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AUTOMAÇÃO POR CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL (CLP)

Renato Dias1

RESUMO

O emprego inadequado de energia elétrica, e de utilização da eletrônica tem sido motivo de


repercussões, de geração de custos e de perdas para o sistema energético. O objetivo geral deste
artigo consiste em apresentar a automatização de uma máquina de sopro com uso do CLP
(Controlador Lógico Programável), baseado em microprocessadores. Para tanto, foram necessárias
as análises: de funcionamento do projeto antigo e dos custos de produção e manutenção da
máquina; dimensionamento dos contatores, válvulas e solenóides com suas respectivas potências e
aplicações; de custos e benefícios quanto à aquisição e utilização do novo processo; elaboração do
projeto de força, do comando hidráulico e pneumático; montagem do painel elétrico com os
específicos dispositivos como: botoeiras, micro chaves, sensores de temperatura entre outros;
desenvolvimento e instalação da automação e programação específica; além da execução dos testes
finais. A pesquisa-diagnóstico buscou explorar a área de atuação e levantar as situações de riscos ou
perdas, por meio de fontes primárias e secundárias, utilizando de instruções de programação com
operações aritméticas e analógicas, textos explicativos e conclusivos, pertinentes à interpretação e
utilização do software trazendo considerável retorno à empresa no que se refere à redução de custos,
aperfeiçoamento dos processos, performance, ergonomia, e principalmente redução no emprego de
energia.

Palavras Chave: Programação. Controlador Lógico Programável. Automação

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, os avanços da Ciência, por meio da própria tecnologia, têm
proporcionado o entendimento de leis, materiais, processos industriais ou científicos, produtos entre
outros, notadamente, nos campos da Física e Eletrônica. Recentes pesquisas na área, de acordo com
o acervo consultado em Bibliografias relacionadas ao presente estudo, identificam que há uma
busca constante em aperfeiçoar o rendimento e a qualidade dos sistemas, materiais e suas leis
fundamentais.

Com a realidade do atual quadro econômico das empresas e do mercado de trabalho, no que
refere a importância do conhecimento e das habilidades técnicas, as grandes descobertas
profissionais dos indivíduos, em muitos casos, podem surgir com as possibilidades que o mercado
oferece, dada a operacionalidade de máquinas e equipamentos, novas tecnologias e novos processos
de produção.

As formas mais conhecidas de geração de energia disponíveis no momento, como por


exemplo, a energia hidrelétrica, já apresetam resultados desfavoráveis dada a escassez dos recursos
naturais, levando ao racionamento em alguns setores da atividade econômica, refletindo indicadores
decrescentes quanto ao valor agregado, o nível de emprego de um modo geral, e principalmente, o
preço.

1
Mestre e pesquisador do Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica da UFSC. Professor de Tecnologia
em Processos de Produção Mecânica do SENAI e professor da ASSEVIM.r.dias@terra.com.br
Esta pesquisa, caracterizada como pesquisa-diagnóstico tem por objetivo proporcionar ao
leitor o conhecimento da aplicabilidade dos aspectos teóricos estudados em áreas afins, que estão
direcionados á economia de energia, tempo e qualidade de processos, nas empresas que tem como
meta, segurança, produtividade e lucro.

No momento de decidir por determinado investimento, o projetista deve ter suficiente


conhecimento da situação competitiva, buscando minimizar o esforço humano, e da máquina
buscando obter maior produtividade. Considerando que os objetivos pesquisados, vêm ao encontro
das diretrizes de mercado, no que se refere ao emprego da automação, ou à racionalização do uso
dos recursos de tratamento da informação, as metas previstas pela empresa, em relação à Eletrônica,
Controle e Processos que envolvem produção, máquinas e equipamentos.

Analisando a crescente demanda por energia de tais processos de máquinas e equipamentos,


é notória a necessidade da automação, com o auxílio do CLP (Controlador Lógico Programável),
pois os ganhos em escala são maiores, em virtude da maior produção com menor emprego de tempo
em horas trabalhadas, implicando na redução de custos e na melhor performance de trabalho,
realizado por meio do uso de energia elétrica e linguagens da informática.

