Você está na página 1de 4

Objetos de aprendizagem: uma abordagem aplicada à

educação profissional técnica de nível médio para


adultos

Rodney Albuquerque Maria Letícia Tonelli


LISEDUC - Laboratório de Informática, Sociedade e Campus Macaé
Educação - Campus Paracambi Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Fluminense, IFF
de Janeiro, IFRJ Macaé, Brasil
Paracambi, Brasil maria.leticiatonelli@gmail.com
rodney.albuquerque@gmail.com
Suzana Macedo
Campus Itaperuna
André Mansur
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Campus Campos-Guarus Fluminense, IFF
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Itaperuna, Brasil
Fluminense, IFF shmacedo@cefetcampos.br
Campos dos Goytacazes, Brasil
uebe@censanet.com.br
Jose Valdeni De Lima
PPGIE - Programa de Pós Graduação em Informática na
Helvia Bastos, Maurício Amorim
Educação
Campus Campos Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Porto Alegre, Brasil
Fluminense, IFF valdeni@inf.ufrgs.br
Campos dos Goytacazes, Brasil
helviabastos@yahoo.com.br, mjvamorim@gmail.com

Resumo—Este estudo piloto, de caráter exploratório, objetivou Educação Tecnológica para essa modalidade educacional. Por
observar e analisar o comportamento de alunos da educação sua vez, pessoas que atuam no presente grupo de trabalho já
profissional técnica de nível médio para adultos. Após o uso de vêm implementando ações – quer nos cursos de PROEJA
objeto de aprendizagem, foi aplicado um questionário aos (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional à
discentes participantes. A análise desse instrumento permite Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e
verificar como os alunos se apropriam do conhecimento. Adultos), quer no desenvolvimento teórico do assunto junto a
outros professores. Dessa forma, optou-se pela criação e
Palavras-chave: Objetos de Aprendizagem; Educação
Profissional Técnica de Nível Médio.
aplicação de um objeto de estudo – hiperdocumento – na linha
pedagógico-educativa do PROEJA, buscando que sua prática
Abstract—This exploratory study aimed at observing and se constitua em material que possa ser utilizado por outros
analyzing student behavior in Adult Vocational Education at the professores.
Secondary Level. After using the learning object, a questionnaire
was applied to students. The analysis of this instrument allowed II. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
for the verification of how learners appropriate knowledge when Alunos da modalidade educativa PROEJA apresentam
using a virtual learning environment with accessibility tools.
características próprias que, por sua vez, costumam interferir na
Key words: Objects of Learning; Vocational Adult sua permanência na vida escolar. Os Institutos Federais de
Education;. Educação Tecnológica (IF) têm observado o fato, embora ainda
não o tenham sistematizado. Constata-se que a evasão escolar
I. INTRODUÇÃO
do aluno trabalhador é acentuada em relação a outras
A lei 11.892, sancionada pelo Presidente da República em modalidades educacionais. Podem-se citar como agravantes no
29 de dezembro de 2008, reafirma a importância da Educação baixo-aproveitamento/ evasão escolar dos alunos do PROEJA a
Profissional de Jovens e Adultos uma vez que destina ausência de uma intervenção pedagógica mais intensa fazendo
especificamente vagas nos recém criados Institutos Federais de com que os alunos do PROEJA abandonem a escola e o curso,
pois sentem-se excluídos e discriminados pelo tratamento auto-eficácia (afirmada), motivação e, no momento, auto-
recebido nas relações professor/aluno/instituição. Nesse estima. Nesse contexto, o uso do computador pelo aluno se
contexto, considerou-se pertinente a ação na auto-eficiência1 do relaciona com aquisição de conhecimento. Na visão do aluno,
aluno e propôs-se que essa ação deva acontecer também com o é uma ferramenta concreta com possibilidades de propiciar
uso de material pedagógico especificamente preparado para a algo que precisa. Não mais se situa apenas na esfera da crença,
modalidade de ensino citada. Sugeriu-se o uso de tecnologias mas na do possível. E, quem sabe, na do provável.
de informação para a preparação do material citado. Sua
adequação se relaciona por agir na auto-eficiência do aluno, Centrar no aluno e usar/direcionar intencionalmente a
uma vez que interfere positivamente na crença de vir a ser. afetividade para apoiar a aprendizagem relaciona-se a Ausubel
Oferece possibilidades de autonomia, de discussões, de ajudas (1) e ao conceito de aprendizagem significativa, processo por
– oferecidas e aceitas. Ou seja, como ferramenta, inter- meio do qual uma nova informação relaciona-se a um aspecto
relaciona indivíduos na procura de conhecimento socialmente relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Nesse
aceito e valorizado. Entretanto, o PROEJA não se constitui contexto, Ausubel (1) conceitua subsunções como estruturas
apenas de alunos. Há que se levar em conta os professores, os de conhecimento específicas que podem ser mais ou menos
formuladores de programas, as Instituições de Ensino. E é a abrangentes de acordo com a freqüência com que ocorre
partir desse panorama que se possibilitou o oferecimento de aprendizagem significativa em conjunto com um dado
