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"O moço não mental"

de Mia Couto

(capa e ilustração para o conto

a entregar posteriormente)

Mário Freire

10º - F, nº 20

Profª Eli
"O moço não mental"
de Mia Couto

Este trabalho é o resultado da minha reflexão sobre o conto "O moço não
mental". Muito resumidamente: Marcito era "atrasado" e a mãe acordou um
dia farta de tudo e resolveu ir levá-lo pela última vez à escola e nunca mais o
ir buscar, mas, para sua enorme surpresa, no momento em que o ia largar o
filho, pela primeira vez, diz-lhe: “adeus, mãe!”. A partir desse momento tudo
se altera nesta mãe.

Toda a acção é baseada na "doença" de Marcito (uma das duas


personagens principais do conto), que não era como as outras crianças da sua
idade e a mãe, assumindo a doença como se dela própria fosse, na sua pouca
vontade de viver, tentava a tudo o custo encobrir o problema do filho pois
tinha vergonha por ele ser "doente" e tinha medo das reacção das pessoas se
descobrissem o atraso do rapaz. Chegava mesmo a disfarçar a sua letra para
parecer que era o filho, e não ela, a fazer os trabalhos de casa.
Este conto tem um final aberto, a cada leitor cabe a sua própria
conclusão, a personagem, “enquanto acariciava o ventre, em gesto grato,
como só fazem as grávidas” fica à espera do seu filho até às cinco horas. E o
que é que acontece depois? Não se sabe, o leitor tem que dar asas à sua
imaginação, à sua sensibilidade, aos seus sentimentos e fazer o final que mais
lhe convier.

Personagens

Marcito : pasmava-se com tudo, tinha um riso como cinza após o fogo, para
ele tudo era alumbração, surpreendia-se facilmente com tudo, o seu olhar era
mortiço.
A mãe de Marcito era dedicada, vitalícia, sonhadora, pensativa, triste.

Frases surprendentes

"Ela tinha uma doença."- pelo que entendi desta frase, e de acordo com
o resto da história, foi que a sua doença era o seu próprio filho, ela sofria
porque “Outras tinham filhos” saudáveis enquanto que o dela não era.

"O frio a empurrou para dentro." – parece-me que qualquer coisa servia
de desculpa para se manter afastada do filho, da sua doença.

"Seus passos se demoravam, em despedida." – a mãe queria abandoná-


lo mas era o seu filho, de qualquer forma as mães e os filhos não se separam,
fazem sempre parte um do outro. Verdadeiramente, não o queria abandonar,
ela só não queria sofrer, só queria que o filho fosse mais "normal".

O Parágrafo que mais me emocionou

"A mãe se sentou, caneta em riste, disfarçando, uma vez mais, a letra
torta do menino. Ela se cansara de recobrir o atraso do moço. Outras tinham
filhos. Ela tinha uma doença. Incurável, definitiva. Mesmo que ele se
extinguisse, na fronteira do suspiro, mesmo assim ela continuaria exercendo
sua maternidade. É-se mãe ainda que deixando de ser. Toda a mãe é vitalícia."

O que mais me emocionou foi a parte do - uma vez tendo um filho, já


não se deixa de ser mãe, fica para a vida - foi este o sentido de uma frase do
parágrafo. Nunca tinha pensado nisto, eu li o conto 6 ou 7 vezes e, finalmente,
compreendi o verdadeiro sentido, nas primeiras leituras, não tive a certeza e
voltei a ler e a reler até que se fez luz e agora penso que esta frase é capaz de
ser uma das mais profundas e intensas que alguma vez já li.
Também, neste parágrafo, há outras frases que me impressionaram
profundamente, que me levaram a reflectir, a questionar-me. A maneira como
que ela encarava o filho" Umas tinham filhos. Ela tinha uma doença". A meu
ver,por muito difícil que seja, um filho nunca é doença, é um milagre.

O Título

O autor, Mia Couto, deu a este conto o título de "O moço não mental",
talvez até tenha alguma razão mas, na minha interpretação da personagem, o
moço pensava e ficava deslumbrado com tudo, só que se esquecia.
A mãe tratava-o como se ele fosse a sua doença “Incurável, definitiva”,
por ele não compreender nada do que lhe diziam, porém, ele, de certa forma,
percebia mas as suas respostas não eram lógicas, pareciam mais filosóficas, o
moço parecia andar sempre no mundo da lua, sempre distante da realidade.
Se fosse eu a escolher o título tenho a certeza que não escolheria este,
embora, até agora, ainda não tenha encontrado um que me satisfaça
plenamente. Continuarei a reflectir…

O Final

No final do conto, Marcito tem um momento de lucidez, parece ter


compreendido as dúvidas e angústias da mãe, parece ter adivinhado, ou
sentido, que naquele dia ela o ia abandonar. Penso que qualquer leitor se
pergunta: porquê aquele adeus, porquê naquele momento ? Eu perguntei-me
várias vezes. Encontrei várias possíveis respostas, mas não a resposta.

O Tema

O que retenho deste conto é a maneira de ser, o modo de enfrentar os


problemas, o que pode fazer mudar, neste caso, uma só palavra tudo mudou.
Uma palavra encheu o vazio, mostrou novas esperanças.
O ser "Diferente" é um preconceito, todas as pessoas têm os mesmos
direitos. Só por não se pensar de maneira lógica, aos olhos dos outros, será
razão para se ser tratado de modo diferente, de ser maltratado, esquecido,
posto de lado, abandonado? A minha resposta é Não!
Se as pessoas são diferentes nós temos que as aceitar nas suas
diferenças, tentar compreendê-las e com elas aprender.

Apreciação do trabalho
Durante as diferentes fases da elaboração deste trabalho sobre "O moço
não mental", fiz várias e diferentes perguntas a mim mesmo, para algumas
encontrei respostas, para outras não. Procurei que o meu trabalho desse conta
das minhas perplexidades, talvez de maneira errada, mas quem me ler poderá
acompanhar o que pensei.
Tentei fazer o trabalho o mais completo possível, com os pormenores
que me pareceram mais apropriados, as palavras mais adequadas, dei o meu
melhor e espero que isso se sinta. Afinal li o conto umas 7 vezes, reflecti sobre
questões que jamais me haviam ocorrido e isso foi muito importante para
mim. Da apresentação oral e subsequente discussão, espero ficar ainda mais
esclarecido e enriquecido.

Apresentação Oral:

- pedir para lerem o conto;

- solicitar a opinião sobre o conto;

- dizer o que fui sentindo ao ler ;

- falar sobre as personagens ;

- discutir as minhas ideias com os colegas e com a professora .

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