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Shemá Yisrael
RESPOSTA:
Fiquei muito contente por você ter feito esta pergunta, porque estou certo de
que alguns de nossos leitores judeus ficarão confusos com seu dilema. Como
posso estar tão certo de que eles ficarão desorientados pela simples leitura de
sua pergunta? Tente imaginar a reação de espanto de um judeu (que tem seu
monoteísmo intacto) ao descobrir por sua pergunta que missionários usam seu
querido credo nacional "Ouve, Israel, A-do-nai é nosso D'us, A-do-nai é
Um" (em hebraico, echad) para provar a doutrina da Trindade. Para surpresa de
muitos, os crentes na Trindade usarão freqüentemente este celebrado versículo
para apoiar a crença em uma natureza tri-una de D'us. Examinemos mais
detidamente este argumento.
O primeiro é Bamidbar 13:23, que diz: "Então eles foram ao Vale de Eshcol, e
cortaram um galho com um (echad) cacho de uvas; carregaram-no entre dois
deles, numa vara. Levaram também alguns dos figos e das romãs."
O segundo é Bereshit 1:5, que diz: "... e houve a noite e houve a manhã, um
(echad) dia."
Destes versículos, discutem eles, fica claro que a palavra hebraica "echad" pode
apenas significar uma fusão de várias coisas em uma.
Embora esta prova seja falha, para aqueles que não têm um mínimo de
conhecimento do idioma hebraico, este argumento pode ser bem intrigante e até
convincente mas...
A palavra "echad" em hebraico funciona exatamente da mesma maneira que a
palavra "um" em português. Em português, pode-se dizer: "estas quatro
cadeiras e a mesa formam uma mobília de jantar," ou então: "Há um centavo
em minha mão." Desses dois exemplos, é fácil ver como a palavra "um" pode
significar várias coisas em uma, como é o caso da mobília, ou apenas uma, no
caso do centavo.
Por exemplo, pode-se ler em Devarim 17:6: "Pela boca de duas testemunhas, ou
três testemunhas, aquele que merece a morte deve ser posto à morte; mas pela
boca de uma (echad) testemunha, ele não deve ser posto à morte."
Ou Cohêlet 4:8: "Há apenas um (echad), sem uma companhia; sim, ele nem tem
filho..."
A questão do Shemá não é nova, ela já foi feita por nossos Sábios no sagrado
livro do Zôhar. Será que devemos chamar a D'us de "echad", palavra que pode
ser erroneamente interpretado como uma unidade composta? Não seria um
risco usá-la, afinal, o segundo mandamento é claro ao proibir qualquer forma de
idolatria?
Chassidut e Cabalá dão uma explicação mais profunda do assunto. Claro que
D'us não pode ser chamado por "echad" (que pode significar uma unidade
composta), e somente poderia ser chamado por "yachid" (que significa único
absoluto). Porém neste caso do versículo "Shemá Yisrael, A-do-nai E-lo-hê-nu,
A-do-nai Echad" a palavra "echad" é proposital: Ao proferir o Shemá estamos
dizendo que não somente D'us é único (yachid) mas que também não há outra
coisa além do um, pois todas as criaturas do universo não estão separadas d'Ele,
mas estão anuladas perante Ele.
Esta idéias está explícita na palavra "echad", que em hebraico é formada por três
letras: alef, chet, dalet.
ALEF - a primeira letra, alef, com valor numérico 1, diz respeito ao D'us Único;
CHET - a segunda, chet, com valor numérico 8, significa que Ele tem soberania
absoluta sobre os Sete Céus e a Terra;
DALET - a terceira, dalet, com valor numérico 4, lembra que Ele também
domina os quatro pontos cardeais.
Sendo assim, devemos dar ênfase especial na última palavra do Shemá, refletir
sobre seu significado, e perceber como toda a criação "echad" está anulada
perante este Um Único.
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