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Índice
PETRÓLEO 5 DIREITO 7 Expediente
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
O PRÉ-SAL E A CRISE ECONÔMICA INVIOLABILIDADE DOS DEPARTAMENTOS Arthur Chagas Diniz
Adriano Pires JURÍDICOS DAS EMPRESAS Elcio Anibal de Lucca
Rodrigo Mattos V. de Almeida Alencar Burti
Paulo de Barros Stewart
Jorge Gerdau Johannpeter
ESPECIAL 10 DESTAQUE 11 Jorge Wilson Simeira Jacob
José Humberto Pires de Araújo
Raul Leite Luna
Ricardo Yazbek
Roberto Konder Bornhausen
Romeu Chap Chap
CONSELHO EDITORIAL
Arthur Chagas Diniz - presidente
Alberto Oliva
Aloísio Teixeira Garcia
Antônio Carlos Porto Gonçalves
Bruno Medeiros
O BOM, O MAU E O FEIO O DIREITO “ALTERNATIVO”: Cândido José Mendes Prunes
Uma visão liberal do fato IN DUBIO PRO MARX! Jorge Wilson Simeira Jacob
José Luiz Carvalho
Ubiratan Jorge Iorio Luiz Alberto Machado
Nelson Lehmann da Silva
DIRETOR / EDITOR
Arthur Chagas Diniz
JORNALISTA RESPONSÁVEL
CRISE E EMPREGO DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO... Ligia Filgueiras
Guilherme Afif Domingos Eduardo Viola e Héctor R. Leis RG nº 16158 DRT - Rio, RJ
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Petróleo
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Petróleo
que o pré-sal deixe de ser uma talvez seja a mais bem preparada, mais lembrar que com esse marco
reserva econômica e passe a ser terão uma tarefa nada fácil para legal a Petrobras alcançou re-
uma reserva estratégica para o extrair o petróleo do pré-sal de cordes de produção e lucro.
Brasil. De toda forma, o bilhete maneira economicamente viável. Investiram no país cerca de 71
premiado do pré-sal continua O segundo desafio é de ordem empresas privadas, o país tornou-
existindo, e a crise pode nos dar econômica. Esse desafio cresceu se autossuficiente e o campo de
a chance de discutirmos com mais exponencialmente com a che- Tupi foi descoberto. O atual re-
calma e seriedade essa questão gada da crise e com o desaba- gime jurídico das concessões dá
fundamental para o futuro do país. mento do preço do petróleo. A maior garantia aos investidores,
A primeira providência é sermos Petrobras terá de conviver nos permite parcerias e é o mais
menos ufanistas. A segunda é o próximos trimestres com um preço transparente no que se refere à
nosso presidente ser menos captação e à distribuição da renda
populista. Vamos deixar de lado a petrolífera que fica em poder do
“Vamos
discussão política e ideológica e estado brasileiro. Sendo esse
substituí-la por uma mais técnica. discutir regime jurídico o mais adequado,
Para transformar o pré-sal de os critérios não tem o menor fundamento
potencial em uma verdadeira e a melhor econômico nem tampouco estra-
riqueza vamos ter de enfrentar tégico a criação de uma nova
dois grandes desafios. O primeiro sistemática empresa estatal. A única moti-
é o desafio tecnológico. A profun- para distribuir vação que enxergamos é a po-
didade em que se encontram os toda essa riqueza lítica. Com a estatal o governo
reservatórios de petróleo fará com teria mais liberdade de gastar a
que a exploração dos campos do
para a sociedade riqueza do pré-sal em projetos
pré-sal seja um dos maiores brasileira. Com políticos. Quando o governo
desafios tecnológicos já enfren- menos politização afirma que se baseia no modelo
tados pelas empresas de petróleo. da Noruega para a criação da
Um dos principais problemas é
e menos ideologia nova estatal, tenta nos seduzir
em relação à composição geoló- com certeza o com um exemplo de país que
gica das áreas a serem perfu- pré-sal poderá possui uma realidade que todos
radas. Após uma lâmina de água transformar para desejamos para o Brasil. No
”
de 2000 metros de profundidade entanto, as declarações lembram
é preciso perfurar uma camada melhor o Brasil. mais o modelo venezuelano do
de mais 2000 metros de rochas que o norueguês. No ambiente de
e, depois, ainda mais 2000 quilô- crise não faz sentido aumentar as
metros de sal. Segundo técnicos, de barril baixo, crédito escasso e participações especiais, e é preciso
a esse nível de profundidade existe será obrigada a reduzir custos e muito cuidado e clareza na apli-
uma pressão intensa, e o sal despesas. Portanto, como e onde cação do conceito de unitização
possui características fluidas que conseguir o dinheiro para trans- dos campos do pré-sal.
dificultam enormemente a per- formar o pré-sal em riqueza? Os Vamos aproveitar o momento
furação. Outra barreira tecno- investimentos necessários, calcu- da crise e discutir o pré-sal em
lógica são os dutos que conectam lados por bancos e por inúmeros etapas. Primeiro vamos investir no
as unidades de produção até as especialistas, são astronômicos: conhecimento tecnológico, na
plataformas. Esse talvez seja um variam de US$600 bilhões a um construção de modelos que finan-
dos maiores obstáculos a serem US$1 trilhão nos próximos 30 ciem os investimentos, dando
superados. Os dutos precisam ser anos. Essa variação depende dos segurança regulatória com a
muito leves, já que serão carre- volumes de petróleo que poderão manutenção do atual regime
gados por um navio ou plata- ser extraídos. As estimativas são jurídico de concessões. Depois
forma a que estiverem conec- de 50 bilhões de barris de petróleo vamos discutir os critérios e a
tados, e terão que resistir a anos a 100 bilhões a um custo de ca- melhor sistemática para distribuir
de correnteza e corrosão, além da pital da ordem de US$12 por toda essa riqueza para a socie-
presença do dióxido de enxofre barril. Isso significa de 40 a 60% dade brasileira. Com menos po-
que se encontra na camada pré- do PIB brasileiro. litização e menos ideologia com
sal. Enfim, as empresas petro- O primeiro passo é manter o certeza o pré-sal poderá trans-
líferas, incluindo a Petrobras, que atual marco legal. Nunca é de- formar para melhor o Brasil.