O CLP (Controlador Lógico Programável), baseado em microprocessadores, possibilita a


execução e o aperfeiçoamento de atividades mecânicas, elétricas, e eletrônicas que objetivam
facilitar o funcionamento de máquinas, em que venha a ser utilizado, dado o processamento rápido
das informações por meio da geração de sinais de entrada e saída analógicas ou digitais.

Por esta razão, e com o intuito de utilizar da melhor forma possível a energia elétrica, e os
recursos da informática, notadamente os microprocessadores, unindo teoria e prática, o presente
artigo busca viabilizar a Automação de uma Máquina de Sopro considerando, a adequação ao uso
(Juran).

2 ABORDAGEM TEÓRICA

Este capítulo apresenta parte das informações que fundamentam teoricamente, o presente
artigo por meio de enfoques como: processamento de dados e sistemas por meio do uso do CLP
(Controlador Lógico Programável), Etapas, imagens e resultados obtidos na automação de uma
máquina utilizada na indústria mecânica.
Demais elementos como forma e captação de sinais através de micro chaves, sensores de
temperatura (analógico ou digital), microprocessadores e circuitos integrados, também foram
utilizados.

2.1 Considerações Preliminares

O gradativo crescimento populacional que induz ao aumento por bens e serviços e por
conseqüência à produção industrial, trazem como subproduto uma demanda cada vez maior de
energia. A energia, propriedade de um sistema que lhe permite realizar trabalho (Theis, 2002), é
algo que as pessoas e as indústrias precisam diariamente, muito embora, seu conceito não esteja
claro para grande parte dos usuários. Não há uma explicação única que possa definir completamente
toda a possibilidade de economizar energia, ainda que existam pesquisas constantes com o objetivo
de otimizar o seu uso.

A introdução mássica da microeletrônica e da informática nos equipamentos mecânicos em


geral, ocorreu intensivamente nos projetos de automação de máquinas, no decorrer das ultimas
2
décadas. Os microprocessadores, micro-controladores e controladores programáveis, a custos cada
vez mais competitivos, então substituindo gradativamente os elementos de processamento de sinal
pneumático, hidráulico, sensores de temperatura, micro chaves, entre outros. Com estas
combinações de sinais, a microeletrônica e a informática, reúnem as vantagens típicas de cada uma
dessas tecnologias, acarretando seu uso crescente na automação industrial.

A automação industrial, principalmente aquela associada aos recursos da microeletrônica e


da informática, insere-se cada vez mais em processos mais complexos de programação de máquinas
automação. O uso de métodos tradicionais, como por exemplo, o intuitivo para o projeto de
comandos combinatórios, segundo Bollmann (1996, p.3-15), “já não satisfaz às modernas
exigências para uma boa qualidade do projeto, tais como rapidez na sua execução, facilidade de
supervisão, manutenção e padronização”. Para o autor, com a modernização, as exigências da
flexibilidade de posições e de velocidades, requeridas nas máquinas e nas células flexíveis de
manufatura, podem ser atendidas no âmbito da programação, combinando-se os comandos binários
da automação tradicional com os acionamentos pneumáticos e hidráulicos, considerados muito
rápidos.

Dados históricos conduzem leis universais como da Oferta e Demanda para compreensão de
alguns fenômenos ocorridos inclusive na área da Elétrica ou Eletrônica, no que se refere ao
emprego de tecnologia. Alguns autores contribuem com suas obras, como amparo para a realização
da presente pesquisa:

Halliday (1995, p. 2), quando se reporta aos estudos da Física, alerta que: sinais de televisão
transmitidos da Terra desde 1950, estarão sendo captados eventualmente por habitantes de outros
planetas que já possuam técnicas sofisticadas num raio que abrange cerca de 400 estrelas.

