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Manual Pratico de Escavacao Terraplenagem e Escavacaéo de Rocha Hélio de Souza Ricardo Guilherme Catalani 2: Edigdo revisada PINI atualizada A ampliada MANUAL PRATICO DE ESCAVACAO, TERRAPLENAGEM E ESCAVAGAO DE ROCHA ®COPYRIGHT EDITORA PINI LTDA. Todos os direitos de reprodugéio ou tradugao reservados pela Editora Pini Ltda. Dados de Catalogagao na Publicagao (CIP) Internacional (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ricardo, Hélio de Souza, 1926- Manual pratico de escavacdo : terraplenagem e escavacio de rocha / Hélio de Souza Ricardo, Guilherme Catalani. -- 2. ed.- S40 Paulo : Pini, 1990. Bibliografia. 1. Eesavagao 2. Maquinas para escavagao 3. Terraplenagem I. Catafani, Guilherme. 1! Titulo. ISBN 85-7266-044-5, CDD-624.152 625.73 90-1109 ~625.73028 indices para catalogo sistematic 1. Equipamento : Terraplenagem : Estradas de rodagem : Engenharia 625.73028 2. Escavago : Engenharia 624.152 3. Escavacao de rocha : Engenharia 624.152 4. Rocha : Escavag&o : Engenharia 624.152 5. Terraplenagem : Estradas de rodagem : Engenharia 625.73 Edigdo de texto: Mariza Passos Produgdo gratica: Carlos Mazetti Diagramagao/paste-up: Sebastido Silva / Carlos Gomes llustragées: desenhos - Prod. Gréfica Editora Pini e Engefase fotos - Cortesia Caterpillar Brasil S.A., Atlas Copco Brasil Ltda. Secretaria editorial: Marcia Melkan Servicos graticos e industriais: José P. Silva, Francisco Sapienza e Alice de Campos Editora Pini Ltda. Rua Anhaia, 964 - CEP 01130-900 Sao Paulo SP Fone: (011 ) 224-8811 - Fax (011) 224-0314 Site: htip:/WWWW.pini.com.br - e-mail:tivros @pini.com.br 2 edigdo, sev/90 reimpressées: 1.000 exemplares, mai/95 1.000 exemplares, abr/99 Abreviaturas Leen EEE SSE onan Abreviaturas A.B.N.T. Associagao Brasileira de Normas Técnicas A.AS.H.O. American Association of State Highway Officials AP.| American Petroleum Institute AS.1.M. American Society for Testing Materials D.NE.R. Departamento Nacionai de Estradas de Rodagem D.E.R.S.P. Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Sao Paulo P.CSA, Power Crane and Shovel Association S.AE. Society of Automotive Engineers H.R.B. Highway Research Board Notagao G rau de compactagao de um solo, % % eso espectfico solto de um solo on peso especifico de um solo no estado natural Ye eso especifico de material no corte (ou y,) Votan eso especifico do material compaciado Vv, olume de terra medido no estado natural (ou no corte) Vv, jolume de terra solta (empolada) Veep = Volume de terra compactada e jator de empotamento de um solo ou de conversao de volumes h eor de umidade de um solo R, resisténcia de rolamento kK = coeficiente de rolamento P 1280 total do equipamento i inclinagao da rampa, % R esisténcia de rampa R, = resisténcia de inércia v eiocidade de translagao do equipamento Av ariacao de velocidade t lempo de aceleracao ou desaceleracdo E. = esforco trator disponivel no trem propulsor 2R omatdria das resistencias opostas ao movimento Fi peso aderente sobre as rodas motrizes t Coeficiente de aderéncia ou de *rag30 N, = poténcia de um motor no volante N, poténcia disponivel no trem propuisor POKES TOS 7<<509, = coeficiente de rendimento mecanico da transmissao razao de desmultiplicagao = numero de rotacdes de um motor no volante = numero de rotagées das rodas motrizes = conjugado ou torque disponivel nas rodas motrizes = raic da roda motriz tempo de ciclo tempo de ciclo minimo tempo de ciclo efetivo tempo fixo tempo variével tempo de parada tempo de ciclo do “pusher” = produgao de um equipamento (ou Q4) = produgao maxima de um equipamento producdo efetiva de um equipamento = coeficiente de rendimento ou fator de eficiéncia = capacidade da cagamba de um equipamiento distancia de transporte altura de corte ou de aterro {cota vermelha) Angulo de talude distancia de “off-set” 4 esquerda distancia de “off-set” a direita = custo hordrio de um equipamento depreciacao horaria de um equipamento = valor inicial de um equipamento valor residual de um equipamento coeficiente de reparos mecanicos wud indice LT 1: Parte - Terraplenagem Capitulo 1 - Generalidades Ww - Nogoes gerais 27 waa ~ Introdugéo a terraplenagem 27 1.1.2 ~ Histérico a7 1.1.3 - Terraplenagem manuai 29 114 ~ Terraplenagem mecanizada 23 115 - Caracteristicas da terraplenagem mecanizada 23 11.6 - Operagdes basicas. Ciclo de operagao 30 1.2 - Estudos dos materiais de superficie 31 124 - Generalidades 31 122 - Terminologia de rochas -T.B, -3da ABNT 31 ioe ~ Critério para classificag&o dos materia’s, 32 1.2.3.1 ~ Classificagao DNER e DER - SP 34 124 ~ Importncia econémica da classificagao 36 125 - Empolamento dos solos 39 1.2.6 - ReducSo volumétrica dos solos ou compactagéo AV 1.2.6.1. - Fundamentos tedricos da compactagao 4g 3 ~ Introdugao aos equipamentos de terraplenagem 4g 1.34 - Classificagéo e terminologia de maquinas rodovidrias 4g 132 = Classificacao dos equipamentos 50 133 - Generalidades sobre as unidades de tracdo {tratores) 50 13.3.1 - Comparacdo entre tratores de esteiras e de pneus 51 1.3.3.2 - Campo de aplicacao 52 4.333 - Partes constituintes de um trator de esteiras 53 1.3.3.4 - Partes constituintes de um trator de pneus 59 4.3.3.5 - Transmissdes mecanicas ¢ hidraulicas, Conversores de torque 61 1.3.4 - Descricaodos equipamentos 7 13.41 - Unidades escavoempurradoras n 1.3.4.2 - Unidades escavotransportadoras: 7 13.43 - Unidades escavacarregadoras 84 1.3.4.3.1 - Carregadeiras 84 1.3.4.3.2. - Escavadeiras 88 1.3.4.4 - Unidades aplainadoras 108 13.45 — - Unidades transportadoras 110 1.3.4.6 - Unidades compactadoras 114 1347 ~ Unidades escavoelevadoras 120 14 - Locagdo des equipamentos 120 144 - Mecanica da locomogao 120 14.2 ~ Resisténcias opostas ac movimento 121 Capitulo Capitulo 43 - Primeiracondigdo de movimento AA. Aderéncia ‘45 - Segunda condi¢ao de movimento 46 - Comportamento das mdaquinas de esteiras ¢ de pneus quanto aaderéncia 1.47 - Distribuigao de cargas nos equipamentos de pneus 14.8 Estudo das forgas motrizes 1.4.8.1 ~ Diagramas Tracéo x Velocidade - Estimativa de produgéo dos equipamentos + Produtividade dos equipamentos de terraplenagem 1 ~ Tempos ¢ movimentos elementares. Ciclo. Tempo de Ciclo 2 - Tempos de ciclo minimo e efetivo 3 - Produgao de um equipamento A ~ Rendimento da operagao ou fator de eficiéncia 5 - Formula basica da produgao de um equipamento 6 - Aumento da produtividade - Estimativa de produgao dos diversos equipamentos - Unidades escavoempurradoras - Unidades escavotransportadoras 1 ~ Tempos variaveis 2 - Tempos fixos 3 - Cicle do trator empurrador (“pusher”) .4_~ Determinacao do nimero de “scrapers” 5 — - Otimizacdo da producao dos “‘motoscrapers” edo “pusher” 6 - Tempos elementares para 0 conjunto trator de esteiras com “scrapers” Fator de redugao de velocidade ~ Unidades escavocarregadoras - Carregadeiras de esteiras e pneus: - Escavadeiras - Escavadeiras com cagamba ‘‘shovel’’ - Escavadeiras com langa “drag-line” ~ Escavadeiras com langa retro, ~ Producao efetiva das escavadeiras Escavadeiras hidraulicas - Retroescavadora hidrdulica - “Shovel” hidraulico ~ Produgdo em valas - Unidades transportadoras - Condigao de sincrenismo. Tempo de ciclo de transporte ~ Fator de redugao de velocidade Unidades aplainadoras Unidades compactadoras RNRNNSNNNS Nn BRENRARNASRNS BYAARUN wo RERNNEPVOROSSSY SELES DAE EEROOOBOOWOOOWOK - Selegdo dos equipamentos de terraplenagem ~ Generalidades Fatores naturais Natureza do solo Topografia Regime de chuvas ~ Fatores de projeto = Volume a ser movido - Distancia de transporte - Fatores econémicos we WO UWYWUBWW NUNERYNYSASYNYYVNNN ea BROOBRERRS 428 130 131 132 133 137 144 151 181 152 152 153 154 155 161 161 174 174 180 185 186, 187 191 192 195 196 202 203 205 206 2068 207 209 210 210 213 213 216 216 221 224 227 228 228 228 229 229 229 229 230 Capitulo Capitulo REAR obs 1A? 148 1.4.81 - Primeira condigéo de movimento - Aderéncia - Segunda condi¢zo de movimento - Comportamento das méquinas de esteiras e de pneus quanto Aaderéncia + Distribuigéo de cargas nos equipamentos de pneus - Estudo das forgas motrizes - Diagramas Tragao x Velocidade 2 - Estimativa de producao dos equipamentos - Produtividade dos equipamentos de terraplenagem ~ Tempos € movimentos elementares. Ciclo, Tempo de Ciclo ~ Tempos de ciclo minimo e efetivo - Produgao de um equiparmento ~ Rendimento da operacao ou fator de eficiéncis ~ Formula basica da produgao de um equipamento - Aumento da produtividade + Estimativa de produgao dos diversos equipamentos - Unidades escavoempurradoras ~ Unidades escavotransportadoras - Tempos varidveis - Tempos fixos + Ciclo do trator empurrador (“pusher”) - Determinacao do numero de “scrapers” ~ Otimizago da produgdo dos “motoscrapers"’ edo “pusher” - Tempos elementares para 0 conjunto trator de esteiras com scrapers’ - Fator de redugso de velocidade - Unidades escavocarregedoras - Carregadeiras de esteiras ¢ pneus - Escavadeiras - Escavadeiras com cagamba "shovel'” - Escavadeiras com langa “drag-line”’ - Escavadeiras com lanca retro - Produgao efetiva das escavadeiras - Escavadeiras hidrdulicas ~ Retroescavadora hidraulica = "Shovel" hidraulico - Producdo em valas ~ Unidades transportadoras - Condi¢ao de sinerenismo - Tempo de ciclo de transporte - Fator de redugdo de velocidade - Unidades aplainadoras - Unidades compactadoras - Selegdo dos equipamentos de terraplenagem - Generalidades - Fatores naturais - Natureza do solo - Topografia ~ Regime de chuvas + Fatores de projeto Volume a ser movido Distancia de transporte Fatores econdmicos 128 130 131 132 133, 137 144 151 151 152 ‘Tae 153 154, 185 161 161 174 174 180 185 186 187 191 192 195 196 202 203 205 206 206 207 209 210 210 213 213 215 216 221 224 227 228 228 228 229 223 229 229 230 Capitulo 3.5 = Selegdo das unidades escavotransportadoras e unidades transportadoras 3.6 - Dimensionamento das equipes. Calculo de verificagao do prazo de execugdo 4 . Execugao da terraplenagem 41 - Generalidades 42 ~ Servicos preliminares a execugao da terraplenagem 42.1 - Instagdodocanteiro de obra 422 - Transporie dos equipamentos 423 - Construgao de estradas de servigo € obras de arte provisonas 4.2.4 ~ Consolidacao dos terrenos e fundagao dos aterros 425 - Locagao topografica 426 — - Limpezads faixa, desmatamento e destocamento 426.1 - Fatores que infiuem nas operagoes de limpeza 42.62 — - Equipamentos empregados na limpeza 4.2.6.3 ~ Produgao dos equipamentos na derrubada e empilhamento 43 > Utilizagao dos diversos equipamentos na execugao da terraplenagem 43.1 - Tratorde esteiras com lamina 4.3.1.1 - Corte em meia-encosta 43.12 - Escavagdo e transporte a curta distancia 43.13 . Preparo dos cortese atertos 43.1.4 - Espalhamento de terra na ponta de aterro 43.1.5 - Escarificagao 4.3.1.6 — - Emprego do “pusher” 43.1.7 ~ Empregona limpeza da faixa de abertura de estradas de servico 43.18 - Acabamento dos taludes 43.19 ~ Execugdo de valetas: 43.110 - Escavagao em trincheiras 4.3.1.11_ - Operacao conjunta de duas maquinas 43.112. - Tratores de pneus com laminas 43.2 ~ Unidades escavotransportadoras 43.2.1 - Uniformizagéo da {rota 43.2.2 - Técnicas de carregamento - Transporte ~ Combinacao de ciclos - Descarga Unidades escavocarregadoras Escavadeira com cagamba “'shovel”” Escavadeiras com cagamba “drag-line”’ Escavadeiras com cacamba “clam-shell”” Escavadeira com cagamba retroescavadeira “shovel” Escavadeiras de acionamento hidraulico Carregadeiras de esteiras ~ Carregadeiras de pneus - Unidades aplainadoras - Unidades compactadoras - Execugao dos cortes - Locacao topografica dos cortes - Controle topografico da execugdo dos cortes * Processos praticos de controle do anguio de talude ~ Escavagao de materiais de primeira categoria - Empréstimo e "bota-fora” - Escavacdo de materiais de segunda categoria “escarificagao” - Generalidades 231 243 247 247 247 248 249 249 249 250 250 253 258. 262 262 263 264 264 265 265 265 265 265 265 266 266 266 267 268 268 270 272 273 273 273 274 276 277 278 280 281 281 282 282 282 285 286 237 289 289 289 Capitulo Capitulo 44.5.2 - Tipos de escarificadores 44.8.3 - Produgao dos escariticadores 44.54 — - Uso de diagrama baseado na velocidade sismica 4.4.5.5 - Processos de escarificacéo 44.56 — - Produggo estimada dos escariticadores 44.6 —— - Escavagao de solos brejosos e turfosos 447 - Classificago 45 + Execugdo dos aterros 454 - Locagao topagrafica dos aterros 45.2 - Controle topogratico da execugao dos aterros 45.3 - Estabilidade dos aterros. Consolidagao das fundagdes 45.3.1 Remogao do solo de mé-qualidade 45.3.2 - Deslocamento do material instavel 453.3 - Deslocamento per explosivos 4.5.3.4 — ~ Drenos verticais de arela 45.3.5 - Outros processos 46 - Execugao e compactagao dos aterros 461 ~ Execugdodos aterros 46.2 — - Pressdo estatica e vibragao 463 — - Selecdo dos equisamentos de compactagdo 46.4 — - Fatores que influem na compactagae 465 —— - Especificagoes para compactacio 4.6.6 - Sequéncia consirutiva 4.67 - Métodos de controle da compactagdo 468 —— -, Emprego de critérios estatisticos para o controle da compactagao dos aterros 5 - Operagao e manutengdo dos equipamentos de terraplenagem 51 - Generalidades 52 + Operacdo dos equipamentos 53 - Manutengao dos equipamentos 53.1 - Manutengao mecanica 5.3.2 - Manutengao corretiva e manutengéo preventiva 53.3 - Oficinas de manutencao 53.4 - Almonarifado e estoque de pecas para reposicao 83.5 - Manuais técnicos 54 ~ Lubrificagao dos equipamentos 541 - Lubrificantes 5.42 — - Caracteristicas dos dleas lubrificanies 543 - Aditivos 5.4.4 - Classificagao dos dleos |ubrificantes 54.41 — - Classificacao API 54.42 — - Gieas para engrenagens 5.4.4.3 ~ Qleos de multiviscosidade 5444 Classificagao SAE ~ Graxas lubrificantes ~ Pratica de ‘ubrificagao dos equipamentes de terraplenagem Instrugoes gerais Plano de lubrificagéo Abastecimenta de combustivel 6 - Estudo econémico dos equipamentos de terraplenagem 61 ~ Estimativa de custo hordrio de um equipamento 6.1.1 ~ Custos de propriedade 61.1.1 - Depreciagao 61.1.2 - Vida util provavel 290 292 293 294 295 296 299 299 299 300 302 303 304 306 306 307 309 309 311 312 315 320 322 323 325 331 331 333 333 333 336 338 339 339 340 347 343 344 344 345, 345 345 347 347 347 348 350 351 352 352 353 Capitulo ~ Métodes empregados no calculo da depreciagao ~ Adepreciacao nos regimes de economia inflacionaria Juros do investimento Custos de operagao Combustiveis ~ Lubrificantes - Graxa lubrificante Filtros - Mao-de-obra ¢ leis sociais - Pneus _ Manutengdo mecanica - Beneficios e despesas indiretas (BDI) - Custos da hora trabalhada @ da hora improdutiva - Critério para a deciséo da compra ou lecacao de um equipamento Renovacao de frotas ou substituic¢do de equipamentos Custo unitario dos servicos de terraplenagem ~ Determinagao do custo unitario do momento de transporte em distancias longas 6.22 - Determinagéo do custo unitério de momento de transporte em distancias curtas nee BO RORNRRNNRO OO Sabon 1 1 4 1 1 1 1 1 PH BQ2DABHHHHHAAHOH N o NR 7 - Terraplenagem ndo-convencional - Equipamentos escavoelevadores Generalidades Produgdo dos equipamentos escavoelevadores Escavadeiras rotativas Experiéncia com escavoelevadores SASS Rio Apéndices 2! Parte - Escavacdo de rocha Capitulo 8 - Equipamentos de perfuragao - Classificagao das perfuratrizes - Perfuratrizes percussivas - Sistema de percussao = Dinamica do sistema de percussdo - Sistema de rotagao - Sistema de limpeza - Perfuratrizes rotativas ~ Perfuratrizes percussivo-otativas Perfuratrizes de furo-abaixo Avangos Avanco pneumatic - Avango de corrente - Avango de parafuso = Avangos utilizados Locomogae das perfuratrizes Locomogao manual Locomocéa tracionada = Locomoeao prépria Associacdo de perfuratriz, avango e locomogao - Perfuratrizes manuais - “Bencher” pO BULG Sis mRon BONS {90 90 G0 60 G0 SP 09 99 Go $5 G0 G0 Co go GO Co HO SSSSERSkoooee eee Roos wm go BESS ow 356 365 367 367 367 369 369 370 370 370 371 372 375 375 377 381 381 384 433 434 435 437 439 4al 442 442 443 445 445 446 4a7 448 448 449 44g 449 45 451 Capitulo Capitulo Capitulo 843 - “Wagon-drill” 844 — - Perfuratrizes sobre trator 85 - Lubrificagao das perfuratrizes 8.5.1 - Lubrificador de linha 86.2 - Caracteristicas do lubrificante adequado 8.6 ~ Operagdo das perfuratrizes 86.1 ~ Operacac das perturatrizes manuais 8.6.2 - Operacao dos “benchers” 8.6.3 - Operacao das perfuratrizes montadas sobre carreta ou trator 87 - Manutengao das perfuratrizes 88 - Produgao hordria 9 - Brocas 91 - Brocas integrais 9.1.1 - Didmetro e série das brocas integrais 9.1.2 = Fabricagao das brocas integrais 91.3 - Comprimenta de punho 9.1.4 - Coroa das brocas integrais 215 ~ Afiagéo das brocas integrais 946 - Cuidados com as brocas integras 9.2 + Brocas de extensdo 924 - Componentes das brocas de extensao 9.2.2 - Tipos de punhos 92.3 - Roscas 9.2.3.1 - Lubrificagao das roscas. 