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desde que relativas ao exercício referido Estatuto nem mesmo ga- advogado somente se torna
da advocacia. rantiria inviolabilidade de escri- violável, nos termos do artigo 7º,
A inviolabilidade do escritório tórios quando seus clientes partici- §§5º e 6º, do EOAB, quando
ou local de trabalho e as demais passem como autores, co-autores “presentes indícios de autoria e
prerrogativas do advogado ope- ou partícipes de crimes, sendo materialidade da prática de crime
ram em favor dos clientes, como objeto de persecução penal. por parte de advogado”. Nesta
projeção das suas garantias O primeiro argumento é fala- hipótese, “a autoridade judiciária
constitucionais ao devido processo cioso e inveraz, porque, nos competente poderá decretar a
legal e à ampla defesa. Quando termos do EOAB, a inviolabilidade quebra da inviolabilidade” do
pede um parecer jurídico ou aplica-se expressamente ao escritório ou local de trabalho do
quando contrata a defesa de uma escritório do advogado ou a seu advogado, de seus instrumentos
causa, o cliente passa ao advo- “local de trabalho”. Esta última de trabalho e de sua correspon-
gado informações que devem expressão, à evidência, inclui as dência escrita, eletrônica, tele-
permanecer em regime de segredo salas ocupadas pelos departa- fônica e telemática. A decisão
profissional. mentos jurídicos das empresas, judicial, contudo, deverá ser mo-
Se o Estado tem acesso utilizadas como “local de tra- tivada e o respectivo mandado
àquelas informações, bem como balho” pelos advogados empre- de busca e apreensão, espe-
às notas dos advogados em gados, cuja isenção técnica e cífico e pormenorizado, cum-
relação às mesmas, ocorre a independência profissional, ine- prido na presença de repre-
negação do devido processo legal rentes à advocacia, por definição sentante da OAB.
e a inviabilização do direito de legal não são reduzidas nem Ainda assim, violado o local de
defesa, com a subversão dos prin- prejudicadas pela relação de trabalho dos advogados internos
cípios que regem a distribuição do emprego. de uma empresa, vale dizer, o
ônus da prova em juízo e perante A expressão “local de tra- departamento jurídico, os papéis,
a administração pública. balho” é reiteradamente utilizada arquivos, anotações, correspon-
Em verdade, os direitos e ga- na CLT, de modo que ninguém dência, comunicações internas
rantias citados beneficiam o pode ter dúvida sobre a inviola- entre os advogados internos e a
indivíduo contra a ação arbitrária bilidade das áreas reservadas aos diretoria somente poderão ser
do Estado e seus agentes. São departamentos jurídicos das em- devassados na hipótese de in-
escudos de proteção individual, presas. dícios e materialidade da prática
em face do poder de coação do O segundo argumento da- de crime pelos advogados in-
Estado armado, detentor do quela decisão judicial não é menos ternos, na qualidade de co-
monopólio do uso da força. Esse falacioso do que o primeiro, autores ou partícipes desse
é o sentido e o resultado da porque o local de trabalho do mesmo crime, em conjunto com
evolução jurídico-política da
civilização ocidental cristã.
Apesar do advento da Lei nº
11.767/2008, os ataques à
inviolabilidade dos advogados
continuaram, também atingidos
os departamentos jurídicos das
empresas.
Pela mídia, fica-se a saber que
foi deferida busca e apreensão
numa conhecida empresa de
construção civil, sem ressalvar as
dependências do seu depar-
tamento jurídico. A Ordem dos
Advogados tomou a iniciativa de
requerer fosse feita a ressalva,
mas a autoridade judiciária
indeferiu o pedido, argumentando
que: o EOAB só conferiria invio-
labilidade ao “escritório de advo-
cacia autônomo”, excluídos os A Constituição Federal (art. 133) estabelece ser o advogado indispensável
advogados empregados; e que o à administração da Justiça.
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os representantes legais da guardar segredo, salvo se, deso- classes mais desfavorecidas (‘pre-
pessoa jurídica empregadora. brigadas pela parte interessada, conceito de classe’)”.
Somente nesta hipótese é que quiserem dar o seu testemunho”. Esse argumento seria tolo, se
poderão ser violados docu- Essa lógica perversa da ação não fosse perverso. Primeiro,
mentos, mídias e objetos con- do Ministério Público e das porque os segredos de “clientes-
fiados ao departamento jurídico autoridades policiais, chancelada investigados de outras profissões”
da empresa, bem como os demais frequentemente pelo Judiciário, só são igualmente protegidos pelo
instrumentos de trabalho dos não é óbvia para uma mente artigo 153 do Código Penal.
advogados empregados que totalitária ou estatista. Mas, la- Segundo, porque reproduz a
contenham informações sobre a mentavelmente, o senso comum dialética da luta de classes no
empresa empregadora. dos juristas, agora designados âmbito do processo penal, agora
Tais indícios de autoria de “operadores do direito”, tem sido contrapondo os “com advogado”
crime, contudo, não poderão objeto de profunda mudança. aos “sem advogado”.
recair sobre atos que sejam É argumento que faz eco do
privativos da advocacia, pois o totalitário sistema judiciário
“ Adoinviolabilidade
advogado é inviolável por seus soviético, através do qual a “dire-
atos e manifestações no exercício ção da vanguarda do prole-
da profissão. Logo, a emissão de escritório ou tariado” e a “classe trabalhadora
pareceres jurídicos sobre atos ou como um todo” pretenderam
fatos do cliente (a empresa) ou o local de trabalho “construir uma nova sociedade”,
exame de tais fatos ou atos para e as demais e cujas decisões deviam ser um
o patrocínio de uma causa jamais “instrumento definitivo de obra
poderão configurar indícios de prerrogativas do política e de propaganda edu-
prática, co-autoria ou partici- advogado operam cacional, jurídica e política”. Nada
pação em crime pelo advogado
interno, em conjunto com a
em favor dos mais óbvio.
