jurídico. na causa, possibilitando-se a classificação dos

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participantes em partes, terceiros interessados independentemente do impulso das partes; b)
Atos
e terceiros indi­ferentes. prin­cípio da demanda: quando atribuída a sua
Processuais iniciativa às partes;
4.3. Parte: são os sujeitos que alegam ser seus
os direitos discutidos no processo. São aqueles 1. Sujeitos dos atos processuais: 7.3. quanto ao rito: a) ordinário: é o procedimen­
que têm o maior grau de interesse jurídico na 1.1. o juiz: a) sentença: ato que extingue o procedi­ to mais alargado, compreendendo as maiores
mento com ou sem a resolução de mérito; b) decisão possibilidades de contraditório e ampla defesa,
demanda. Por isso têm também o maior grau de
interlocutória: resolve uma questão incidente dos além das outras garantias relacionadas com o
direitos, deveres, ônus, faculdades e sujeições.
autos, sem pôr fim ao processo; c) despa­cho: ato que de­vido processo legal; b) sumário: é o procedi­
4.4. Terceiros interessados: são aqueles que, apenas dá andamento ao processo, sem qualquer le­ mento reduzido, seja pela supressão de fases
mesmo sem deterem interesse jurídico como as são às partes (se for demasiada­mente ordinário, pode ou atos, seja pela inversão destes, ou mesmo
partes, têm algum interesse dessa qualidade. A ser delegado ao diretor da secretaria do juízo); pela limitação da cognição de alguns pontos.
depender desse grau, eles vão receber mais ou 1.2. as partes: a) atos postulatórios: desti­nam-se Tem ta­xatividade legal, na medida em que a
menos atribuições da relação jurídica processu- a levar a demanda a juízo; b) atos ins­trutórios: lei expressa­mente indica em quais casos cabe
al, ou seja, mais ônus, sujeições, autoridades, destinam-se à formação do conven­c imento do (exemplo: CPC, art. 282).
deve­res e poderes. São os chamados terceiros julgador ou ao atendimento de alguma disposição
inter­venientes. legal expressa que exige aquela forma específica de 8. O procedimento pode ser sumarizado (re­
4.5. Terceiros indiferentes: são aqueles partici­ prova para se alcançar o fim alme­jado no processo; duzido) pela inserção de limitações quanto à
c) atos dispositivos: aqueles que têm conteúdo de sua cognição (no plano vertical: quanto à profun-
pantes que, mesmo sem qualquer interesse
disposição de algum direito (renúncia, desistência didade da discussão de um ponto específico; no
jurídi­co na demanda, atuam no processo, seja na
ou transação); plano horizontal: pela limitação dos pontos sobre
con­dição de agentes estatais (juízes, serventuá­
1.3. os terceiros: a) atos dos serventuários; b) atos os quais pode recair a cognição).
rios, Ministério Público, delegado e outros), seja
de colaboração de quaisquer outras pessoas.
na condição de particulares em colaboração com
9. Teoria das nulidades processuais: não é
a Justiça (testemunhas, declarantes e outros).
2. Formas dos atos processuais: é a necessi­dade informada pelos princípios de Direito Privado,
Mesmo sem ter interesse na causa, estão sujeitos
de o processo atender a determinadas for­mas para ainda que alguns subsídios possam ser buscados
a deveres (colaboração, probidade etc.).
que consiga atingir os seus objetivos. Entretanto, nesse campo. Diferentemente do Direito Privado,
4.6. Princípios relativos às partes: a) dualida­
nem todos os atos têm a forma esta­belecida estrita- não existe nulidade sem decretação, e mesmo
de de partes: consiste na previsão de que toda
mente em lei (tipicidade das formas). A ordem jurídica as nulidades absolutas podem convalescer.
relação jurídica pressupõe a existência de dois
estabelece alguns atos que têm solenidades mais Princí­pios próprios:
pólos (autor e réu); b) igualdade de partes:
rígidas. Para estes, é possível até a declaração de 9.1. Nulidade absoluta: o vício atinge interesse
de­nota a igualdade entre as partes dentro da
inexistência em caso de descumprimento. público; pode ser decretada de ofício.
relação jurídica processual; c) contraditório
9.2. Nulidade relativa: o vício atinge interesse da
– ver tópico acima.
3. Tempo dos atos processuais: a) compreen­dido parte; só pode ser decretada mediante alega­ção
como prazo, diz respeito ao lapso durante o qual pode do prejudicado.
