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ARTIGO ARTICLE 1017

Regiões de saúde e escalas geográficas

Health regions and geographic scales

Raul Borges Guimarães 1

Abstract Introdução

1 Faculdade de Ciência The present article aims to discuss how the so- A Norma Operacional da Assistência à Saúde –
e Tecnologia, Universidade
called health regions have been organized in NOAS – SUS 01/2001 (Portaria MS/GM n. 95.
Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho, Brazil since the respective governing ruling was Diário Oficial da União 2001; 29 jan) – regula-
Presidente Prudente, Brasil. issued (NOAS – SUS 01/2001). In order to clarify mentou as diretrizes gerais para a organização
this new context, the author emphasises such regionalizada da assistência à saúde no Brasil.
Correspondência
R. B. Guimarães concepts as region and geographic scale. The re- Com base em sua segunda edição (NOAS/SUS
Departamento de Geografia, gional division under this ruling is based on the 01/2002 – Portaria MS/GM n. 373. Diário Ofi-
Faculdade de Ciências
regional planning concept underlying the coun- cial da União 2002; 27 fev), os convênios entre
e Tecnologia, Universidade
Estadual Paulista Júlio try’s territorial policies since the founding of the o Ministério da Saúde (MS) e os demais níveis
de Mesquita Filho. Brazilian Institute of Geography and Statistics de governo consideraram as prioridades assis-
Rua Roberto Simonsen 305,
Presidente Prudente, SP
(IBGE). However, the apportionment in health tenciais de cada estado, subdividido em re-
19060-900, Brasil. regions has been both a requirement for improv- giões e microrregiões definidas no Plano Dire-
raulguimaraes@uol.com.br ing the Unified National Health System (SUS) tor de Regionalização da Saúde (PDR).
and a qualitative change in the national health Os módulos assistenciais de nível microrre-
policy. It is necessary to move forward by relat- gional preconizados por essa norma operacio-
ing the regional division to the issue of scale. nal do Ministério da Saúde (MS) devem ser or-
What is at stake is whether the regionalization ganizados no âmbito de municípios-sede ca-
of health in Brazil represents an improvement pazes de ofertar um conjunto de ações de mé-
in the mediations between the various scales in dia complexidade para a sua própria população
the SUS. e para a população dos municípios a ele ads-
critos. Tal diretriz exige que todas as unidades
Regional Health Planning; Health Policy; Med- da federação elaborem seus PDRs, explicitan-
ical Geography do-se o papel de cada município no sistema es-
tadual de saúde.
Nos últimos dois anos, cada unidade da fe-
deração teve autonomia para definir a sua divi-
são regional, base necessária para a elaboração
do plano diretor da assistência à saúde. No Es-
tado de São Paulo, por exemplo, a delimitação
das regiões de saúde obedeceu à divisão das Di-