Outros autores como Rifkin (1995, p. 15), resgatam ensinamentos de Jean Baptiste Say,
quando afirmam: “no mesmo instante em que um produto é criado, ele cria um mercado para outros
produtos na dimensão de seu próprio valor... A criação de um produto abre uma passagem para
outros produtos”. Ou seja, se um produto é lançado no mercado e não atende as condições em
tempo real, haverá necessidade de aperfeiçoamento constante, ou, o ofertante viabiliza as
oportunidades com inovação nos produtos e processos, ou deixa de vender. Merico (2002, p. 42), ao
se referir á entropia, escreve que “a quantidade de energia que não é mais capaz de realizar trabalho
é 10chamada de entropia e correspondente à Segunda Lei da Termodinâmica. O crescimento da
entropia, portanto, significa que há decréscimo na energia disponível. Cada vez que alguma coisa
ocorre, seja no mundo natural, ou na sociedade, uma quantia de energia disponível é transformada
em energia latente (não disponível, dispersa), que não poderá ser utilizada para o trabalho futuro”.
Por essa razão, a importância de utilizar adequadamente as fontes de energia.

A tecnologia tanto pode ser útil ao emprego de energia, ou a satisfação de necessidades,


como, pode ocasionar desperdícios se não há conhecimento de como utilizá-la de forma correta, se
não há entendimento da realidade. Merico (2002), quando ensina que os fluxos de energia na
natureza correspondem ao campo de estudo da Termodinâmica, quer dizer que são exatamente as
duas Leis da Termodinâmica que nem sempre têm sido lembradas na composição dos fatores de
produção que promovem o desenvolvimento. Essas duas leis podem ser expressas em única
sentença: “a energia total do universo, permanece constante e a entropia do universo continuamente,
tende ao máximo”.

A eletrônica vem apresentando expressivas evoluções para humanidade notadamente, no que


se refere à eletrônica digital, mais acessível a técnicos, engenheiros da computação acadêmicos e
profissionais da informática. Com o crescimento da automatização das máquinas e do setor de
informática, segundo Souza (2000, p. 1) “os microcontroladores surgiram para facilitar o
3
desenvolvimento de novos produtos, serviços”. A competitividade dos regimes de produção, no
novo arranjo sócio-econômico mundial, obriga as empresas à aperfeiçoarem os processos por meio
de automação e programação, que interferem positivamente na produtividade, quando corretamente
empregadas.

No que concerne ao uso de tecnologia com emprego de energia elétrica, relacionada com
fenômenos físicos que envolvem cargas elétricas, ou da mecânica que na maior parte dos casos,
necessita do emprego de energia elétrica, é fundamental que novas alternativas sejam alcançadas
buscando um esforço contínuo para o atendimento das necessidades da demanda ou de seus
processos de utilização, de forma adequada, pois devem ser convertidos em produtividade. Demais
produtos peculiares à utilização da informação como microprocessadores, impulsionam mercados
recentes na área da Automação como: sensores de proximidade indutivos, sensores fotoelétricos,
pressostatos eletrônicos, termoelementos, transdutores linear de posição, entre outros; que podem
possibilitar um efeito multiplicador de produção, manutenção e automação eletro-mecânicos.

3 AUTOMAÇÃO POR CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL (CLP)

Considerado um dos equipamentos mais recomendados no uso da automação de


equipamentos e processos industriais no Brasil e em todos os países desenvolvidos, o CLP é um
equipamento eletrônico programável baseado em microprocessadores. É projetado para funcionar
em ambientes industriais, podendo controlar desde simples máquinas até automatizar uma planta
completa.

Seu campo de aplicação chega a ser quase ilimitado e o conhecimento de suas


potencialidades torna-se cada vez mais necessária a todos os profissionais envolvidos no
planejamento, operação, e manutenção de processos industriais.

A estrutura do CLP composta por: Entradas, Unidade Central de Processamento (CPU) e


Saídas, permite a monitoração contínua do estado da máquina (ou de seu processo) sob seu
controle. É possível ainda, o processamento de dados externos por meio de programa gravado
anteriormente na memória. Existem outros dispositivos tais como: temporizadores, contadores,
sistemas de operações lógicas (se, ou, e, então, faça, liga, desliga), que o torna extremamente
versátil e com possibilidades de ser aplicado em processos industriais de modo econômico, com
confiabilidade, facilidade de manutenção e processamento rápido das informações.