5. Capacidade para ser parte: é a aptidão que
o ato ser realizado validamente; b) en­tendido como o
tem a pessoa jurídica ou natural de ser sujeito
horário no qual pode o ato ser realizado. 10. Convalidação do ato processual: é o fe­nô­
de direitos e de obrigações. Está intimamente
meno por meio do qual o ato nulo produz efei­tos,
ligada à personalidade jurídica ou à capacidade
4. Espécies de prazos: a) dilatórios: são aque­les seja porque alcança sua finalidade, seja por­que
de direito.
que facultam às partes sua modificação; b) peremp­ a nulidade (relativa) não foi oposta pela parte a
tórios: são aqueles que não aceitam disposição das quem aproveitava sua pronúncia no prazo legal,
6. Capacidade de estar em juízo, capacidade
partes quanto ao seu término, duração ou início. ou porque determinado acontecimento o sanou, ou
processual ou legitimidade “ad processum”:
ainda por ter sido renovado, retificado ou adaptado.
é aquela capacidade detida por quem pode
5. Preclusão Link Acadêmico 7
estar em juízo por si só, exercendo atos da
5.1. Conceito: é o instituto de direito processual que
vida. Re­laciona-se à capacidade de fato ou de
acarreta às partes a perda da faculdade de realizar
exercício. Não têm capacidade de estar em juízo
determinado ato.
os abso­lutamente incapazes e os relativamente
5.2. Espécies de preclusão: a) preclusão ló­gi­ca:
inca­pazes. Para estes é necessária a integra­
aquela em que a parte realiza ato incom­patível com
ção da capacidade. A capacidade processual é
aquele que prescreveu (o exemplo da prescrição do A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida dos estudos das disci-
pressu­posto de validade do processo. plinas dos cursos de graduação, devendo ser complementada com o
direito de recorrer pelo paga­mento da condenação material disponível nos Links e com a leitura de livros didáticos.
6.1. Legitimidade ordinária para ser parte no
feita em sentença, sem qual­quer ressalva); b) pre­
processo: é aquela que pressupõe coincidência Teoria Geral do Processo Civil – 2ª edição - 2009
clusão consumati­va: aquela em que o sujeito realiza
potencial entre as pessoas que figuram nos pólos
o ato e depois quer realizá-lo de novo (exemplo da Coordenador:
Carlos Eduardo Brocanella Witter, Professor universitário e de
da relação processual e aquelas que figuram nos
pessoa que, dispondo do prazo de 15 dias, apresenta cursos preparatórios há mais de 10 anos, Especialista em Direito
pólos da relação de direito material discutida no Educacional; Mestre em Educação e Semiótica Jurídica; Membro
o re­curso no décimo dia e quer novamente apresen- da Associação Brasileira para o Progresso da Ciência; Palestrante;
processo. É a regra. Advogado e Autor de obras jurídicas.
tá-lo antes do vencimento do prazo); c) preclusão Wander Garcia, Professor e Palestrante, Autor de mais de 10 obras
6.2. Legitimidade extraordinária para ser parte
temporal: é aquela que ocorre pelo decurso do lapso na área jurídica, Mestre e Doutorando em Direito pela PUC/SP,
no processo: é aquela em que as pessoas que Procurador do Município e Advogado.
temporal sem ação da parte. Autor:
figuram na relação processual, apesar de não Cleydson Gadelha, Mestrando em Direito pela UFRN, Professor de
serem aquelas da relação de direito material, po­ Direito Processual Civil e Processo Constitu-cional.
6. Lugar dos atos processuais: eles são, em regra,
dem litigar em juízo, pleiteando o direito destas,
realizados na sede do juízo. A coleção Guia Acadêmico é uma publicação da Memes Tecnologia
em virtude de autorização legal. É a exceção. Educacional Ltda. São Paulo-SP.
Endereço eletrônico: www.memesjuridico.com.br
7. Modo dos atos processuais: 7.1. quanto à Todos os direitos reservados. É terminantemente proibida a
7. Capacidade postulatória: é aquela con­ reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer meio
linguagem: a) escritos: é a forma ordinária de rea- ou processo, sem a expressa autorização do autor e da editora. A
cernente à qualidade de postular em juízo.
lização de todos os atos processuais; b) orais: em violação dos direitos autorais caracteriza crime, sem prejuízo das
Geral­mente é conferida a advogado, mas, por sanções civis cabíveis.
sua maioria reduzidos a linguagem escrita, mas, em
exceção, pode ser atribuída a outros, em al-
alguns casos, totalmente feitos na forma oral, como
gumas situações, como nos juizados especiais
nos juizados especiais;
cíveis até o valor de alçada, na impetração de
7.2. quanto à atividade: a) princípio do impulso
habeas corpus.
oficial: quando realizado pelos órgãos estatais,

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