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retorias Regionais de Saúde (DIRs), o que repre- de cada estado federado, o que, na prática, es-
sentou a manutenção da mesma lógica de orga- tabeleceu o ordenamento jurídico do Estado
nização do sistema público de saúde já em vigor. brasileiro como estrutura geral da proposta.
Como a norma operacional em questão fa- Além disso, conforme grifos nossos, a região de
cultou autonomia às unidades da federação saúde concebida na NOAS sugere a delimita-
para estabelecer a sua própria divisão regional, ção de um espaço contínuo, que diz respeito a
cabe indagar em que medida esta provocou uma parte de alguma unidade da federação, e
avanços na forma de organização dos serviços cuja lógica é determinada pela interdependên-
de saúde ou, simplesmente, reforçou a estrutu- cia funcional e pela polarização de um deter-
ra existente. Um outro aspecto que também me- minado município-sede, com um raio de abran-
rece atenção é o fato de a norma ter gerado uma gência de outros municípios vizinhos por meio
diversidade muito grande de situações, uma dos fluxos entre os serviços de saúde de suas
vez que cada estado adotou o seu próprio crité- aglomerações urbanas, envolvendo um concei-
rio. Ora, se a norma operacional visa ao forta- to operacional com vistas à intervenção dos
lecimento da política nacional de saúde, como planejadores (a respeito do conceito de região
manter essa diretriz geral e, ao mesmo tempo, de planejamento, ver Boudeville 1).
respeitar a autonomia dos entes federados? Na atual gestão do governo federal, cabe ao
O presente texto tem como objetivo central Departamento de Apoio à Descentralização –
analisar o processo de regionalização da saúde diretamente vinculado à Secretaria Executiva
no Brasil, diante desse novo cenário de direcio- do MS – a formulação da proposta de regiona-
namento do investimento de unidades públi- lização da política nacional de saúde. Apesar
cas de saúde, com base na NOAS – SUS 01/2001. de haver um reconhecimento de que a formu-
Para isso, será preciso não perder de vista o pa- lação de tal proposta é um processo político,
pel do MS na indução de políticas de investi- no qual a autonomia dos entes federativos de-
mento, respeitando-se também a diversidade ve ser garantida e as estruturas e os desenhos
de divisões regionais que estão sendo geradas regionais já efetuados no processo de ordena-
pelas unidades da federação. Um outro esforço mento regional do SUS (DIR, regionais de saú-
faz-se também necessário: o de superação da de, dentro outros) devem ser considerados, há
compreensão predominante a respeito de al- um nítido posicionamento crítico em relação à
guns conceitos, principalmente o de região, o implementação da NOAS. Os PDRs não conse-
de hierarquização e de escala geográfica. guiram, até agora, oferecer referenciais seguros
para orientar o perfil e a distribuição das uni-
dades prestadoras de serviços de saúde, desde
O conceito de região da Norma as mais simples unidades básicas de saúde às
Operacional de Assistência à Saúde unidades hospitalares e laboratoriais mais com-
plexas, uma vez que o perfil das necessidades e
Segundo a Portaria MS/GM n. 373, que regula- prioridades de saúde da população não deve
mentou a NOAS, a região de saúde é a “base ser determinado apenas pelas demandas dos
territorial de planejamento da atenção à saúde, prestadores de serviços. Muito mais do que is-
não necessariamente coincidente com a divisão so, é preciso considerar as informações epide-
administrativa do estado, a ser definida pela Se- miológicas mais relevantes que podem dife-
cretaria Estadual de Saúde, de acordo com as renciar as regiões do país, bem como as reivin-
especificidades e estratégias de regionalização dicações da população, encaminhadas pelas en-
da saúde em cada estado, considerando-se as tidades que representam os usuários nos Con-
características demográficas, sócio-econômicas, selhos de Saúde.
geográficas, sanitárias, epidemiológicas, oferta Nesse contexto, a proposta de regionaliza-
de serviços, relações entre municípios, entre ou- ção da saúde não deverá perder de vista o pa-
tras [...] Por sua vez, a menor base territorial de pel indutor do MS, buscando-se a eqüidade
planejamento regionalizado, seja uma região das oportunidades de todo cidadão e abrindo-
ou uma microrregião de saúde, pode compreen- se espaço para a realização das potencialida-
der um ou mais módulos assistenciais”, defini- des de cada um – jovens, mulheres, idosos, ne-
do, segundo a mesma portaria, como um “con- gros, minorias étnicas, dentre outros.
junto de municípios, entre os quais há um mu- É importante ressaltar que o processo de
nicípio-sede” (grifos nossos). desenvolvimento do Brasil acumulou uma enor-
Apesar de a portaria não exigir coincidên- me experiência de ação do Estado no ordena-
cia com a divisão administrativa do país, ela mento territorial do país e deixou um legado
confere às secretarias estaduais de saúde o pa- que deverá ser considerado por qualquer polí-
pel de condução do processo de regionalização tica pública. Afinal, em termos de infra-estru-

