Você está na página 1de 7

Nilson Redis Caldeira – Certificado pela

Coaching Executivo – Vendas – Liderança - Vida

Coaching no divã
O impacto das ferramentas de Coaching na psicoterapia.
O objetivo deste artigo é analisar estudos que demonstram a relação entre processos de
coaching e psicoterapia e as contribuições das ferramentas de coaching em determinados
estágios dos processos terapêuticos.

Em função da crescente procura pelos processos de coaching iniciaram-se pesquisas para


comprovar a eficácia desta técnica. Este artigo se baseia na pesquisa “The impact of life
coaching on goal attainment, metacognition and mental health”, 2003, conduzida por
Anthony M. Grant, fundador e diretor do Coaching Psychology Unit, da Universidade de
Sydney, Austrália, além de outras fontes citadas no final do texto.

Neste estudo comprovou-se a eficácia de um processo de coaching de vida com


contribuição para o efetivo desenvolvimento pessoal e na busca de metas dos
participantes da pesquisa. Porém, este estudo revelou outras conclusões relacionadas à
saúde mental e qualidade de vida destes indivíduos, as quais se destacam:

 Os participantes indicaram que os níveis de depressão, estresse e ansiedade foram


reduzidos;
 Relataram uma melhora na qualidade de vida;
 Aumento dos insights;
 Redução dos níveis de compulsão por idéias paralisantes;

A conclusão da pesquisa apontou evidências de que um programa de coaching pode


melhorar a saúde mental e qualidade de vida de um indivíduo. Com base neste
pressuposto, a proposta é estender a utilização das técnicas de coaching em processos
terapêuticos, onde o psicoterapeuta identifique oportunidades para agregar valor ao
tratamento.

Neste artigo serão analisadas as diferenças entre coaching e terapia, os fundamentos do


coaching e a contribuição das suas ferramentas em processos de mudança
comportamental.

Telefone : 011 92220922 nilson@nilsonredis.com.br


http://nilsonredis.spaces.live.com
Nilson Redis Caldeira – Certificado pela
Coaching Executivo – Vendas – Liderança - Vida

Coaching não é terapia.

É comum a confusão entre coaching e terapia porque em algumas situações as


competências dos terapeutas e dos coaches são muito parecidas, entretanto existem
diferenças básicas. Normalmente se busca a terapia para resolver distúrbios e
comportamentos emocionais e o foco, muitas vezes, esta no passado.

Em contraste com a terapia, o coaching é uma jornada em busca de sonhos, satisfação na


vida e melhora da performance através da exploração do potencial do indivíduo. O
coaching é procurado por pessoas que querem ajuda para atingir suas metas, sejam elas
pessoais ou profissionais, e para isso re-examinam seus pressupostos em busca de novas
opções e caminhos para atingir seus objetivos. Outro fator importante é que o Coaching
trabalha do presente para o futuro. Ele só vai ao passado quando o cliente necessita de
algum recurso ou habilidade que já usou antes e agora precisa novamente.

Coaching, um processo distinto e diferenciado de apoio as pessoas.

O coaching utiliza ferramentas que levam ao autoconhecimento, permitindo criar escolhas


e caminhos que levam a mudança. Desta forma ele combina conceitos oriundos da terapia
cognitiva comportamental, psicologia positiva, inteligência emocional, filosofia,
mentoring, management, pensamento sistêmico e na programação neurolinguística
tornando-se uma disciplina diferenciada e única.

Da mesma forma que o coaching construiu ferramentas com base na sua evolução e junto
a outras disciplinas o inverso também ocorre, ou seja, a utilização de ferramentas de
coaching na psicoterapia em complementaridade aos processos terapêuticos.

Da teoria a prática: como as ferramentas de coaching podem contribuir com a


psicoterapia.

 As técnicas de comunicação do coaching.