924 - Hastes B25 - Luvas de acoplamento 9.26 — - Coroas 9.2.6.1 - Tipos de coroa 9.2.7 - Afiagdo das coroas 9.2.7.1 - Tipos de desgaste 9.2.7.2 - Aoperagao de afiagao 9.27.3 - Quando afiar 9.28 — - Cuidados comas brocas de extensao 929 - Distingao entre metros-de-furo e metros-de-haste 92.10 _ - Vida Util das brocas de extensao 10 - Compressoresde ar 10.1 - Tipos de compressores de ar 10.2 - Compressores de pistao 10.3 ~ Resfriamento do ar comprimido 10.4 - Transmiss4o de energia para o compressor 10.5 - Filtrosde ar 10.6 - Compressores rotativos tipo parafuso 10.7 - Lubrificagao dos compressores 10.8 ~ Controle dos compressores de ar 10.9 - Instalagao dos compressores de ar 10.10 = Distribuigo do ar comprimido 14 11.2 11.2.1 11.2.2 11423 11 - Explosives 1 ~ Classificagao dos explosivos ~ Principais propriedades dos explosivos - Forca do explosivo - Velocidade do explosivo - Resisténcia a agua 453 454 458 458 459 461 461 462 462 466 469 471 472 ATA ATA AT8 476 477 478 478 479 481 481 482 483 483 485 485 487 489 490 493 525 526 26 526 528 Capitulo 11.2.4 1.25 11.2.6 41.2.7 1.28 11.2.9 The 11.3.1 1182 11.3.3 11.3.4 11.3.5. 11.3.6 W387 1138 11.3.9 11.4 15 11.5.1 11.6.2 11,6.2.1 11,6.2.2 1.5.2.3 11.6.2.3.1 11.6.2.3.2 - 11.6.2.3.3 115.234 11.5.2.3.5 11.6.2.3.6 11.6.3 11.5.4 11.5.4.1 1.5.4.2 11.54.3 11,5.4.4 1154.5 11.6 11.7 WTA 11.7.2 - Seguranga no manuseio - Densidade Sensibilidade ~ Volume de gases Gases toxicos - Outros parametros Tipos de explosivos - Pdlvoras negras Semigelatinosos Gelatinosos Anfos Granulados - Lamas explosivas - Pastas - Emulsées - Bombeados - Escolha do explosivo - Acessérios de detonacéo ~ Espoletas simples - Espoletas elétricas - Espoletas elétricas instantaneas ~ Espoletas elétricas de tempo - Detona¢ao das espoletas elétricas - Circuito série Circuito paraleio - Circuitos série-paralelo - VerificagSo do circuito - Fontes de energia elétrica - Risco da detonagao antecipada - Cordei detonante - Acendedores Estopim de seguranga Estopim ultra-rapido - Conectores para estopim ~ Cordao ignitor Reforcadores - Armazenamento e manuseio dos explosivos - Carregamento dos explosivos ~ Carregamento manual ~ Carregamento mecanico ee Execucdo do desmonte de rocha 21 132 12.2.1 Th22 12.2.3 12.24 12.2.5 12.2.6 12.2.7 12.28 12.29 12.2.10 12.2.11 12.2.12 - Bancadas = Planodefogo - Didmetro das perfuracdes - Afastamento - Espagamento - Inclinago da face - Alturada bancada - Profundidade de perfuragao - Carga de fundo - Carga de coluna - Tampaio - Sequéncia de fogo - Consumo de explosivo - Produgdo por metro de perfuragao 12.2.13 12.3 12.4 12.4.1 12.4.2 12.4.3 12.5 12.6 tea 12.8 12.9 - Malha alongada - Escolha do plano de fogo - Obtencao de superficies regulares - Método da perfuracao linear = Método de detonacao amortecida (smooth blasting) ~ Método do pré-seccionamente (pre splitting) + Desmonte de pedreiras ~ Escavagao de material de segunda categoria com explosivos - Escavacdo de valas - Remogic do desmonte - Exemplo pratico Capitulo 13 - Custos da escavacao Apéndice indice remissivo - Classificagao dos custos - Custos diretos ~ Custos da mao-de-obra - Custos dos equipamentos - Incidéncias da mao-de-obra de operacao - Custo hordrio dos equipamentos - Custo dos materiais de perfuragao = Consumo de explosivos = Custos indiretos ~ Roteiro para o custo da escavagao 612 612 613 614 e15 616 618 619 620 622 623 629 629 629 632 643 645 647 649 661 Abreviaturas ANFO = culm = cuyd psi sq.in. nou Simbolos Abreviaturas ammonia nitrate + fuel oil (nitrato de aménio + dleo diesel cubic feet per minute, pés cubicos por minuto cubic yard, jarda cubica inch, polegada perfuratriz de furo-abaixo tetra nitrato de penta-eritritol polegada pound per square inch, libra por polegada quadrada square inch, polegada quadrada feet, pés inches, polegadas Conversao de unidades Comprimento tin, 1 ft. Area 1 sq. in. Volume + cud. 1m? Vaziio 1 m/min A cufm Presséo 1 kaficm? 1 tbf./sq.in. (psi) 254m 30,48 cm wo 6.5416 or? u 0,765 m* 1,308 cu.yd. 35,315 culm = 0.028317 m/min 14,223 Ibt./sq in. (psi) 0,070 kgflern? 428 - Manual pratico de escavagao. Poténcia 1 kW 1,000 W TkW 1,360 hp Thp = 0,7355 kW Notagao A = Custo do quilo de explosive kg B Velocidade de penetragao da broca emmin ABS Absolute Bottle e Strength keal/L AWS Absolute Weight Strength kcal/kg @ = Concentragdo da carga de coluna im C, Consumo de coroas (custos} unim? ¢, Concentragao da carga de fundo gim Gr Consumo de hastes unim? Gq = Consumo de punhos unin? D Depreciagao $ D Diametro da cabeca do pisto da perfuratriz em D Diametro da carga explosiva pol(") 4 Diametro das perfuracées mm a Densidade do explosivo giem? E Espagamento entre furos m E Energia liberada por min, pelo pistéo da perfuratriz kgmimin e Trabalho realizado pelo pistao em cada golpe kgm f Relagdo entre o nimero de metros de perfuracdio © 0 volume de rocha resultante mim? 9 = Aceleracdo da gravidade miseg? H = Altura da bancada m H, Profundidade da perfuragdo m h Namero de horas trabathadas por ano h I ntensidade da corrente elétrica A \. = Indice de custo do desmonte $im* i ‘axa de juros ao ano % « ‘oeficiente de vaior residual {custos} K Relagao entre metros-de-haste e metros-de-furo K, = Fator de corregao da pressao de trabalho K, ‘ator de correcéio do desgaste do equipamento K ator de corre¢ao do grau de utilizagao K ‘ator de correcdo de vazamentos na linha de distribuigéo Ks = Fator de corregao da influéncia de altitude nas perfuratrizes i = Fator de corregao da influéncia de altitude no motor do compressor Ri = Fator de corregao da intluéncia de temperatura no motor do compressor k = Coeficiente de proporcionalidade k {i=1.2,8..) = Constantes i = Extensao de cada treche da linha de ar comprimido m 1, = Extenséo da carga de coluna m i Comprimento de fio no circuito elétrico m i Extensao da carga de fundo m M Custe horario de manutengao (custos} $ M = Custo do metro linear de perfuracéo Sim m Masse do pistéo da perfuratriz kg N = Numero de partes de broca necessdrio un = Vida wtil do equipamento anos Numero de espoletas no circuito un a ne Wumero de hastes necessarias a perfuragao de cada furo un Thy mero de golpes do pistdo da perfuratriz por minuto un/min Pp varcela horaria de juros de amortizagao $ P arcela anual de juros e amortizagao $ Pe Poléncia tedrica a ser extraida da fonte de energia elétrica W.kW Py Pressao de detonagao kbar Pe Pressdo de explosao kbar Py Perfuragao especitica mim? Pp Pressao do ar comprimido na linha de disiribuigéo kgicm? Be Producdo hordria da equipe de desmonte mirh Pi Produedo hordria da equipe de perfuragao mh P, = Pressao na cabeca do pistao da perfuratriz kgfomn? A Diferenca de pressdo entre dois pontos da linha de distribuigdo de ar comprimido: kgicm? a Quantidade de ar comprimido necessaria mimin Q, = Capacidade do compressor mimin Q, Produgdo horaria do equipamento de perfuragao mah Q, Capacidade nominal do compressor mmin Q, Consumo de explosivo por metro eubico de rocha escavada medida no corte kgim? G, = Consume de ar comprimido em cada equipamento m/min R = Resisténcia elétrica total do circuito a RBS = Energia relativa por unidade de volume % RLE = Razio hinear de energia kealim RWS = Energia relativa por unidade de massa % te = Resisténcia elétrica de cada espoleta a 1 (j21,2.3..) = Resisténcia eldtrica de cada série de espoletas a s = Custos do pistao da perfuratriz m S = Custo horario dos compressores de ar $ Sy Custo hordrio dos equipamentos de perluragao Sy Custo horario dos equipamentos de carga T = Duragao do ciclo de perfuragao min Ts Tempo no ponie A (detonagao) s Ts ‘empo no ponto B (detonacao} 8 Tr ‘empo decorrido na detonacac s 1 = Temperatura ambiente *¢ a = Quamidade ictal de explosive em cada furo kg 4 = Tempo de duragao de cada fase da perfuraeao ti=1,2,3,4.5) min yen = Velocidade de detonagao mis Vv Diferenca de potenciai elétrico Vv Ny, Velocidade de impacto do pistéo da perfurattiz miseg Ve Valor do equipamento novo $ Vo = Afastamento pratico m Vv, Vator residual $ \y Afastamento teérico m v Volume produzido em cada furo detonado m* w = Poténcia disponivel kcal’s « Angulo de inclinago da face da bancada em relagao a0 plano vertical 3 a = Cone livre da pastilha ° B = Angulo da pastilha ° 9% = Diametro poi") 430 - Manual pratico de escavagéo % p # % = Diametro dos tubos da linha de distribuigao do ar comprimido Resistividade do fio elétrico. elocidade de detonagao = Numero de minutos efetivamente trabathades em cada hora mm Dim mis min Introdugao TS A escavacao de rocha a céu aberto constitui, em muitos casos, um complemento da Terraple- nagem. Com frequéncia, ao longo de um trecho de estrada em implantacao, encontram-se macigos rochosos cuja remogdo exigira técnicas especificas, inteiramente distintas daquelas da terraplenagem convencional. Ou, na escavacde de fundacées para um. edificio poderao ser encontrados blocos de rocha que necessitam ser removidos. Também fundacdes de barragens poderdo exigir remocao e recortes de macicos rochosos pata permitir sua implan- tagdo. As jazidas de rocha, ditas pedreiras, ou grandes jazidas de minérios exigem a aplicagao daquelas técnicas especiticas & produgao do rachéo, que deveré passar pelos britadores para produzir pedra britada ou minério. Os distintos casos de escavagdo de recha ora enunciados constituem o que se chama de escavagao a céu aberto. Temos, em contrapartida, a escavacao de tineis, feita em ambientes confinados, e que requer técnicas especificas. apresentando-se como uma aplicagao particular de escavagao de rocha, Neste livro falaremos apenas da escavagao de rocha a céu aberto, muito embora grande parte do estudo a seguir apresentado possa ter aplicacao direta nos tuneis, Aescavacao de rocha pelos processos convencionais € feita através de perfurages do macico a distincias predeterminadas, da introdugao de explosivos nos furos, da detonacdo desse explosivo e da remogao da rocha assim demolida, O processo de execugao do desmonte 6 ciclico, apresentando as fases indicadas. As perfuragdes sao feitas mecanicamente com diferentes tipos de equipamentos. Iniciaremos com 0 estudo dessas maquinas. As perfuratrizes séo, na sua quase totalidade, movidas por ar comprimido. Por isso, estuda- remos também os compressores de ar. Odesmonte da rocha ¢ feito pela detonacao do explosive introduzido nas perfuragdes chamadas “minas”. Dedicaremos um capitulo aos explosivos € 4 sua detonagao e outro a8 bancadas, ou seja, as caracteristicas geométricas a serem introduzidas no desmonte. Arocha demolida pelo explosive devera ser removida, permitindo o avango da escavacao Descrevemos os principais processos de remogao. As moderas técnicas de desmonte de maciges rachosos proporcionam superficies relative~ mente planas, através dos processes conhecidos como pré-fissuramento (“pre-splitting’’) @ da detonagao amortecida (''smooth-biasting”) Tais métodos evita a formagae de projegdes ou reentrancias na superficie da rocha, ambas indesejaveis. Os diametros das perfuragées para a escavacao de macigos variam, no Brasil, de 33 a 100 mm no que diz respeito as aplicagdes de Engenharia Civil. As profundidades das perfuracdes variam em fungdo da tocha, do projeto e da capacidade do equipamento disponivel, mas sao raras as perfuragdes além de 30 metros, ficando a média entre 4 @ 18 metros. Capitulo 8 Equipamentos de perfuragéo Os furos, feitos a disténcias predeterminadas, em didmettos que no Brasil varia geralmente de 33 mma 100 mm, requerem a utilizacdo de urna maquina especttica denominada equipa- mento de perfuragao. Em sua concepgao mais evoluida e atualmente mais utilizada é composta por perfuratriz, sistemas de avango, apoio e lacomogao ¢ fonte de ar comprimido. A perfuratriz nela incrustada transmite movimentos de percusséo e rotagao a haste da broca, mas a pastilha que executard a escavagac. Sendo constituida de material mais duro que a rocha, recebe e tansmite os golpes e vai gradualmente triturando-a. E necessdrio um certo esforgo sobre a perfuratriz para que exista uma pressao da broca contra a rocha. Esse esforgo é criado pelo sistema de avango e nas perfuratrizes manuals & exercido pelo proprio operador. Existem, entretanto, mecanismos chamades “‘avangos”’, que produzem esse esforgo mecanicamente para atuar nas maquinas de maior porte. Apos certa evolugdo dos equipamentos foram desenvolvidos avangos pneumaticos. Nas escavacdes a céu aberto é muito importante o deslocamento da maquina de perfuracao, a fim de serem atingidas novas locagdes de furos ou seu afastamento até local abrigado antes da detonagao do explosivo. Necessitam por isso de um sistema de apoio © locomogac, 0 desenvolvimento de perfuratrizes mais pesadas e 0 empenho, ao longo dos anos. em tornar cada vez mais facil seu deslocamento tevou 4 montagem das perfuratrizes sobre carreias rebocaveis e posteriormente sobre tratores de pneus ou de esteiras, que as tornaram autopro- pelidas. Assim, concluida a perfuragao de uma linha de furos pare a escavagao de um corte todovidrio, pode-se deslocar facilmente @ perfuratriz montada sobre um trator de esteiras para a préxima linha de furos, muitas vezes situada em terreno ingreme que exigiria grandes esforgos manuais e tempo, caso ndo fosse autopropelida. No momenta de detonar a bancada & necessario remover 0 equipamento pata um local onde ndo seja atingido pelos blocos de rocha arremessados durante a explosao. E facil de se visualizar as vantagens da montage da perfuratriz sobre um trator. A fonte de ar comprimido fornece a energia necessaria ac acionamente da perfuratriz, do sistema de avango e do sistema de apoio e locomocao. 8.1 — Classificagdo das Perfuratrizes As perfuratrizes usadas na escavagao de rocha, para fins de Engenharia Civil, classificam-se em: percussivas; rotativas; percussivo-roiativas; e de furo-abaixo (DTH). 434 - Manual pratico de escavagao 8.1.1 — Perfuratrizes percussivas So aquelas que reproduzem o trabalho manual de perfuragao de rach, "Um homem golpeava 0 ponteiro de ponta achatada, semelhante @ uma talhadeira, Outro homem segurava 0 ponteiro e, apds cada golpe, girava-o de um pequeno arco de circulo. Cada golpe causava um corte na roche e a rotagio, ands cada golpe, permitia o corte completo do circulo ¢ o avango da perfuracao.”” A perfuratriz percussiva reproduz esses movimentos. Embora chamada apenas percussiva, ola, na realidade, produz um giro na broca, imediatamente apds cada golpe, Esse giro, sempre de um pequene arco de circulo é, portanto, descentinuo. Desta maneira reproduz a perfuragao manual, catacterizada por dois movimentos distintos e independentes: golpeamento da broca, seguido de retagao {de pequeno arco de circulo} da broca, O acionamento das perturatrizes percussivas ¢ feito principalmente por ar comprimido, Entre- tanto, existem no mercado perfuratrizes leves, acionadas por motor a gasolina e destinadas @ pequenos trabalhos, que nde comportariam o deslocamento de um compressor de ar. Essas perfuratrizes constituem com o moter 2 gasolina um conjunto Gnico, portatil. Para pequenos trabalhos representam 0 mener custo de perfuragao, Nao $40, todavia, recomen- dadas para trabalhos de porte e ndo tém a mesma poléncia que as perfuratrizes de ar compri- mido. Como exemplo de aplicagao podemos citar um Unico bioco de rocha, de cerca de 1 m? de volume, no preparo de fundagdes para um ediffcio. Essa ocorréncia isolada nao justificaria o deslocamento de um compressor de ar e, salvo se jd dispusesse de ar comprimido no canteiro de obras. a solugao recomendada seria a perfuratriz acionada pelo motor a gasolina para permitir a detonacao do matacao. Os fabricantes de equipamentos vem, hd alguns anos, desenvolvendo maquinas em que © fluido de acionamento nao é mais diretamente o ar comprimido, mas um fluxo de dleo sob alta pressdo. Sao as perturatrizes hidraulicas, Os compressores de ar destinados ao acionamento das perfuratrizes percussivas podem ser estacionétios ou portateis. S40 estacionarios quando montados sobre bases rigidas € de dificil deslocamento e, na maioria dos casos, movidos por motor elétrico, havendo em consequéncia a necessidade de se dispor de energia elétrica no canteiro. Este fato limita seu emprego. ficando reservado normalmente para as obras de longa duracdo, como barragens, pedreiras comerciais, obras metrovidrias e pedreiras para grandes obras, principaimente, Po- dem também ser movidos por motor diesel, mas com emprego muito reduzido, limitado aos casos em que se tem canteiro de duragdo longa, mas sem eletricidade disponivel. Nos canteiros de construgaéo de barragens normalmente a eletricidade € farta. Como a obra 6 de grande vulto constidi-se uma linha de transmissao para abastecéla. Apés concluida obra essa linha transportaré energia gerada, em sentido contrario ao do perodo de construgao. Nas pedreiras comerciais ou para obras de vulto, como a construgao de um trecho grande de estrada, os britadores exigem fornecimento de energia da rede publica. Com eneraia elétrica 6 mais econdmico o emprego de compressores estacionarios movides por motor elétrico do que © dos acionados por motor de explosao (diesel). Os compressores sao portéteis quando montados sobre rodas dotadas de pneus. Utilizam normalmente motor diesel e séo rebocaveis através de uma barra de tragdo. 