Seria impossível mencionar todas as aplicações do CLP, porém, a título de exemplo pode ser
utilizado para: Automação de máquinas (injetoras de plástico, extrusoras, prensas, plainas,
máquinas, impressoras, robôs e manipuladores, câmaras de vácuo, bobinadeiras de motores), e,
Controle de processos (siderúrgicos, químicos, medição e controle de energia, estufas e secadoras,
supervisão de plantas industriais, sistemas de transporte e armazenamento).

Além da programação variável, segundo Bollmann (1997, p. 112), os CLPs apresentam


ainda as seguintes vantagens em relação ao uso de relés para implementar as funções lógicas dos
comandos: facilidade de instalação e montagem; simplicidade nas ligações com os demais
componentes do comando; redução do tempo de implementação e alteração da lógica do comando,
devido à facilidade de programação e reprogramação; integração fácil e simples com computadores;
incorporação de um grande número de temporizadores, contadores, unidades de operações
aritméticas. além de controladores PID e entradas e saídas analógicas; custo bem menor; tamanho e
peso reduzidos; facilidade de expansão dos módulos de entrada e de saída pela modularidade da sua
construção.

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Para maior segurança, o sistema mecânico, elétrico e de programação, devem ser projetados
concomitantemente de modo que, no caso de falta ou retorno de energia, o sistema ofereça
condições de não provocar movimentos ou ações danosas ao operador. Para tanto, é fundamental o
cuidado com a fiação, e o lay-out do sistema, pois não devem ser montados no mesmo painel do
CLP: transformadores, contadores, solenóides, ou outros elementos eletromecânicos não
concernentes ao controlador. É recomendável ainda, a instalação de fusíveis para proteção dos
circuitos dos módulos de saída do CLP; ou seja, cada saída deve corresponder à respectiva carga
descrita no programa.

Para ilustrar a característica de Programação Descritiva e por Ladder, pode ser considerado
o seguinte exemplo:

ª No controle de determinada saída dependendo de quatro entradas, a programação seria:


pela Programação Descritiva (BCM):

ESTADO 1:
SE FC1= E FC2=0 E LIGA=0 E FC4=1 ENTAO 10
LIGA 10

pela Programação por Ladder:


1 2 3 4
10

Para os dois casos deve ser identificado:

Fc1 (sinal da micro-chave)


Fc2 (sinal da micro-chave)
Liga (botoeira liga)
Fc4 (sinal da micro-chave)

Se, forem consideradas as seguintes entradas:

Fc1 = 1
Fc2 = 0
Fc3 (liga) = 0
Fc4 = 1

Então, liga-se a saída 10.

Na Figura 1, podem ser observados os parâmetros definidos por Boolmann (1997): função
lógica, equação booleana, símbolo, tabela verdade e execução elétrica como forma de
comportamento de elementos lógicos em que a obtenção de um sinal em nível ‘1’ (fim de curso no
braço mecânico com sensor ‘NA’, resulta na saída do sinal necessário. Já na segunda linha como
tem-se uma negação, em que o mesmo sinal resulta no ‘não chaveamento do componente
eletrônico’. No ultimo exemplo, será necessário dois sinais em nível ‘1’, para que se tenha o
chaveamento total.

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FIGURA 1: Parâmetros definidos por Boolmann
Função Equação Tabela Execução
Símbolo
lógica booleana verdade elétrica
E1 S |
Identidade 1
S = E1 0 1 E1\
Sim E1 . S . 1 1 |
S

E1 S |
Negação 1
S = E1 E1 . . 0 1 _/E1
Não 0 S 1 0 |
S

E2 E1 S |
E1 . 0 0 0 E1\
Conjunção
S = E1.E 2 1 S . 0 1 0 |
E 1 0 0 E2 \
E2 . 1 1 1 |
S

Fonte: adaptado de Boolmann (1997, p. 42).

Com os postulados da álgebra booleana apresentados por Boolmann, pode-se entender o


funcionamento dos controladores programáveis, referentes às funções ‘E’ e ‘OU’ aplicados às
constantes ‘0’ e ‘1’, e relativos às suas negações, (ibidem, p. 49) conforme observa-se na Figura 2.

