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12 1 Maio 2009

PORTUGAL
Sócrates de acordo com discurso do PR “Sequestro” Alegre: “Bom exercício democrático”
O ministro dos Assuntos
Sócrates afirmou-se totalmente de acordo com o discurso Parlamentares acusou Paulo Manuel Alegre considerou que o Presidente da República falou
proferido pelo Presidente da República na sessão solene do 25 Rangel, de ter “sequestrado” a para todos os portugueses e fez um bom exercício democrático,
de Abril. Segundo Sócrates, o PR “convocou os portugueses para sessão solene do 25 de Abril para dizendo que Cavaco Silva não deve ser bengala do Governo ou
votarem e empenharem-se nas escolhas políticas - e é o que fazer um discurso de “campanha chefe da oposição. “O papel do Presidente da República não é
vamos fazer este ano”. “Em segundo lugar, o PR chamou a eleitoral”. “O dr. Paulo Rangel ser anti-Governo. O Presidente da República não tem que ser a
atenção para que os políticos se concentrem nas propostas para sequestrou a sessão para fazer bengala do Governo nem chefe da oposição. O Presidente da
resolver os problemas em concreto do país, que são muitos e um discurso de pura campanha República fala para todos os portugueses e falou para todos os
que derivam de uma crise internacional muito severa e exigente. eleitoral”, acusou o ministro portugueses e de acordo com a data”, declarou Manuel Alegre
Essa crise vai convocar naturalmente a energia de todos”, frisou. Santos Silva. no final da sessão comemorativa do 25 de Abril na AR.

COMEMORAÇÕES
Descontentamento
desceu a Avenida
CAVACO SILVA NO PARLAMENTO
Crise não pode ser iludida
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, apelou à participação
activa dos cidadãos nas eleições deste ano, pedindo aos agentes políticos
para apresentarem propostas com realismo, autenticidade e sem ilusões,
num debate centrado nos grandes problemas do país.
“Aquilo que se promete deverá ter em conta a realidade que vivemos no
presente e em que iremos viver no futuro. Dizer que essa realidade será
fácil será faltar à verdade aos portugueses. Quem prometer aquilo que
objectivamente não poderá cumprir estará a iludir os portugueses”, afirmou
Cavaco Silva, no discurso da sessão comemorativa do 25 de Abril. Milhares de pessoas desceram a Avenida da capitalismo fez-nos chegar ao ponto em que estamos.
Numa intervenção dividida em duas partes, com a primeira dedicada à Liberdade em direcção no Rossio no tradicional desfile Neste momento muito difícil exige-se um Abril novo”,
crise que Portugal atravessa e que “não pode ser iludida”, o chefe de Estado comemorativo do 25 de Abril, este ano marcado pelo disse abeirando-se de um chaimite para “sentir melhor
falou longamente sobre os três actos eleitorais que irão decorrer entre Julho descontentamento face à crise económica, associado a a emoção”.
e Outubro - europeias, legislativas e autárquicas - fazendo um apelo directo um sentimento de descrença política. “Emprego e salários para todos. Não ao trabalho
à participação dos cidadãos. Fátima de Sousa, 44 anos, acredita que a crise pode precário”, “Democracia, liberdade e justiça são três
“O exercício do sufrágio é, sem dúvida, a melhor homenagem que ter motivado mais gente a saír à rua: “Não sou uma irmãs gémeas. Umas sem as outras não têm valor.
poderemos prestar à liberdade conquistada há 35 anos”, disse, fazendo um ‘habitué’, esta é a primeira vez que venho. Penso que se Corruptos e ladrões não”, “Niguém é ilegal.
“apelo directo” aos cidadãos para que “participem activamente” nas houver maior afluência a crise pode explicá-la, porque Documentos para todos”, “As famílias de Abril. Gays e
eleições, porque “a abstenção não é solução” e quem não vota abdica do as pessoas unem-se nos momentos mais difíceis. Aqui Lésbicas pela igualdade” e “Quero mentiras novas.
direito de contribuir para “a construção de um Portugal melhor”. sentem-se de alguma forma reconfortadas e com mais Falta ainda cumprir Abril”, foram algumas das frases
Depois do apelo à participação eleitoral, Cavaco Silva dirigiu-se aos esperança”, disse Fátima de Sousa à agência Lusa. que desfilaram na Avenida da Liberdade, ao som de
agentes políticos e à comunicação social, advogando campanhas eleitorais Pela sua parte, diz ter aproveitado o desfile para músicas de intervenção.
“esclarecedoras” e “serenas”, com “sobriedade nas despesas” e sem gastos mostrar ao filho de 11 anos aquilo que se passou há 35 Dirigentes da Associação Nacional de Sargentos
em acções de propaganda demasiado dispendiosas, com os jornalistas a anos, adiantando que o desfile funciona como uma juntaram-se também ao desfile, criticando o que
dever informar “objectiva e imparcialmente” sobre as propostas das forças “uma lição de História”. considera ser o “afastamento institucional” dos
políticas. “Profundamente descontente”, afirmou-se Joaquim militares da organização da iniciativa.
Aos políticos, o Presidente da República pediu para que “saibam dar o Medeiros, 69 anos, criticando a actual “situação de “Isto é muito estranho até porque foram os militares
exemplo”, concentrando-se num debate sobre a “resolução dos grandes miséria e desemprego” que se vive no país. que troxeram a democracia aos cidadãos”, disse
problemas que o país enfrenta”, com propostas com “realismo e “Hoje a liberdade é condicionada e até nas empresas António Lima Coelho, presidente da associação,
autenticidade”. já muita gente se retrai a falar. Estamos a viver uma sublinhando o carinho que a “família militar” recebeu
“Este não é, seguramente, o tempo das propostas ilusórias. Este não é o democracia fascizante”, disse. durante o desfile.
tempo de promessas fáceis, que depois se deixarão por cumprir. A crise cria Na mesma linha, também Graça Osório frisou a A Avenida da Liberdade acolheu também este ano os
a obrigação acrescida de prometer apenas aquilo que se pode fazer, com os necessidade de construir “um Abril novo” lamentos das vendedoras de cravos, que se queixam
recursos que temos e no país que somos e iremos ser”, salientou. “Acho que a realidade do nosso país é dramática. O que a crise está a dar cabo do negócio.