Nesse quadro, as garantias
empresa empregadora, através clientes, como constitucionais e legais trans-
de seus representantes legais. projeção das formam-se em fórmulas ocas,
Entender de outra forma será despidas de eficácia, ante o
violar segredos legalmente suas garantias engajamento político-ideológico
protegidos pelos artigos 153 e constitucionais ao de autoridades policiais, de
154 do Código Penal. Os advo- devido processo membros do Ministério Público e
gados e outros profissionais da Magistratura.
depositários de segredos incor- legal e à ampla A solução estaria na mudança
reriam em crime, se entregassem
documentos confidenciais de seus
clientes ou se contra estes
defesa.
” de mentalidade jurídica ou na
responsabilização penal efetiva
dos recalcitrantes, nos termos do
depusessem em Juízo. Então, artigo 3º, alínea “j”, da Lei nº
basta incluí-los como co-investi- No caso da decisão judicial 4.898/65, que estabelece cons-
gados, ao lado de seus clientes, citada, para justificar a busca e a tituir crime de abuso de auto-
para evitar que as prerrogativas apreensão nas salas reservadas ridade “qualquer atentado aos
e deveres legais da profissão aos advogados, a autoridade judi- direitos e garantias legais asse-
“atrapalhem” as investigações. ciária sustentou que agir de outra gurados ao exercício profis-
E arquivos profissionais são maneira importaria criar uma sional”.
devassados e advogados são distinção entre “clientes-inves- Contudo, em sede de respon-
levados a depor em Juízo, ou tigados de advogados” e “clientes- sabilização penal o abuso de
mesmo perante autoridades investigados de outras profis- autoridade, nesses casos, só será
policiais ou administrativas, para sões”, com desvantagem para efetivamente reprimido quando a
se defenderem de acusações que estes, que poderiam alegar titularidade da ação penal for
lhes sejam imputadas. Assim, com “sentimento experimentado de tra- outorgada aos ofendidos e à
um golpe de mão, supera-se a tamento não igualitário, aliás, o OAB, a fim de que se processe o
proibição do artigo 207 do que é sentido pelo cidadão comum crime, mediante queixa, indepen-
Código de Processo Penal: “São quanto à alegada desigualdade dentemente da vontade do
proibidas de depor as pessoas de repressão penal, a consciência Ministério Público. Enquanto isso
que, em razão de função, minis- de que a injustiça é mais aguda e não ocorrer, os abusos conti-
tério, ofício ou profissão, devam a justiça mais severa para as nuarão a suceder-se.
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Especial
Uma visão liberal do fato
s providências tomadas pelo que de pior aconteceu no país, Senado e a Câmara dos
A brigadeiro Nicácio Silva, O nos últimos meses, foram as O Deputados têm mostrado ao
presidente da Infraero, determinando enchentes ocorridas em Santa país um nível de falta de seriedade
a demissão de um numeroso lote de Catarina e no Norte/Nordeste acima de qualquer expectativa. As
apadrinhados políticos na estatal foi brasileiro. Uma das marcas mais chamadas verbas para passagens
o fato mais marcante do último visíveis do resultado das enchentes estão sendo utilizadas pelos repre-
trimestre. é o fato de estarem sem escola cerca sentantes do povo e das diferentes
Entre os demitidos estão o irmão de 400 mil estudantes de nível unidades da federação de maneira
do líder do governo no Senado, primário e secundário, com a arbitrária. O pior é que os presi-
Romero Jucá, além da ex-mulher do ocupação das escolas como dentes das duas casas são clientes
deputado Henrique Eduardo Alves, moradias temporárias para os desse esquema de corrupção. A
liderando a “limpeza” que deve atingidos pela calamidade. O utilização da verba de Sarney não foi
resultar na demissão de um total Governo Federal não se pronuncia divulgada, mas a de Roseana, sua
de 97 funcionários. e a partir do presidente Lulla, todos filha senadora, foi utilizada para
O brigadeiro Nicácio Silva, os mandatários têm receio de se trazer amigos do Maranhão para um
infelizmente, terá que retornar aproximar dos locais das catástrofes fim de semana em Brasília.
aos quadros da Aeronáutica. e ser automaticamente associados a Até agora nada aconteceu aos
A demissão dos apadrinhados é a elas. E a quem cabe, afinal, a infratores, que alegam não haver
primeira etapa de um processo responsabilidade por essas qualquer restrição ao uso desses
para a privatização da Infraero que, catástrofes que episodicamente recursos público/privados. Já na
durante longo período de tempo, ocorrem sempre nos mesmos Câmara dos Comuns, na Inglaterra,
foi presidida por políticos mais lugares? O poder público não a ocorrência de problemas similares
interessados na geração de investe na recuperação das obras levou a presidente daquela casa à
caixa para os seus partidos ou públicas inauguradas por outros renúncia. A oposição acha que o
enriquecimento particular. mandatários. É comum encontrar primeiro ministro James Brown foi
O TCU, em diversas ocasiões, orçamentos de investimento, tanto muito lento para reagir, e pede
apontou graves irregularidades nas em nível federal quanto estatal ou novas eleições.
contratações das obras de diversos municipal, onde não existe nenhuma A grande diferença entre o caso
aeroportos, sendo de destacar que rubrica como manutenção ou brasileiro e o inglês é a chamada
quase sempre as obras atendiam a depreciação. Quaisquer que sejam opinião pública. Lá ela vai às ruas
atividades colaterais (construção de as obras, hospitais, colégios, pontes, para reclamar da amoralidade. Aqui
lojas) e não às atividades fins dos estradas, equipamentos ou a opinião pública que poderia
aeroportos reformados ou armazéns, antes de se expandir acessar deputados e senadores é a
reformatados. Vale à pena a aquilo que já existe tem que haver de Brasília, uma cidade superlotada
companhar o que vai suceder à manutenção, o que não ocorre. de funcionários públicos que para lá
Infraero depois da saída do De outro lado, as populações com se transferiram com o
brigadeiro Nicácio Silva. baixo nível de renda tendem a dobro do salário e
ocupar espaços de risco, e as não podem ser
prefeituras ignoram a representativas da
ocupação. opinião pública
do país.