FIGURA 2: Tabela Verdade


0.0=0 0+0=0
0.1=0 0+1=1 1= 0
E OU Negação
1.0=0 1+0=1
0 =1
1.1=1 1+1=1
Fonte: adaptado de Boolmann (1997, p. 42).

A Figura 3, demonstra a verificação física dos postulados, na forma de chaves elétricas,


onde a constante ‘1’ é exemplificada com o contato normalmente fechado ‘NF’, e a constante ‘0’
com o contato normalmente aberto ‘NA’.

FIGURA 3: Apresentação Física dos componentes de comando

+
1

_
1 0 0 1+0 1

Fonte: adaptado de Boolmann (1997, p. 42).

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Pode ser observado que na linguagem de máquinas para microprocessadores os parâmetros
determinados para leitura, seguem a linguagem de 0 e 1, ou seja, consideram-se valores positivos
para interpretação em que a leitura é de: 1 e 0 igual a 0, e, 1 ou 0, igual a 1. Isto quer dizer que na
álgebra booleana, a entrada de sinais, embora que diferentes, podem resultar em valores definidos
por 0, ou 1, unidades mãe da matemática para a linguagem de máquinas.

4 AUTOMAÇÃO DE MÁQUINA PARA INDÚSTRIA MECÂNICA

O presente artigo é produto de estudos que traz o aperfeiçoamento dos processos de


produção, por meio da automação de uma máquina de Sopro, utilizada na indústria mecânica, neste
caso, em metalurgia. Para tanto, foi necessário o entendimento de questões relacionadas inclusive à
ergonomia, e redução de custos que implicam em aumentos de produtividade.

A automação e programação de ferramentas, máquinas ou equipamentos envolve a


compreensão de toda a linha de produção haja vista, que há conexão entre os setores no que se
refere ao lead-time (tempo de entrada à saída) dos produtos a serem desenvolvidos. Para Rembold
(1994, p. 14), as máquinas podem ser divididas em relação às suas funções e dependência entre
linhas, economia e produtividade:

A machine tool can have single or double multifunctions. The individual


workpiece is routed to selected machines for processing. Programming is
done as with other machines tools, however, the designated route and
handing of the part has to be included. Since this operation tries to
approximate a flowline principle, high production rates can be obtained
economically.

A afirmação do autor, pode ser melhor interpretada, observando-se a Figura 4, como


exemplo de linha de produção na indústria mecânica.

FIGURA 4: Exemplo de comando na indústria mecânica

Fonte: adaptado de Rembold (1994, p. 15).

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Na Figura 4, tem-se a aplicação do controle e monitoramento de uma linha de manufatura
automatizada, controlada por computador, ligado diretamente aos CLPs, que por sua vez, executam
os comandos pré-definitos pelo projeto da máquina em questão.

4.1 Automação da Máquina de Sopro

Para instalar o dispositivo CLP na Máquina de Sopro, em uma indústria mecânica, voltada
ao desenvolvimento de produtos derivados do polipropileno que resultam em produtos plásticos
como: potes para condicionamento, embalagens, brinquedos, e utensílios domésticos, foi necessário
o cumprimento de algumas etapas referentes à automação que envolveu:

Várias visitas à empresa responsável pela parte mecânica para verificar a possibilidade de
atendimento às necessidades do demandante; Análise de Funcionamento do projeto antigo e dos
custos de produção e manutenção da máquina; Dimensionamento dos contatores, válvulas,
solenóides com suas respectivas potências e aplicações; Análise dos custos e benefícios quanto à
aquisição e utilização do CLP; Apresentação dos resultados parciais ao proprietário da empresa que
solicitou a automação; Elaboração do projeto de força, do comando e do hidráulico; Inspeção
visual; Montagem do painel elétrico com o respectivo CLP; Inspeção visual; Montagem dos
elementos e comandos na máquina (Botoeiras, Fim de Curso, entre outros); Inspeção visual;
Desenvolvimento e instalação da programação específica; Execução dos testes Finais.

