Erisíchton e Macunaíma: Algumas Pistas para a Compreensão das
Relações entre Mídia e Educação
Na economia clássica, considerava-se o consumo apenas para
colmatar as necessidades básicas do indivíduo. Na sociedade moderna, o consumo conquista a esfera da necessidade, sendo mais forte que esta. Daí que a reestruturação das necessidades em signos (marcas, representações) facilmente compreensíveis, é na sociedade moderna, uma das formas eleitas para comunicar. A acção de consumir é considerada como uma forma para o indivíduo “fazer-se valer, mostrar-se, e mostrar preferências que são exibidas como signos distintivos”. Peixoto, J. in Paraskeva & Oliveira (2008:285). O processo de comunicação, através da publicidade, pode ser enfrentado, não como uma necessidade efectiva, mas como uma forma de superioridade e importância.
A evolução da sociedade consumista e o intenso poder da
publicidade, fazem com que os indivíduos sejam reconhecidos, hoje, não pelo que são na realidade, mas pelo que evidenciam. Esta posição, contribui para que os valores humanos se vão perdendo, visto que, o indivíduo prefere juntar-se a grupos categorizados socialmente, para “mostrar” poder e impacto social, que na realidade, pode não ter. O indivíduo, actua em consonância com a ideologia da indústria publicitária. Esta, faz com que o individuo perca a sua própria identidade, idiossincrasia, reduzindo-a ao próprio objecto- signo. Então porque vive sempre insaciado? Vive sempre querendo consumir o que pode e o que não pode, sem parar para reconsiderar sobre toda esta “máquina” publicitária. A publicidade sobrepõe-se à razão, orienta o indivíduo para estilos de vida, muitas vezes desajustados da sua realidade. Esta é a sociedade da manipulação social, onde a lei do mercado rege essa sociedade, tornando-a com hábitos semelhantes e não diferentes ou heterogéneos. A sociedade moderna faz com que sejamos consumidores de nós próprios e isto leva à exagerada racionalidade das relações humanas - as pessoas aprendem a falar a linguagem da publicidade. Toda esta situação, deve servir para momentos de reflexão, que podem contribuir para, quiçá, a mudança de mentalidades e alteração de comportamentos. Esta sociedade, que parece ter perdido a capacidade para reflectir, consciente e criticamente tudo o que consome, deveria dar prioridade às reais necessidades básicas, em vez de valorizar mais o Ter do que o Ser. Assim, podemos afirmar que os meios de comunicação e informação devem ser encarados como instrumentos ao serviço do desenvolvimento, seja ele pessoal, social ou educativo. “A educação para os mídia (…) primeiro deve adaptar-se à escola e à sociedade moderna, (…). Os mídia devem também servir para fortalecer as ideias e relações antidemocráticas e de cidadania”. Cf. Peixoto, J. in Paraskeva & Oliveira (2008:292).
Peixoto, J. (2008). "Erisíchton e Macunaíma: Algumas pistas para a
compreensão das relações entre mídia e educação", in Currículo e Tecnologia Educativa. Paraskeva,J. M. e Oliveira. L. R. (org.), Volume II. Ed. Edições Pedago, LDA.
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