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Destaque
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Destaque
A politização do Poder Judi- “lutas de classes” retira do Direito cessuais, prazos e normas, tudo
ciário, da polícia e dos órgãos de o seu atributo de ciência nor- em nome de uma aludida e
Inteligência do Estado é um mativa. Segundo, porque o juiz sempre nebulosa “justiça social”.
campo fértil – como atesta sobe- não pode substituir o legislador. Por conta do voto ideológico, por
jamente a História – para a ascen- Terceiro, porque se uma deter- exemplo, nas demandas traba-
são ao poder de ideologias que, minada lei é “injusta”, o correto é lhistas empresas governamentais
mais do que submeterem o cida- que o Legislativo a revogue e não sempre levam a melhor, enquanto
dão ao Estado, o escravizam aos que o juiz a modifique de acordo que, quando o litígio é em em-
governos, tolhendo a sua liber- com o que pensa com os seus presas privadas, o vitorioso difi-
dade. É um mal que precisa ser botões. Quarto, porque defender cilmente é o patrão. A Doutrina
neutralizado pelo aperfeiçoa- que juízes não sejam imparciais é do Direito Alternativo, além de
mento das instituições. uma agressão ao bom senso. incompatível com uma sociedade
Quinto, porque lhes confere democrática, é uma perigosa
A DOUTRINA DO “DIREITO aberração ideológica, jurídica,
ALTERNATIVO OU PARALELO” econômica, política e ética, assim
“ doA Doutrina
resumida: in dubio pro Marx...
É preocupante quando uma A proliferação de adeptos
doutrina sustenta que um juiz está Direito dessa doutrina é mais uma dentre
acima da lei, submetendo-a a suas tantas demonstrações de que o
preferências ideológicas ou
Alternativo, além processo gramsciano de ocu-
partidárias individuais sob o de incompatível pação de todos os espaços no
pretexto de que seria dever do com uma sociedade âmbito da sociedade está em
Direito realizar “transformações estágio avançado de andamento.
sociais”, uma vez que a lei seria democrática, O recente caso do promotor
produzida pelos que estão no é uma perigosa Gilberto Thums – do Conselho
poder e, portanto, refletiria os aberração Superior do Ministério Público do
interesses da classe dominante Rio Grande do Sul e um dos que
(burguesia), em detrimento do ideológica, aprovaram um relatório no final
proletariado. A Doutrina do Direito jurídica, econômica, de 2007 pedindo a dissolução do
Alternativo, também denominado MST – que, sob pressão de muitos
Direito Paralelo e Direito Insur- política e ética, de seus pares, abandonou o
gente, repudia os princípios con- assim resumida: duelo que travava com o movi-
sagrados de neutralidade da lei e in dubio pro mento, que considera uma “orga-
”
de imparcialidade do juiz. A lei nização criminosa” e um braço de
não seria neutra porque se origina Marx... guerrilha da Via Campesina,
do poder dominante, e o juiz não atesta esse fato.
deveria ser imparcial porque deve
julgar os fatos subjetivamente e poderes exorbitantes, dotando-os O “ATIVISMO JUDICIAL”
posicionar-se tendo em vista ob- de um livre arbítrio que pode ser E O PROCESSO DE POLITIZAÇÃO
jetivos “sociais” (ou seja, “revo- calamitoso. Sexto, como cada DO JUDICIÁRIO
lucionários”), o que lhe aumenta cabeça é uma sentença, abre as
os poderes e lhe permite ques- portas para jurisprudências O Direito Alternativo respalda
tionar o conjunto de normais contraditórias, ou seja, para a o ativismo judicial militante
legais vigentes. O magistrado insegurança jurídica. Sétimo, nega manifestado em praticamente
entra dessa forma diretamente na o princípio do devido processo todos os tribunais e, de forma
“luta de classes”, abandonando legal, ou seja, a garantia de que mais forte, no STF, concentrando
sua postura de imparcialidade, ninguém pode ser atingido em poderes extraordinários em onze
que o “aprisionaria” dentro do seus bens e direitos sem o com- togas (dos atuais 11 ministros, 1
estrito cumprimento da lei. petente processo legal que res- foi nomeado por Sarney, 1 por
É uma visão ideológica do peite princípios constitucionais Collor, 2 por Fernando Henrique
Direito, supralegal e inteiramente diretivos, como o da legalidade, o e 7 por Lula, sendo que um deles
comprometida com o socialismo da isonomia e o do contraditório. por indicação de Frei Betto), em
distributivista, além de incompa- Segundo essa doutrina, para detrimento das instâncias judiciais
tível com a garantia das liberdades favorecer a parte vista como de base que, como ensina o
individuais. Primeiro, porque ao socialmente “excluída” não é Princípio da Subsidiariedade,
enfeixar o conceito marxista de preciso atender a ditames pro- estão sempre mais próximas dos
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Crise e emprego
Guilherme Afif Domingos
Secretário de Estado do Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo e presidente do
Programa Estadual de Desburocratização
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Matéria de Capa
e Bancos Centrais têm sido injetar impacto da retração do comércio externos, como, também, pela
vultosos recursos nas instituições internacional. As taxas de juros “aversão ao risco” que dominou
financeiras e nas empresas, altas, os depósitos compulsórios o sistema financeiro nacional.