Outras fases pertinentes à execução do projeto foram necessárias, entre elas: a elaboração
dos desenhos técnicos, cálculos de dimensionamento; interpretação das instruções de programação
com operações aritméticas e analógicas pertinentes a utilização dos softwares específicos como:
MatLab, SolidWorks, Auto CAD/CAM, e de operacionalização do CLP, sendo que, na maior parte
dos casos, novas visitas precisariam ser realizadas em campo, pois a instalação do CLP, envolve a
organização de esquemas eletrônicos, como sinais analógicos e digitais, de forma detalhada e
peculiar.

4.2 Imagem de Automação da Máquina de Sopro

Alguns exemplos das fases de execução do projeto de Automação da Máquina de Sopro


serão apresentados nas ilustrações seguintes.

A Figura 5, possibilita identificar a montagem final em sua vista interna com os


componentes, sendo possível visualizar (ao fundo), a entrada e saída do CLP. Outra vista da
montagem final com os devidos componentes elétricos instalados pode ser observada na Figura
abaixo. Observa-se os componentes de leitura e captação de sinais que retornam da máquina e
posteriormente são enviados ao CLP já com fonte de alimentação instalada, além de saídas e
entradas, analógicas e digitais, o comando principal de força, amperímetros, voltímetros, variador
eletromagnético e fusíveis necessários a instalação do CLP.

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FIGURA 5: Montagem final em sua vista interna com os componentes

Fonte: O autor

Na próxima ilustração, Figura 6, observa-se a vista frontal dos comandos para o controle
da máquina (temporizadores, amperímetros, voltímetros, variador eletromagnético), e seus
dispositivos de leitura de sinal que retornam da máquina. A instalação do CLP, com sua
programação, está localizada no quadro de distribuição de comando da Máquina de Sopro,
permitindo a vedação contra poeira, vibração, respingos de óleo, água ou produtos corrosivos.

FIGURA 6: Vista frontal dos comandos

Fonte: O autor

Para o melhor complementar o entendimento, a Figura 7, mostra algumas características


técnicas de um modelo do CLP versão ESH/RI (apostila BCM – pág C4-48), em que observa-se as
entradas e saídas analógicas, entradas e saídas digitais, sua fonte de alimentação, o display para
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controle de dados de informações e programação quando não fornecido via cabo por um
computador, e, a parte frontal com seu visor cristal líquido, que mostra os dados referentes ao
monitoramentos do funcionamento da máquina.

FIGURA 7: Características técnicas de um modelo do CLP

Fonte: O autor

4.3 Resultados Obtidos na Automação da Máquina de Sopro

Na Máquina de Sopro em análise, o produto com maior tempo de produção, e o mais


produzido é o pote para doces. Matematicamente, com o processo anterior, foi observado o tempo
de 56 segundos para a produção de cada peça. Já com o projeto proposto e atual o tempo de
produção teve uma redução significativa de aproximadamente 1/3 do tempo anterior, que é de 22
segundos/peça. Considerando dados genéricos, se, for tomado por base 8 horas trabalhadas/dia, ou
seja, apenas um turno, a diferença na produção seria de 795 peças, multiplicada por dois turnos,
atualmente na empresa, a diferença total verificada seria de 1.590 peças.

Para exemplificar:

ª No processo anterior (manual):

Se, 8h x 60’ = 480’ e 480’ x 60” = 28.800”/56” tem-se aproximadamente a quantidade de 514
peças produzidas por turno.

ª No projeto proposto e atual (automatizado):


Se, 8h x 60’ = 480’ e 480’ x 60” = 28.800”/22” tem-se aproximadamente a quantidade de 1.309
peças produzidas por turno.

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O projeto proposto e atual, implica numa diferença de 795 peças por turno, considerando o
valor/pç de R$ 0,08 de lucro estimado2, sendo possível obter ao final de um turno, uma
diferença de R$ 63,80 do retorno sobre o investimento com a automação, por dia. Considerando: os
gastos com mecânica e automação em torno de R$ 13.000,00, um mês de 22 dias úteis (dias
trabalhados) com dois turnos, haverá uma produção que totaliza R$ 2.798,00 de lucro, ou seja, o
valor destinado à automação e mecânica da Máquina de Sopro de R$ 13.000,00 dividido pelo
lucro estimado em um mês, R$ 2.798,00, resulta em 4,6 meses, isto é, em 4 meses e 18 dias, tempo
necessário para o retorno sobre o investimento inicial.

