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DEFESA DE HITLER

1) Panorama Histórico:
Um julgamento predispõe um procedimento, uma maneira de fazer
algo, cercado do mínimo de justiça possível e pautado em límpida
lógica. Não podemos então julgar uma personalidade histórica sem
antes compreender o tempo em que viveu. Para tanto, devemos
pesquisar nas diversas fontes quais as circunstâncias, os fatos
relevantes, a mentalidade de um povo e suas necessidades em
determinado momento.
Julgar Hitler hoje esconde em si um problema. Considerando que a
história sempre é contada pelo vitorioso, temos que nossas fontes
históricas podem ter sido direcionadas a uma versão: a versão do
vitorioso. No entanto, devemos admitir que é possível encontrar versões
dos perdedores. O que não se faz com grande facilidade em virtude do
alcance e da profundidade que nos propomos no início deste trabalho.
Como fatores relevantes ao momento em que pretendemos voltar,
podemos enumerá-los da seguinte forma:
I. Com o fim da I Grande Guerra, a Alemanha ficou sujeita a uma política
de indenizações e reparações insuportável, injusta e maquiavélica.
II. O dito Tratado de Versalhes não foi um tratado, como entendemos
hoje. Um tratado para ser considerado como tal deve partir da livre e
espontânea vontade dos seus contratantes, o que não ocorreu em
Versalhes, onde os representantes alemães foram coagidos a assiná-
lo.
III. Em virtude do crescente endividamento alemão, da política de
indenizações desonesta, somado aos prejuízos naturalmente advindos
do envolvimento na I Grande Guerra, a economia alemã encontrava-
se em ruínas. Os registros apontam para a inflação na ordem de
1500% ao ano, confluindo para uma situação onde queimar dinheiro
para se aquecer era melhor do que comprar lenha. E o dinheiro valia
mais vendido como papel, do que com o próprio valor monetário.
IV. Considerando o cenário crítico em que a Alemanha se encontrava,
fértil era o terreno para uma ideologia que apontasse no sentido de
que a bonança para o povo alemão viria a partir da sua união.
Relembrando os tópicos anteriores, ficou fácil de atribuir a culpa de
todos os problemas da Alemanha a elementos estrangeiros. A
ideologia nacionalista fortificou-se à medida que alcançava o respaldo
de intelectuais alemães, para logo em seguida ser distorcida em um
nacionalismo exacerbado, onde os próprios nacionais que se
enquadravam como estrangeiros (homossexuais, aleijados, doentes
mentais bem como os judeus) deveriam ser extirpados.
V. Lebensraun (espaço vital) – Esta doutrina consistia na justificativa
para expansão alemã por todo o território que desejasse. Se o povo
alemão, o ariano puro, era considerado a melhor raça humana do
planeta, esta tinha o dever de liderar a evolução mundial. Para tal, era
plenamente justificável apoderar-se dos recursos e matérias-prima
que pertenciam a outros povos, notadamente, não arianos.
VI. Socialismo de direita – Com a ascensão do partido nazista, a doutrina
do socialismo estatizante moldou a ascensão política de Hitler. De
forma diversa do socialismo soviético que pregava todo poder ao
estado e inclusive o domínio dos meios de produção, o socialismo
alemão, embora fosse estatizante, reconhecia a propriedade privada
bem como a produção industrial capitalista (lembrar do filme A Lista
de Schindler).
2) Argumentos:

Defesa
I. Humanizar Hitler, apagar a imagem de monstro mostrando que ele
era filho de alguém, também ficava doente, era católico, tinha família,
era artista e tinha muitos amigos.

Hitler, desde pequeno, era um sonhador. Com suas tendências


artísticas, ele sonhava ingressar na Academia de Belas-Artes de
Viena. Tinha um pai, Alois Hitler, que tratava sua família com a
mesma tirania que trabalhava na Alfândega, o que refletiu
seriamente em seu comportamento. Foi reprovado 2 (duas) vezes
pela Academia de Belas-Artes de Viena. Na 2ª reprovação, estava
tão certo da aprovação, que a notícia foi como uma punhalada no
seu coração. Uma decepção que foi seguida de outra bastante pior,
a morte de sua mãe, Klara Pöltz. Isso tudo ocorreu antes que Hitler,
sequer, completasse seus 18 anos, deixando seu lado emocional
fortemente abalado.
Muitos podem dizer que isso é apenas uma desculpa ou uma
ideologia para inocentar Hitler, mas, para esses mesmos, “Do rio,
que tudo arrasta, se diz violento. Mas, não dizem violentas, as
margens que o oprimem” – Bertolt Brecht.
Hitler se destacou no Exército alemão por ser sempre os
voluntários para os piores trabalhos. Além disso, todos os registros
do Exército alemão o qualificavam como dedicado, leal e corajoso.
Ele lutava por uma causa e nenhum soldado luta tão bem quanto
aquele que realmente acredita em sua missão. Foi promovido a
cabo e condecorado duas vezes com a Cruz de Ferro.

