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A CEREJEIRA DO NATAL

Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou

O senhor Tadeu tinha, l na horta, uma cerejeira de que


gostava muito. Quando chegava o tempo das cerejas, era uma fartura, uma doura que no havia igual. Pois , mas os pardais tambm diziam o mesmo. Tinham uma predileco por aquela cerejeira nem que as cerejas fossem de mel. Eram quase. O senhor Tadeu enxotava-os, pendurava fitas nos ramos para assust-los e chegou a armar um espantalho de vassoura na mo, que prendeu no alto da cerejeira. Fazia vista, mas no metia medo. Mal chegava o tempo das cerejas amadurarem, a pardalada vinha em excurso festiva para o meio da cerejeira. Depenicavam com tal arte que chegavam a deixar s o caroo das cerejas, preso ao pezinho suspenso da rvore. Um desespero para o senhor Tadeu. 1
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H dias, encontrei-o, na loja de artigos de Natal, a carregar um enorme embrulho. Ena! exclamei eu. O seu pinheiro vai ficar bem enfeitado. No para o pinheiro emendou o senhor Tadeu. para a cerejeira. Ento, explicou-me o seu plano. Quando, da Primavera para o Vero, os frutos da cerejeira comeassem a engordar, ele ia enfeitar a rvore com sininhos e bolas de Natal. Para os pardais julgarem que um pinheiro conclu eu, pouco convencido da eficcia do projecto. Eles so mais espertos do que isso. Seriam, de facto, reconheceu o senhor Tadeu, mas tambm so uns passarinhos alarmados. Detestam rudos imprevistos. Ouvindo os sininhos, agitados pelo vento, fogem. E as bolas de Natal, brilhando ao sol, tambm lhes ho-de meter respeito. O senhor Tadeu l se foi, muito contente com o seu plano. Resulte ou no resulte, a cerejeira h-de gostar.

FIM

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