uma contribuição efetiva na implementação da modalidade de subsunçor. Para o autor, para que a aprendizagem significativa
ensino. ocorra, duas condições são essenciais: 1) disposição do aluno
para aprender; 2) material didático desenvolvido que deve ser,
A. O Contexto do PROEJA sobretudo, significativo para o aluno. Portanto, a ancoragem
de novos conteúdos apreendidos é que permitirá que outros
É notória a idéia de que a escolarização dos trabalhadores sejam aprendidos. Assim, a conceituação elaborada pelo aluno
brasileiros encontra-se aquém daquela preconizada pelas alinhou-se a um subsunçor e só por isso pode ocorrer. Ainda
nações economicamente hegemônicas. Buscando enquadrar-se de acordo com Ausubel (1), por vezes acontece que alguns
nas exigências internacionais sobre o tópico – a escolarização subsunçores do aluno não se encontram suficientemente
–, diversas ações têm sido propostas e coordenadas pelo estáveis, não propiciando, portanto, novas aquisições. Nesse
Estado. Tomando como exemplo, o IFF campus Macaé contexto, o autor preconiza a utilização dos organizadores
ministra Ensino Médio Integrado (EMI) em quatro anos. Seu prévios. Estes são conceitos que farão a mediação entre o que
currículo, amplamente debatido por docentes e pedagogos, o aprendiz sabe e o que ele pretende aprender, ou seja, eles
integra o Plano Político Pedagógico da Instituição. Não é funcionam como pontes cognitivas, na medida em que
possível simplesmente transpô-lo para a nova modalidade de fornecem um suporte para a incorporação e retenção estáveis
ensino em implantação. Da mesma forma, não se trata apenas de novos conceitos. Por sua vez, à medida que a aprendizagem
de cortar conteúdos, cargas-horárias, e, num processo de começa a se tornar significativa, esses novos subsunçores vão
pseudo-bricolage, criar-se um curso técnico integrado, ficando cada vez mais elaborados e mais capazes de servir de
modalidade PROEJA. Diferentes modalidades de ensino ancoradouro a novas informações.
apresentam objetivos, filosofias e públicos distintos. Por sua
vez, ao se falar em curso integrado as disciplinas constituintes Entretanto, aprendizagem significativa não é sinônima de
de sua grade curricular devem se mesclar na consecução de aprendizagem correta. É a interação entre o novo
suas finalidades. conhecimento e o conhecimento prévio que caracteriza a
aprendizagem significativa, não o fato de que tais significados
B. Referencial Teórico sejam corretos do ponto de vista científico. A interpretação das
Relativo às questões mais propriamente didático- concepções alternativas dos estudantes, em particular, como
pedagógicas, Bandura (2) afirma que a Auto-eficácia é a resultado de aprendizagens significativas explica a resistência
crença do indivíduo sobre as suas capacidades de exercer destas concepções à mudança conceitual, uma vez que
controle sobre acontecimentos que afetam sua vida e a crença conhecimentos adquiridos por aprendizagem significativa são
nas suas capacidades para mobilizar motivação, recursos muito resistentes à mudança. Dessa maneira, conhecimentos
cognitivos e implementar ações que lhe permitam exercer prévios que os alunos trazem para a escola podem se afigurar
controle sobre as tarefas que lhe são exigidas. Nesse contexto, como incorretos, cientificamente falando. Em geral, alunos
considera-se a conceituação pertinente ao trabalhar-se com mais velhos costumam apresentar maior número de
alunos adultos, que apresentam defasagem da escolaridade conhecimentos incorretos, o que acarreta maior empenho
formal e que se encontram imersos no mercado de trabalho. É individual – ou coletivo – na compreensão correta do
importante, dessa forma, resgatar para o aluno aquilo que ele conteúdo.
sabe fazer, seu conhecimento profissional, como socialmente Para Lévy (4) novas aprendizagens são desenvolvidas
importante. Dentre outras coisas, esse conhecimento garante- quando o educador está focado não apenas em sua práxis, e
lhe a sobrevivência. Por sua vez, o uso da informática como sim às construções de seus discentes. Argumenta ainda que
ferramenta, cria nesse e para esse aluno, defasado e utilizar os recursos de computação em ambientes educacionais
desprestigiado, a crença de que é capaz de dominar uma implica na composição de uma atmosfera interativa, de trocas
ferramenta muito moderna e potente. Esse fato o capacita, de idéias, de informações e de conhecimentos, entre docentes
ainda no seu entendimento, a galgar outros degraus do e discentes. Assim, com esta proposição, o autor aponta não
conhecimento escolar. Ocorrem, certamente, modificações na apenas para a necessidade do professor se atualizar, mas
1 O autor realiza importante discussão sobre a auto-eficácia e sua relação com aprendizagem.
também, para se contextualizar em relação às diversas formas O presente trabalho foi desenvolvido na Unidade
de aprendizagem. Dentre essas formas destacam-se o uso de Paracambi (31 alunos) e na unidade Maracanã (26 alunos) do
objetos de aprendizagem e os ambientes virtuais de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de
aprendizagem (AVA). Tais objetos podem se comportar, não Janeiro - IFRJ ambas cidades localizadas na região