8.1.1.1 — Funcionamento das perfuratrizes percussivas Este tipo de equipamento transmite broca percussao e, no intervalo entre duas percussdes sucessivas, uma roiagdo de pequeno arco de circulo, Simultaneamente a esses dois movi- mentos ocorre @ introdugao na perfuragdo de ar ou agua de limpeza. Equipamentos de perfuragao - 435 Existem, portanto, trés sistemas na perfuratriz: de percusso; de rotagao; e de limpeza, 8.1.1.2 — Sistema de percusséo As percussées sobre a broca sao produzidas per um pistéo que se movimenta dentro de um cilindro, acionado pata cima e para baixo por impulsao provocada pela entrada de ar camprimido numa extremidade e saida na outra. As entrada e saida simultaneas de ar sao controladas por vélvulas. A cabeca do pistao possui didmetro maior que 0 pescogo e divide © cliindro em duas cémaras separadas: a superior, acima da superficie superior da cabecs do pistdo, a inferior, situada abaixo da superficie inferior da cabeca do pistao. Supondo-se a cabega do pistéo muito proxima ao cabegote superior e ocorrendo, por agao da valvula, uma intradugéo de ar comprimido na camara superior, a forca do ar comprimido desloca © pistao para baixo. A valvula havia inicialmente liberado 2 entrada de ar comprinido para @ camara superior, bloqueando sua entrada na inferior. © pistéo descendo, entretanto, obstruiu um portal de oxausiéo existente na lateral do cllindro e impediu a fuga de parte do ar que estava contido na cdmara inferior. Essa parcela de volume de ar, aprisionada na camera inferior, vai amortecer ‘9 impacto da cabeca do pistao contra o cabegote inferior evitando, assim, danos a ambos. A extremi- dade inferior do pescoco do pistdo choca-se contra a broca. SK Y Ud 6 1 - Cabegote superior 6 - Cabegote inferior Figura 8.1 — Principais componentes do sistema de percussdo 436 - Manual prético de escavagao Nesse instante, a vélvula inverte o fluxo de ar. liberando sua entrada na camara inferior, fechando-a para a supetior. Ao mesme tempo 9 ar comprimide que havia sido introduzido na camara superior escapa pelo portal de exaustdo. O pistéo vai subindo, bloqueia ¢ portal, cresce a pressao do ar residual retido na cémara superior © essa pressde 6 transmitida 2 valvula, Subitamente a presséo na camara inferior cai: 0 pistéo ultrapassou a posigéo de bloqueio do portal de exaustao ¢ © ar da cdmara inferior escapa, Ai a valvula inverte o fluxo de ar, reiniciande 0 ciclo. 1 — Furo de limpeza 7 — Valvula oscilante 2 — Tubo para limpeza, égua ou ar 8 — Valvula de controle 3 — Tubo para limpeza com ar 9 — Punho de broca 4 — Pistéo 10 — Exaustao 5 — Canal de ar para limpeza extra. 11. — Camara do cilindro frontal dianteiro 6 — Camara do cilindro, traseira Figura 8.2 ~ Funcionamento do sistema de percusséo Como se vé, a valvula desempenha um papel importantissimo no funcionamento do sistema de percussao. Controla a entrada de ar nas cémaras do cilindro. Nas primeiras perfuratrizes, 0 controle da entrada no cilindro do fiuxo de ar comprimido era feito pelo proprio pistao, processo muito semelhante ao do portal de exaustdo jé mencio- nado. A posigéo do pistao abria ou fechava a entrada de ar para cada cdmara. Esse método, Substituido depois pela introdugao da valvula, esta hoje sende retomado por alguns fabricantes. A valvula principal substituiu o controle por pistéo. A primeira valvula era do tipo ‘bola’. que alternadamente abria a entrada de ar para as cémaras superior ou inferior, Na posi¢ao ‘em que a cabega do pistdo estava, muito préxima do cabegote inferior, existia um pequeno volume de ar comprimido pela cabeca do pistdo € que, além de amortecer 0 impacto contra © cabecote, deslocava a bola de aco. abrindo a entrada do ar comprimido para a cémata inferior e bloqueando o fluxc para a superior. O movimento da bola ao bloquear o flux para @ cdmara superior era facilitado porque se criava uma grande diferenca de pressao Equipamentos de perfuragao - 437 provocada pela abertura do portal de exaustdo para 6 camara superior. O fenomeno se repetia fom relagdo 4 superior para a outra posigao extrema de cabega do pistdo, conforme mostra a Figura 8.3. |: TD 2 1- Ar comprimido 2- Portal de exaustéo Figura 8.3 — Vélvula de bola Verificou-se, porém, que a bola de ago era desnecessariamente pesada e que poderia ser substituida por um disco achatado. Esse tipo de vaivula de disco, é, entretanto, mais sensivel © evita as perdas de ar que ocorriam no caso da esfera. A superficie plana veda melhor @ 0 desgaste de uso néo causa fugas de ar importantes. Outro tipo de véivula atualmente adotado om muitas perfuratrizes 6 @ tubular. O pistéo em seu curso no cilindro vai abrindo (ou fechando) uma série de portais que conduzem a presszo ité-a sede das valvulas no corpo do cilindro. Temos duas valvulas: uma para a cémara inferior @ outra para a superior. A valvula tubular consiste em pequenos cilindros justapostos de diametros diferentes, As variagdes de diametros das superficies cilindricas, ¢ também a forma do extremidade da valvula liberam ou bloqueiam o fluxo de ar comprimide para dentro da camara. 8.1.1.3 — Dinamica do sistema de percussao Avelocidade de penetragao da broca na rocha que esta sendo perfurada € diretamente propor- ional & quantidade de rocha efetivamente demolida dentro do furo na unidade de tempo Ea quantidade de rocha demolida no furo é proporcional 3 energia de percussao transmitda 2 broca na unidade de tempo. A energia cinética transmitida ao punho da broca resulta do movimento do pistao produzide pelo ar comprimido. Admitindo-se, para maior simpiicidade, press4o constante sobre a super ficie da cabega do pistéo e sendo B = velocidade de penetragao emémin E, = energia liberada por min kgmimin 438 - Manual pratico de escavagao © = trabalho por goipe kgm V, = velocidade de impacto do pistéo mis P_,= pressao na cabega do pistao kgfemn? D = diémetro da cabega do pistéo om = curso do pistdo m n,= numero de golpes do pistao por minuto g = aceleragao da gravidade mis? m=massa do pistéo kg k, = constantes teremos que a energia transmitida por golpe 6: a DF 4 a) e=P, A energie o fim de golpes (urn minuto) € 2 eit 8 Np Pan Como a velocidade de penetracao é proporcional a E,, resulta aD 3) B= k EL = ky ny. Pye A distancia percorrida pelo pist4o, num sentido e por minute, é propercional a velocidade de impacto (4) ms =k V, Resulta substituindo-se (4) em (3): B=k,.Py ~. k, + V, = k? P,, V, D? ©, portanto, B=k,P,ViD? Essa equagae possibilita veriticar os principais fatores que influenciam a velocidade de pene- tragao. Um deles a pressdo do ar comprimido que, se aumentada, eleva a velocidade de perfuracao. Deve-se observer que, com 0 aumento da pressao, também a velocidade de impacto do pistao cresce. Uma velocidade de impacto muito alta acarretard tensoes elevadas e quebra da perfuratriz e da broca. Pode-se, entretanto, através de alteragdes de medidas, construir uma perfuratriz que trabalne com P,, mais elevado, sem notavel aumento da velocidede de impacto. Outro fator é @ velocidade de impacto. Pode-se, por alteragao de determinadas medidas, construir uma perfuratriz que trabalharé com velocidade de impacto maior. E necessdrio, Equipamentos de perfuragdo - 439 entretanto, verificar se 0 ago da broca de perfuragéo suporta as tenses mais elevadas produ- 7idas pela maior velocidade de impacto. Oterceiro fator 6 0 quadrado do diametro da cabega do pistéo. Como avelocidade de perfuragao cresce com 0 quadrado de diémetro, as perfuratrizes mais rapidas tem dimensées (tamanho © peso) maiores. Em geral, o numero de percuss6es por minuto para as diferentes perfuratrizes percussivas esta entre 2 mil e 3 mil 8.1.1.4 —- Sistema de rotagao A perfuratriz percussive reproduz o trabalho normal de perfuracao. A cada golpe do pescogo do pistdo contra o punho da broca corresponde uma rotagao de um pequeno arco de circulo, de modo a se proporcionar superficie de rocha nova para a extremidade interior da broca cortar. Essa rotagao ocorre normalmente quando o fluxo de ar comprimido entra na cémara inferior e impuisiona a cabega do pistéo para cima. Desta maneira, quando 0 pistéo desce para o impacto contra o punho da broca, toda energia é destinada a esse impacto e nao ha movimento de rotago. Quando 0 pistSo sobe, ocorre a rotagdo de pequenos arcos de circulo, transmitida a broca. Em razdo desse movimento de rotagao, 0 golpe seguinte da broca nao se fara sobre a mesma regiao da rocha atingida 2 e a 1 — Segurador de brocas 7,8,9 — Conjunto da bucha de rotagao 10 — Parte intermediéria 11 — Pistao 25 — Mola 12 — Porca oscitante 26 — Tampa 43 — Cilindro 27 — Pino eldstico 20 — Caixa de catraca 28 — Bucha 21 — Pino-guia 30 — Cabegote traseiro Figura 8.4 — Mecanismo de rotagéo 440 - Manual pratico de escavagao O mecanismo de rotagao consta de: A porea oscilante esta atarraxada na cahega do pistéo e possui estrias que se encaixam nas do eixo de catraca. O eixo de catraca, indeslocavel, possui uma cabega na qual se prendem as linguetas. Um mecanismo de pino ¢ molas (Figura 8.4) faz com que seja exercida pressao das linguetas contra os dentes da roda dentada no interior do cabecote traseiro, © pescogo do pistéo é estriado para manté-lo solidario com o mandril de rotagao. O conjunto formado pela roda dentada do cabegote traseiro, linguetas, pinos e molas e eixo de catraca funciona como o sistema de catraca de bicicleta. O movimento de rotagao é livre num sentido e bloqueado no outro (Figura 8.5). Quando 0 pistao inicia 0 movimento descendente para golpear a broca, a cabega do pistéo @ a porca oscilante, solidarias, esto proximas cabega do eixo de catraca. A medida que 0 pistéo vai descendo, a porca oscilante exerce presso contra as estrias espiraladas do eixo de catraca que gira, porque as linguetas soliddrias a ele deslizam sobre os dentes da roda dentada, num efeito semelhante ao de se pedalar uma bicicleta para tras. Nao ha, portanto, rotago do pistdo. E 0 eixo de catraca que gira. 4 — Pistéo 17 — Barra do pistao 9 — Punho de haste 18 — Caixa da catraca 13 — Bucha 19 — Lingueta 14 — Bucha de rotagdo 20 — Mola da lingueta 15 — Porca 21 — Canal de lubrificagao 16 — Porea do pistao Figura 8.5 — Funcionamento do sistema de rotacéo com eixo de catraca Apés golpear o punho da broca, o pistéo comeca a retornar. Nesse instante, a cabega do pistdo € a porca oscilante. ambas solidarias, esto na extremidade inferior do eixo de catraca, exercendo pressao contra suas estrias espiraladas no sentido de fazé-o girar. Entretanto, as linguetas da cabeca do eixo de catraca exercem pressao contra os dentes da roda dentada impedindo 0 giro do eixo. Ocorre efeito semelhante ao de se pedalar uma bivicleta para a frente. Nao ha, portanto, rotagdio do eixo de catraca. Este, permanecendo fixo, obriga a porca oscilante a girar em toro dele. Girando a porca oscilante, gira 0 pistdo todo ¢ também ‘0 mandril de rotagao, que esta solidario com o pistao. porque as estrias deste se encaixam nas daquele. O pistéo sobe por pressao do ar comprimido que adentra a camara inferior e. girando em toro do eixo de catraca, faz girar a broca que esta encaixada no mandr de rotacdo Equipamentos de perfuragdo - 441 A cada aproximadamente 11 percussdes do pistéo contra 0 punho da broca corresponde uma rotacao completa. E evidente que esse numero nao é o mesmo para todas as perfuratrizes, mas as variagdes observadas séo pequenas. 8.1.1.5 — Sistema de limpeza devem ser removidos do furo indispensével, portanto, que Os residuos de rocha, produzidos pelo avango da perfuracé para evitar redugao da eficiéncia ou travamento da broca a perfuratriz possua um sistema de limpeza. O sistema adotado na maioria das perfuratrizes consiste na introdugéo, no fure, de um fluido que pode ser agua ou ar comprimido, através da extremidade da broca, A agua ou ar de limpeza percorre a perfuratriz, segue através de um orificio central da broca e sai pela extremi- dade, removendo os detritos através do espago entre a superficie externa da haste da broca 6a do furo A limpeza com agua é, de um modo geral, reservads para 0s trabalhos em taneis, por impedir a formagdo de posira. No caso de se adotar limpeza por ar. o ambiente confinado do tunel seria poluido pela mistura de ar e residuos de rocha séidos do furo. A poeira de rocha em suspensao no ar é muito prejudicial aos pulmoes. Nas escavages a céu aberto normalmente adota-se a limpeza por ar comprimido, sem apre~ sentar riscos notaveis para a saiide do operador. O ambiente naturalmente ventilado impede a formagao de poeira em suspensdo em niveis considerados insuportaveis. Alguns fabricantes desenvolveram coletores de pd que absorvem os detritos saidos do furo. sistema de limpeza por ar consiste, basicamente, num tubo metalic que penetra pelo cabegote traseiro do eixo de catraca, através do pistéo, e adentra um pouco © punho da broca, que jd é perfurado para recebé-o. O tubo metalico para limpeza por agua é um pouco diferente na extremidade que entra na broca (Figura 8.6). > 1-Rocha 2- Superficie do furo 3- Superficie da haste da broca 4- Orificio para passagem do fluido 5 - Espaco entre broca e furo Figura 8.6 — Corte mostrando orificio de passagem do ar de limpeza ¢ tubo metdlico para limpeza por dgua 442 - Manual pratico de escavagdo 8.1.2 — Perfuratrizes rotativas Transmitem a broca somente movimento de rotagéo. Nao ha, portanto, percussdes. A demo- tigao da rocha no furo é feita apenas por rotagdo da broca, que trabalha sob a agao de uma pressdo constante. © equipamento é montado sobre uma plataforma ou carreta para pormitir facilidade de locomogao. Conforme o tipo de broca, as perfuratrizes rotativas podem demolir a rocha por: a) Corte; bj Abraséo; _¢} Esmagamento. As perfuratrizes rotativas destinam-se. quase sempre, a furos de grandes profundidades, como os necessérios para prospecgdes geoldgicas, pogos artesianos, prospeccao e exploracao de pocos petroliferos. Sao aplicadas tambérn na perfuracao de rochas para posterior introducaa de explosivos. Com 0 desenvolvimento dos explosives fluidos (lamas explosivas), maiores diametros de furos serao usados abrindo-se, assim, a possibilidade do emprego das pertura- izes rotativas de grande porte nos trabalhos de desmonte de rocha para fins de construcao civil. 8.1.3 — Perfuratrizes percussivo-rotativas Apresentam rotacao continua, além de percussdes sobre a broca. Diferem das perturatrizes percussivas porque estas, além do porte menor, tém rotagao da broca descontinua (Ver 8.1.1.4). Outra diferenga 6 serem utilizadas para perfuragao de diametros maiores, geralmente de 38 mm (1 1/2] a 89 mm (3 1/2"), podendo chegar a 125 mm (5). -——| | an 1 — Segurador da broca 7 — Valvula deslizante 2 — Maneal revestido do rolamento de 8 — Entrada de ar para o mecanismo de agulhas percussao| 3. — Mancal revestide com anel de 9 — Entrada da agua de limpeza engrenagem 10 — Entrada de ar para 0 motor de rotagao 4 — Tubo de limpeza 11 — Motor de rotagao 5 — Pistéo 12 — Engrenagens planetarias 6 — Revestimento do cilindro 13 — Pinhao do eixo das planetérias Figura 8.7 — Sistema de rotagao independente Equipamentos de perfuragao - 443 O movimento de rotagao continuo pode ser produzido por motor de pistées, colocado no cabecote da perfuratriz, ou por motor independente da perfuratriz. No primeiro tipo, a transmis sao da rotagao para 0 pistao é feita através do eixo de espiral. No outro, o motor de rotagao estd instalado lateralmente ao corpo da perfuratriz e transmite a rotagdo ao mandril por meio de engrenagens ou corrente. Em ambos a rotacao é reversivel, a fim de facilitar a introdugao ou retirada dos segmentos (hastes} para alongar a broca ou rotird fa da perfuragae concluida 8.1.4 — Perfuratrizes de furo-abaixo (DTH) O estorgo de percussao para a extremidade da broca, onde efetivamente ocorre a demoligao da recha para avango do furo, é feito nos outros tipos de perfuratrizes através de segmentos de aco unidos por roscas ( hastes). Desta forma, ao se atingir profundidade razoaveimente grande, estaremos produzindo o esforco percussive na superficie e transmitindo-o por meio das hastes até a exiremidade do furo. Hé, em decorréncia, aprecidvel dissipagao de energia prejudicando 0 avango da perfuragao. As perfuratrizes de furo-abaixo foram desenvolvidas para evitar essa dissipagao de energia O mecanismo de percussao, ao invés de ficar na superficie, esta na extremidade da broca, junto @ coroa, parte mais extrema da broca e que efetivamente trabalha contra 2 rocha. Dessa maneira, a energia do ar comprimido convertida em percussdes ¢ aplicada praticamente toda na perfuracéo, ficando eliminadas as dissipagdes ao longo do colar de hastes. A denomi- nagao em inglés “dewn-the-hole”’ levou a usar-se no Brasil a abreviatura DTH para o sistema. Estas perfuratrizes tém larga aplicagao em pedreiras de bancadas altas, geralmente acima de 20 m. As comparacées jeitas entre as perfuratrizes percussivo-rotativas convencionais @ as de furo-a- baixo mostram vantagens © desvantagens. Como vantagens da perfuratriz de furo-abaixo temos: — nao ocorre dissipagao de energia de percussao no colar de hastes; — a limpeza do furo é mais eficiente; — o rendimento em metros de furo 6 maior para a mesma quantidade de ar comprimido. E como desvantagens — avelocidade de perfuragao ¢ menor; _— a rupture ou 6 travamento do colar de hastes pode significer perda total da perfuratriz; — 2 vida Util das pastilhas {material que rompe a rocha) é menor; — no trabatha bem em rocha muito fraturada ou na presenga de Agua A perfuratriz de furo-abaixo opera como rotagao continua provida de um motor independente situado na superficie. O fluxo de ar comprimido desce pelo interior das hastes alé atingir a perfuratriz. Seu Tuncionamenta apresenta muita semelhanga com a perfuratriz percussiva Os diametros existentes para esse tipo de perfuratriz vao geralmente de 75 mm a 225 mm. Alguns fabricantes oferecem dispositive para injegao de agua no ar comprimido, da ordem de 4 4 8 litros por minuto, com a finalidade de proporcionar um melhor desempenho da 444 - Manual pratico de escavagao perfuratriz em rochas cujos detrites tendem a aderir ou quando avangando abaixo do nivel do lengol freatico Figura 8.8 ~ Principais componentes aa perturatriz oe tundo de furo 1—Valvula seletora 2—Valvula tubular 3—Pistéo 4—Coroa Equipamentos de perfuragao - 445 8.2 — Avangos Para que ocorra um trabalho efetivo de derndligao da rocha e consequente desenvolvimento da perfuragdo & necessdrio que seja exercido um esforgo sobre a perturatriz. E esse esforgo, aliado a percussdo e rotagao, que faz progredir o fur © esforgo pode ser executado fisicamente pelo operador da perfuratriz, sendo transmitide 2 broca © & pastilha. Esse tipo de avango, que produz 0 estorgo, ¢ utiizado nas perfuratrizes manuais. Sem a aplicagao desse esforco, ou quando insuficiente, @ méquine fica saltitando na perfuragdo, improdutivarnente. ‘Anecessidade da redugao de custos da mao-de-obra e aumento da produgao levou ao desenvol- vimento de avangos que prescindem totalmente do esforgo humano. Desta forma surgiram sisternas que exercem pressao sobre a perfuratriz. Nos servigos de escavagao 2 o6u aberto, os sistemas de avangos desenvolvidos foram: pneumaticos; de corrente; de parafuso. No atual estégio de desenvolvimento os avangos pneumaticos tém interesse hist6rico, ja que ainda existem pedreiras que 08 utilizam. 