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tura e de distribuição da base produtiva, o ter- geográficos que nelas se observassem. Seu pro-
ritório herdado da política de desenvolvimento blema era, sobretudo, o da determinação das
nacional é profundamente desigual. regiões naturais mediante a interpretação e ex-
Por sua vez, o autoritarismo político, que plicação das conexões existentes entre os “fa-
isolou por duas décadas os especialistas em tos geográficos”, a fim de definir os diversos
planejamento da sociedade civil organizada, quadros naturais.
cristalizou a idéia de que o desenvolvimento é A consideração desse conjunto exigiu a se-
fundamentalmente econômico e distante da leção e interpretação dos fenômenos ocorren-
política. Contudo, o conceito original de desen- tes no território nacional para a identificação
volvimento requer vontade política de olhar dos “mais significativos”, em torno dos quais se
para os problemas sociais 2, e o processo de re- unificariam todos os outros. Como exemplo, a
gionalização da saúde não será diferente. A res- vegetação foi considerada de grande importân-
posta às diversidades e desigualdades inscritas cia na caracterização regional, como uma sín-
no território nacional exige criatividade no pla- tese de outros fatores que seriam fenômenos
no político. Para isso, é preciso fazer a relação do domínio da “Geografia Física”.
entre os diferentes conceitos e as contribuições As preocupações que embasaram a propos-
produzidas, historicamente, por vários intelec- ta de Guimarães 3 diziam respeito à finalidade
tuais que subsidiaram as políticas territoriais estatística que deveria possibilitar a compara-
do Estado brasileiro. ção de dados ao longo do tempo. As regiões na-
turais apresentavam a vantagem da estabilidade
relativa ao período das atividades humanas. Tais
Regiões brasileiras: do acontecer atividades entrariam apenas como confirmação
hierárquico ao acontecer solidário dos resultados já obtidos pela “Geografia Física”,
resolvendo dúvidas quanto à delimitação e à
Quando se fala, no Brasil, de região, regionali- unidade que caracterizavam cada região.
zação, redefinições regionais, logo nos vem à Como essa divisão surgiu para dar suporte
mente o mapa da divisão regional do IBGE (Ins- às políticas territoriais do Estado brasileiro, mo-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Evi- dificaram-se, para fins administrativos, as deli-
dentemente esse forte viés traz implicações em mitações estabelecidas pelo quadro natural,
termos de concepção de mundo. O conceito de adequando-as aos limites das unidades políti-
região presente na NOAS não é diferente. Veja- cas em que se dividia o país. O problema, nesse
mos por quê. caso, foi definir de que modo agrupar as diver-
O IBGE foi criado em 1937. Naquela época, sas unidades políticas e quantos agrupamen-
coube a ele reeditar a Carta Geral do Brasil e tos formar.
dar apoio cartográfico ao censo de 1940. Não O trabalho foi feito mediante um estudo
por coincidência, tal instituto surgiu num pe- prévio das diversas propostas de divisão regio-
ríodo histórico em que o crescimento econô- nal do Brasil adotadas pelas instituições ofi-
mico passava cada vez mais a ter o Estado co- ciais. Tendo como base a análise dessas divi-
mo agente regulador – através da intervenção sões regionais, Guimarães 3 concluiu que a me-
no sistema de crédito, política de crédito, polí- lhor proposta, fundamentada nas regiões natu-
tica cambial, controle de preços, política tribu- rais, era a que fora apresentada por Delgado de
tária, fiscal e salarial, ou mesmo como produ- Carvalho, adotada inclusive nos programas de
tor direto em setores básicos da produção (aço, ensino de geografia da época. Esta divisão, em
minério de ferro, dentre outros). cinco grandes regiões naturais (norte, nordes-
Com base no conceito de região natural, in- te, leste, sul e centro-oeste), foi subdividida em
troduzido no Brasil pelo professor Delgado de zonas fisiográficas, caracterizadas por elemen-
Carvalho em 1913, Fábio Guimarães (chefe da tos de ordem humana, fundamentalmente es-
Seção de Estudos Geográficos do Conselho Na- tabelecidas por meio da divisão regional do
cional de Geografia – IBGE) propôs uma divi- Conselho Técnico de Economia e Finanças.
são regional do Brasil, em 1941, a qual é a gê- Os censos de 1940, 1950 e 1960 foram siste-
nese da base de organização dos dados censi- matizados mediante a referida divisão regional
tários do país. que, desde a sua origem, desenvolveu-se pau-
Segundo Guimarães 3, para que as regiões tada em um conceito híbrido. De um lado, se-
não fossem escolhidas arbitrariamente, era for- guindo a tradição da escola francesa, conside-
çosa a obediência à disposição determinada rou-se a região como uma evidência empírica,
pela natureza, de modo que cada uma delas passível de mapeamento e identificação na pai-
apresentasse uma certa unidade de conjunto, sagem e nas realidades físicas e culturais, tal co-
resultante da correlação entre os diversos fatos mo o método proposto por La Blache 4. Toda-