mais da forma tradicional, como em um livro, mas sob a metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Os sujeitos
forma de um hipertexto, onde os estudantes podem inclusive envolvidos na pesquisa são os alunos do 1º período dos cursos
interagir com hipermídia, e explorar a profundidade dos de Eletrotécnica e de Gases Combustíveis (EMI3) e do
assuntos a medida de seus desejos de conhecimento afloram. PROEJA em Manutenção de Computadores. A coleta de
- Peters (7). dados foi realizada no mês de março de 2009 por meio da
aplicação de questionários, conforme recomendado por Cervo
O cenário e seus atores estão apostos, temos uma crescente e Bervian (3), aos alunos envolvidos, de observações e
demanda por qualificação profissionalizante e flexível, na qual registros que realizamos ao longo da pesquisa, além de artigos,
Palloff e Pratt (6) apontam que O aluno virtual acredita que a livros e periódicos da área de conhecimento. A participação
aprendizagem de alta qualidade pode acontecer em qualquer dos sujeitos foi voluntária e o participante foi informado que
lugar e a qualquer momento. Entretanto, são poucos os os dados coletados fez parte de um estudo científico. A
professores capacitados ao uso de uma nova mídia enquanto identidade dos participantes foi preservada. O laboratório de
os alunos, em muitas das vezes, estão mais adaptados a utilizá- informática em uso pelos alunos atualmente possuía os
la. Nesse contexto, Lévy (4) afirma que não apenas não é equipamentos necessários para dar início ao projeto, portanto,
possível o aumento do número de professores na proporção da para executar o objeto de aprendizagem cuja configuração
demanda da formação dos cidadãos como também a passou por uma verificação de segurança para garantir a
diversificação e a qualidade desses professores devem ser funcionalidade e confiabilidade da pesquisa.
atentadas.
Relativo à análise dos dados, uma parte das discussões foi
C. Hipótese e Perguntas de Partida desenvolvida tendo como base a pesquisa. Para o
Tanto os “nativos digitais2”, quanto os “imigrantes desenvolvimento metodológico do trabalho, foi utilizada a
digitais“ em contato com o objeto de aprendizagem abordagem dos surveys sociais elaboradas por May (5) que
estabelecem relações com conhecimentos pregressos, mesmo através da utilização de questionários, medem alguma
que estes não estejam diretamente relacionados a tecnologia. característica ou opinião dos seus respondentes. Em
Relembrando Ausubel (1) não se pode considerar a consonância com Vieira (8), coletaram-se os dados da amostra;
aprendizagem significativa simplesmente como a através de pesquisa realizou-se levantamento dos dados
aprendizagem de matéria significativa. Portanto, a natureza do (Tabulação), contabilização das freqüências de cada opção e
processo é distinta da natureza e das características do material discussão dos resultados.
instrucional utilizado. Assim, o uso de tecnologias de E. O Objeto de Aprendizagem
informação para aprendizagem de conteúdos é a metodologia
que levará a uma finalidade – aprendizagem. Nesse contexto, O referido projeto foi desenvolvido usando o software
trabalhou-se com a hipótese a seguir: Embora as escolas com Adobe® Flash® CS4 Professional 10 para Windows® que é o
aparelhamento computacional propiciem o acesso às ambiente de criação líder do setor para a concepção de
tecnologias virtuais, nem todos os alunos acompanham o experiências interativas atrativas, sobretudo na Internet. Este
emprego dessas tecnologias. software foi escolhido por possibilitar resultados finais para
públicos-alvos em várias plataformas e dispositivos, tais como
Com o intuito de confirmação – ou não – da hipótese Linux, Windows e Mac. Inspirado num concurso
apresentada, busca-se responder às seguintes questões: internacional que elegeu a estátua do Cristo Redentor uma das
• Os alunos adultos preferem aprender na forma Sete Maravilhas do Mundo, o jornal “O Globo” promoveu
tradicional, com o professor, sem o uso de uma campanha em 2007 para eleger as Sete Maravilhas do
tecnologias de informação? Estado do Rio de Janeiro. Escolhidos por voto eletrônico via
Internet, os locais eleitos são: Pão de Açúcar, Jardim Botânico,
• Caso afirmativo, esta falta de interesse se deve à falta Aterro do Flamengo, Teatro Municipal, Praia de Copacabana,
de objetos de aprendizagem adequados a este Museu Imperial de Petrópolis, Ilha Grande. O objeto propõe a
publico? abordagem de um conteúdo multidisciplinar podendo ser
aplicado, sobretudo, em geografia, história e biologia
D. Procedimentos Metodológico
agregados em cima da temática “As Sete Maravilhas do Rio”.
Trata-se de uma pesquisa teórico-empírica, descritiva, com
F – Sobre o Experimento Didático-pedagógico
abordagem qualitativa apoiada em observações e dados
coletados após trabalho com os sujeitos envolvidos. Os alunos Para traçar o perfil dos alunos de cada modalidade
participantes foram instruídos a acessar o objeto “As sete educacional foram feitas algumas perguntas. Dessa forma,
maravilhas do Rio de Janeiro”. 86% de alunos do PROEJA afirmaram ter computador em
casa, enquanto 96,7% dos alunos do EMI fizeram a mesma