reduzir juros e estimular o con- elevados e a tributação exagerada O desemprego se manifestou
sumo. oferecem ampla margem para a rapidamente em atitudes muitas
Em resumo, déficit público adoção de medidas anticíclicas vezes preventivas de grandes
exagerado, liquidez excessiva e que, no geral, não estavam dispo- empresas, assustadas com o
juros baixos estão na origem da níveis em outros países ou já cenário internacional de grande
crise, criando condições para as foram utilizadas sem que a crise incerteza e com forte desace-
distorções que se seguiram. Será tenha sido debelada. leração do mercado interno em
que as políticas que vêm sendo A crise internacional foi inter- consequência da retração do
adotadas para controlar a crise – nalizada pelos canais do comércio crédito. Desencadeou-se um
déficits públicos, injeção de exterior e do crédito. A redução processo de ajuste de estoques
liquidez e juros baixos – resolverão das correntes de comércio interna- que provocou forte queda da
os problemas da falta de con- produção industrial e aumento do
fiança no sistema financeiro, da desemprego.
“ Aatingiu
queda dos preços dos imóveis e O Banco Central demorou a
da inadimplência no mercado recessão entender a situação e, quando
imobiliário? Será que tais medidas agiu, o fez com sua tradicional
permitirão a volta dos empregos
as cautela, embora tenha atuado na
destruídos? Será que não é ne- economias mais direção correta, ao reduzir os
cessário reduzir o nível de consu- desenvolvidas, depósitos compulsórios e a taxa
mo nos Estados Unidos e em SELIC em doses bastante mo-
alguns países europeus para se
e seu preço destas, se comparadas com as
restabelecer o equilíbrio nos mer- mais dramático adotadas pelas autoridades
cados? Somente o tempo dirá. vem sendo o monetárias de outros países. As
medidas do governo, reduzindo
A CRISE E O BRASIL desemprego, tributos para alguns segmentos,
que provoca inicialmente para a indústria
Diferente de outras oportuni- medidas automobilística e depois para os
dades, o Brasil estava mais eletrodomésticos da linha branca
preparado para enfrentar a crise protecionistas e materiais de construção, tiveram
porque o setor externo, fonte em muitos impacto limitado sobre o con-
países.
”
tradicional de vulnerabilidade do sumo, a produção e o emprego.
País, estava tranquilo, com forte Apesar de o volume de crédito
superávit da balança comercial, na economia ter voltado aos níveis
baixo endividamento interna- de setembro – antes da crise – a
cional, câmbio flutuante e volume cional teve duplo impacto sobre a demanda cresceu muito em
confortável de reservas cambiais. economia brasileira. As quan- função da presença das grandes
Além disso, a política fiscal, tidades exportadas se reduziram empresas, com o que os empreen-
embora calcada mais em tribu- significativamente, e os preços dos dimentos de menor porte não
tação do que no esforço de principais produtos de exportação foram ainda contemplados com
contenção dos gastos, permitia a sofreram acentuada queda dos a volta dos financiamentos. As
obtenção de superávit. O sistema preços, com reflexos negativos operações dos bancos de menor
financeiro, saneado há mais de sobre investimentos, a renda e o porte e das financeiras, tradi-
uma década com o PROER, man- emprego do setor. O outro canal cionais fontes de recursos das
teve-se imune à contaminação foi a interrupção do crédito ex- pequenas e médias empresas,
dos “títulos tóxicos” e operava terno, que atingiu não apenas os somente agora, com o aumento
com baixo grau de alavancagem. financiamentos, inclusive do das garantias aos seus títulos,
Curiosamente, os defeitos da comércio exterior, como a fuga de começam a se recuperar.
política econômica que impediram capitais da Bolsa, secando as A questão do emprego con-
o Brasil de crescer a taxas mais principais fontes de recursos das tinua a ser muito séria, pois
elevadas, como os demais emer- grandes empresas. Essa interrup- mesmo que haja uma certa esta-
gentes, transformaram-se em ção provocou uma rápida para- bilização nas demissões, ima-
vantagens após a crise. A abertura lisação do crédito interno, não ginando-se que o pior da crise já
modesta da economia reduziu o apenas pela falta dos recursos tenha passado, o desemprego na
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Matéria de Capa
Grande São Paulo, segundo patamar atual o desemprego, que lhares de pessoas terem com-
dados da Fundação Seade e do já está muito elevado, deverá provação de renda e tornarem-se
Dieese, atingiu 14,9% em março, aumentar significativamente por não apenas consumidores, mas,
o que significa 1,5 milhão de conta do ingresso de cerca de dois sobretudo, cidadãos. O que se
trabalhadores à margem do milhões de pessoas que buscam espera, também, é que essa
mercado de trabalho. Não se uma oportunidade no mercado de legislação estimule o surgimento
pode considerar que as obras do trabalho. Estima-se que seria de novas iniciativas, atraindo o
PAC, por mais propaganda que necessário um crescimento da espírito empreendedor e a criati-
se faça a respeito, possam dar ordem de 5% do PIB somente para vidade de muitas pessoas que
grande contribuição na geração absorver esse contingente de atualmente não abrem um ne-
de emprego, porque são projetos novos demandantes por em- gócio por não desejar atuar na
de capital intensivo e de longa prego. informalidade.