II. Hitler foi um bode expiatório de uma ideologia que ele não criou, foi
apenas o porta-voz. Por trás dele, estão os verdadeiros culpados.
Lembrar que Hitler foi um Chanceler eleito, e não um ditador que
impôs suas idéias. Hitler convenceu as pessoas e não as obrigou a
acreditar nele. Quem é mais responsável: o líder ou quem o elegeu?

É interessante notar que as pessoas gostam de afirmar que


Hitler era maquiavélico por criar a teoria ariana e aplicá-la. Mal
sabem estas pessoas que esta teoria foi criada em 257 e que já era
um preconceito comum naquela época, sobretudo entre quem se
considerava parte de uma sociedade bem-educada e de
respeitabilidade da Alemanha e da Áustria. Inclusive, um
importante meio de comunicação dos tempos de criança de Hitler, a
revista Ostara, abordava o tema freqüentemente em que afirmava
ser o louro povo alemão (os arianos, como eram então chamados)
uma raça superior, e que todos os problemas da sociedade eram por
causa da contaminação dessa com outras mais escuras. Portanto,
prezado júri, se engana quem acha que Hitler era um homem
inigualável por sua crueldade. Se não fosse ele, algum outro
austríaco ou alemão assumiria o Governo e perseguiria os judeus da
mesma forma, com risco de não fazer a metade do que Hitler fez
pela Alemanha.
A maioria das pessoas realmente acredita que foi Hitler o
culpado pelo genocídio dos judeus. O que falta nessas pessoas é,
certamente, um estudo mais aprofundado sobre a II Guerra
Mundial, que vai muito além de apenas programas de TV. Hitler
inspirou e ordenou a famosa “solução final para a questão judaica”.
Mas foi o quieto, metódico e bem-educado dr. Joseph Goebbels
quem definiu o significado da “solução”. De acordo com o
historiador Robert Herzstein, “Goebbels sempre havia sido o ÚNICO
alto líder nazista a insistir na necessidade de realmente se
promover o extermínio dos judeus”.
Abaixo está transcrito a opinião de um cidadão do que Hitler
significava para o povo alemão:
“(Hitler) ergueu-se da nossa necessidade mais profunda, quando
o povo alemão estava a beira de um colapso total. Ele é uma
daquelas figuras brilhantes que sempre surgem no mundo
germânico, quando este chegou a uma crise final do corpo, da
mente e da alma.”

III. Indicadores econômicos e sociais da Alemanha melhoraram com sua


ascensão ao poder: educação, lazer, saúde.

Além disso, é fato incontestável que Hitler, quando assumiu o


Governo, cumpriu muito do que havia prometido. As reformas que
empreendeu foram amplamente bem-sucedidas, resolvendo muitos
dos grandes problemas do país. Em apenas três anos de governo, a
renda nacional dobrou, o desemprego quase desapareceu e a
produção aumentou em cerca de um terço. Com essa gloriosa
recuperação econômica da Alemanha, que há menos de 5 anos
tinha uma moeda que valia 1/70.000 dólar, muitos alemães
começaram a encará-lo como um predestinado.

IV. Toda defesa boa tem uma parte da acusação. Aqui é que reside a
genialidade do defensor. Deve-se procurar ao máximo e sempre que
possível informar aos jurados que o exercício da defesa é feito aqui,
nunca como sinônimo de simpatia pela conduta do acusado. (Dizer o
seguinte: Estou defendendo Hitler apenas para que ela tenha um
julgamento justo, o que não quer dizer que eu concorde com o que ele
fez). Sabemos das atrocidades cometidas pelo Exército Alemão, mas
atribuí-las todas a um único homem seria um exercício de ignorância
e estupidez. De quem não conhece a história e os fatos.

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