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via, na prática, a proposta de divisão regional ravam o espaço como um campo de fluxos que
do IBGE teve a influência das idéias do geógra- confluíam para as cidades, que tendiam à cons-
fo Richard Hartshorne. Para esse americano, de tituírem-se em pólos regionais. A compreensão
origem alemã, a região não se constitui um ob- da formação regional deveria ser buscada no
jeto em si mesmo, mas uma construção inte- estudo da hierarquia urbana e do papel das ci-
lectual, segundo objetivos traçados pelos pes- dades na hierarquia dos lugares e no comando
quisadores 5, que, no caso brasileiro, eram os do território.
técnicos do IBGE responsáveis pelo planeja- Nesses termos, o IBGE reformulou, mais
mento territorial do país. uma vez, a sua divisão regional com o objetivo
A influência da escola americana no IBGE de desenvolver o censo de 1991, valendo-se de
intensificou-se na década de 1960 com a incor- uma redefinição conceitual dos agregados es-
poração do aporte teórico-metodológico da de- paciais denominados de microrregiões homo-
nominada New Geography, também conhecida gêneas, em vigor desde 1969. A justificativa des-
como geografia teorética. Como decorrência, a sa revisão recaiu sobre o anacronismo das re-
regionalização do país reforçou ainda mais o giões homogêneas, em face das mudanças de
caráter técnico-operacional do conceito de re- padrão espacial da realidade brasileira (Plano
gião, visando ao intervencionismo do Estado Geral de Informações Estatísticas e Geográficas.
no planejamento territorial. Rio de Janeiro: IBGE; 1992). Passou-se a enten-
Foi sob este enfoque que ocorreu uma pri- der por mesorregião uma área individualizada
meira reforma da proposta de divisão regional em uma unidade da federação, que apresenta
do Brasil, em 1967, a partir da qual foi organi- formas de organização do espaço definidas pe-
zado o levantamento censitário de 1970 e 1980. las seguintes dimensões: o processo social co-
Em primeiro lugar, foi extinta a grande Região mo determinante; o quadro natural como con-
Leste, composta por Minas Gerais, Rio de Ja- dicionante e a rede de comunicação e de luga-
neiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe, criando- res como elemento de articulação espacial. Es-
se a grande Região Sudeste, com o desmembra- sas três dimensões deveriam possibilitar que o
mento de São Paulo da grande Região Sul e o espaço delimitado como mesorregião tivesse
acréscimo dos Estados da antiga região, com uma identidade regional, sendo esta entendida
exceção da Bahia e Sergipe, que se incorpora- como uma realidade construída ao longo do
ram à grande Região Nordeste. As zonas fisio- tempo pela comunidade que aí se formou.
gráficas foram transformadas em mesorregiões As microrregiões foram definidas como par-
e estas, por sua vez, subdivididas em microrre- tes das mesorregiões que apresentavam especi-
giões homogêneas. Procurou-se, como resulta- ficidades quanto à organização do espaço: es-
do, uma combinação entre os limites jurídico- trutura da produção agropecuária, industrial,
administrativos, os fatos sócio-econômicos e o extrativismo mineral ou pesca. Essas estrutu-
quadro natural (Divisão do Brasil em Microrre- ras de produção diferenciadas puderam tam-
giões Homogêneas. Rio de Janeiro: IBGE; 1968), bém resultar da presença de elementos do qua-
correlacionados por meio de técnicas estatísti- dro natural ou de relações sociais e econômi-
cas e matemáticas. cas particulares, a exemplo, respectivamente,
Essa renovação não significou, porém, o rom- das serras úmidas nas áreas sertanejas, ou da
pimento com as influências francesas. Muito presença dominante da mão-de-obra não as-
pelo contrário, os trabalhos de Rochefort 6, salariada numa área de estrutura social capita-
Kayser 7 e George 8 – representantes da geogra- lista.
fia lablachiana renovada, que ficou conhecida Apesar dessa tentativa de renovação do con-
como “Geografia Ativa” – foram considerados, teúdo da divisão regional, a identificação das
desde a década de 1960, na análise dos fluxos microrregiões ocorreu por superposições su-
econômicos, das redes de comunicação e das cessivas de dados constituídos pela produção,
áreas de influência dos principais centros ur- distribuição, consumo, incluindo atividades
banos. De acordo com essa abordagem, acredi- urbanas e rurais, numa macroestrutura estabe-
tava-se que seria possível organizar o espaço lecida no gabinete dos planejadores, tendo em
de maneira mais harmoniosa e equilibrada, vista a modelagem estatística e os procedimen-
por meio do planejamento regional; daí o ter- tos técnicos desenvolvidos e acumulados pela
mo “ativa”, ressaltando o sentido de uma geo- chamada geografia teorética. Para o censo de
grafia da ação, que concebia a região como ob- 2000, o IBGE manteve esse mesmo procedi-
jeto de intervenção 9. Atentos às transforma- mento, revendo algumas delimitações e/ou
ções geradas no mundo pela urbanização e a desmembrando microrregiões, com o cuidado
industrialização a partir da segunda metade do de manter sua série histórica. O Estado de To-
século XX, os trabalhos desses autores conside- cantins, criado do desmembramento de Goiás,