maturação e, além disso, não são Enquanto o cenário econômico Nada disso, porém, substitui
suficientes para compensar a retra- externo e interno for de incerteza, a necessidade de se retomar
ção dos investimentos privados. os investimentos privados, novos com urgência o crescimento da
O plano de construção de um ou em expansão, não deverão economia, o que exige novas
milhão de casas ainda demora a retornar aos níveis anteriores, reduções dos depósitos compul-
sair do papel e será implementado pelo que é preciso estimular os sórios e da SELIC, direcionamento
gradativamente, mas o estímulo à micro e pequenos empresários a de crédito para as micro, pe-
construção civil é fundamental criarem empresas e gerarem quenas e médias empresas,
para fomentar a geração de empregos. e a diminuição horizontal de
empregos, embora seja impor- Em 1º de julho começará a vi- tributos como o IOF e a CSSL, em
tante que se leve em conta que gorar o MEI (Microempreendedor vez de beneficiar apenas seg-
esse fomento não pode ignorar as Individual), resultado da sugestão mentos com maior poder de
leis do mercado e comprometer a que tive a oportunidade de en- pressão. É preciso, sobretudo,
segurança das instituições finan- caminhar ao presidente Lula e restabelecer a confiança dos
ceiras com operações de risco que permitirá aos trabalhadores empresários e dos consumidores
muito elevado. individuais, que hoje se encontram para que a economia retome o
Mesmo se a economia crescer na informalidade, se legalizarem dinamismo que vinha apresen-
este ano o suficiente para esta- sem burocracia e com uma tribu- tando até setembro do ano
bilizar o nível de emprego no tação baixa, que permitirá a mi- passado.
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Política
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com o populismo. O elogio atual mesmo espaço, sem dúvida. Mas vida. Obviamente, se algo vai mal
do populismo reconceitualiza o a partir de uma perspectiva demo- a culpa será do capitalismo e do
fenômeno em termos das supostas crática os atores que constroem imperialismo! O resultado previ-
excelências de sua racionalidade e consolidam a democracia pre- sível no curto ou longo prazo é a
política. Dessa perspectiva, o cisam evitar a exacerbação tanto degradação da democracia e a
populismo se apresenta cons- do cinismo como da inimizade. O infelicidade da nação. As promes-
truindo a democracia, fazendo repertório populista não é sempre sas da democracia são de proce-
ingressar os excluídos no sistema o mesmo. Às vezes seu cardápio dimento, apontam principalmente
político democrático. Por certo o traz mais cinismo que inimizade, na direção de garantir as liber-
grande desafio da democracia é ou vice-versa, mas as consequên- dades econômicas e políticas. A
a inclusão dos habitantes da cias deletérias para a democracia rigor, a receita populista conduz
nação enquanto cidadãos. Mas são parecidas. O populismo atenta os países ao fracasso porque
será que o populismo cria cida- contra a sustentabilidade da de- centraliza todas as decisões
dania? econômicas e políticas. Num país
Já nos anos de 1930 o filósofo como a Venezuela de Chávez,
Levi Strauss criticava ao jurista
Carl Schmitt por dar preemi-
nência política à noção de inimigo
“ Opossui
retrocesso
duas
onde o Estado monopoliza o
petróleo da mesma forma que
a opinião pública, não há lugar
e, portanto, à lógica da guerra. caras: com o para o crescimento da economia
Quando o comportamento po- mesmo ímpeto nem dos cidadãos. Pelo contrário,
lítico dos atores reproduz essa as promessas da democracia não
lógica a nação acaba, mais cedo com que o giram em torno de benesses
ou mais tarde, esfacelada em populismo ganha oferecidas pelo Estado com pas-
fatias irreconciliáveis; isso por sua votos num grande ses de mágica, mas do ofere-
vez, conduz a uma perigosa de- cimento de igualdade de oportu-
terioração da governabilidade que número de países nidades para os cidadãos cui-
deixa os indivíduos indefesos, da América darem de seu destino de acordo
enquanto cidadãos. No final de Latina, também com seus méritos. A democracia
um caminho semeado de inimigos pode se tornar sedutora quando
se encontra a ditadura como ganha legitimi- confrontada com a ditadura. Mas
única saída possível para o dade ideológica a América do Sul já não tem como
restabelecimento da ordem. no campo continuar justificando a demo-
Apesar de o século XX ter regis-
trado uma longa série de resul-
tados catastróficos em todo o
democrático.
” cracia em função de regimes
ditatoriais que aconteceram mais
de duas décadas atrás. Aqueles
mundo, derivados dos movi- que maquiam a democracia com
mentos e processos políticos mocracia e do estado de direito as soluções fáceis do populismo
guiados por essa lógica, poucos porque estes são viáveis a partir de estão, a rigor, degradando a
ensinamentos nesse sentido uma lógica onde Estado, sociedade democracia para seus fins parti-
parecem ter sido assimilados na civil e mercado definem espaços culares.
América Latina. As tentativas de de convivência e de relativa con- A diferença do antigo em
produzir transformações sociais e fiança entre os diversos atores. relação ao novo populismo é que
políticas que visem a melhorar a Para os populistas é fácil ser o primeiro não prejudicava a
vida dos indivíduos são absoluta- sedutores: eles gastam o que não democracia com seu fracasso - o
mente válidas. Nem conserva- produzem e culpam os outros qual, de fato, se constituía em sua
dores nem revolucionários podem quando a festa acaba. Em todas alternativa. Hoje as coisas são
discordar disso. A política se legi- as suas variantes, o populismo diferentes, o populismo conduz à
tima na tentativa de mudar a rea- sempre foi contrario à economia degradação do regime demo-
lidade para melhor. Mas o ver- de mercado. Para piorar, vende a crático – processo que, no limite,
dadeiro ponto de inflexão não re- imagem de que as riquezas são se traduz na morte lenta da
side nos fins propostos, mas nos um fruto mágico da nação que o democracia. As promessas de
limites que os atores devem definir Estado deve apenas administrar solução integral dos problemas
e adotar para que a política al- com “justiça”. Desse modo é fácil da nação de forma imediata
cance tais fins. A política supõe certo cair nas redes da sedução, já que implicam, com a chegada do
grau de inimizade e de mentira ninguém parece ter que fazer um populismo ao governo, uma
entre os atores que disputam o esforço maior para melhorar de segura violência contra o sistema
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Política
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Sindicalismo
O Peleguismo
Sindical
Rodrigo Constantino
Economista e escritor
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Sindicalismo
inovadora de alguns, e é o da empresa, ele está agindo nos seus empregados. A função de
processo competitivo do ca- melhores interesses de seus con- empresário é muitas vezes vista
pitalismo que permite que tal sumidores. como sem valor, uma “explo-
progresso chegue às massas. Os Afinal, esses consumidores não ração” que permite a apropriação
sindicatos poderosos não passam estão dispostos a pagar mais pelo indevida da “mais-valia”. O
de uma barreira artificial nesse produto porque o trabalhador sindicalista ignora completamente
processo natural, cobrando um aumentou sua família. A inge- o fato de que as condições de
enorme pedágio para que o nuidade dos sindicalistas se mani- mercado estão sempre mudando
gargalo seja parcialmente deso- festa no fato de que eles próprios e que decisões fundamentais, que
bstruído. Mas esse resultado não nunca aceitariam o mesmo argu- podem selar o destino da em-
era imprevisível. A teoria eco- mento na compra dos produtos presa, precisam ser tomadas
nômica mostra que este é o efeito que eles consomem. O sindicalista diariamente. A visão sindicalista é
inexorável da concentração de estacionária. Portanto, o sindi-
poder em sindicatos. calismo ignora os problemas
A economia de mercado pode essenciais do empreendedorismo,
ser descrita também como a
democracia dos consumidores.