Um exemplo da contribuição do coaching para a psicoterapia é em relação às


habilidades de comunicação do coach. No coaching as técnicas de comunicação
junto ao cliente, inclusive as não verbais, são partes do processo. Na metodologia
o coach não dá respostas, mas estimula a reflexão através de perguntas. Neste
processo a comunicação não verbal é fundamental, pois através da postura do
cliente acessa-se a estados emocionais internos. Desta forma a checagem entre a

Telefone : 011 92220922 nilson@nilsonredis.com.br


http://nilsonredis.spaces.live.com
Nilson Redis Caldeira – Certificado pela
Coaching Executivo – Vendas – Liderança - Vida

congruência emocional e postural do cliente é importante, pois ela aponta se o


conteúdo expresso esta alinhado.

o Sistemas representacionais.

De acordo com Joseph O´Connor, “Assim como vemos, ouvimos, sentimos sabores,
tocamos e cheiramos o mundo exterior, também recriamos estas mesmas
sensações em nossas mentes, re-apresentando o mundo a nós mesmos através do
uso interno de nossos sentidos. Podemos nos lembrar de experiências passadas,
ou imaginar experiências futuras possíveis (ou impossíveis). Você pode se imaginar
correndo para pegar um ônibus (imagem visual lembrada) ou correndo pelos
canais de Marte vestido de Papai Noel (imagem visual construída). A primeira terá
acontecido. A segunda, não, mas você pode representar ambas.”
Isto significa que podemos representar as duas imagens usando nossos sistemas
representacionais, que são o cinestésico, visual, auditivo, olfativo e gustativo.
Cada um de nós tem um sistema representacional preferido e o exemplo abaixo
pode ilustrar claramente.

 Situação: “Eu não compreendo”

 Traduções para sistemas representacionais:

 “Estou no escuro” – Sistema Representacional Visual


 “Isto tudo é grego para mim” - Sistema Representacional Auditivo
 “Não consigo captar isso” - Sistema Representacional Cinestésico

o Aplicação na psicoterapia dos sistemas representacionais.

Identificar e lidar com os sistemas representacionais são habilidades que podem


ser desenvolvidas e contribuem para a psicoterapia no momento que o
profissional que possui estas competências utiliza o sistema representacional para
melhorar sua empatia com o paciente estabelecendo uma comunicação mais
fluente e produtiva.
Quando o cliente relata uma emoção ou um fato racional, quais são os sistemas
predominantes envolvidos? O psicoterapeuta identificando o sistema
representacional dominante poderá acessar com maior empatia o significado
daquela emoção, inclusive fazendo perguntas dentro do mesmo sistema.

Telefone : 011 92220922 nilson@nilsonredis.com.br


http://nilsonredis.spaces.live.com
Nilson Redis Caldeira – Certificado pela
Coaching Executivo – Vendas – Liderança - Vida

 A otimização do tempo e a promoção de insights.

No processo de coaching quem tem as respostas são os clientes. Cabe ao coach


ter habilidade de fazer boas perguntas direcionadas ao objetivo do cliente e como
alcançá-los.

Com base neste pilar do processo de coaching desenvolve-se a questão de foco no


que é relevante para alcance do objetivo e como conseqüência há otimização do
tempo.
Estas técnicas normalmente são utilizadas junto com processos de representações
gráficas de como a pessoa se vê, entende seus recursos e imagina seus pontos
fortes. Aliando-se estes desenhos e gráficos, permite em muitos casos além dos
insights, a identificação na congruência dos desejos e comportamentos de cada
paciente mantendo o foco nos pontos relevantes.

 Relação entre a compulsão por idéias e o insight.

A pesquisa da Universidade de Sidney, apontada no início do artigo, revelou


também que houve um decréscimo nos níveis de compulsão por idéias, enquanto
o número de insights aumentou. Estes resultados indicam que índices de
compulsão por idéias elevados podem levar a uma auto-centrada ruminação
paralisante, ao invés de uma contribuição ao processo reflexivo associado à busca
de objetivos.

O estudo também sugeriu que enquanto os indivíduos estão focados no seu


processo para alcance das metas, tornam-se menos engajados na compulsão de
idéias paralisantes, tendo maior número de insights.

Outra implicação deste estudo é que o excessivo enfoque na análise de idéias pode
ser contraproducente em termos de alcance dos objetivos. O uso do processo de
coaching com metas claras pode ser útil para contrariar tendências de idéias
paralisantes prolongadas, principalmente pela questão metodológica, pois
enquanto a psicoterapia normalmente é orientada para o processo, o coaching é
orientado para os resultados.