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foi incorporado à Região Norte, em razão de De fato, a política nacional de saúde tem
suas características sócio-econômicas e am- como preceito constitucional a regionalização
bientais amazônicas. e a hierarquização dos serviços, considerando-
Diante do exposto, a divisão regional do se a integração das ações em um sistema único
IBGE, implicitamente, concebe a região como de saúde nas três esferas do poder federativo, o
uma unidade espacial de intervenção e ação do que representou enorme conquista em termos
Estado, cabendo ao planejador reconhecê-la, da universalização do direito à saúde. Entre-
descrevê-la, tornar claros os seus limites. Con- tanto, a subordinação da divisão regional às
cebe, ainda, a totalidade espacial como um so- políticas territoriais do Estado brasileiro, tal
matório das partes, abstraindo-se as variáveis como no caso do IBGE, provoca distorções. A
mais significativas para a identificação de suas principal delas resulta da necessidade de mol-
características mais homogêneas. Tal delimita- dar as regiões aos limites jurídico-administra-
ção dos núcleos regionais (cores) também se tivos dos estados e municípios da federação.
realiza mediante o processo de diferenciação Do ponto de vista estatístico, isso significa, não
entre os diversos lugares 10. raras vezes, recortar um certo fenômeno cuja
A proposta de regionalização presente na delimitação não respeita essas fronteiras. Aca-
NOAS mantém essa tradição, digamos, “ibegea- ba-se por subdividir elementos que fazem par-
na”, já que a portaria ministerial define a região te de um mesmo processo.
de saúde como um espaço político-operativo O momento político do país sinaliza para
do sistema de saúde, no qual, por via institucio- uma proposta de regionalização que não se
nal, é possível estabelecer maior sinergia entre transforme apenas numa unidade espacial de
os diferentes níveis de gestão dos serviços de intervenção e controle do Estado. Muito mais
saúde e enfrentar os entraves para o estabele- do que isso, a divisão regional da política de
cimento do comando único das ações de saú- saúde do Brasil deve ser expressão da pactua-
de. Essa ilusão tecnocrática também reforça ção entre os diversos atores envolvidos na ges-
uma tradição das políticas territoriais do Bra- tão do setor, com base na diversidade de situa-
sil, que sempre trabalhou com uma concepção ções, arranjos e alternativas que estão sendo
hierárquica e geométrica da região. Trata-se de construídos pela sociedade para o fortaleci-
uma concepção hierárquica na qual há uma mento da capacidade de gestão do SUS. Nesses
tendência à racionalização das atividades, que termos, a região se impõe como um espaço de
se faz sob o comando de uma organização que manifestação da solidariedade entre os parcei-
detém informações privilegiadas, sob a prima- ros que compartilham a gestão do sistema. Ela
zia das normas. É também uma concepção geo- não existe sem disputa política e pode ser defi-
métrica do espaço; parte-se do pressuposto de nida como o espaço de solidariedade e de si-
que os níveis crescentes de abrangência – dos nergias necessárias para a concretização do
módulos assistenciais aos territórios estaduais SUS, em seu plano operacional.
– referem-se a subtotalidades que comporiam A construção do significado do conceito de
a totalidade do espaço do SUS, como um imen- região passaria a se confundir, assim, com a
so e complexo mosaico. busca por uma leitura política espacializada
Dessa forma, assim como a idéia de região baseada em um modo consistente de expor as
de saúde está fortemente relacionada com a di- conexões entre as diferentes escalas, o que apro-
visão regional do IBGE, o preceito constitucio- xima o debate a respeito das regiões de saúde
nal de hierarquização pode denotar um senti- da concepção dialética da totalidade. Essa abor-
do de organização dos serviços de saúde no dagem nos remete a uma compreensão do con-
qual o nível superior é mais importante do que ceito de região como parte e todo, ou seja, uma
o nível inferior. Tal compreensão encontra raí- totalidade aberta e em movimento, que traz em
zes no próprio ordenamento jurídico do Esta- si uma outra questão: a da escala geográfica 9.
do brasileiro, especialmente após a proclama- Nesse caso, parte-se do pressuposto de que
ção da República, o que não representaria ab- a região é uma realidade empírica e, ao mesmo
solutamente nada de novo. Assim como nas tempo, um recorte analítico para melhor com-
políticas de saúde da Primeira República, que preensão da diferencialidade espacial. Con-
tiveram um papel importante na criação e no clui-se daí que a delimitação das regiões não se
aumento da capacidade do Estado de intervir resume apenas a uma determinada escala car-
sobre o território nacional 11, a proposta de re- tográfica, definida geometricamente como uma
gionalização da saúde, em vigor, poderá repre- relação de proporcionalidade entre o tamanho
sentar apenas a presença e controle das insti- real da superfície terrestre e o seu tamanho re-
tuições estatais sobre o território a partir do presentado no papel. Se fosse isso, a região se-
centro, da autoridade no plano nacional. ria, como é usualmente considerada, uma me-

