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INTERAÇÃO DE Rhizobium COM BACTÉRIAS PROMOTORAS DE

CRESCIMENTO DE PLANTAS (BPCPS) NA CULTURA DE FEIJÃO CAUPI


(Vigna unguiculata [L.] Walp.)
James Pereira1; Lindete Mírian1; Erick Aureliano1; Jéssica Rodrigues1; Jackson Leite1;
Francisco Carvalho1; Morgana Santos1; Cristiane da Paz1
(1)
UNEB – DTCS, C.P. 171, 48905-680, Juazeiro-BA. james.jps@gmail.com.

INTRODUÇÃO
No semi-árido do nordeste brasileiro, o feijão-caupi (Vigna unguiculata L. Walp)
se destaca como cultura adaptada e de importância sócio - econômico para pequenos e
médios agricultores, devido a sua tolerância às condições de estresses hídrico, térmico e
por vezes, salino (Siqueira, 1983).
A associação de plantas com bactérias benéficas vem recebendo seriedade
gradativa no biocontrole de doenças das plantas. Sabe-se que algumas bactérias, mais
especificamente as rizobactérias promotoras de crescimento em plantas (RPCP),
contribui para aumentar a capacidade competitiva do hospedeiro. (Défago etal., 1990).
O objetivo deste trabalho de pesquisa foi o de avaliar a potencialidade da colonização
isolada e mista de bactérias promotoras de crescimento e Rhizobium em caupi.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em Laboratório de fitopatologia e Casa de
vegetação, do Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais - DTCS, da Universidade
do Estado da Bahia - UNEB, Campus III, município de Juazeiro, BA, no período de
abril a julho de 2008. O feijão caupi utilizado foi a BRS Pujante (PC 95-05-12-2-2
EMBRAPA). Foram selecionadas 250 sementes de feijão, que foram inoculadas com
bactérias promotoras de crescimento (BPCPs – conservadas em tubos) da coleção da
Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, e estirpe de Rhizobium da
EMBRAPA Agrobiologia (SEMIA 6462, Bradyrhizobium spp).
Utilizou-se uma mistura de solo (proporção 3:1 – textura: franco arenoso). A
argila e a areia foram incorporados e colocados em sacos de pano, levados para serem
esterilizado, sendo estes autoclavados, por duas horas à temperatura de 120°C. As
bactérias promotoras de crescimento (BPCP) foram repicadas e multiplicadas em placas
de Petri por 24-48h à temperatura média ambiente de 25ºC em meio extrato de
levedura-dextrose-ágar (NYDA). Para inoculação das sementes foram utilizados 100mL
de ADE para a obtenção das suspensões bacterianas geradas pela diluição das colônias
crescidas por 48 horas em placas de Petri contendo meio NYDA em erlenmeyer. As
sementes inoculadas foram identificadas em pano TNT, previamente lavadas por 20
minutos em água corrente, desinfestadas em hipoclorito de sódio (concentração 3:1)
durante 2 min e depois lavadas apenas em água destilada esterilizada e colocadas para
secar em papel toalha. A bacterização das sementes consistiu na imersão em suspensão
bacteriana durante 30 minutos, sendo em seguida colocadas sobre papel toalha para
secagem por 60 minutos. A inoculação do Rhizobium nas sementes tratadas com BPCP
foi realizada de acordo com metodologia empregada por Gonzaga (2002). As sementes
foram uniformemente revestidas pelo inoculante e secas à temperatura ambiente por
cerca de 120 minutos, e posteriormente semeadas em vasos de 3 kg de solo. O
experimento consistiu de 12 tratamentos e três repetições representados pelos vasos (3
plantas/vaso) (Tabela 1). A análise de variância dos dados adotou o modelo de um
delineamento inteiramente casualizados (DIC), e a comparação das médias foram
realizadas por meio do teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Aos 41 dias
após o plantio foram analisadas as seguintes variáveis: matéria seca dos nódulos (MSN),
número de nódulo (N.NOD); matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca da raiz
(MSR), comprimento da raiz (CR), e comprimento da parte aérea (CPA).
Tabela 01 – Tratamentos utilizados para inoculação da Cultivar de “Feijão-Caupi BRS
Pujante”.
N° TRATAMENTOS IDENTIFICAÇÃO HABITAT HOSPEDEIRO
T01 C210 B. cereus Epifítica Couve (folha)
T02 MEN 02 Paenibacillus lentimorbus Endofítica Melão (fruto)
T03 RAB 07 B. megaterium pv. Cerealis Epifítico Rabanete (folha)
T04 RAB 09 Bacillus sp. Epifítico Rabanete (folha)
T05 HNF 15 B. cereus Epifítica H. humilis (folha)
T06 C210 + RZ
T07 MEN 2 +RZ
T08 RAB 07 + RZ
T09 RAB 09 + RZ
T10 HNF 15 + RZ Bactéria + Rhizobium (SEMIA 6462, Brayrhizobium spp. Embrapa fev.
2008).