Partidos da oposição pedem rupturas enquanto PS garante que “Portugal vai dar a volta”
Os partidos da oposição assinalaram os 35 anos do 25 defendendo que a actual crise tornou evidente a Numa intervenção comovida, o capitão de Abril e
de Abril pedindo uma “ruptura” em relação ao Governo, “falência” do “sistema capitalista” e do “modelo liberal”. deputado do PS Marques Júnior recordou os que
enquanto o PS afirmou que “Portugal vai dar a volta, O deputado comunista João Oliveira considerou que lutaram contra a ditadura. O socialista considerou que o
vencendo a crise”. “o projecto libertador de Abril mantém toda a sua balanço da evolução do país desde 1974 “é francamente
O líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, enalteceu actualidade como verdadeiro projecto político de positivo”, mas que “o futuro se apresenta incerto”,
na sua intervenção na sessão solene comemorativa do progresso social e económico”, declarou que “é preciso perante “uma crise profunda e difícil”.
25 de Abril na Assembleia da República “o bem da Abril de novo” e que isso significa “profundas rupturas”. “A solução dos problemas do país não passa pela
liberdade” e acusou o Governo de o “renegar às A deputada do BE Ana Drago sustentou que “o maledicência, pela resignação, pela suspeição, pela
gerações futuras”. Alegou que o Governo está a “roubar paradigma político seguido em Portugal nas últimas tacanhez, pela demagogia, pela propaganda, por uma
a liberdade de escolha às gerações futuras” com o seu décadas falhou” e que “o modelo liberal” em de ser luta político-partidária que não coloque acima de tudo os
“programa de grandes obras públicas” porque este “substituído por outro” que cumpra as “expectativas de interesses nacionais”, antes exige “coragem,
deixará “uma dívida monstruosa”, uma “renda anual de um país assente na justiça social”. Por sua vez, a determinação, visão” e “o PS, por seu lado, quer estar à
1500 milhões de euros até 2040, durante 30 anos”. deputada do CDS-PP Teresa Caeiro apelou à “reserva altura dessas exigências”, disse.
Antes, PCP e BE pediram também “profundas de coragem que permitiu aos portugueses reinventar o Marques Júnior manifestou a confiança que “uma vez
rupturas”, não apenas em relação ao actual Governo, seu destino”, mas opôs-se aos “valores falhados do mais, Portugal vai dar a volta e conseguir ultrapassar as
mas com as políticas seguidas nas últimas décadas, PREC que ameaçam voltar”. dificuldades, vencendo a crise”.

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