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soescala entre o local e o nacional. Mas, na qua- regional (uma quarta esfera de gestão?) – e,
lidade de uma resolução geográfica de proces- sim, instrumentalizar os parceiros do SUS para
sos sociais contraditórios de competição e coo- a co-gestão dos serviços, potencializando suas
peração, a escala geográfica regional é produ- múltiplas articulações escalares.
zida pelas relações sociais dos atores políticos Claro que a leitura dos mapas de diferentes
em jogo 12,13. Ou seja, a região não é um dado a escalas é importante para a delimitação das
priori, porém está em disputa, assim como suas regiões, mas caberia ao MS a compreensão das
fronteiras demarcam a disputa social pelo lu- articulações entre as escalas produzidas so-
gar em torno do qual o poder é exercido e con- cialmente, identificando os grupos que exer-
testado. cem o controle e a mobilidade entre diferentes
Vejamos melhor essa idéia por meio de um escalas.
exemplo. Várias questões sociais ganhariam relevân-
Em 11 de setembro de 2001, dois aviões que cia regional, mesmo que não implicassem ne-
partiram de Boston em direção a Los Angeles, cessariamente fenômenos inscritos no territó-
nos Estados Unidos, foram seqüestrados e tive- rio. Para isso, seria necessário considerar:
ram suas rotas alteradas. Os seqüestradores ti- • as características que tornam coerente cada
nham como objetivo atingir as torres do World escala geográfica produzida socialmente (for-
Trade Center, um dos maiores edifícios do mun- ças de cooperação);
do, localizado na Ilha de Manhattan, em Nova • as diferenças internas de cada escala geo-
York. Para alcançar esse objetivo, certamente gráfica (forças de competição);
eles utilizaram mapas numa escala que permi- • as fronteiras entre as escalas geográficas
tia identificar facilmente o alvo e traçar uma em jogo e as possibilidade de saltar escalas
nova rota de vôo. (mecanismos de mediação).
Os seqüestradores, no entanto, não esco- Pensar a regionalização da saúde nesses ter-
lheram o World Trade Center por ele ser facil- mos encontra respaldo em autores da geogra-
mente localizável quando visto do avião e com fia brasileira amplamente utilizados na epide-
o uso de mapas. Esses edifícios eram os mais miologia social. Milton Santos 14, por exemplo,
imponentes de Nova York, considerados um tem Neil Smith como referência quando anali-
cartão postal de Manhattan, e abrigavam um sa a conceito de escala. Para este, a noção de
grande número de escritórios de importantes evento tem um papel central na compreensão
empresas. Assim, ao destruir um simples pon- da produção da escala geográfica. Cada combi-
to na escala cartográfica do mapa local, os se- nação de eventos num dado momento cria um
qüestradores conseguiram paralisar os Estados fenômeno unitário que resulta na singularida-
Unidos e derrubar as bolsas de valores em todo de de cada lugar. Nesse sentido, a escala geo-
o mundo. Eles não estavam apenas utilizando gráfica pode ser fundida com a escala do acon-
a escala cartográfica, mas afetando o mundo tecer ou da realização dos fenômenos no nível
na escala geográfica global. Dessa forma, fo- local, ou seja, a produção social da escala é uma
ram capazes de transformar aquele aconteci- fusão do tempo e do espaço, da geografia com
mento numa síntese de múltiplas escalas – a a história. Essa escala das relações cotidianas
escala da vida cotidiana de Nova York, que en- no espaço banal se articula com um outro nível
trou em colapso aquele dia; a escala do Estado escalar fundamental, que é a escala do coman-
americano, que se mostrou muito mais vulne- do e do controle cada vez mais globalizado.
rável do que se supunha aos ataques externos; Responder a tal desafio exige a leitura críti-
a escala do mundo ocidental, que se viu diante ca dos dados existentes e que estão sendo ge-
de um “inimigo invisível”; a escala da revolu- rados com base nos PDRs da saúde das unida-
ção islâmica, que rompeu barreiras regionais e des da federação, definindo-se com maior cla-
passou a adotar estratégias globalizadas; den- reza as diretrizes, as estratégias e as priorida-
tre outras. des de ação em cada unidade regional, de acor-
É essa complexa síntese de escalas geográ- do com a NOAS em vigor (NOAS – SUS 01/2002).
ficas que definiu o peso político daquele acon- Igualmente importante é o esforço de conside-
tecimento. Isto é, quanto mais uma ação resul- rar a coerência entre o conceito de região ado-
tar na articulação de múltiplas escalas, maior a tado e as outras estratégias espaciais da políti-
sua importância política. No caso da regionali- ca nacional de saúde, particularmente aquelas
zação da saúde brasileira, o que está em ques- baseadas na categoria território.
tão é se esse movimento representa ou não um
aprimoramento das mediações entre as diver-
sas escalas do SUS. Não se pretende delimitar
mais um nível hierárquico de poder – o nível