3 O Ensino Médio Integrado integra as modalidades profissionalizante e propedêutica de nível


2 No contexto deste trabalho, os “nativos digitais” são os jovens que nasceram no mundo médio, no sistema de ensino brasileiro. Direciona-se a estudantes na faixa etária de 15-17/18 anos.
tecnologizado; da mesma forma, os “imigrantes digitais” são aqueles que não se encontram O PROEJA, também integrando as duas modalidades, direciona-se a alunos com educação
familiarizados com a tecnologia de informação. descontinuada e que tenham mais de 18 anos.
afirmativa. Perguntados sobre onde mais utilizam o com tecnologias, o que é corroborado pela questão a seguir.
computador, 86% dos alunos do PROEJA o fazem em casa e Perguntados sobre a necessidade de empenho pessoal na aula,
16% no trabalho; em relação ao EMI, 83,5% dos alunos usam por ter sido realizado no computador, 64% dos alunos do
o computador em casa e 13,2% em lan house. 96% dos alunos PREOJA responderam positivamente, que realmente se
do PROEJA e 100% daqueles do EMI usam Internet. Esses empenharam de forma mais significativa, enquanto 66% dos
dados apontam que os alunos das duas modalidades de ensino alunos do EMI responderam negativamente. Relativo à
se encontram familiarizados com o uso do microcomputador e motivação, 92% dos alunos do PROEJA “concordam /
da Internet. Pode-se considerar como significativo o dado de concordam em parte” que a aprendizagem via computador só
alunos do PROEJA utilizarem computador no trabalho. Assim, acontece para quem estiver fortemente motivado; para os
interrogados sobre idade, todos os alunos do EMI estão abaixo alunos do EMI, isso ocorre em 75% dos casos. Em relação ao
de 16 anos; em relação ao PROEJA, 35% têm idades ensino presencial, 96% dos alunos do PROEJA consideram a
compreendidas entre 17-19 anos; 39% entre 20-29 anos; 11% motivação importante; dentre os alunos do EMI, 97% têm essa
entre 30-39 anos e 15% acima de 40 anos, inclusive. Esses percepção. Portanto, nos dois casos, o computador, por si só,
dados mostram que mais da metade dos alunos do PROEJA é tem uma característica motivacional, embora seja maior na
constituído por adultos jovens e com estudo pouco faixa etária menor. Finalmente, todos os alunos nas duas
descontínuo. Apenas 26% dos alunos apresentam mais de 30 modalidades educacionais, disseram-se dispostos a visiatr “as
anos de idade. São dados que apontam positivamente para o Sete Maravilhas do Rio”, tema do hiperdocumento utilizado
uso de informática na sua educação. na pesquisa.
Buscando compreender o comportamento do aluno ao ter Dessa forma, foi possível concluir que, mesmo havendo
contato com o software, foi perguntado “de que forma você se material didático específico disponível o aluno do PROEJA
sente mais à vontade ao aprender sobre este tema?”, e “qual ainda demonstra preferência pela aula presencial,
das situações abaixo você se sente mais a vontade?” À contrariamente ao que ocorre no EMI, indicando que nem
primeira pergunta, 35% dos alunos do PROEJA preferem o todos os alunos acompanham o emprego da tecnologia. É
uso de computador, num processo mais individualizado de pertinente lembrar que os alunos do PROEJA se enquadram
aprendizagem, mas 65% deles optam pelo processo mais mais na categoria “imigrantes digitais”, o que poderia explicar,
