Amigos, dia desses me fizeram a seguinte ponderação: "mas não é
desigual esse lance de os espíritos poderem influenciar livremente os encarnados?” Confesso que muitas vezes eu mesma me fiz essa pergunta e, dentro de meu egoísmo ignorante, achei que sim. Meu argumento interno era de que se a reencarnação é um impositivo para melhora, não seria desleal da parte de Deus (vejam bem, que equívoco maravilhoso!) nos obrigar a freqüentarmos a escola enquanto que outros estão perfeitamente livres para o que der e vier? Quem quer estudar recebe o pior castigo? Graças a Ele, hoje em dia penso de maneira bem diferente, embora ainda não compreenda profundamente todos os meandros de sua Justiça - se compreendesse, certamente não estaria na Terra, não é?! (risos). Bom humor à parte, capítulo de muito interesse de toda gente é a obsessão e seus processos. No Evangelho Segundo o Espiritismo, observa-se que a "obsessão é quase sempre o resultado de uma vingança exercida por um Espírito, e que, o mais freqüentemente, tem sua origem nas relações que o obsedado teve com ele numa precedente existência". Isso se dá por que a morte não nos livra de nossos inimigos. No capítulo X, item 6, o Livro sublime nos explica que o "Espírito mau espera que aquele a quem quer mal esteja preso ao corpo e menos livre, para o atormentar mais facilmente, atingi- lo em seus interesses ou em suas mais caras afeições". Claramente, o texto diz que assim Deus o permite para que as vítimas, antes sicários, paguem o mal que eles próprios fizeram, ou se não o fizeram, por terem faltado com indulgência e caridade, não perdoando. E Deus não deixa aquele que perdoou ser alvo de vingança. Pagar o mal que eles próprios fizeram... Mas uma vez, algo nos soa estranho, e novo questionamento assoma à mente. Há direito de vingança? Como assim?! Sigamos o raciocínio: uma recorrente na humanidade é ver o mal de outrem antes de ver o nosso próprio. E, essa disposição inferior é o orgulho, filho dileto do egoísmo. Esse é o ponto central de meu humilde pensamento. No livro Libertação, André Luis nos revela um diálogo em que seu instrutor o explica o cerne dos processos de obsessão. Ele destaca que nossa mente "é uma entidade colocada entre forças inferiores e superiores, com objetivos de aperfeiçoamento. Nosso organismo perispiritual pode ser comparado aos pólos de um aparelho magneto-elétrico". Somos espíritos em reajustamento, e nossas faltas se esvairão pouco a pouco, na medida em que olhamos cada vez mais para o Pai. Da mesma forma que as doenças são fruto de imperfeições físicas, a obsessão é resultado da imperfeição moral, pois que o vício, opondo-se à virtude, é a doença da alma. Para não termos doenças, buscamos manter a saúde, fortificando o corpo. Para nos garantirmos da obsessão, fortificamos o Nosso Espírito. Daí a necessidade premente que tem o obsedado de trabalhar em causa própria, pela sua melhoria, o que muito freqüentemente basta para livrá-lo do obsessor. Normalmente, o obsedado está envolvido de fluido pernicioso, que repele os fluidos salutares. A forma de livrá-lo desse fluido negativo é impregná-lo por um reativo. Um Bom Fluido. Essa ação mecânica é válida e causa, de imediato, bem estar. Contudo, apenas a fluido-terapia não é suficiente. O principal é poder agir sobre o ser inteligente, com o qual se deve poder falar com autoridade, e essa autoridade não é dada senão pela superioridade moral. Tal só pode ser alcançado através da reforma íntima, cujo primeiro passo é o cultivo de atitude mental digna e do estudo e introjeção dos ensinamentos contidos no Evangelho. Disso tudo devem resultar atos condignos de um Cristão. Quem quer estudar, recebe a oportunidade da melhor escola: a da experiência, a da oportunidade de fazer o certo, fazer a diferença. As Maravilhosas Leis Divinas de Amor, Justiça e Caridade estão aí expressas: para Amar, é preciso perdoar. Perdoando, amamos e nos entregamos à Caridade, que, mãe da prece, se reveste de Amor e de Justiça, pois através dela, somos instrumentos da Justiça Divina. Somos duas vezes instrumentos, por que essa mesma Justiça que nos apresenta o ensejo para o crescimento através dos irmãos que hoje sicários, outrora vítimas, nos redimem, na medida em que, servos de Jesus, oferecemos a eles a mesma oportunidade do arrependimento e da entrega de suas almas ao Pai. Essa é a forma de pagamento: a caridade pura. Os processos de Deus são infinitamente perfeitos. Essa pequenina fagulha de entendimento nos revela o primeiro degrau da nossa ascensão em direção Dele. Não nos furtemos nesse momento de arregaçar as mangas e agir! Façamos o bem, já!