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REGIÕES DE SAÚDE E ESCALAS GEOGRÁFICAS 1023

Regionalização da saúde e seus nexos nuamente analisada no contexto da economia


com outras estratégias espaciais política da urbanização 16.
Em resumo, há profundas implicações de
Como dissemos, o território tem se constituído geografia política na saúde pública. Dentre elas,
em uma das principais categorias da estratégia destacamos:
espacial da política nacional de saúde. Em pri- • a definição de quem exerce poder e disputa a
meiro lugar, o processo de descentralização agenda da política de saúde pública, interferin-
desencadeado pela reforma sanitária brasileira do nos poderes da soberania da nação-estado;
adotou como estratégia a municipalização dos • a compreensão dos projetos políticos dos
serviços de saúde e a integração das ações, com atores sociais que atuam na saúde pública, con-
comando único em cada nível de governo. Nes- siderando contradições e conflitos de interesse
se caso, o território é visto como uma área, deli- no interior do estado;
mitada por fronteiras políticas, cujo poder pú- • a delimitação de espaços de poder, bem co-
blico local é soberano diante de um conjunto de mo as ações coletivas adotadas e sua relação
questões acordado pelo pacto federativo. Sob com determinados padrões de espacialidade
esse prisma, a mudança de nível no SUS refere- da política, forjados seja no discurso, seja nas
se a uma mudança de ordem qualitativa. Quer práticas em saúde pública.
dizer, do local para o nacional, perdem-se de- É por causa dessas características que o ter-
talhes, mas ganham-se informações de con- ritório concebido e, ao mesmo tempo, em pro-
junto, mais gerais, ampliando-se a compreen- cesso de construção pela política nacional de
são do todo, a capacidade de visão e de formu- saúde é muito mais do que a extensão territo-
lação estratégica. Isso não quer dizer, todavia, rial dos municípios brasileiros. Várias outras
que o nível nacional seja mais importante do estratégias espaciais, que apresentam a territo-
que os níveis inferiores, uma vez que o nível lo- rialização como um trunfo político, poderiam
cal é a escala em que a política de saúde ganha ser enumeradas – como a delimitação das áreas
capilaridade na vida cotidiana dos cidadãos de abrangência das unidades de saúde, os dis-
brasileiros e, por isso, capacidade operacional. tritos sanitários ou os programas de saúde da
Coerente com esta abordagem regional que família 17. Em todas essas experiências, o pro-
se quer implantar na política nacional de saú- cesso de territorialização do SUS está produ-
de, o conceito de hierarquização refere-se ape- zindo uma diferenciação entre espaços da vida
nas ao nível de complexidade dos serviços ofe- cotidiana, que poderia ser reconhecida como
recidos à população, organizados em unidades um processo de regionalização em diferentes
regionais que articulam os três níveis de poder escalas.
– municipal, estadual e federal. As questões po- Considerando esses pressupostos, a distin-
líticas que envolvem esse ordenamento jurídi- ção entre região e território passa a ser menos
co do SUS chamam a atenção para a discussão relevante, desde que a compreensão da totali-
das relações entre o Estado, o poder e a demo- dade não perca de vista que o SUS é um “acon-
cracia, considerando-se os movimentos sociais tecer solidário”, nos termos postos por Santos
e suas escalas geográficas de ação. Esse fato 18, chamando a atenção da sociedade brasileira

torna a experiência brasileira da reforma sani- para a realização compulsória de tarefas co-
tária brasileira um exemplo de movimento só- muns em torno da vigilância à saúde. Isto é,
cio-territorial, visto que estabeleceu a consti- com base nessa abordagem de região, é uma
tuição do território como um trunfo da luta po- ilusão pretender trabalhar valendo-se de con-
lítica (a respeito do conceito de movimento só- ceitos puros. O mais importante é considerar a
cio-territorial, ver Fernandes 15). relação indissociável entre a representação e o
Por causa disso, a concepção de espaço pre- real que se quer decifrar, que está em perma-
sente na política nacional de saúde é muito nente movimento.
mais do que uma extensão geométrica utiliza- Conclui-se, dessa forma, ser esse um dos
da meramente para a administração dos servi- maiores desafios da formulação de uma pro-
ços de saúde. Muito pelo contrário, a saúde pú- posta de regionalização da saúde no Brasil. Co-
blica, por meio da expansão de seus serviços, mo respeitar a autonomia de cada unidade fe-
está inserida no tecido urbano e é parte consti- derativa em sua adequação à regionalização
tutiva da divisão social e técnica do trabalho. desencadeada pela NOAS – SUS 01/2001 e, ao
Na qualidade de locus do trabalho médico arti- mesmo tempo, romper os limites jurídico-ad-
culado às redes cada vez mais complexas de ministrativos da base estatística, desagregando
produção e consumo, a saúde é um campo no a informação no nível que cabe ao fenômeno
qual as relações sociais são baseadas em políti- social? Em outras palavras, como desenvolver
cas de classe. Em vista disto, ela deve ser conti- uma metodologia que nos permita trabalhar as