Os empreendedores e capitalistas
“criseComatual,
a
o
como a alocação de capital entre
os diferentes setores, a expansão
de indústrias já existentes, o desen-
não são autocratas que deter- “peleguismo” volvimento tecnológico, etc. Tudo
minam o que deve ser produzido que existe é tomado como certo
independentemente da demanda. está de volta com pelos sindicalistas, que desejam
Eles estão sujeitos à soberania dos toda a força. apenas uma divisão diferente
consumidores. São estes que, em daquilo já existente. Como Mises
última instância, decidem quais
Nos noticiários, conclui, não seria injusto chamar
produtos serão os vencedores no vemos quase o sindicalismo de uma filosofia
mercado. Os sindicalistas gos-
tariam de mudar isso, transfor-
diariamente as econômica de pessoas com visão
limitada.
mando tudo numa “democracia manifestações A essência das políticas sindi-
dos produtores”. A idéia é fala- sindicais em prol cais é sempre garantir privilégios
ciosa, como argumenta Mises em para um grupo minoritário à custa
Human Action, já que o propósito de medidas da imensa maioria. O resultado
final da produção é o sempre o protecionistas invariavelmente será reduzir o
consumo.
O que mais incomoda os sin-
dicalistas no sistema capitalista é
do governo.
” bem-estar geral. Os sindicatos
tentam criar barreiras contra a
competição entre trabalhadores,
sua suposta frieza na busca pelo garantindo privilégios para aque-
lucro. Mas o que eles ignoram é les já empregados. Quando esses
que essa busca é justamente o que enquanto consumidor não ques- obstáculos são erguidos (como
garante a supremacia dos con- tiona nas lojas se o bem foi pro- salário mínimo, necessidade de
sumidores. Sob a competição do duzido por empregados com diplomas, restrições de horas tra-
livre mercado os empresários são poucos ou muitos filhos. Ele quer balhadas e inúmeras outras re-
forçados a melhorar suas técnicas o melhor produto pelo menor galias), o que os sindicatos fazem
e oferecer os melhores produtos preço. E quando ele exerce essa é dificultar a entrada de novos
pelos menores preços. Por isso escolha, ele próprio está definindo trabalhadores, que poderiam
eles são levados a pagar somente como o empregador deve agir, aceitar condições menos favo-
o salário de mercado, ou seja, sempre mantendo o menor custo recidas. O resultado prático disso
aquele decorrente da produ- possível, incluindo um salário de é maior desemprego na econo-
tividade do trabalhador, sujeito às acordo apenas com o valor agre- mia, assim como preços mais
leis da oferta e da demanda. Se gado pelo trabalhador. altos para os consumidores.
um trabalhador pede aumento Uma característica presente na Sindicatos atuam como cartéis,
porque sua mulher teve mais um mentalidade sindicalista é o foco e muitas vezes abusam da
filho e seu empregador nega ale- no curto prazo. Para os sindi- ameaça de violência para atingir
gando que o nascimento do filho calistas a empresa tem um lucro seus objetivos. Como disse o
nada acrescenta à produtividade que pode ser dividido melhor entre economista Murray Rothbard,
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Sindicalismo
trata-se de uma grande curiosi- Ninguém precisa defender as decreto estatal, mas sim no
dade o fato de que esses sindica- idéias sindicalistas, muitas vezes próprio progresso capitalista. Foi
listas tenham conseguido con- impregnadas de violência, para se ele que permitiu o acesso dos
vencer boa parte da população de sensibilizar com as condições de trabalhadores a diversos produtos
que estão trabalhando em prol da muitos trabalhadores pobres. Na que aumentam o conforto de
sociedade quando se negam a verdade, pode ser justamente o maneira impensável mesmo para
trabalhar durante as greves. E contrário. A melhor garantia que aristocratas do passado.