É importante ressaltar que, no processo anterior, os motores da Máquina de Sopro


permaneciam ligados à espera do operador, sendo que, deveriam ser desligados, quando não havia
ciclo de produção, ou, quando alguma atividade pertinente aquele processo deveria ser realizada. Na
ocasião, ocorreriam esquecimentos contínuos em função da operação humana, implicando em
perdas. Com a entrada do CLP, foi possível realizar na programação, o controle do tempo mínimo
de dois minutos destinados a realização de qualquer atividade com o ciclo da máquina desligado.
No caso, deste tempo ser ultrapassado, a saída doze (12) do CLP, desliga o solenóide (d10),
desligando conseqüentemente as entradas de alimentação de tensão, que vem dos dois sinais de
saída do CLP (8 e 9), e, posteriormente acionam os contatores C1 e C2 dos motores do Canhão de
Alimentação e da Bomba Hidráulica. Com isso, relevante ergonomia é dispensada ao operador da
máquina no que se refere à preocupação com os motores, e expressiva redução de custos no que se
refere a economia de energia empregada no processo de produção.

A Potência de cada motor é de 5cv (3680w) para a Bomba Hidráulica e 10cv (7360w) para o
Canhão de Alimentação. Analisando dados estatísticos da empresa quanto ao total de horas que os
motores ficavam ligados, sem o fabrico de produtos (ciclos), chega-se a uma média considerável de
48 minutos por turno. Se forem considerados dois turnos, o tempo desperdiçado chega a 1:36h
(uma hora, trinta e seis minutos) de motores ligados na Máquina de Sopro, sem haver produção
alguma.

Estima-se com o projeto proposto, uma economia relevante quanto ao emprego de energia
elétrica e dos desgastes das peças envolvidas (motores, mangueiras, conexões, bomba e bloco
hidráulico, entre outros). Quanto à economia de energia, pode-se calcular o valor aproximado de um
mês de trabalho da seguinte forma:

ª Potência consumida por dois motores : 15cv (11.040w ≅ 11kw) 3


ª Potência consumida em dois turnos de trabalho: 1:36h ∴ 13,2kw
ª Em um mês de trabalho (22 dias útil) : 35:12h ∴38,72kw

A empresa utiliza a entrada de energia sem transformador próprio, conseqüentemente, o


valor por kwh de pagamento, é idêntico ao residencial. Para a forma de cálculos, foi considerado
um valor genérico próximo a data da entrega da Máquina de Sopro, que é de R$ 0,30476 / kwh.
Para os dados obtidos anteriormente, tem-se, 38,72kw de desperdício no consumo de energia
elétrica, resultando numa perda de R$ 11,80 por mês.

Já pode ser observado nas Figura 8 e 9, o projeto proposto com específicas melhorias, sendo
que, considerado ainda como requisito a instalação de um outro comando e bloco hidráulico, com
características funcionais, adaptadas ao funcionamento da máquina, que é apresentado nas Figuras 8
e 9, respectivamente.

2
Estimativas, valores aproximados.
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FIGURA 8: Projeto Elétrico do Comando e Bloco Hidráulico

Abre/Fecha
Matriz

A B
S5 Regenerativo
Mais velocidade
na descida
P T

A B A B

S1 S2 S4 S3
Fechar P T Abrir Desce P T Subir

50 Bar Quadro de Solenóides


Sole

Funções ide S1 S2 S3 S4 S5
Abrir - + - - -
Regulador
de Pressão Fechar + - - - -
M Subir - - + - -
Descer - - - + +
Repouso - - - - -
Q = 40l/min
VA = 124mm/s (Fecha e abre molde)
VR = 200mm/s(Subida)
VRapida = 320mm/s ( Descida)