T11 RHIZOBIUM Sementes de feijão caupi inoculadas apenas com Rhizobium


T12 TESTEMUNHA Sementes de feijão caupi sem a inoculação de BPCP e Rhizobium

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 2 mostra que dos parâmetros avaliados, não foi averiguado diferenças
estatísticas de Rhizobium e isolados bacterianos sobre o comprimento da parte aérea,
massa seca das raízes e número de nódulos.
Tabela 02 – Desempenho da cultivar BRS – Pujante inoculados com BPCP e
Rhizobium.
CR CPA MSR MSPA N.Nód. MSN
TRATAMENTOS (cm) (cm) (mg) (mg) ( Und.) (mg)

C210 13.70 a 29.43 a 1.92 a 10.66 a 1.43 a 26.66 a

MEN 02 16.05 a 33.15 a 2.28 a 5.33 a 1.67 a 60.00 abc


RAB 07 19.70 ab 32.96ª 2.16 a 12.66 a 1.41 a 16.66 a

RAB 09 18.81 ab 33.78 a 2.41 a 18.33 ab 2.52 a 13.66 a

HNF 15 34.90 b 32.70 a 2.17 a 11.33 a 1.56 a 46.66 ab

C210 + RZ 14.26 a 32.66 a 2.56 a 27.66 ab 1.60 a 106.66 bc

MEN 02 + RZ 13.93 a 33.36 a 2.25 a 26.66 ab 1.55 a 53.33 ab

RAB 07 + RZ 13.40 a 34.86 a 2.48 a 42.33 ab 1.98 a 106.66 bc

RAB 09 + RZ 13.60 ab 34.33 a 2.38 a 22.66 ab 1.32 a 133.33 c

HNF15 + RZ 26.36 ab 34.65 a 2.45 a 57.66 b 1.60 a 106.66 bc

RHIZOBIUM 26.10 ab 31.66 a 2.00 a 24.00 ab 1.04 a 46.66 ab

TESTEMUNHA 27.23 ab 31.00a 2.41 a 17.66 ab 1.28 a 23.33 a

CR = comprimento da raiz; RZ = Rhizobium; CPA = comprimento da parte aérea; MSR = massa seca da raiz; MSPA = massa
seca da parte aérea; N. Nod. = numero de nódulos; M.S.N. = massa seca dos nódulos. Médias na coluna, seguidas pela mesma
letra, não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Entretanto, observando-se o parâmetro comprimento da parte aérea (CPA),
verificam-se maiores valores de médias na maioria dos tratamentos em relação à
testemunha. Com relação ao peso seco das raízes (MSR), o tratamento C210 + RZ,
apresentou maiores valores de médias em relação aos demais tratamentos de bactérias
com Rhizobium. Referente aos resultados de média do numero de nódulos (N. NOD.)
por tratamento, ocorreu um aumento de número de nódulos em tratamento de bactéria
sem inoculação de Rhizobium, RAB 09, com médias acima daquelas que foram
inoculadas com Rhizobium, tais como: C210 + RZ; MEN 2 + RZ; RAB7 + RZ; RAB9 +
RZ; e HNF15+ RZ, e esses tratamentos com média superior à testemunha, Para o
parâmetro massa seca da parte aérea (MSPA), HNF 15 + RZ, teve resultado de médias
superiores, com ganhos de massa elevados quando comparados à testemunha. Em
relação ao comprimento das raízes (CR), o tratamento HNF 15 obteve média superior
em relação a HNF15 + RZ, que por sua vez não houve significância ao nível de 5%
quando comparado à testemunha.
Para a matéria seca de nódulos (MSN), quatro tratamentos (C210 + RZ, RAB 07
+ RZ, RAB 09 + RZ, e HNF15 + RZ) foram superiores em relação à testemunha e
significativos ao nível de 5% pelo teste de Tukey, demonstrando sua eficiência neste
parâmetro avaliado. Embora haja inúmeros relatos positivos sobre as BPCP, quanto ao
aumento na produção das culturas, crescimento de plantas e supressão de doenças, a
utilização desses microrganismos nem sempre tem fornecido bons resultados,
provavelmente devido às dificuldades encontradas no estabelecimento e sobrevivência
das bactérias nos diferentes substratos e condições ambientais (Atkinson & Watson,
2000). Portanto, para uma maior eficiência das BPCP na rizosfera, faz-se necessário
estudar a ecologia desses microrganismos nos sistemas biológicos, e obter informações
sobre mecanismos de colonização de raízes, especificidade de hospedeiros, influência
de fatores ambientais e interações com outros microrganismos.
CONCLUSÕES
Para os parâmetros CPA, MSPA, N.NOD, e MSR, não houve diferença significava dos
tratamentos em relação à testemunha. No parâmetro matéria seca dos nódulos obteve-se
valores significativos ao nível de 5% nos tratamentos C210 + RZ, RAB 07 + RZ, RAB
09 + RZ, e HNF15 + RZ quando comparados à testemunha.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATKINSON, D.C. & WATSON, A. The beneficial rhizosphere: A dynamic entity. Appl.
Soil Ecol., 15:99-104, 2000.
DÉFAGO, G.; BERLING, C.H.; BURGER, U.; HAAS, D.; KAHR, G.; KEEL, C.;
VOISARD, C.; WIRTHNER, P.H.; WÜTHRICH, B. Suppression of black root rot of
tobacco by a Pseudomonas strain: potential applications and mechanisms. In:
HORNBY, D.; COOK, R.J.; HENIS, Y. (Ed.). Biological control of soil-borne plant
pathogens. Wallingford : CAB International, 1990. p.93-108.
GONZAGA, S. S. Inoculação de sementes de leguminosas. Instrução técnica para o
produtor. Embrapa Pecuária Sul, n.14, 2002.
SIQUEIRA, J.O. Nutritional and edhaphic factors affecting spores germination, germ
tube and root colonization by vesicular-arbuscular-mycorrhizal fungi. Gainsville :
University of Florida, 1983. 159p. Ph.D. Thesis.
AGRADECIMENTOS
À Profa Rosa de Lima Ramos Mariano – UFRPE, por dispor da sua coleção de BPCP,
bem como a EMBRAPA Agrobiologia por ceder o inóculo de rizóbio para trabalhos no
caupi. Ao PICIN-UNEB e FAPESB

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