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informações geradas pela regionalização da sigualdade e a exclusão social. O Brasil terá que
saúde, com base na norma operacional em vi- encontrar alternativas para distribuir melhor a
gor, sem perder de vista a possibilidade de ou- renda, diminuir o desemprego e aumentar o
tros recortes, seja de origem territorial, seja do acesso à saúde e ao saneamento básico, dentre
ponto de vista de outros parâmetros de nature- muitas outras prioridades.
za epidemiológica, seja de organização dos ser- Cada segmento social envolvido nesse pro-
viços, resultando no entendimento do conteú- cesso tece suas próprias redes e nexos territo-
do dinâmico das redefinições regionais? riais, guardando em si um certo grau de inde-
terminação. O caráter anárquico (o que não
quer dizer caótico) dessas redes tecidas pela
Considerações finais sociedade dá ao fenômeno das redefinições re-
gionais feições de uma trama multifacetada,
A história recente da descentralização da saú- com diversos níveis de matizes e modalidades
de já demonstrou que a NOAS não é suficiente de circulação, distribuição e consumo, inexpli-
para incentivar mecanismos de co-gestão re- cáveis num único nível escalar. Daí a urgência
gional do SUS. Como um meio e, ao mesmo de uma proposta de regionalização mais efeti-
tempo, um resultado da produção social da de- va, que avance de forma clara na direção do
mocracia brasileira, qualquer proposta de re- princípio constitucional de hierarquização e
gionalização da saúde no Brasil deverá contri- regionalização dos serviços de saúde. Se o pro-
buir para o fortalecimento da identidade local cesso de tomada de decisão no nível local deu
e de um determinado território no qual o po- maior concretude à política nacional de saúde,
der político-institucional é exercido por um considerar o município isolado de seu contex-
amplo conjunto de atores sociais envolvidos. to regional resulta num processo inverso do es-
A política nacional de saúde é um bom exem- perado. O município per si é uma mera abstra-
plo da criatividade da sociedade brasileira para ção, uma vez que está inserido em diferentes
encontrar as suas próprias alternativas (o mo- formas de articulação escalar.
delo de gestão do SUS não encontra nenhum Conforme deixamos claro desde a primeira
paralelo no mundo). Mas é impossível avançar página do texto, para discutirmos a regionali-
sem integrar essa proposta com outras iniciati- zação da saúde no Brasil, é preciso rever alguns
vas de regionalização em andamento em ou- conceitos que envolvem essa tarefa, relacio-
tros ministérios e instâncias do governo, inte- nando-os com as diretrizes políticas de tal pro-
grando esforços para diminuir a pobreza, a de- posta.

Resumo Agradecimentos

O presente artigo tem como objetivo central discutir o Agradeço as contribuições do Grupo de Trabalho de
processo de regionalização da saúde no país, conside- Cartografação das Regiões de Saúde do Brasil, sob a
rando-se o novo cenário de direcionamento do investi- coordenação do Dr. Nilo Brêtas, do Departamento de
mento de unidades públicas de saúde, a partir da pu- Informação e Informática do SUS/Ministério da Saú-
blicação da Norma Operacional de Assistência à Saú- de/Secretaria Executiva/Governo do Brasil.
de (NOAS – SUS 01/2001). Para isso, um esforço faz-se
necessário: o de superação da compreensão predomi-
nante a respeito de alguns conceitos, principalmente o
de região e de escala geográfica. A proposta de divisão
regional dessa NOAS baseia-se no conceito de região
de planejamento que, desde a fundação do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, tem subsidiado as
políticas territoriais do Estado brasileiro. Contudo, a
regionalização da saúde no Brasil é uma necessidade
para o fortalecimento do SUS e uma mudança quali-
tativa da política nacional de saúde. É preciso avan-
çar, relacionando a divisão regional do Brasil com a
questão da escala. O que está em questão é se a regio-
nalização da saúde brasileira representa ou não um
aprimoramento das mediações entre as diversas esca-
las do SUS.

Regionalização; Política de Saúde; Geografia Médica

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REGIÕES DE SAÚDE E ESCALAS GEOGRÁFICAS 1025

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