tradicional, com professor, no coletivo da sala de aula. No parcialmente, a opção pelo processo tradicional de
EMI, os números se invertem e 35% dos alunos preferem o aprendizagem.
ensino com o professor enquanto 65%, por uso do
computador. Em relação à segunda pergunta, 55% dos alunos Aponta-se ainda que o presente trabalho possibilitou um
do PROEJA preferem ser corrigidos pelo professor e 45% pelo encontro ímpar entre a realidade escolar de alunos do
computador. Dentre os alunos do EMI, 60% também preferem PROEJA que alimentam a esperança de um futuro melhor
ser corrigidos pelo professor. Dessa forma, apesar do contato através da educação e os alunos do EMI, ávidos por novidades
que afirmam ter com o computador, os alunos do PROEJA e certamente, melhor capacitados. Nesse contexto, a pesquisa
ainda se sentem mais à vontade com um professor suscita uma questão para um ponto de partida em relação à
direcionando seu aprendizado, numa posição ainda modalidade educativa PROEJA: a idéia de que talvez não se
heterônoma em relação ao perfil profissional que deverá ter ao devesse estabelecer um limite de chegada a seus participantes,
concluir o curso. mas sim pensar que eles devem partir de um ponto diferente
daqueles alunos do Ensino Médio Integrado.
Para traçar as impressões que os alunos apresentam sobre
software, foi perguntado se era a primeira vez que utilizavam REFERÊNCIAS
um programa educacional. Enquanto 39% dos alunos do [1] AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma
PROEJA responderam afirmativamente, apenas 19% dos perspectiva cognitiva. Lisboa: Paralelo, 2003. p. 78.
estudantes do EMI o fizeram. Porém todos os alunos do [2] BANDURA, A, Self-Efficacy – The exercise of control. New York:
PROEJA e 90% do EMI consideraram importante o uso de Freeman, 1997.
programas educativos no aprendizado. Nesse contexto 92% [3] CERVO, A. L; BERVIAN, P. A.: Metodologia Científica. 5. ed. São
dos alunos do PROEJA e 90% do EMI consideram que o Paulo: Prentice Hall, 2002.
software utilizado ofereceu conhecimentos que facilitam o
[4] LÉVY, P. Cibercultura. 2. ed. São Paulo: editora 34, 2000.
entendimento do tema e que o programa é um instrumento
fácil de ser operado. Perguntados sobre a dosagem dos [5] MAY, T. Pesquisa Social: Questões, métodos e processos. 3. ed. Porto
conteúdos tratados pelo software, todos os alunos do PROEJA Alegre: Artmed, 2004. p. 114.
e 88% do EMI consideraram-na suficiente. E buscando traçar [6] PALLOF, R. M; PRATT, K. O aluno virtual: um guia para trabalhar
o entendimento que os alunos apresentam sobre o uso de com estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 33.
tecnologias virtuais como ferramentas de ensino, serão [7] PETERS, O. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: Editora
analisadas as questões propostas, a seguir. Assim, 96% dos Unisinos, 1997. p. 235.
alunos do PROEJA e 80% do EMI consideraram que o meio
[8] VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
de ensino adotado (Usando um software de computador) 2008.
afetou positivamente a compreensão dos assuntos tratados.
Apenas 20% dos alunos do PROEJA e 9% do EMI prefeririam
tê-lo feito pelo sistema convencional. Essa comparação parece
indicar a maior dificuldade de pessoas mais velhas lidarem

Você também pode gostar