1 2 | * i |__. 1 - Garra - suporte de ago 6- Niple da mangueira de ar - facilmente 2-Cilindro - de ago ou aluminio adaptado com porca de orelha 3- Gaxeta de naifon 7- Botdo de alivio 4- Haste do pistao 8- Valvula de regulagem da 5 - Punho para transporte pressao de empuxo Figura 8.9 — Partes componentes do avanco pneumético 8.2.1 — Avango pneumético E 0 acionado por ar comprimido, Um conjunte pistéo-cilindro é ligado 8 perfuratriz, sendo 0 esforgo sobre ela produzide pelo deslocamento do pistéo contra o cilindro apoiado em um ponte fixo. A garra é travada no solo, em pasi¢ao favoravel. O avango pneuméatico recebe at comprimido através da entrada indicada na Figura 8.9 (6). A valvula de regulagem (8) permite adequar 0 fluxo de ar que adentra o sistema de avango. Esse ar desloca 0 pistéo relativamente ac cilindro. Como 9 cilindro esta travado no solo pela garra, o pistéo exerce acdo contra a perfuratriz, isto 6, surge um esforgo da perfuratriz contra a broca e desta contra 0 furo. Aumentando-se © fluxo de ar através da valvule (8), aumenta-se a pressao da gerfuratriz contra a broca. 446 - Manual prético de escavacao As vantagens do avango pneumatico sobre o manual {exercido pelo operador) séo: — economia de mao-de-obra. Um homem poderd cperar dois ou irés conjuntos avango- perfuratriz; — a pressao de avango é mantida com maior uniformidade, resultando em economia de brocas, ~~ maior produtividade da perturatriz Os avancos pneumaticos foram muito empregados na escavacao de tUneis. Nas escavagoes. a céu aberto apareceram com o nome de ‘‘bencher”. (Ver 8.4.2.) Mangecira de ar Mangusira de agun Lubriticador Figura 8.10 —Ligagées do avango pneumético 8.2.2 — Avango de corrente Neste sistema de corrente o esforgo sobre a perfuratriz € exercide mecanicamente por uma corrente ligada a ela, tracionada no sentido de provocar pressao da perfuratriz contra a broca ¢ desta contra a rocha Os principais componentes do avanco de corrente S40 1) estrutura de suporte; 2} placa deslizente; 3) motor; 4) correne; 5) roda dentada. A estrutura de suporte € constituida por dois perfis justapostos. Na extremidade superior do suporte fica a toda dentada por onde passa e corrente. O motor acionado por ar comprimido € solidério 4 estrutura possui uma roda dentada que faz a corrente caminhar. Equipamentos de perfuragao - 447 A placa deslizante, que se move ao longo da estrutura de suporte, esté presa a corrente. Em consequéncia, tuncionande-se o motor movimenta-se a corrente que, por sua vez, desloca a placa. A perfuratriz fica parafusada na placa deslizante e desloca-se com ela. O avango de corrente ¢ largamente utilizado nos trabalhas de escavagao a céu aberto. Embora a perfuragao possa ndo ser Muito exata com relacdo a direcdo, esse tipo de avango € muito robusto e facilmente reparavel. A pressdo exercida sobre a perfuratriz 6 constante, de maneira que, quanto mais branda a rocha, maior a velocidade de perfuragao 41 — Langa de avango 7 — Placa deslizante 2 — Bucha 8 — Tensor da corrente 3 — Ponta da ianga 9 — Redutor com motor de avango 4 — Guia da haste 10 — Corrente de rolos 5 — Polia 11 — Detalhe da emenda da corrente 6 — Suporte para mangueira Figura 8.11 — Principais componentes do avango de corrente 8.2.3 — Avangeo de parafuso Neste tipo de avango 0 esforgo sobre a perfuratriz é exercido mecanicamente por um longo parafuso que substitui a corrente do avango de corrente. A perfuratriz é presa por meio de parafusos numa placa deslizante que pode se deslocar ao longo da estrutura de suporte. A placa deslizante possui na base uma rosca, penetrada pelo parafuso do avango que gira por agdio de um motor a ar comprimido, situado na extremidade superior da estrutura de suporte. A medida que o parafuso gira, a placa deslizante sobe ou desce na estrutura conforme © sentido de rotacao. Quando 0 parafuso gira no sentido de fazer a placa deslizante descer, € entao exercido um esforgo sobre a perfuratriz, que provoca 0 avango. 448 - Manual prdtico de escavagao As principais partes componentes do avanco de parafuso sao: estrutura de suporte; parafuso; placa deslizante com rosea; motor de rotacao. Entre as vantagens geralmente apresentadas para 0 avanco de parafuso destacam-se. — maior rapidez na perfuragao; — a posi¢o do motor na extremidade superior torna-o menos vulnerdvel a choques; — vida util de parafuso da ordem de 50 mil m de perfuragao. Como desvantagens temos: — a estrutura de suporte, constituida de liga especial de aluminio, é facilmente prejudicade por choques; — no caso do parafuso ser danificado, nao resta alternativa senao substitulio. As vantagens e desvantagens indicadas, quando comparadas com as do avango de corrente, mosiram vantagens acentuadas deste para os servicos normais de escavacdo a céu aberto para demoligée de rocha. No caso de avaria na corrente pode-se substituir alguns eles para repardla, Também, ocorrendo danos na estrutura de suporte, ela poderd ser reparada, por ndo ser feita de liga especial Os utilizados hoje na escavagdo a céu aberto praticamente resumem-se nos avancos de corrente, adotados nos equipamentos de perfuragao com locomogao propria, Os demais siste- mas foram superados como solugao e nao tém mais expressao como equipamentos disponiveis no mercado para comercializacao. E importante, porém, ressaltar que muitos desses equipa- mentos ainda opetam em diferentes tipos de exploragdo de rocha, sendo por isso necessdrio conhecé-los 8.3 — Locomogao das Perfuratrizes A sequéncia das'perfuragdes exige 0 deslocamento das méquinas de um ponto para outro, isto é, concluido uin furo, devemos deslocd-las para o seguinte. Apds a perfuragao de toda uma linha de furos, eles seréo detonados. Novamente haveré necessidadle de deslocar as perfuratrizes, agora para um locai abrigado, onde no sejam atingidas pelos efeitos do fogo. No caso de concluséo do trabalho de desmonte de rocha numa determinada area havera necossidade de se deslocar o equipamento para o proxime corte de rocha a ser escavado. Dentro de um canteiro de obras encontram-se trés tipos de deslocamento dos equipamentos de perfuragaa: na sequéncia de furos; para abrigar o equipamento durante a detonagao; para novas ‘rentes de trabalho, Como os deslocamentos constituem uma parcela apreciavel do ciclo de escavacao, reduzin- do-0s consegue-se 0 aumento do numero de metros de perfuragde produzidos por hora A seguir apresentamos algumas solugées desenvolvides pata 0 problema: 8.3.1 — Locomogao manual As perfuratrizes manuais $40 operadas e deslocadas manualmente na sequéncia de furos, assim como para abrigar a maquina durante a detonagdo do “fogo''. O deslocamento para Equipamentos de perfuracdo - 449 novas frentes de escavagdo, quando distantes, é feito através de veiculo, geralmente um caminhao basculante que serve na linha de transporte da rocha detonada. Quando as frentes S40 préximas, poderé ser efetuado manualmente € cada trabalhador carrega nos ombros a perfuratriz que opera. 8.3.2 — Locomogao tracionada A introdugao de rodas e de uma estrutura de suporte para as perfuratrizes representou uma grande evolucao. Os des!ocamentos tornaram-se muito mais simples e a producao do equipa- mento passou a depender menos da mao-de-obra. Utilizou-se uma estrutura de suporte (chassi), sobre a qual foi montade a perfuratriz corn um sistema de avango. Dotou-se o chassi de rodas de borracha macica ou pneumaticos € uma barra de tragdo. Assim 0 equipamento péde ser deslocado com muito maior facilidade, tracionando-o com veiculo ou trator, no caso de trajetos longos, © manualmente, quando curtos. A locamogao tracionada permitiu o desenvolvimento de perfuratrizes maiores, de maior produ- ce e, portanto, mais pesadas. A operacao € deslocamento totalmente manuais limitavam 0 aparecimento de equipamentos mais possantes. 8.3.3 — Locomogao propria Apos as perfuratrizes de locomocao por tragao, o mercado evoluiu com a montagem da perfuratriz e seu avango sobre uma unidade tratora, isto 6, com sistema de locomogao proprio. Desta maneira os deslocarentos da perfuratriz para novos furos na mesma linha ou para novas frentes de trabalho passaram a ser feitos sem a necessidede de qualquer veiculo auxiliar. Esse fato gerou a facilidade e rapidez de deslocamentos ainda maiores e a possibilidade de se desenvolverem perfuratrizes mais pesadas, de rotaco independente. A perfuratrz © © respectiva sistema de avango sao montadas sobre uma unidade tvatora especialmente projetada e construlda para recebé-los sem necessidade de adaptagao. A unida- de tratora é quase sempre de esteiras, 0 que assegura @ possibilidade de ascenséo em rampas ingremes € de deslocamento sobre terrenos inegulares, comuns nos servicos de escavacdo de rocha. E impulsionada por motor acionado a ar comprimido, utilizando a mesma linhe que alimenta a perfuratniz. Pode-se empregar compressor de ar portatil, nesse caso ele € engatado a traseira da maquina para 0 desiocamenta. O ar comprimida fornecida, além de acionar a perfuratriz eo avanco, movimenta as esteiras da unidade tratora. Quando esta se desloca, traciona 0 compressor de ar. Durante a perfuragdo, o compressor de ar pode ser desengatado da unidade tratora, ficando lenge da poeira expelida do furo em execucao. O forecimento de ar comprimido € feito por meio de mangueiras de borracha, ¢ 0 motor a explosae de acionamento do compressor de ar fica protegido da poeira. Observa-se que a unidade tratora, especialmente projetada e construida para receber a perfu- ratriz € respectivo avango, apresenta vantagens inconiestes sobre as unidades tratoras adapta- das € por isso foram preferidas para os trabalhos de escavacao de rocha a céu aberto 8.4 — Associagao de Perfuratriz, Avango e Locomogao Ja vimos que, para perfurar a rocha, precisamos da perfuratriz propriamente dita, a qual produz percussdes ¢ rotacdes da broca contra a rocha; de um sistema de avango que exerce um esforgo continuo sobre a broca, forgando.a a progredir na perfuragao @ de um sistema 450 - Manual pratico de escavagao de locomogao que permite o deslocamento da perfuratriz de um furo para outro, e para novas frentes de trabalho. A seguir estudaremos o resultado da associacéo da perfuratriz, avango ¢ locomosao. 2 3 4 1 — Roda dianteira com freio de correia A — Avango de corrente 2 — Controles do equipamento de B — Motor de rotacao perfuragao. C — Haste 3 — Tanque de éleo do hidréulico D — Perfuratriz de profundidade 4 — Macaco 5 — Sistema de ar 6 — Braco Figura 8.12 — Perfuratriz de carreta Equipamentos de perfuragao - 451 8.4.1 — Perfuratrizes manus Neste equipamento a percussao é produzida mecanicamente. O esforgo para avaneo da perfura- cio € efetuado pelo operador que, com os bragos, aplica uma forea, transmitida 8 broca, através do punho da perfuratriz. 0 deslocamento das perfuratrizes manuais ¢ feito, no caso de pequenos percursos, manual- mente ou sobre um caminhdo, em iongas disténcias. As perfuratrizes manuais so utilizadas nos seguintes setvigos de escavagao de rocha a ceu aberto: a) Exploragao de pedreiras de pequeno porte, b) Escavagdo de cortes rodovidrios de pequenc porte; ©) Escavagao de fundages de barragens que exijam pequena produgae mensal, d) Desmonte de matacdes ou aprofundamentode escavagées para fundagdes de obras-de-arte e edificios; ) PerfuragSes (fogachos) em pedreiras; f) Perfuragées esporddicas que auxiliam 0 desmonte de rocha decomposta em jazidas para pavimentagdo; 9) Acabamento de cortes € valas para drenagem. 8.4.2 — “Bencher” ‘/Aassociagao de um avango pneumatico e de uma perfuratriz percussiva resultou num equipa- mento especifico para per‘uracdes verticais, ou de pequena inclinagao, denominado “bencher” ‘A essa associagéo adicionou-se um eixo e um par de rodas com revestimento de borracha maciga, tornando 0 conjunto mais faciimente deslocavel. O equioamento, leve, pode ser Utilizado em terrenos ingremes, frequentes no inicio do recorte do macigc rochoso para o estabelecimento dos sucessivos planos de ataque chamados bancadas. Deve, entretanto, ser previamente fixede na rocha para permitir o funcionamento do sistema de avango. Comparado com a perfuratriz manual, o “bencher” apresenta a vantagem de reduzir @ mao-de- obra, ja que apenas um operador pode cuidar de duas unidades simultaneamente. Quando varios equipamentos sao utilizados, formam-se turmas de trabalho onde dois homens operam até cinco “benchers”. O “bencher € um equipamento para furos com mais de trés metros. A substituigso das brocas integrais, a fim de se atingir a profundidade de perfuragao desejada, é facilitada pelo uso do avango em sentido oposto ao da perfuracao. Atengao especial deve ser dedicada 3 ancoragem do ""bencher”, isto 6, sua fixagao na superticie. Assim, alguns procedmentos preparatérios sao necessdrios: — fazer, com uma perfuratriz manual leve, um furo auxiliar para ancoragem de cerca de 20 cm de profundidade por 32 mm de diémetro; _— introduzir o pino de ancoragem e respectiva cunha no furo. Bater na cunha e em seguida prendéa na sua posicao; 452 - Manual prético de escavagéo Figura 8.13 — "Bencher” 1 — Barras de ligacio 2 — Cilindro 3 — Mangueira de ar de alimentagao 4 — Perfuratriz 5 — Ligagdes do ar comprimido 6 — Ancoragerm 7 — Lubrificador de linha Equipamentos de perfuragao - 453 _— encaixar a extremidade do “bencher" na cabega do pino de ancoragem; — introduzira cunha de fixagéo do “bencher” apds colocé.lo no angulo de perturagao desejado. Concluida @ ancoragem, inicia-se a perfuragao, A fim de eliminar © tempo ociose do equipa- mento, é tealizada prévia perfuragao do furo de ancoragem, de maneira que 0 “bencher”, ao se deslocar para uma nova perfuragéo, encontra o furo pronto. ‘A produgdo dos “benchers”, atualmente, esta interrompida pelos fabricantes. Eles foram superados pelo desempeno e eficiéncia das perfuratrizes sobre trator de esteiras. Entretanto, ainda existem empresas, especialmente pedreiras, que utilizam com éxito esse equipamento, apesar de seu anacronismo. 