Fonte: O autor

FIGURA 9: Bloco Hidraúlico

Fecha Abre Desce Sobe

B T

T P B

A P

B A

Bloco Hidráulico
Fonte: O autor

A situação anterior à execução do presente projeto, identificava o controle da agulha de


injeção, da faca de corte, do tempo de espera do jato de ar, dos movimentos para abrir e fechar o
molde, do movimento horizontal de toda a matriz até o momento de entrada do parison além do
retorno da matriz para o jato de ar; por meio de temporizadores, que eram regulados
intermitentemente, conforme a temperatura necessária, implicando em perdas. Diante desse fato,

12
houve necessidade de automatizar a máquina com o uso do Controlador Lógico Programável (CLP),
a fim de eliminar tais problemas, que atualmente, encontra-se em plena aplicabilidade.

5 RESULTADOS OBTIDOS

O ambiente da empresa, considerado relativamente novo, não dispunha de muito espaço, e


qualquer ação indevida poderia ativar movimentos perigosos, na máquina ou no processo, capazes
de provocar danos materiais e acidentes pessoais. Os cuidados quanto à manutenção regular e
preventiva do CLP exigem a checagem periódica de: bateria, limpeza, temperatura, vibração, ruído,
por isso os testes foram feitos com todo cuidado, pois poderiam causar defeitos intermitentes. Todo
o cuidado inicial também foi considerado com a programação, que permitiu não serem identificados
erros de rede, ou retrabalho. Não havia no local, equipamentos tais como multímetros, bancadas, ou
medidor de temperatura, computador portátil para fazer pequenas correções do Software,
impossibilitando a realização dos testes, o que também implicou em deslocamentos e em perdas por
espera.

Cabe ressaltar, a contribuição com a ergonomia para o operador, a redução de custos, a


segurança e a confiabilidade quanto aos processos de produção, e ainda, que, com o projeto
proposto, em prática, existe possibilidade de flexibilizar a produção, um dos fatores pertinentes à
elasticidade preço dos bens e serviços, devido a sua viabilidade econômica.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo requer a compreensão de elementos pertinentes ao conhecimento


interdisciplinar de: Informática, Eletrônica de Potência, Pesquisa em Engenharia Elétrica, Mecânica
Geral, Matemática, Sistemas de Potência, Mercado de Energia Elétrica, Microeletrônica, e,
Controle e Servomecanismos, necessários para o desenvolvimento da programação, execução e
manutenção do CLP.

Estão contidos no presente artigo aspectos pertinentes as seguintes etapas: pesquisa


tecnológica, planejamento de engenharia, projeto e desenvolvimento de sistemas elétricos-
eletrônicos e monitoração e controle do sistema de energia do processo estudado buscando apurar
dados e informações com o intuito de resolver problemas, apresentar sugestões, criar ou aperfeiçoar
o existente.

Já é possível identificar a performance e a margem de lucro para a Empresa quanto ao


retorno sobre o investimento, notadamente que se refere à redução de custos, confiabilidade e
produtividade. Tornou-se possível o entendimento da realidade, por meio da utilização de teoria e
prática, da interação da Engenharia, Informática e Matemática com o uso de microprocessadores.

REFERÊNCIAS

BEULKE, R; BERTÓ, D. J. Estrutura e Análise de Custos. São Paulo: Saraiva, 2001.

BOLLMANN, A. Fundamentos da Automação Industrial Pneutrônica. São Paulo: ABHP, 1996.

HALLIDAY, H.W. Fundamentos de Física. 4ª. ed. São Paulo: LTC, 1995.

MERICO, L. F. K. Introdução à Economia Ecológica. Blumenau: Ed. FURB, 1996.


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RIFKIN, J. A Era do Acesso. São Paulo: Makron Books, 2001.

SOUZA, D. J. Desbravando o PIC. São Paulo: Érica, 2000.

THEIS, I. Limites Energéticos do Desenvolvimento. Blumenau: Ed. FURB, 2002.

ZACARELLI, S. B. Estratégia e Sucesso nas Empresas. São Paulo: Saraiva, 2002.

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