A questão que a excesso de análise de idéias pode levar a depressão também fez
parte de outro estudo do professor Paul Verhaeghen, PhD, e sua equipe na
Syracuse University Psychology, de 2005, nos Estados Unidos, que estudaram a
relação entre criatividade e depressão. A depressão é associada à inatividade,
dificuldade de concentração e a vontade de ficar o tempo todo na cama, o que
Telefone : 011 92220922 nilson@nilsonredis.com.br
http://nilsonredis.spaces.live.com
Nilson Redis Caldeira – Certificado pela
Coaching Executivo – Vendas – Liderança - Vida

parece ser o contrário da criatividade, mas as pessoas depressivas são mais


propensas a meditar e auto-refletir em excesso, o que torna a depressão uma
variável intermediária, dado que a auto-ruminação também pode levar os
indivíduos a gerar um grande número de idéias criativas.

Ou seja, a partir do momento que se cria através do processo de coaching um


trabalho focado, alinhado com valores, com consciência das escolhas e estímulo a
ação, pode contribuir também com redução dos níveis de depressão.

Esta questão tem uma longa tradição na própria psicoterapia, remontando Carl
Rogers e, antes dele, a Otto Rank, que afirmaram que a perspectiva de uma data
de término geralmente pré-estabelecida aumenta a eficiência da terapia. E a
própria possibilidade desta data de término acaba contribuindo para um maior
foco durante o processo.

O convite a ação. O estímulo no processo terapêutico.

Um dos pressupostos do coaching é “Se quer entender, faça”, ou seja, o aprender esta no
fazer. Por isso todas as sessões de coaching terminam como uma ação normalmente de
iniciativa do próprio cliente, um pequeno passo normalmente em direção da mudança
que ele quer fazer.

Acontece, porém que este pequeno passo tem proporções maiores pelo significado que
ele possui. Ele pode representar à volta a confiança, uma melhora da auto-estima, a
sensação de viver algo que ele sempre desejou, enfim, este pequeno passo pode
desencadear fortes estímulos para alcance dos objetivos que a pessoa deseja.

No processo terapêutico estes pequenos passos podem ter influência em várias patologias
emocionais, como por exemplo, a depressão. É claro que estas técnicas não resolvem o
problema, já que muitas vezes trata-se de origem química, e psicológica, porém à medida
que estes pacientes têm mais claros seus objetivos e percebem sua evolução, fortalecem-
se a autoconfiança e auto-estima, componentes fundamentais no processo de melhora
das patologias.

 Dois relatos de atendimento simultâneos com psicoterapia e coaching.

Relatamos dois casos de pacientes que estavam recebendo atendimento tanto


psicoterapêutico quanto de coaching simultaneamente. No primeiro caso, a dependência
química a depressão vinha sendo tratada com medicamentos e terapia. No processo de

Telefone : 011 92220922 nilson@nilsonredis.com.br


http://nilsonredis.spaces.live.com
Nilson Redis Caldeira – Certificado pela
Coaching Executivo – Vendas – Liderança - Vida

coaching buscou-se focar em situações de satisfação e bem estar na vida, que estavam
diretamente ligadas à redução da dependência química. Com pequenas metas e um
objetivo maior em longo prazo o cliente conseguiu sensíveis melhorias em seu processo
terapêutico, reduzindo de forma significativa a dependência química e como efeito
complementar contribui para redução dos níveis de depressão.

No segundo caso o tratamento foi realizado por uma psicoterapeuta com supervisão de
um coach. O paciente havia feito a formação em uma área acadêmica, mas estava com
medo de exercê-la. Estava questionando sua capacidade e merecimento. A técnica
utilizada foi à mesma de atribuição de tarefas feitas pelo próprio paciente. À medida que
foi realizando estas tarefas o paciente começou a ver cenários que não imaginava e o mais
importante, começou a se ver dentro destes cenários atuando. E o objetivo traçado foi
alcançado e o paciente esta trabalhando na área desejada.