8.4.3 — “Wagon-drill” E a associagdo da perfuratriz, de um avango de corrente e de uma estrutura de suporte dotada de quatro rodas com pneumatics e uma barra de tracao. Trata-se de um equipamento que representou notdvel melhoria na velocidade de perfuracao. Além da facilidade de deslocamento proporcionada pela estrutura sobre pneus e de ser tracio- nado por um trator, soma-se 0 fato de permitir 0 emprego de perfuratrizes pesadas (de 4S a 170 kg) e de furo-abaixo. Neste caso a perfuratriz presa 4 placa deslizante de avango de corrente 6 substitulda por um motor de rotagdo. Outra grande vantagem do “wagon-drill" sobre as perfuratrizes manuais e “benchers” 6 a de poder produzir perfuragdes inclinadas em angulos que variam geralmente de 40 graus até a Vertical. Esse fato é muito importante quando se tem em vista, muitas vezes, @ conve- niéncia de atacar a escavacao com face de bancada inclinada € nao vertical Para a garantia da imobilidade do equipamento durante 2 perfuracao é dotado de freios e apoios estabilizadores que, abaixados, fixam a maquina ao solo. A fim de evitar a necessidade de manobras para 0 deslocamento de um furo a outro, em frente a face da bancada, as rodas dianteiras podem dar um giro de 90 graus, permitindo o desiocamento da carreta paralelamente 4 face da bancada. 0 “wagon-drill’ trabalha com brocas de extensao, isto é, aumente-se 0 comprimento da broca pela adi¢do de hastes parafusadas. Os comandos sao centralizados, permitindo ao operador um controle muito fécil sobre a maquina. A perfuratri dotada de rotagdo reversivel jacilita as operagdes de acréscimo e ou retirada de hastes da broca. Os didmetros de trabalho podem variar de 1 1/2" (40 mm) até 2 1/2’ (64 mm), dependendo da perfuratriz, que possuem peso de 45 kg 2 170 kg. As perfuratrizes de furo-abaixo podem ser associadas ao “wagon-drill’. Neste caso temos no avango de, corrente apenas um motor de rotagao, cujo peso 6 de cerca de 40 kg ¢ 0 diémetro de perfuracao de até 4”, com a desvantagem, entretanto, de ser necessaria uma pressao de trabalho de ar comprimido de 10,5 kgiem? (150 psil, contra os 5.6 kg/om? (80 psi) utilizados pelo “wagon-drill” para as perfuratrizes convencionais, Os “wagonrilis” podem ser empregados, principalmente, nos seguintes trabalhos: — desmonte de rocha para britagem; _. escavagio de cortes rodovidrios de rocha (3: categoria); 454 - Manual pratico de escavagao _. escavagao de cortes rodoviarios clasificados como de 2% categoria com explosivos; —. escavagao de rocha para fundagées de barragens; _— desmonte de rocha para produgao de rachdo para enrocamentos; — perfuragdes para ancoragem de muros atirantados. Assim como alguns equipamentos j4 mencionados ainda existem mulios “wagon-drill” opesan- do, sendo por isso importante conhecéos. 8.4.4 — Perfuratrizes sobre trator A perfuratriz sobre trator apresenta tragao prdpria. O tipo de maior aceitagao para os trabalnos gerais de escavagio de rocha a céu aberlo tem a unidade tratora especialmente construida para receber 0 avango e a perfuratriz. E um trator de esteiras, acionado por motor a ar comprimido. Na lingua inglesa sdo denominados “air-track” ou “‘crawier-diill”, Pode-se dizer que suplantaram em vendas os tipes montados sobre unidades tratoras comerciais, que se destinam também a outras finalidades, como tragao de arados etc. ‘As perfurattizes sobre trator apresentam uma ampla gama de possibilidades de perfuragao 0 avanco (de corrente} ndo fica solidério a0 chassi do trator, mas articulado a ele por meio de um sistema acionado por pistées hidraulicos que permitem os movimentos mostrados na Figura 8.15. Esse equipamento possibilita perfuragdes em diversos angulos € na horizontal. Por ser dotado de esteiras permite seu desiocamento em ierrenos ingremes e desfavoraveis. Os pistdes hidraulicos do sistema de posicionamento do avanco dao ao equipamento muita rapidez no preparo para deslocamentos ¢ inicio de um novo furo. Existe no mercado internacional uma unidade tratora com dois avangos de corrente © duas perfuratrizes para a realizacdo simultanea de dois furos, Trata-se de um equipamento mais leve em comparagao com o dotado de perfuratriz Unica. Utiliza perfuratrizes com peso aproxi- mado de 30 kg, para trabalhar com brocas de 27 a 45 mm de didmetro e se destina a ‘escavagao de rocha em bancadas baixas, escavagao de valas para drenagem e assentamento de dutos, perfuragdes secundarias etc, O consumo de ar é da ordem de 10,3 m’/min (365 cim) a 7 kg/cm? (100 psi) ‘As unidades dotadas de perfuratriz Gnica mais comuns trabalham com perfuratrizes cujo peso 6 da ordem de 170 a 270 kg, de rotagao independente e para didmetros de 5 a 12,5 om (2 a 5"). O consumo de ar para acionamento do conjunto é da ordem de 17 m%min (00 cfm) a pressdo de 7 kg/cm? (100 psi). Podem trabalhar também com perfuratrizes de furo-abaixo. Neste caso teremos acoplado ao avango da perfuratriz apenas um motor de rotacdo. As principais vantagens e desventagens da utilizagdo da perfuratriz de furo-abaixo $a0! — Ap.dta. (perfuratriz de furo-abaixo) mantém avango de perfuracdo uniforme, mesmo em profundidades grandes, desde que as caracteristicas da rocha nao variem. _ A p.dia. no consome ar comprimide em excesso. O portal de exaustéo da perfuratriz. estande dentro do furo, contribui para a limpeza e remogao dos detritos de perfuragao. — As hastes tém vida Util jonga porque transmitem apenas o movimento de rotacdo a perfuratriz e conduzem ar comprimido. Nao transmitem 0 movimento de percussao Equipamentos de perfuracao - 455 — Ap.d.ta. é muito mais silenciosa porque a perfuratriz trabalha dentro do furo. — Ap.d.ta. permite perfuragées bastante precisas em diregao (desvios muito pequenos) — Ap.d.f.a. permite perfuragées profundas. — Para se obter born desempenho de perfuragao 6 necessirio pressao de trabalho de 10,5 kgfem? (150 psi). Quando se trabalha com a press4o normalmente utllizada de 5,6 a7 kgier? (80 a 100 psi}, 0 desempenho 6 ruim. — Apd.t.a. nao permite a utilizaggo de diametros de coroas muito diferentes, jé que existe a limitacao de diémetro da propria perfuratriz. — Admite-se que com a p.d.f.a. os custos de periuragao sao menores. Figura 8.14 — Perfuratriz com avanco de corrente montada sobre esteiras 456 - Manual pratico de escavago Figura 8.15 — Angulos e posigées de perfuracao de perfuratrizes sobre trator Equipamentos de perfuracao - 457 Figura 8. 16 — Duas perfuratrizes com respectivos avancos montados sobre trator especial Dentre as perfuratrizes montadas sobre trator construido especialmente para a finalidade existem, no mercado, méquinas muito mais pesadas, dotadas de perfuratrizes rotativas (nao ha nenhuma percussao) e destinadas a perfuracdo de didmetros a partir de 4” {10 cm) Esses equipamentos sao oferecidos sobre pneus ou esteiras e destinam-se a perfuracdo de bancadas em trabalhos de grande porte como pedreiras ou minas de alta produgao (acima de 100 mil m? mensais). Carregam seu proprio compressor de ar montado sobre o trator e trabalham também com perfuratriz de furo-abaixo. A seguir 0s principais empregos das montagens sobre trator: 458 - Manual pratico de escavagao Uma perfuratriz (percussivo-retativa) e avango de corrente: escavacdo de: bancadas em pedreiras, fundacoes de barragens, cortes rodovidrios; perfuragae de: pogos, ancoragens @ injegdes ce cimente. Duas perfuratrizes percussivas e dois avangos de corrente: escavacao de bancadas baixas; aberturas de valas para drenagem e assentamento de dutos; perfuracSes secundarias; escavaso de cortes rodovidrios classificados como de 2: categoria com explosive e perfura- cdo para pré-fissuramento. Motor de rctagao, perfuratriz de furo-abaixo e avango de corrente: escavagéo de bancadas com diametros entre 3 1/2" e 9", e profundidades aiém de 25 metros. « Motor de rotagéo € avanco pneuméatico ou de corrente {e eventualmente perfuratrizes de furo-abaixo) e compressor de ar proprio: perfuracde de diametros superiores a 4” e profundidades grandes, servigos que exigem produgées muito grandes, superiores a 100 mil m? mensais e onde 0 topo da bancada apresenta condigées favoraveis 4 entrada do equipamento, que é bastante pesado. 8.5 — Lubrificagado das Perfuratrizes As partes moveis das maquinas necessitam ser lubrificadas, a fim de permitir funcionamento normal ¢ vida util prolongada, Dai a importancia de se proporcionar lubrificagao adequada, efetiva e continua a esses equipamentos. O fato de o ar comprimido percorrer as partes moveis da perfuratriz foi utitizado para definir 0 sistema de lubrificagdo. Adicionando-se cleo ao ar comprimido, ele 0 acompanharé no seu trajeto através da perfuratriz. Nos pontos de redugdo de velocidade do ar o leo aderira as paredes, efetivando-se a lubrificagao. 8.5.1 — Lubrificador de linha E 0 dispositivo no qual o dleo é adicionado ao ar comprimido. Trata-se de um pequeno. reservatorio de 6leo, atravessado pelo ar comprimido, permitindo atomizagao do dleo e sua incorporagao ao ar. Q funcionemento do lubrificador de linha (Figura 8.17) 6 feito através do ar comprimide que ultrapassando 9 duto central sofre um estrangulamento por redugdo de seco do duto. No ponto onde o estrangulamento é maior (regiao da agulha F} ocorre aumento de velocidade e redugao de pressdo. Um pequeno canal (B} conduz ar comprimide de duto para 0 topo do reservatério, onde exerce pressdo sobre a superficie do dleo (C). Devido a diferenga de pressao entre os dois pontos, o dlea é forgado em diregéo ao duto de ar comprimido, onde 6 atomizado e incorporado a corrente de ar. O corpo central (K) é montado com articulagao € possui centro de gravidade baixo. Assim, nao importa a posigéo em que o lubrificador € colocade, j4 que o corpo central gira e mantém a agulha (F) sempre na vertical, O lubrificador de linha deve ficar, no maximo, de 3 a 4 metros distante da perfuratriz, garantindo © suprimento de dleo atomizado para as partes méveis do equipamento. Muitos operadores costumam colocar a lubrificador a longa distancia, procedimente inconveniente, ja que o leo atomizado adere as paredes da tubulagdo que conduz o ar comprimido, se aglutina subitamente se desprende em pelotas, criando descontinuidades no tluxo do lubrificante. Como manter a lubrificagdo constante é vital, recomenda-se que o lubrificador de linha fique sempre a 3 ou 4 metros da perfuratrz. Equipamentos de perfuragao - 459 D c E B F A i L G H 1 K A — Canal de ar G — Camara de dleo B — Tubo dear H — Canai de leo C — Nivel do dico 1] — Valvula de espera D — Furo de respiro K — Corpo central E — Bujao L — Conexées de ar F — Valvula de agulha Figura 8.17 — Lubrificador de linha © lubriticador de jinha deve ser limpo’ periodicamente para eliminar substancias estranhas ao dléo como agua, areia, pedagos de borracha da mangueira de ar etc. Recomenda-se também verificar a cada duas ou trés horas de trabalho da perfuratriz o nivel de dleo. As dimensées do lubrificddor variam em funcdo do tamanho da maquina. Sao aceitas as seguintes relagdes que traduzem esse fato: Quadro 8.1 — Capacidade dos lubrificadores de linha Recomendado para perfuratrizes com Capacidade de éleo do lubrificador (em) |_oonsume de ar de ‘m/min pem 280 2 70 750 2a 6 70 a 200 4,500 6 a 20 200 a 700 8.5.2 — Caracteristicas do lubrificante adequado O ar atmosférico contém sempre uma deierminada quantidade de vapor de agua. Quando A redugdo da temperatura do ar, o vapor se condensa, formando goticulas de agua. No caso de elevagéo da temperatura, maior serd a capacidade do fluxo de ar comprimido de carrear vapor de agua para dentro da perfuratriz. O ar comprimido, expandinde-se, aps movimentar 8 maquina é liberado para a atmosfera através do portal de exaustéo. Com a expansdo cai a pressdo e também a temperatura. Nessa brusca variagao de pressdo e de temperatura ocorre a condensacao do vapor de agua. 460 - Manual pratico de escavagao E necessario que o lubrificante empregado possua caracteristicas que néo permitam sua remogao através da gua condensada no interior da perfuratriz, protegendo.a contra a oxidagao causada pela agua. As principals caracteristicas do lubrificante sao a) Resisténcia a agua Qualidade incorporada ao lubrificante pela adigdo de agentes quimicos que permitem a sua emulsificagao € aderéncia as paredes da perfuratriz. Esses agentes possibilitam ao ‘ubrificante misturar-se com a agua ou vapor de Agua presentes no ar comprimido e aderir a todas as superficies que necessitam de lubrificagso. No caso de o lubrificante néo possuir agentes emulsificantes, 0 filme de dieo seré lavado pela agua, acarretande desgaste prematuro, oxidagao das superficies e vedacae insuficiente contra perdas de ar. b) Viscosidade correta O dleo lubrificante deve possuir viscesidade que evite o emperramento das valvulas ou a eliminagao do filme lubrificante pelo proprio fiuxo de ar comprimido. Um dleo de viscosidade excessiva impedira ou dificultaré o funcionamento adequado das valvulas da perfuratriz. Por outro lado, um lubrificante de viscosidade muito baixa seré eliminado pelo fluxo de ar. ¢} Uniformidade O lubrificante deve manter suas caracteristicas a altes © baixas temperaturas. Estas, muitas vezes registradas no periodo da manha, exigem que ele esteja suficientemente fiuido para ser atomizado no lubrificador de jinha e transportado através da mangueira de ar. E importante, também, que ndo se altere com a elevagao da temperatura, observada em geral apés as primeiras horas de funcionamento da perfuratriz. d) Ponto de fulgor E muito importante que o lubrificante apresente um ponto de fulgor elevado, isto é, que se incandesga 2 uma temperatura elevada. Isto evitara a “dieselizagdo”, fendémeno baseado na exploséo da mistura de ar compsimide e dleo ‘ubrificante dentro da perfuratriz, num proceso muito semelhante ao que ocorre no interior de um motor diesel. A “‘diesclizagéo’' destrdi © filme lubrificante, uma vez que queima e superaquece a perfuratriz, causandothe danos sérios e) Nao-toxico O lubrificante deve conter aditivos que evitem a irritagao das mucosas, nduseas ou mal-estar no operador da perfuratri2 ou no pessoal que trabalha proximo a ela. Essa caracieristica, 6 claro, € indispensavel no trabalho em locais confinados ou mal ventilados, ndo tendo a mesma importancia nas escavacdes @ céu aberto. As firmas especializadas em ‘ubrificantes podem prestar um eficiente servico na determinagao do dleo adequado, bastando para tanto consulté-las, O quadro 8.2 apresenta alguns dos dleos lubrificantes comercializados, Através do quadro verifica-se que os diferentes fabricantes produzem lubrificantes especificos. Os catalogos de manutengao dos equipamentos indicam, sempre, os fabricantes e normas comerciais dos lubrificantes recomendados, Equipamentos de perfuragao - 461 Quadro 8.2 — Fabricantes e nomes de alguns lubrificantes Fabricantes Nome comercial Castrol RD Oil 32 Mobil Oil ‘Aimo 525 Potrobras tubrax FP 44 Promax Max Lub Rock Drill Shell Tonnak 100 Texaco Rando! Qi) HD 46 8.6 — Operagao das Perfuratrizes AAs perturatrizes requerern operagéo correta para que possam apresentar bom desempenho, prodlugae condizente com suas caractersticas e também durabilidade. Os fabricantes de Sap inentos, através de seus representantes, prestam grande auxilio, enviando seus técnicos ee Ghras para ofientar os operadores ou mesmo promovendo curses sobre a operacso das perfurairizes @ utilizagao das brocas. 8.6.1 — Operagao das perfuratrizes manuais Séo indicedos os seguintes cuidados na operagao. — Iniciar o furo com o registro de ar aberto apenas pela metade. _ Recomenda-se, para embocar o furo, manter a perfuratriz perpendicular ao plano da rocha a cer perturada, Isso pelo Tato de haver, na superficie, pianos inclinados nao coincidentes fom o plano geral da rocha, Apds 0 embocamento da-se a diregao desejada a broca __ Abrir completamente o registro de ar to logo se tenha conseguido © embocemento _ Controlar a presséo de avango. Pouca pressao permite @ perfuratriz saltitar, causando desgaste excessivo no. mandi, reduzindo a velocidade de penetracao. Por outro lado, 3 pressao excessiva tende a frear a rotagao, danificando @ pastilha: Manter o furo alinhado. Perfurar fora de alinhamento causa danos as brocas. Isso se aplica especialmente aos ultimos 30 6 50 cm da perfuracdo, j4 que nesse intervalo es tensdes se tornam muito maiores. Se a broca travar, deve-se imediatamente aliviar a pressao de avango ¢ reduzir 9 registro tie ar pela metade, de modo a permitir maior efetividade na limpeza do furo. Aumenta bo maximo, 0 registro de ar apds obtida a limpeza suficiente do furo ou ultrapassada a figura da rocha Se isto ndo for suficiente, deve-se, com uma chave apropriada, procurar fazer a broca girar no sentido do rotagao proprio da perfuratriz, Prosseguir até a broca ter vencido a fissura da rocha que provocou 0 travamento. — Quando préximo da conclusao do furo, proceder exatamente como indicado no item antenor. Esse método limpa o furo e torna muito mais facil a extragdo da broca. _- Convém usar, no minimo, dois jogos de brocas, alternando-os a cada furo executado. permitindo, assim, 0 resfriamento das brocas. 