mais espantoso ainda foi eles te- esses trabalhadores têm para Com essa teoria econômica em
rem convencido muita gente de mudar de vida está no sistema mente, fica bem mais fácil en-
que os trabalhadores que “furam” capitalista de livre mercado. Com tender os efeitos nefastos do
as greves, aceitando trabalhar nas o foco nos consumidores, os aumento do poder sindical no
condições ofertadas, representam empresários terão que investir em país. A simbiose entre os po-
a verdadeira escória humana e tecnologias que aumentam a derosos sindicatos e o governo
não passam de inimigos da produtividade do trabalho. Os acaba custando muito caro a
sociedade. Quando os grevistas salários terão aumento relativo todos. O caso da Embraer foi
atacam com violência esses aos preços dos produtos finais, sintomático. Quando a empresa
trabalhadores, a essência do lembrando que todos são consu- anunciou a demissão de milhares
movimento sindicalista fica ao midores. Os empresários no de trabalhadores, os sindicalistas
menos exposta: a verdadeira luta capitalismo desejam justamente e políticos logo aproveitaram o
não é contra a “exploração” atender as demandas das mas- momento para explorar o
capitalista, mas sim contra os sas, pois somente assim terão sensacionalismo. Ninguém pode
próprios trabalhadores que acei- expressivos ganhos de escala. Os comemorar demissões, que
tam trabalhar com menos van- produtos de luxo serão sempre causam bastante sofrimento. Mas
tagens. Os sindicatos não re- mais limitados, voltados para um muitas vezes tais demissões são
presentam todos os trabalha- público menor que aceita pagar necessárias para a própria
dores, mas sim os que já estão bem mais caro. sobrevivência da empresa e,
empregados, contra os demais, Por isso os trabalhadores de portanto, a manutenção de todos
incluindo os desempregados. E os países capitalistas desfrutam de os demais empregos. Além disso,
líderes sindicais não representam condições bem melhores que esses sindicalistas nada falaram
nem mesmo os interesses legítimos aquelas encontradas em países sobre a criação de milhares de
dos trabalhadores já empregados, socialistas. Não adianta achar empregos antes da crise pela
mas sim os seus próprios interes- que imposições legais vão me- empresa. Contratar e treinar
ses, muitas vezes em conflito com lhorar a vida dos trabalhadores. pessoal é um investimento caro,
o dos trabalhadores. A solução para isso não está no e nenhuma empresa gosta de
demitir gente. Logo, essas me-
didas drásticas serão tomadas
apenas quando necessárias. Mas
os sindicalistas ignoram a reali-
dade dos mercados, preferindo
apelar para uma retórica dema-
gógica. Dessa forma eles podem
posar de defensores dos traba-
lhadores, mantendo assim seus
privilégios intactos. Durante uma
crise aguda, como a atual, as
empresas terão que se ajustar
para sobreviver, ou correm o risco
de falência e perda de todos os
empregos. Durante a Grande
Depressão o Wagner Act assi-
nado pelo presidente Roosevelt
garantiu um poder enorme aos
sindicatos, e isso levou a um
aumento dos salários justo numa
Sindicalistas julgam grevistas que aceitam acordos como inimigos da sociedade. época em que as empresas deve-
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Sindicalismo
Não foram organizações sindicais que permitiram a melhora na qualidade de vida dos trabalhadores, e sim o progresso capitalista.
riam reduzir custos. O resultado ela foi perdendo capacidade de produtividade do trabalho. Os
prático foi o prolongamento da atender melhor a demanda dos sindicatos olham a economia como
crise e a perda de mais empregos, consumidores, que decretaram, um bolo fixo, e querem aumentar
que poderiam ter sido poupados. pelo plebiscito ininterrupto do sua fatia na marra. O capitalismo
Ninguém pode ficar feliz com o mercado, sua quase bancarrota. liberal é o fermento que pode fazer
anúncio de demissões. Mas A legislação trabalhista brasi- o bolo todo crescer.
politizar a questão dos empregos leira é ainda pior, totalmente Não foram os líderes da CUT,
é o caminho certo da desgraça retrógrada, e necessita urgen- da Força Sindical, os políticos do
para os próprios trabalhadores. temente de reformas que flexi- PDT e PT ou qualquer outro ícone
A GM é um excelente exemplo bilizem as relações entre patrão e do movimento sindicalista no país
dos perigos do sindicalismo forte. empregado. É preciso lembrar que permitiram a melhora na qua-
Ao longo dos anos, a pressão dos que sempre que for mais caro e lidade de vida dos trabalhadores,
sindicatos, com o apoio direto do complicado demitir alguém, será mas sim o progresso capitalista,
governo americano, resultou em também mais difícil contratar quase sempre a despeito das
inúmeras “conquistas” traba- alguém. Além disso, ignorar as barreiras criadas por esses gru-
lhistas, mas o custo desses bene- leis de mercado pode ser maravi- pos. Para o capitalista ficar rico
fícios acabou sendo o declínio da lhoso no mundo da fantasia, mas no livre mercado ele precisa criar
competitividade da empresa. Seus na prática é fatal. A concorrência riqueza, ou seja, atender a de-
carros chegaram a custar até US$ de livre mercado é a melhor manda dos consumidores. Já os
2.000 a mais que um similar da garantia que os consumidores têm líderes sindicais acumulam ri-
Toyota, para que a empresa de bons produtos a preços aces- queza expropriando os empre-
pudesse honrar todos os benefí- síveis. Ao mesmo tempo, a com- sários e trabalhadores. O “im-
cios cedidos. A situação foi se petição entre empresas também posto sindical”, por exemplo, é
deteriorando a ponto de atual- representa a melhor garantia de apenas um roubo legalizado, que
mente a GM estar praticamente bons salários para os trabalha- obriga o trabalhador a contribuir
quebrada, necessitando de cons- dores. Barrar essa concorrência mesmo contra sua vontade. Se
tantes injeções de capital do através de obstáculos artificiais do o Brasil realmente deseja avançar
governo americano. Como os governo gera apenas miséria e economicamente, se transfor-
sindicatos não trabalhavam em desemprego. O mais importante mar num país rico de “Primeiro
prol do aumento da produtividade para aumentar os salários dos tra- Mundo”, ele deverá antes extirpar
da empresa, mas sim para di- balhadores não é a pressão polí- o câncer do “peleguismo sindical”,
recionar uma parte cada vez tica feita através de máfias sindicais, infelizmente quase em estado de
maior do bolo aos funcionários, mas o investimento no aumento da metástase no país.
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Livros
JJUN /JUL
UN/J /AGO
UL/A GO -- 2009
2009 -- NNºº 47
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