Conclusão.

A grande contribuição do Coaching é ajudar as pessoas no auto-desenvolvimento. Neste


processo cria-se uma série de ações que movem e estimulam descobertas e formas de ver
a vida diferente, com novas perspectivas e principalmente com foco em pontos
relevantes, consciência das escolhas e motivação para ação.

Desta forma o conhecimento das técnicas de coaching pelos psicoterapeutas e


profissionais da saúde, passa a ser uma ferramenta indispensável para todos que desejam
se atualizar na busca do que existe de melhor para seus pacientes.

Como conhecer um pouco mais sobre estas aplicações.

Os interessados em conhecer mais profundamente as técnicas de coaching e suas


aplicações na psicoterapia, estão convidados a participar do curso “Introdução a técnicas
de coaching para psicoterapeutas” que será ministrado nos dias 27 e 28 de junho, por
Nilson Redis Caldeira, coach e Pepita Rovira, psicóloga e psicanalista com apoio da
Sociedade Paulista de Estudos e Aprofundamentos em Psicanálise. Para conhecer o
programa e maiores informações acesse http://www.sppsic.org.br.

Telefone : 011 92220922 nilson@nilsonredis.com.br


http://nilsonredis.spaces.live.com
Nilson Redis Caldeira – Certificado pela
Coaching Executivo – Vendas – Liderança - Vida

Fontes deste artigo:

Livros
 O´Connor Joseph e Lages, Andrea. How coaching works, A&C Black, London, 2008
 O´Connor Joseph e Lages, Andrea. Coaching com PNL, Qualitymark,Rio de Janeiro, 2004
 O´Connor Joseph. Manual de Programação Neurolinguística, Qualitymark,Rio de Janeiro,
2003

Artigos e pesquisas
 Grant, A. 2003 - The impact of life coaching on goal attainment, metacognition and mental
health, University of Sidney, Australia.
 Grant, A. 2006 - Coaching for enhanced performance: Comparing cognitive and
behavioural approaches to coaching, University of Sidney, Australia.
 Stewart, Lorna; Palmer, Stephen; Wilkin, Helen; Kerrin, Maire 2008 - The influence of
character: does personality impact coaching success?, London, UK
 Kauffmann, Carol; Bachkirova, Tatiana 2008 – The evolution of coaching:a cottage industry
grows up: an interview with Sir. John Whitmore, Kauffman-Harvard Medical School, USA;
Bachkirova-Oxford Brookes University,UK
 Kauffmann, Carol; Bachkirova, Tatiana 2008 – Coaching is the ultimate customizable
solution: an interview with David Peterson, Kauffman-Harvard Medical School,
USA;Bachkirova-Oxford Brookes University,UK
 Palmer, Stephen; Whybrow, Alison 2008 – The art of facilitation – Putting the psychology
into coaching, UK
 O´Riordan, Siobhain 2008 – How to become a coaching psychologist, UK
 Brickey Phd, Michael 1999 – Traditional and innovative views of coaching: an interview
with Marilyn Puder-York and Ellen McGrath, NY, USA
 E. Fox PHD, Ronald 1990 – Clinical psychologists as executive coaches, USA
 Linley, Alex; Kauffmann, Carol 2009 – Positive coaching psychology: Integrating the science
of positive psychology with the practice of coaching psychology, Linley-Warwick, Uk;
Kauffman-Harvard Medical School, USA
 Foxhall, Kathryn 2002 – More psychologists are attracted to the executive coaching field,
USA
 Kauffmann, Carol 2008 – Four steps to putting positive psychology into your coaching
practice, Harvard Medical School, USA
 Grant, A. 2009 – Coach or couch? Harvard Business Review, USA
 HBR Research Report – What are the similarities and differences between coaching and
therapy? Harvard Business Review, USA
 Scoular, Anne 2009 – How do you pick up a Coach? Harvard Business Review, USA
 Charam, Ram 2009 – The coaching Industry: A work in Progress Harvard Business Review,
USA

Telefone : 011 92220922 nilson@nilsonredis.com.br


http://nilsonredis.spaces.live.com

Você também pode gostar