462 - Manual pratico de escavagao _— Nao usar as brocas excessivamente. Regular 0 nlimero de metros perfurados por dia, para se atingir 0 ponto de desgaste que requer afiagao no fim do turno de trabelho. — Ao perfurar com limpeza de ar, Soprar 0 furo a aproximadamente cada 18 ¢m, 0 que mantém a broca sem superaquecer € minimiza o desgaste das pastilhas. _- Recomenda-se examinar a pastilha antes de iniciar 0 furo. Quando lascada provavelmente criard dificuldades durante a perfuragao, Caso a pastilha se rompa nao intraduzir outra broca no furo sem antes ter soprado a parte rompida para fora, — Se © furo tiver de ser aprofundado, verificar se a broca seguinte da sétie gira com o movimento da mao antes de prosseguir perfurando. — No caso de @ broca travar, nunca se deve golpeéta pois criam-se pontos preferenciais de ruptura do aco que compée a broca 8.6.2 — Operagiio dos “benchers” Os “benchers” destinam-se a perfuragao de bancadas ¢ constituem, em tazdo de seu pequeno peso (cerca de 80 kg), uma alternativa eficiente para as perfuratrizes sobre carretas quando 8 superficie do terreno a ser perfurado é particularmente acidentada. Para a operagao recomenda-se: _. Executar com perfuratriz manual um orificio de cerca de 20 cm de profundidade e diametro de 1 1/4" para introduzir 0 chumbador de ancoragem. _. Martelar a cabeca de chumbador ¢ em seguida apertar 0 parafuso até a cunha ficar bem firme. — Colecar 0 “bencher sobre 0 chumbador de ancoragem e travar 0 avango no angulo desejado. — Coma bragadeira fechada iniciar a per‘uragac com apenas metade do registro de ar aberto — Conseguido embocamento, abrir a bragadeira ¢ prosseguir na perfuragao. __ Apés conclulda @ perfuracéo, liberar 0 chumbador de ancoragem soltando o parafuso da cunha e em seguida batendo na cabega da cunha com um martelo — A pressao do avango 6 regulada através de uma vélvula existente no topo do cilindro _ No caso da broca travar, usar os mesmes procedimentos indicados para a perfuratriz manual 8.6.3 — Operacao das perfuratrizes montadas sobre carreta ou trator As perfurattizes desse tipo so conhecidas come “wagon-drill”, ou “air-track”’ ou “crawler-dril!” © outros names, conforme a procedéncia do equipamento. Possuem, entretanto, uma coisa em comum: aperam com brocas de extensao, isto 6, $40 alongadas ou encurtadas através da adicao ou retirada de hastes dotadas de roscas nas extremidades. Equipamentos de perfuragao - 463 Os principais cuidados usualmente recomendados para operar esse tipo de equipamento sao: 1} O inicio da operacao, isto 6, o embocamento do furo, deve ser feito com muito cuidado fe sem pressa. O furo, quando bem embocado, seguira na diregdo desejada, reduzindo 08 problemas com as brocas. 0 embocamento deve ser feito com 0 centralizador fechado, abrindo-o depois. 2) Apés perfurar a extensdo, correspondente a primeira haste, desacoplé-la do punho, introdu- zindo a segunda haste. E necessério verificar se o furo esta limpo. Depois, se 0 terreno perfurado for uniforme e duro, baixar a haste ‘até a coroa ficar firme contra o fundo do furo. Nessa situagdo o ar deverd estar no neutro. Em seguida, com leves toques do registro, operar a perfuratriz até sentir que a luva que acopla a haste ao punho se soltou. Esse momento é determinado pelo som nitidamente diferente que se ouve na perfuratriz. Em terreno nao uniforme e brando é preterivel manter-se a coroa afastada do fundo do furo. Fazer com que a perfuratriz gire ao contrario, erquendo-a através do avango até 6 punho ficar solto no mandril. Convém ir levantando a perfuratriz & medida que o punho vai sendo desparafusado da luva, de modo que ele continue solto no mandril e nao receba as percussdes do pistao. A operagao de soltar as roscas deve ser lenta e por isso é necessario que se use apenas parte do registro de ar, Utilizar, ainda, uma chave especial, eneaixada em lugar apropriado na extremidade da haste, a fim de evitar sua rotagao abaixo da luva que esta sendo soita 3) Apés desacopler a haste do punho, alterar o comiando para a posicao “avante", levantando a perfuratriz até o topo do mastro de avango. Introduzir a nova haste, rosqueando-a na luva inferior, Em seguida, abaixar a perfurattiz até penetrar na luva superior, rosqueando alguns fios com as maos, Prosseguir com 2 perfuratriz girando na posigao “avante” até a certeza de que a nova haste esta suficientemente firme ‘As hastes seguintes devem ser acrescidas exatamente da mesma forma. Qutro ponto importante € 0 de se manter o avango na pressdo adequada endo permitir a perfuratriz “galtitar”. isto é faciimente observado na extremidade da haste que esta ao longo do avango e também pelo som diferente que surge na perluratriz. A falta de pressao pode causar "‘dieselizaco"’ no cilindro, causando superaquecimento, percebida também pela pulsagdo desigual da perfuratriz e pelo ruldo estranho. Pode ocorrer ainda quando o terreno & frouxo, recomendando-se a operacdo com apenas parte do registro de ar aberto, 4) Quando 0 furo estiver préximo da conclusdo, recomenda-se perfurar o titimo metro com rotagao livre e percusséo bastante reduzida, Esse procedimento soltar4 as iuvas, facilitando a remogao. Concluido o furo, suspende-se € abaixa-se 0 colar de hastes, com o maximo de ar no sopro para se obter limpeza total do furo. Em seguida, com a coroa apoiada no fundo, coloca-se a perfuratriz na posigdo de “neutro” e, com leve pressao de avanco, executa-se uma série de golpes. Nao se deve girar a perfuratriz 20 contrério, para soltar a luva que estiver mais firme, pois 2 porea do eixo espiral podera se soltar, provocando danos no pistao. Para remover o colar de hastes, verificar se a primeira juva esta solta no punho. Colocar © controle de rotagio na posigao “reverso" ¢ com chave especial dar algumas voltas na primeira haste até soltarem-se alguns fios de rosca. Levantar 0 colar até que a luva da segunda haste estela cerca de 15 cm acima do ceniralizador. Fechar o centralizador e colocar uma chave no encaixe da haste, logo acima dele. Forgando a primeira chave @ mantendo firme 2 segunda, soltar a haste, prossequindo com a rotagao da perfuratriz, ¢ depois manualmente até ser possivel removéa. Nao permitir que a luva da segunda haste fique muito acima do centralizador, pois quando se libera totalmente a primeira haste dos fios de rosca, 0 colar de hastes cai e podera danificar 0 centralizador. 464 - Manual prdtico de escavagao Para retirar a segunda haste, abaixar a perfuratriz, rosqueando © punho com algumas voltas na luva. Suspender o colar e proceder como anteriormente. 8,7 — Manutengao das Perfuratrizes Camo todos os demais equipamentos usados em Terraplenagem as perfuratrizes requerem atengao especial quanto 4 manutengSo, para que a sua vida util seja compativel com as hipéteses formuladas no caiculo do custo dos servicos. O descuido do equipamento e a nao realizagdo das etapas de manutencao preventiva levam a um envelhecimento precoce e perda da Sua efetividade. Besta forma os canteiros de obras devem ser equipados com seccdes especidlizadas de oficina mecanica e dirigidas por pesscal conhecedor da periuretriz em Uso, Os fabricantes fornecem, sempre, manuais detalhados e ilustrados para a manuten¢do preven- tiva e corretiva, @ mostram a forma adequada de desmontagem e montagem da maquina Para uma boa manutengao 6 conveniente manter uma ficha da maquina onde fiquem assina- lados os principais fatos ocorrides. Deve-se anotar sucintamente os reparos feitos @ o numero _ de horas de trabalno que contava na ocasiao. Com esse controle € possivel, entre outras coisas, detectar a repeticao de um mesmo tipo de avaria que poderd estar relacionada com um viclo de operagao ou até com a ma qualidade de uma pega de reposicao, Nao se deve transigir com a manutengdo preventiva, embora os imperativos de produgao e de atendimento de cronogramas de obra possam induzir a tal. A manutencao preventiva, adequadamente planejada e quando providenciadas com antecedéncia as pegas que se supoe necessitar substituicao, é rapida e evitard surpresas que resultam quase sempre numa perda de tempo muito maior. Do ponto de vista de producao, é preferivel uma perda de tempo que pode ser prevista e planejada & que ocorre aleatoriamente, nos casos de avarias que exigem manutengao corretiva. O escopo da manutengao preventiva é justamente evitar a ovorréncia de avarias durante a operacao. ‘A manutengao preventiva é feita apés a maquina ter trabalhado um determinado numero de horas ou ter perfurado um determinado numero de metros. Requer, portanto, um controle desses dados, Atingido 0 nlimero de horas ou de metros de perfuracao caracteristico de uma etapa de manutengao preventiva, expede-se uma ordem de recolher 0 equipamento a oficina. E evidenie, cabe uma pequena flexibilidade nessa ordem. Pode néo ser oportuno paralisar ‘a maquina naquele momento exato porque as necessidades de producdo nao © permitem Nao trard inconvenientes posseguir-se no trabalho por mais umas tantas horas antes de se paraliser 0 equipamiento, dentro de uma tolerancia de até 10%. Mais do que isso podera trazer problemas. Cabe a0 pessoal de manutencdo e de produce, juntos, criar procedimentos ¢ avisos anteci- pados para 0 planejamento da manutengao preventiva. Com isso se evitard 0 nao atendimento de ordem de recolhimento a oficina € os prejuizos ao cranograma da obra Aiguns defeitos do equipamento podem ser geredos por causas facilmente sanaveis. No caso de outras imperfeigées, alertar os operadores para suas causas, € como evité-las. Equipamentos de perfuragao - 465 Quadro 8.3 — Identificaco das principais dificuldades na operacao das perfuratrizes, causas prova- veis e procedimentos Dificuldade Causa provavel Procedimento corretivo Perfuratriz nao inicia Portal de exaustéo bloqueado; valvula empertada, perfuratriz com leo em ex- cesso; passagens de ar obstruidas por impurezas ou particulas de borracha; pis- 180 emperrado por lubrificagao incorreta: paraiusos laterais apertados dosigual- mente. Desmontar @ perfuratriz e limpar todos os portals e passagens de ar. Se odefeito Joi causado por aspereza no pistdo, lixé-lo ou passer pedra fina de esmeril. Subs- tituir a mangueira, montar a perfuratriz corretamente e lubrifica-la, Perfuratrie perde forga rapidamente Estrangulamento no suprimento de ar comprimida; tubulagao de ar muito ex- tensa ou de diametro insuficiente. Verificar 0 suprimento de ar comprimido, procurando nés na mangueira ou mudan- gas de diregdo muito abrupias. Manter a8 mangueiras no comprimento certo pa- raa operacdo, nem mais longas nem mais curtas. Perfuratriz sem forga Baixa pressao do ar comprimide; punho: curto ou pistao curto {por desgaste ou retificagdes sucessivas); passagens de ar obstruidas par falta de dleo. Verificar punho e pistéo. Procurar passo- gens de ar obstruidas. A pressio de ar deve ser de no minimo 80 psi. Verificar © lubrificador de linha. Deve haver um filme de dleo no punho. Perfuratriz no gira ou tem rotagzo fraca Desgaste excessive no diametro da co- roa; pegas do sistema de rotagaa desgas- tadas. ‘Substituir a coroa desgastada; substituir ou reparat as pegas desgastadas. Superaqueci- mento Perfuratrizes novas superaquecem no ini- cio de operagio. Operar com apenas parte do registro de ar aberto, até concluido o amaciamento. Usar bastante 6leo lubrificante (do tipo recomendado). Superaqueci- mento Falta pressdo de avango; pista nao atin- ge © punho; retirada de brocas com todo registro de ar aberto; leo lubrificante in- correto. Dar pressao de avango suficiente. Nao utilizar brocas com punho curto. Usar re- gistro de ar parcial na retirada das brocas. Verificar a presenga de filme de dleo no punho durante a operagdo. Velocidade de perfura~ ao bala Detritos de peruragao ndo removidos; baixa presdo de ar; orificio de limpeza da broca ou tubo de limpeza obstruido; perfurairiz deselinhada ou broca travada ra rocha. Usar 0 sopro de ar com maior frequéncia paramanter furo limpo. Limpar 0 orit central da broca 0 tubo de limpeza. Veri- ficar 0 alinhamento da perfuratriz para evi- tar o travamento da proce. Operagéo descontinua @ frouxa Gleo lubrificante muito pesado, retardan- do a agao das valvulas; dleo muito visco- 80 OU Impurezas nas partes méveis. Usar éleo de viscosidade adequada para 6 tipo de perfuratriz © temperatura de operagao. Desmontar a perfurattiz e re- mover impurezes @ 0 leo muito viscoso. Proteger a perfuratriz da poeire quando nao em operacio, Broca travada Coroa cega ou muito desgastada; atra- vessando camada de rocha branda; detri- tos no removidos do furo, desatinha- mento da broca em relagao ao furo. ‘iar a coroa ou substitule. Usar a pres- ‘sao de avango com cuidado na rocha branda. Soprar © furo com frequéncia. Manterabroca e furos sempre alinnados. 466 - Manual pratico de escavagao Quadro 8.3 (Continuagao} parafusos ‘a- terais do pistao. Dificuldade Causa provavel Procedimento corretivo Punho em mau estado, superficie de im- | Colocar os punhos em mau estado fore pacto oferecendo pouca area de contato | de servico. Substituir 0 mandril desgas- Pistao para o impacto do pistéo; mandril com | tado (verificar com 0 uso de gabarito). poride ou | Tolgapermite oscilagiodopunho, Deteito | Usar 0 lubrifcante corrato, Verifcar as 19 pescogo do pistéo. tolerancias maximas permitidas pera pis- secede 140 e cilindro. Tensdo dasigual nos parafusos; felta de | Manter os parafusos laterais iqualmente Quebra dos | colchao de ar para amortecer 0 impacto | apertados. Substituir cilindro ou pistao desgastados. Didmetro do orificio do punho insuficien- Verificar o punho para se certificar de que Tubo de lim- | te para a penetraggo do tubo de limpeza; | 0 didmetro do orificio de limpeza é sufi- peza quebra- | mandril desgastado permite desalinha- | ciente em largura e protundidade pare re- do ou amas- | mento ou amassamento do tubo. Geber a extremicade do tubo de limpeza sado Substituir o mandril desgastado, Umidade excessiva no ar comprimido. | Instalar condensadores na linha de ar Congelamen- comprimido e colacar aditive anticonge- 0 n0s portals lante. de exausto paico de Padiey & Venables Lid, Rock Driling. Dronfeié, Inglaterra. R. J. Clemow, 2: ed.” 8.8 — Produgdo Horaria © trabalho de perfuragao em rooha caracteriza-se por ser realizado através de cicios que se repetem. A seguir enumeramos as fases componentes de cada ciclo. Fase 1 — alinhar a broca e emboear o furo. « Fase 2 — tempo de perfuracao. Fase 3 — manuseio e colocagas de hastes. Fase 4 — retirada des hastes. « Fase 5 — deslocamento do equipamento do furo concluido até © novo furo. Iniciamos a fase 1 com o equipamento de perfuragdo e a respectiva broca sobre © ponto 2 ser perfurado. Nessa fase a broca é alinhada [através do mastro de avangol, na diregao desejada para 0 furo. Obtido o alinhamento, principiamos cuidadosamente a perturacao (opera- ao de embocar o furo). Chamaremos de t, o tempo consumido nessa fase, E um tempo fixo, pouco varia para a mesma equipe ou, em outtas palavras, a grandeza das variagdes do € significativa. Na fase 2 consideramos todo 0 tempo consumido para se realizar a perfuracao do inicio a0 fim do furo, Sera, na realidade, a somat6ria dos tempos gastos para introduzir cada haste na rocha. Designaremos esse tempo por t,. E um tempo varidvel e depende da profundidade do furo, do tipo de rocha, da velocidade de avango da perfuratriz. Equipamentos de perfuracao - 467 Na fase 3 consideramos 2 somatéria dos tempos parciais necessérios a retirada das hastes do cavalete e sua introdugdo na perfuratriz até obter o inicio efetivo (ou © prosseguimento} da periuragdo. Designaremos o tempo consumido nessa fase por t,, Como varia pouco para Smosma equipe, ¢ também considerado um tempo fixe para cada uma das hastes introduzidas. Na fase 4 retiramos as hastes, uma a urna. de dentro do furo concluido e as devolvemos ordenadamente 20 cavalete. O tempo consumido nessa fase seré designado por ty. Por ser ma atividade cuja duragao pouco varia, € considerado um outro tempo fixo para cada uma das hastes retiradas. Na fase 5 deslocamos 0 equipamento do furo concluide até o novo a ser féito. Esse tempo gasto sera designado por ts, E usualmente um tempo fixo pois. muito embora as distancias Entre os furos ndo sejam as mesmas sempre, as variagdes de distancia no conduzem a alteragdes sensiveis nesse tempo Considerando-se come ciclo de perfuracao o conjunto das tarefas necessarias para iniciar 0 furo, perfurato, conclut-lo e deslocar-se 0 equipamento até ur ‘outro ponto a ser perfurado, gastaremos um tempo designado por T (duragao do ciclo) para realizar integralmente 0 conjunto de tarefas. Como cada ciclo é composto pelas cinco fases descritas, resulta Tat th th +t +t que é 0 tempo em minutos para perfurar um furo completo. Chamando-se de 7 0 ndmero de minutos efetivamente trabalhados em cada hora, resultara para a produgao horaria: H, (vb 60 Pease na qual H, 60 comprimento do furo. em metros. Exemplo: calcular a produgao hordria de ume perfuratriz capaz de executar 0.5 mievin em furos de 12 m de profundidade. 2 — considera-se usualmente 50 minutos trabalhados em cada hora em condigdes normais. No caso de tarefas dificeis (terreno muito inclinado ou trabalho noturno, por exemplo) consideram-se 45 minutos em cada hora. H, — profundidade do furo — 12 m no exercicio. 1, — tempo da fase 1, é tempo fixo, consideramos 2 minutos. 1, —0 tempo perfurado ¢ calculado 12 m + 0.5 mimin = 24 minutos. ty —para 12 m utilizamos quatro hastes de 3 m_cacla. Considerando 0 tempo fixo de 2.5 minutos por haste resultard: 4 x 2,5 min = 10 minutos. ty-— 0 tempo gasto para a retirada das nastes é calculado levando-se em conta o tempo fixo de 1,5 minutos por haste: 4 hastes x 1,5 min = 6 minutos. 468 - Manual pratico de escavagao t, — tempo gasto para deslocar 0 equipamento até o novo panto de perfuragéo. Vamos considerar 0 tempo fixe de 0,75 minutos. Resulta: T=2+ 24+10 + 6 + 0,75 = 42,75 minutos. A produgao horaria sera 50 60 — x* 60 42,75 x 12= 14.0 minora. Referéncias Bibliograficas (1} Mc Gregor, K., The Drifling of Rock, Londres, C. R. Books, pags. 41-56, 85-109, 1976. (2) Fraenkel, L. H., Manual on Rock Blasting, 14:00, Estocolmo, Atlas Copco Aktiebolag and Sandvikens Jernvarks AB, 2? ed., 1958. (3) Padley & Venables Ltd., Rock Drilling Data, R. J. Clemmew, Inglaterra, Sheffield, 1968 e 1975. (4) Herrmann, Eng. Curt, Manual de Perfuragao de Rocha, Séo Paulo, Editora Poligono, 1968. (5) Catalogos, Atlas Copco, Suécia {6) Catdlogos, Folhetos sobre Perfuratrizes, Holman Brothers Ltd., Cornwall, Inglaterra. (7) Technical Advisory Service, v. 1, Surface Operations. Compair Construction, E. Mining, Cornwall, Inglaterra, Holman, 1: ed., out 1973 (8) Sandvik-Coromant, Standard Drill Steel Equipment, Sandviken. Suécia, The Sandvik Steel Works Co. Lid., 1971. (9) Sandvik-Coromant, Equipamentos para Perfura¢do de Rocha, Pb 12.004, Sandviken. Suécia, The Sandvik Steel Works Co. Ltd.. 1971. (10} Catalogos e folhetos sobre perfuratrizes e lubrificadores de linha, Atlas Copco Brasil Ltda., Sao Paulo. (11) Pfeidler, Eugene P., Surface Mining, New York, The American Institute of Mining, Meta- liurgical and Petroleum Engineers Inc. 1972. (12) Sandvik Coromant, Atlas Copco, Equipamentos para Perfuragao de Rocha, Sandvik-Co- romant, Pb 98512218, Atlas Copco Brasil (tda. (13) Atlas Copeo Manual, Atlas Copco A. B., Estocolmo, Suécia, 4: edigdo, 1982. Capitulo 9 EEE Pee Brocas ‘As brocas 840 de dois tipos distintos e transmitem a rocha os esforgos criados na perturatriz ‘Atraves de sua extremidade cortante ¢ feito o avango efetivo na rocha Brocas integrais ou monobloco: sd aquelas em que as partes Componentes constituen ma peca unica, Por i850, para se atingit diferentes cotas de aprofundamento do furo so nawokcanas brocas de varios comprimentos. Com a primeira, quando totalmente cravada, btnge-se uma certa profundidade, para continuar a perfuragao deve-se substtulr 2 broca inicial por uma outra, de maior comprimento. Como na maioria das ve7es S80 usadas Corn porfuratrizes manuais, a nove broca intreduzida nao pode ter comprimento além de une teria dimensdo para que a perfuratriz no fique muito alta se comparada a posigao de trabalho do operador (Figura 9.1). Brocas de extenséo: neste tipo obtém-se, pola adigao de segmentos de aco rosqueados, muiores comprimento é profundidade de iuro. Para melhor compreensao pode-se dizer que seetemelhantes aos iubos, rosqueades por meio de luvas onde © comprimento desejado € obtido através uma série de tubos 9.1 — Brocas Integrais Sao compostas por punho, colar, haste e coroa. Punho 6 a extremidade da broca que penetra € se encaixa no mandril da perfuratriz. Possul forma hexagonal, 0 que possibilta transmitir o esfargo de rotagdo. A superficie de impacto recebe os produzidos pelo pistao, transmitindo-os a haste. © colar limita 0 comprimenio Tebroca que penetra na perfuratriz ¢ tem didmetro maior que © punho ¢ @ bucha do mandri A haste transmite & coroa 0s esforgos recebidos da perfuratriz através do punho. Fossut Comprimento modulado, isto é, cada um permite atingir uma cota maxima, determinada, de perfuraggo. Para aprofundar ¢ necessaénio trocar de roca, por outta com comprimento meior, superando um determinado acréscimo da anterior. E assim sucessivamente, Na coroa temos a pastilha, constituida por metal duro de cobalto e carboneto de tungsté Material de dureza superior & da rocha. E a pastilha que produz 0 avango da perfuragao. Eaontra.se também na coroa, 0 furo, através do qual sai o ar ou agua do sistema de limpeza Série de brocas é 0 conjunto, de comprimentos modulades, das brocas necessarias para Se atingit uma determinada profundidade de perfuracao. Nas diferentes brocas de uma mesma serie ha uma reducao de diametro na cores. 470 - Manual pratico de escavagao 640m imax} a 80 cm 1 - Iniciar com a broca de 0,80 m a 2- Perfurar 0,80 m | : - 3 - Retirar a broca do furo 4 Introduzir broca de 1,60 m a § - Prosseguir até perfurar 6,40 m Figura 9.1 — Perturagao com brocas integrais Egsa redugao € gradual, iniciando-se das brocas mais curtas pare as mais compridas. Assim as mais compridas tém diémetro inferior ao das mais curtas. A redugao, constante, é de 1 mm de uma broce para outta. Como a coroa se desgasta com 9 avango da perfuracdo, pode-se compreender o motivo da redugdo de diametro, Quando se passa para a broca seguinte, de maior comprimento, que terd de prosseguir o furo a partir da profundidade atingida pela anterior. € necessdrio que essa nova broca possa girar no furo e néo ficar travada, 0 que ocorreria caso seu didmetro fosse maior que o diametro do furo no nivel atingido pela broca anterior. Brocas - 471 1+ Punho 2-Colar 4 3- Haste 4-Coroa 5 - Furo de limpeza 6 - Superficie de impacto Figura 9.2— Nomenclature da broca integral 9.1.1 — Diametros e série das brocas integrais ‘As séries de brocas integrals s4o produzidas nos diametros de punhos de 3/4” (19 mm), 7/8” (22 mm) e 1’ (25 mm) para a perfuragdo de bancadas. Nas escavagées a céu aberto usa-se praticamente apenas o de 7/8", © didmetro efetivo de perfuracdo depende da série de brocas utilizada, do diémetro do punho e ainda da posigao que seu comprimento ocupa na sucessao de comprimentos de série, Quadro 9.1 — Brocas integrais Comprimento | pis, ; be jametro da eore8 | a terench His Series | mm pés poll mm pol siaaieains 19 mm ou 3+ 21 500 1° 8" Pl Ply. 724.0529 unho 19 x 108 mm goo 277] 28 ey 724.0828 yeo0 83" | 27 the 724.1627 Ss e 2400 7'10" 26 Vy 724.2426 g200 1° e" | 5 My 7243225 Obs.: Haste de secdo hexagonal, com medida entre as faces de 19,1 mm (3/4) H22 W apo 1 4"| 381% 714.0438 00 2 7"| 34 My 714.0834 wooo 8 3] 331% 714.1633 (22 mm ou 7/8 2400 7 10"| 32 714.2432 Punho 22 x 108 mm 3200 10 6”) 317 143231 4000 13° 1"| 30% 744.4030 E> & 4300 15 9] 29 ye 714.4829 12 400 1° 41 he 714.0001 goo 2° 400 Py 714.0840 1600 5 39° (Mp 714.1639 2400 7° 38h 714.2438 3200 10 37 Py 114.3237 4000 13° 36 Me 714.4036 4800 15° 351% 714.4835 5600 18° 340 Ny 714.5634 6400 21 3318 y 714.6433 Qbs.: Haste de segdo hexagonal, cony medida entre as faces de 22,2 mm (7/8"} “Extraido de publicagaa Pb 11325, pag. 1 - Sandvik do BrasivAtlas Copoo Brasil Ltda., Sao Paulo” 472 - Manual pratico de escavacao O Quadro 9.1 mostra as séries 21, 11 e 12 das brocas de punhes 19 mm e 22 mm de fabricacdo Sandvik-Coromant. Alertamos que todas as informacées sobre produtos comerciais, contidas neste livo, so meramente ilustrativas e ndo devem ser utilizadas em aplicacGes praticas sem consulta a assisténcia técnica prestada pelos fabricantes. Como os produtos comerciais tem variagao muite dinamica, escapa aos objetivos deste estudo manté-los atualiza- dos ov pretender ser totalmente abrangente. A série de brocas a ser utilizada é escolhida em fungao da profundidade maxima a ser atingida na perluragao. Os trabalhos executados com perfuratrizes manuais exigem os comprimentos menores da série. No caso dos “benchers"’, a perfuragao podera ser embocada com a broca de 1.600 mm 9.1.2 — Fabricagao das brocas integrais 260 1.130, utilizado na produgao das brocas integrais por quase todos os fabricantes, tem basicamente @ composi¢ao quimica apresentada no Quadro 9.2 Quadro 9.2 — Composigso quimica bésica do ago para a fabricagao de brocas integrais Elemento Quimico Porcentagens Carbono 0,95 Manganés 0.30 Féstoro 0,020 Enxofre 9,020 Silico 0,25 Cromo 1,00 Molibdénio 0,25 Esse ago adquire no punho dureza 52 na escala Rockwell C apés submetida a diversos tralamentos metalirgicos durante sua fabricagdo. Entretanto, a dureza do punho deve ser inferior a do pistac da perfuratriz, j4 que este é considerado uma pega semipermanente. E preferivel que se desgaste ou se danifique primeira o punho da broca do que 0 pistéo da perfuratriz. A regido da coroa tem dureza 50 e as demais partes entre 30 e 45 (Rockwell C) Muito sucintamente, a fabricacéo das brocas integrais apresenta as seguintes fases principais: — abroca é fabricada a partir de um lingote cilindrico quente; — olingote quente 6 perfurado no centro, segundo seu maior eixo. Esse orificio transforma-se no furo ceniral da broca, por onde passara a agua ou ar de limpeza; — na perfuracao aberta no lingote é introduzida uma haste cillndrica recoberta por lubrificante especial; — olingote 6 laminado a quente até adquirir a forme sextavada e deve esiriar ao ar; — cortam-se ambas extremidades, sem cortar, entretanto, a haste lubrificada que fora introdu- zida para facilitar sua posterior remogao, — a haste central 6 removida, sendo a operacao facilitada pela presenga do lubrificante Fica assim fabricado 9 furo central; Brocas - 473 forja-se 0 colar; nessa operagae faz-se tarnbém o endurecimente da regiao do punho; — forja-se regiao da coroa; usina-se a coroa para criar-se a sede onde asseniara 4 pastilna; — solda-se a pastilha de meta! duro; tratamentos finais, 0 “shot-peening”’ e fosfatizagso. A forma da broca ndo apresenta transigdes abruptas, mes modificagdes graduais, cor reios de curvatura e concordancia suaves, para evitar pontos de concentracdo de tensdes. ‘A broca sera, ao longo de sua vida Util, submetida a ciclos repetitivos de tensa ¢ alivio de tensao, representados pela alternancia das percussdes produzidas pelo pistao da perfuratriz e que caracterizam 0 fendmeno da fadiga, Sabe-se que, apds a repetigao desses ciclos, a fadiga do material provocard sua ruptura a uma tenséo inferior 8 do material nao submetide a ciclos repetitives e que © fendmeno da fadiga esta agravado pela presenca de corrosao no ago, ou seja, a broca se romperd quando submetida a tensao ainda menor, se estiver oxidada A fim de atenuar 0s efeitos da fadiga, sao introduzidas nas brocas as seguintes caracteristicas: « Dureza Aumenia a resisténcia a fadiga até um determinado ponto. O acréscime de dureza na broca € obtido através do aquecimento e resfriamento controlados e da témpera. Acabamento superficial Uma superficie bem polida proporciona a broca maior resisténcia a fadiga e, em consequéncia, aumenta sua vida ttil, Por isso, ap6s a laminacdo, a broca é usinada. ¢ Forma Conforme jd mencionado, modificagdes abruptas na forma levam a concentragao de tensdes 6 a0 agravamento de fadiga. E necessario, portanto, que as brocas apresentem formas suaves @ concordancia de linhas. « Tensées internas A operacao de laminagao pode deixar pequenos defeitos na superficie, que agravariam 0 fendmeno da fadiga. Para minimizéos, introduzem-se tensdes de compresséo na superficie da broca, Um dos processos (shot-peening) consiste em bombardear sua superticie com pequenas esferas de ago que deixam leves marcas. » Corrosao © furo central de limpeza esta particularmente Sujeito 2 corrosdo. Para evitata sao usados dois processos distintos, Um deles consiste em introduzir-se um tubo de ago inoxidavel, através do qual circulard a 4gua ou ar de limpeza, Entretanto, apresenta aigumas desvantagens: 474 - Manual pratico de escavagao __ durante a operacao de forja pode acontecer obstrugae do fure por amassamento ou fissura- mento do tubo. Neste caso ocorrerd oxidagéo entre a broca e 2 superficie externa do tubo de limpeza; _— como 0 tubo de a¢o inoxiddvel € menos resistente que o aco constituinte da broca poderé romper-se, havendo corroséc da mesma forma; __ @ sempre possivel existir corrosdo entre 0 revestimento de ago inoxidavel e a superficie do furo interno da broca. © outro proceso para evitar 9 corrosao é puramente metalurgico. Consiste na fosfatizagao da superficie do furo de limpeza seguida de aplicacao de cera E empregado também na superficie externa da broca e demonstrou ser muito eficiente para evilar a corrosao. 9.1.3 — Comprimento de punho Os fabricantes oferecem brocas integrais com dois comprimentos de punho: _— Punho longo de 108 mm para periuratrizes manuais e montagem sobre avango pneumatico (diametras 7/8"e 3/4"); — Punho extralongo de 159 mm, para perfuratrizes mais pesadas (diametro 1’’). A escoiha do comprimento a ser adotado é fungao apenas das caracteristicas da perfuratniz com a qual se vai trabalhar. O comprimento do punho exigido € uma dessas caracteristicas. Nao se pede trabalhar com punho maior ou menor do que 0 requerido pelo equipamento. Sendo maior, 2 tendéncia 6 penetrar além dos limites convenientes, causando danos a0 pistdo. Se for menor, 0 pistao ndo 0 atingir, ndo ocorrendo impactos. 9.1.4 — Coroa das brocas integral Na coroa da broca é inserida a “pastilha”’, constituida de um metal duro, sinterizado a partir de cobalto e tungsténio. Vimos que. durante a fabricagdo da broca, farja-se a coroa e em seguida usina-se a sede da pastilha e ela é ai fixada através de solde especial ‘A vida util das brocas integrais e a das pastilhas estdo intimamente figadas {4 que quando uma acaba, a outra também deve estar no seu limite de fadiga, isto 6, jd suportou um elevado numero de repetigdes de ciclos tensao-alivio @ se rompera. Venificou-se existir um valor minimo para relagao entre 0 didmetro do furo e a espessura da coroa que, se for pequena {coroa fina), nao permitira obter furo circular. Por esse motivo co dametro maximo do furo obtide com as brocas integrals ¢ limnitado. Durante a perfuragéo ocotre 0 desgaste da pastilha, que necessita ser afiada apés um determi- nado numero de metros. Nessa operacdo também hd um pequeno desgaste que, evidente- mente, deve ser minimizado, ja que quanto mais metal duro da pastilha for arrancado pelo rebolo de afiagao, mais curta sera sua vida utile, em consequéncia, menor a vida til da propria broca Brocas - 475 desgaste da coroa pode assumir diversas formas: al desgaste frontal, quando acontece na parte afiada da pastilha; b] desgaste diametral, quando ocorre na circunferéncia em torno da coroa; ©) desgaste representado por polimento @ arredondamento dos contoros da coroa; d) desgaste na pastilna com a aparéncia de “pele de cobra’; e) desgaste na coroa, junto a pastitha, normalmente com aprofundamentos na massa de aco da coroa, dando grande relevo a pastitha. Os tipos (a) (bj e (c) ocorrem quando se perfura rocha abrasiva larenito ou granito com alto teor de stica). Os tipos (d) ee) acontecem em rocha no abrasiva 9.1.5 — Afiagdo das brocas integrais A afiagdo das brocas requer cuidades especiais, (4 que a negligéncia ou impericia acarretardo fatalmente a perda da broca integral Os fabricantes, através de seus representantes de vendas, proporcionam treinamento aos interessados, durante os quais € ensinada a técnica correla de afiagdo e que evitaré erros e vicios na obra Essa operagaéo é extremamente importante para a vida Util da broca medida em metros: perfurados. A perda de metai duro da pastilha, que ocorre durante a afiagao, é amplamente compensada pelo maior rendimento da perfuragao A afiagdo 6 quase sempre feita na propria frente de trabaiho, utilizando-se um rebolo especial, instalado no local da escavagao ¢ quase sempre acionado pelo ar comprimico da linha que abastece as perfuratrizes, Através do rebolo retificam-se as seguintes dimensces: — cone livre da pastitha ta}; — Angulo da pastilna (8); — raio da pastilha (R); —largura da aresta de corte (B.). D Figura 9.3 — Elementos geométricos da coroa das brocas integrais 476 - Manual pratico de escavacao As demais dimensdes nao sao retificaveis. Principals préticas a serem evitadas na afiagao: — Superaquecimento E quase sempre causado por se forgar demais @ coroa contra o rebolo, usando quantidade de agua insuliciente, no caso de resfriamento do rebolo por agua, ou ainda por se estar atiando com tipo errado de rebolo. O superaquecimento causa tensdes na pastila, que apare- cerao mais tarde sob a forma de fissuras. Percebe-se facilmente a ocorréncia de superaque- cimento quando a coroa esta quente demais para ser suportada pelas aos, 0 ayo da coroa assume a cor azul ou hd perda de co!oragao na pastilha. — Superafiagao Perceptivel pela agudeza da linha de corte, ficando a pastilha com seu canto coriante muito vivo. A superafiagao acarreta desperdicia de material da pastilha, que pode apresentar fissuras ou lascas, reduzindo a vida util da broca © momento correto ¢ a verificagéo do ponto de afiagao sao feitos através de um gabarito. Recomenda-se seguir fielmente as instrugdes do fabricante para o seu uso. 3 5/32" r= 80mm Figura 9.4-— Gabarito para a verificacao de afiagdo de brocas integrais 9.1.6 — Cuidados com as brocas integrais © manuseio ¢ operagdo das brocas integrais devem obedecer alguns cuidados: @ Quando armazenadas deverdo estar provegidas por dleo ou verniz @ mantidas completamente ao abrigo das intempéries para evitar corroséo. Brocas - 477 Durante 2 operagao nao devem sofrer pancadas ou funcionar como alavancas, As marcas deixadas por pancadas, ou 0 uso da broca para outras finalidades que néo as de perfuracao, sd pontos de concentragao de tensées e preferenciais para @ ruptura da broca. ¢ Jamais tentar restriar a broca rapidamente, merguinando.a em agua, quando ainda quente pelo trabalho de perturagac. Os tratamentos metalirgicos a que foi submetida durante § fabricagae poderao ser invalidados por esse procedimento incorreto e a broca ou perderé suas caracteristicas de dureza ou serao criadas tensdes internas: indesejaveis. « Verificar sempre se @ bucha do mandril da perfuratriz nao esta desgastada e aceitando © punho da broca com folgas, muito inconvenientes para a sua vida util e Devem ser reafiadas no momento exato, determinado pelas instrugdes do fabricante e uso do gabarito de afiagdo. Assim serdo evitados desgastes excessivos » Deve-se providenciar para que o fluxo de ar ou égua do sistema de limpeza seja suficiente para remover os detritos de perfuragao. No caso de rocha branda ou decomposta aumentar 0 numero de pequenos intervalos de perfuragao (aproximadamente a cada 20 cm), durante os quais se forcara a saida de detritos. Btravés da concentracao do ar comprimide no fluxo de limpeza (paralisagdo ou redugdo da rotagéo @ percussao). Figura 9.5 — Medigao do anticone com gabarito 9.2 — Brocas de Extenséo S40 as que podem ter seu comprimento aumentado pela adi¢ao de hastes. No caso das brocas integrais vimos que, para atingir sucessivamente maiores profundidades era necessario Substituir as mais curtas pelas mais ongas. Com as brocas de extensao ndo é preciso retirar a broca completa de dentro do furo, basta acrescentar uma nova haste, rosqueada na ultima do conjunte [A introduzido no furo, € prosseguir na perluragao. O desenvolvimento das brocas de extensao permitiu aumentar a profundidade das perfuraces @ também o seu diametro. Para ilustrar essa afirmacao. as perfuratrizes de furo-abaixo podem atingir 30 m ou mais de profundidade e é corrente a utilizagdo de diametros de 3" (76 mm), 4” (120 mm} e maiores. As brocas integrais tem seu comprimento méximo limitado a 6,40 rn sendo o didmetro para esse comprimento da ordem de 33 mm. As brocas de extensdo $40 utilizadas nas perfuratrizes percussivo-rotativas, ou seja, de maior poténcia e que por isso possibilitam maiores profundidades e diametros de perfuracao. 478 - Manual pratico de escavagao 9.2.1 — Componentes das brocas de extensao Considerando-se como broca de extenséo 0 conjunto de componentes que sai do mandril da perfuratriz e desce a superficie da rocha no nivel jé atingido pela perfuragao, observar as seguintes partes distintas: punho, haste, luva de acoplamento; coroa ou bit. CO punho, engastade no mandril da perfuratriz, transmite 0 movimento de percussao e também 6 de rotacao continua da perfuratriz. Apresenta, geralmente, cerca de 500 mm de comprimento e possui uma rosca na extremnidade inferior. A haste transfere os esforgos de rotagao € percussao recebides pelo punho da perfuratriz 4 cotoa, que é 0 componente da broca efetivamente responsavel pela abertura do furo. A haste tem as extremidades rosqueadas externamente € 0 comprimento mais utilizado 6 de 0 3.050 mm Aluva de acoplamento faz a unio entre o punho e a primeira haste e entre hastes sucessivas Possui comprimento em torno de 200 mm e rosea interne ao longo de toda sua extenséo. A coroa € 0 Ultimo componente da broca. Na face externa estao inseridas as pastilhas de metal dura que trabalham a rocha, perfurando-a. Na meioria das vezes a coroa apresenta uma rosca interna que recebe a extremidade rosqueada da haste. Em casos menos frequentes, apresenta tosca externa € 0 seu acoplamento a haste 6 feito através de uma luva. © punho e a haste possuem um furo central longitudinal por onde fui a gua ou ar do sistema de limpeza. A coroa apresenta orificios para saida da 4gua ou do ar. ho ar": Lue Haste ae Figura 9.6 — Coroa, luva @ haste para brocas de extensdo 9.2.2 — Tipos de punhos Entre os diferentes tipos de punhos existentes, deve-se escolher 0 mais adequado em fungao da perfuratriz com a qual se vai trabalhar. ‘A forma de engastamento requerida pela bucha do mandril da perfuratriz € que determina qual deve ser utilizado, Ha, hoje, no mercado, pelo menos 25 diferentes tipos de punhos. Para exempiificar indicamos: punho sextavado: punho de duas asas; punho de quatro asas; punho de seis asas. Para bucha hexagonal 22 x 108 1) Lg td Figura 9.7 — Punho sextavado Brocas - 479 © punho de asas laterais encaixa'se no mandril de rotagdo da perfuratriz através suas ases. Esse tipo ndo necesita do colar, ja que a forma das asas e do encaixe impedem o deslocamento indesejavel do punho para dentro da perfuratriz BBC43, 44,452 100 7 @ hile Seas 3s | | 20,5 Retentor Figura 9.8 — Punho tipo Leyner Ha punhos que apresentam entre as asas e a rosca uma redugao de seccao, & fim de possibilitar absorgao de choques. BBE 56U2,57@5701 Comroscafémea ; 64,4 } ig. Retentor + 55,5 + “a= 18,2 Retentor Figura 9.9 — Punho de quatro @ seis asas Nos equipamentos com perfuratriz hidrdulica, cujo acionamento é feito através de dleo a alta presséo, 0 avanco da broca é mais rapido do que nas pérfuratrizes de acionamento pneumatice. Em consequéncia © volume de cavaces de escavagao € bem maior exigindo, para sua remogéo, um bom fluxe de limpeza. Por este motivo exisiem punhos com limpeza separada, isto é, provides de um dispositivo lateral para receber a mangueita, através da qual se introduz © agente de limpeza, que pade ser 0 prdprio ar comprimido, agua ou outros agentes como a espuma detergente. 9.2.3 — Roscas ‘A unido entre punho ¢ hastes sucessivas e entre haste e coroa é feita através de roscas Os esforcos de percusséo € rotacao, produzidos pe'a perfuratriz, sdo transmitides através dessas unides. Assim, a rosca necesita de projeto cuidadoso para que possa exercer efetiva- mente sua fungdo. Os tipos basicos de roscas oferecidos no mercado, sd0: — rosea trapezoidal — 138, T45; 480 - Manual pratico de escavagao —rosca corda — R38, R32, R28 e R25; — rosce serrilhada cilindrica GD 1800, 1600 e 1400, atualmente substituida pelas roscas 138 e T45. cw Corda 2 a 5 WAL OV v8 Corde Ts ow 1s 1800 2 Ti Figura 9.10 — Diversos tipos de roscas R —rosea corda 7 —rosca trapezoidal GD — rosea serrilhada cilindrica Apenas dois tipos sao fabricados, atualmente, pela Sandvik-Coromant: rosca corda (R38, 32, R28 e R25) destinada a escavagdo subterranea e rosca trapezoidal (T38 e 745) para as escavacées a céu-aberto, A Sandvik-Coromant produz hasies com rosea dupla sem e com separagao. No primeiro caso denominam-se rosca dupla, Quando ha Separacéo, simpiesmente rosca. A finalidade 2 de, uma vez desgastadc 0 prmeiro segmento de rosca serré4o, prosseguindo com a mesma haste utilizando 0 segunde segmento, apds 0 que sera realizads a restauragdo dos chanfros originais. 9.2.3.1 — Lubri agao das roscas £ essencial, segundo os fabricantes, a lubrificagao das roscas. Esse cuidado é recomendado com muito mais rigor quande da utilizagao de sistema de limpeza a ar, jd que o resfriamento Brocas - 481 conseguido nesse caso ¢ insuficiente para impedir a ocorréncia de temperatura que, atingindo até 370°C, podem causar sérias dificuldades nas operagdes de desacoplamento dos diversos componentes rosqueados. Em viriude das altas temperaturas e das pressées produzidas pelas perfuratrizes, poderd ocorrer soldagem. Esse risco néo acontece quando a limpeza 6 feita com Agua, pois, seu efeito refrigerante nao permite que sejam atingidas temperaturas elevadas. O lubrificante impede o contato direto de ago contra ago, oferecendo uma superficie de material totalmente distinto e impossibilitando a soldagem. E necessério que tede lubrificante possua resisténcia a altas temperaturas @ presses € boa adesividade ao ago nas mesmas condigoes, Os fabricantes de lubrificantes ¢ também alguns de brocas comercializaram graxas especials: para essa finalidade, Pode-se, entretanto, produzia na propria obra, sequindo uma das trés formulas apresentadas (cf. Fraenkel, K. H. “Manual on Rock Blasting”. Atlas Copco AB and Sandvikens Jernverks AB, pags. 14:04.23/25, 1960}; Formula 1: 65% de dleo mineral + 15% de cobre em pd + 5% de chumbo em pd + 15% de grafite em pd. Formula 2: chumbobranco + dleo de lubrificagéo da perfuratriz. Misturar até obter consisténcia viscosa. Férmula 3: grafite em po + graxa especial para rolamento. Misturar completamente A formula 1 6 a melhor das trés e, também, a mais cara. Qualquer uma, entretanto, exige pessoal treinado e experiente para 0 preparo e aplicacao. Como as graxas se prestam a retengao de particulas ou p6 de rocha, altamente abrasivas, convém limpar cuidadosamente as roscas sempre que houver Suspeita cu indicagao de detritos de rocha, voltando a engraxddas em seguida 9.2.4 — Hastes Para reduzir a valores minimos as temperaturas atingidas nos acoplamentos durante a perfura- pao deve-se cerfificar que a energia de avanco é a adequada. O conjunto de hastes trabalhando Solto eleva a temperatura por atrito, formando-se pontos de martensite, originando quebras prematuras do material. A sucesso de hastes forma 0 que se denomina coler de hastes. ‘As hastes aparecem no mercade sob a forma cilindrica ou hexagonal. Nas escavagoes a céu aberto sao utllizadas as de forma cilindrica ficando as de secgao hexagonal para as escava- odes subterraneas. Ha varios didmetros disponiveis: 1”, 11/,", 1%" € 1°/,". A escatha deve ser feita em funcao do diametro da coroa a ser utilizada. Os comprimentos também sao variéveis: 915 mm, 1.220 mm, 1.525 mm, 1.830 mm, 2.435 mm, 3.050 mm, 3.060 mm e 6.095 mm, sendo o mais adotado nas escavagées a céu aberto 0 de 3,050 mm. No quadro da pagina seguinte indicamos diémetros de hastes respectivos comprimentos. 482 - Manual pratico de escavagao Quadro 9.3 — Medidas de hastes ‘Comprimentos {mm} 2436 | 3.050 2.435 | 3.050 1" {25 mm} 1%" 2mm) 114 "(38 mm) = 14s" (44 mm) — Extraide de “Catdlogos Sandvik - Coromant. Atlas Copco Brasil Ltda. e Sandvik do Brasil” As hastes de maior didmetro devemn trabalhar com perfuratrizes mais pesadas e com coroas de maior diimetro. O méximo comprimento de haste empregado depende da extensdo do mastro de avango O diametro da haste utilizado deve ser em fungdo da coroa, Didmetros maiores de perfuragao, isto é, da coroa, exigem didmetros maiores de haste. O Quadro 9.4 indica a correspondéncia entre os diametros de coroa e de haste. metro da coroa ¢ o da haste Quadro 9.4 — Correspondéncia entre 0 Diametro da coroa Diametro da haste mm pol pol 3B.a 45 11/281 3/4 1 48a 76 1718 a3 11a. 64a 102 21204 1172 76a 115 Bade 13/4, Dados extraidos de "Calaiogos Sandvik - Coromant, Atlas Copco Brasil Lida, © Sandvik do Brasit” Observa-se que, a partir do diametro de haste de 1 1/4”, ha uma faixa de diémetros de coroas comum a dois didmetros sucessivos de hastes, ou seja, ha dimetros de coroas que podem trabalhar com dois diametros distintos de hastes. Gs di&metros maiores de haste sdo indicados para os servigos considerados duros, isto é, onde a rocha solicita maiores esforgos para ser perfurada. As hastes de forma cilindrica apresentam duas superficies planas, de pequena area, diametral- mente opostas em ambas as extremidades. S40 “pegas” para fixagdo de ferramenta auxiliar 4 retirada do conjunto de hastes. 9.2.5 — Luvas de acoplamento Atraves das luvas é feito o acoplamento de punho e haste, de hastes sucessivas e, em alguns casos, da haste e coroa. A luva exerce, portanto, uma fungdo de extrema importancia: a de transmitir a energia de rotagao. As energias de avango e percussao sao transmitidas através da secgdo das hastes, dai a necessidade de as unides serem bem acopladas para se evitar a transmissao da energia de impactos attavés das roscas dos acoplamentos, que é transformada em calor (perda de energia) 484 - Manual pratico de escavacao Destina-se normalmente a diamettos de até 2 1/2” por poderem apresentar, durante a perfura- gac de didmetros maiores, um fendmeno conhecido por “enquadramento", onde © ago do corpo da coroa se desgasta, assumindo rapidamente a forma quadrada. Na perfuragao surgirac espirais como as de um cano de arma de fogo, dificultando 0 carregamento do explosive. Neste tipo, as pastilhas se dispdem em angulos de 90°. b) Coroa tipo X Foi desenvolvida para evitar os inconvenientes da coroa em cruz. Os Angulos das pastilhas foram alterados de 90° para 80° e 100? respectivamente. E utilizada em diametros superiores a2" Bitemx — y | Figura 9.15 — Coroa tipo X ¢} Coroa de botées Neste tipo as pastilhas de metal duro tém a forma aparente de calotas esféricas. © topo da coroa apresenta uma superficie plana central @ um anel periférico inclinado. Sobre a superficie central e 0 anel sao usinados furos de alta preciséo. A coroa ¢ aquecida, introdu- zindo-se pastilhas de metal duro, cuja forma geométrica real é uma calota esférica assentada sebre um cilindro. Com o resfriamento da coroa ocorre compressao mecanica do segmento cilindrico da pastilha e, assim, é feita sua fixagao. A calota esférica fica fora da coroa, dai a aparente forma das pastilhas. 4 coroa de botdes passou, nos ultimos anos, por um desenvolvimento tecnolégico bastante acentuado, com a solucao dos principais problemas até a fase de produ¢ao industrial. Hoje, apresenta condig6es superiores as coroas convencionais tipo cruz ou X para todas as rochas. Bit de botées Cs & i C3 8] O metal duro das pastilhas nas coroas de botdes possul maior resisténcia ao desgaste que ‘nas cor0as tipos cruz ou X. Figura 9.16 — Coroa de botoes Diversas baterias de observagées realizadas pelos fabricantes tm demonstrado a superioridade de desempenho da coroa de botoes. Sua necessidade de reatiagao ¢ menor, apresentando Brocas - 485 um intervalo de 1rés.a cinco vezes maior que nes outtos tipes. Apds varias pesquises veriticouse que sua vida titi é dobrada em rocha granitica e, em rocha calcdria, iphieada, se comparada com as coroas convencionals. ‘As coroas de botbas tém velacidade de penetragdo maior, ou seja, produzem maior quantidade Ae recog a serem removides , por isso, necessitam de um adequado volume de ar de iimpoza, Nas perfuratrizes hidraulices usa-se a Iimpeza ern separado. isto ¢ 0 puntie da sepe2s Jotado de um dispositive lateral para receber a mangueira de alimentagao Go agente de limpeza (ar comprimido, agua ou espuma detergente) d) Coroas para rochas duras © carboneto de tungsténio, que compde 0 metal duro das pastilhas ou botdes das co1oas, 6 produzide em duas gradagdes principais: — Grau 40 Especialmente resistente ao desgaste ¢ empregado nas coroas de botoes: —Grau 11 Contém mais aglomerante e apresenta simultaneamente maiores tenacidade ¢ resisténcia a fadiga. lndicamos, a seguir, 0s campos de aplicago para coroas fabricadas pela Sandvik-Coromant _— Brocas de botdes robustas grau 40 Empregadas quancio ocorre acentuado desgaste diametralIrontal ou, ainda, desgaste frontal moderado. _- Brocas de botdes normais grau 40 Utilizadas na perfuragao branda ou situagées de desgaste frontal moderado _~ Brocas de pastilhas robustas gray W Empregadas em situagoes em que ocorrem desgaste diametral ou frontal acentuados. -— Brocas de pastihas normais grau 17 Utilizadas na perfuragao de rocha branda. 9.2.7 — Afiagae das coroas Durante 0 trabaiho contra a rocha ocorre desgaste na caroa, tanto no corpo quanto principat Monte nas pastihas, onde ¢ agravado pela dureza da rocha. © desgaste no corpo € produzido especialmente pela insuficiéncia da remogao dos detritos perfurados 9.2.7.1 —Tipos de desgaste Entre os geralmente observados nas perfuragdes temos: 486 - Manual pratico de escavagao a) Desgaste frontal E 0 abservado na face da coroa em contato direto com a rocha, Corrige-se através de afiagdes sucessivas das pastithas, até ser atingido o limite de vida util da coroa, isto 6, 0 minimo de dimensoes da pastilha que permite o trabalno de perfuragdo. Neste tipo de desgaste o diametro da coroa nao fica particularmente atetado. b) Desgaste diametral E o que se observa na circunferéncia da coroa tipo cruz com redugdo de diametro, Pade ser acompanhado ou nao de desgaste na face frontal da coroa. Admite-se como regra que, predominande a desgaste diametral, a vide util da coroa sera aumentada, usando-se coroa ou haste de diametro maior. Entretanto isso s6 é verdade se 9 desgaste diametral for muito maior que o frontal, Neste caso 0 desgaste das pastilnas segundo a didmetro sera muito maior que a reducao de altura, Porém, sé o ritmo de desgaste for muito semelhante nas duas superticies, @ coroa resistira até que a altura das pastilhas seja reduzica um minimo, além do qual se romperdo. c} Desgaste helicoidal Com pouca rotagdo ou insuficiéncia do fluxo de limpeza haveré desgaste excessive na matriz da coroa, isto 6, na parte de aco que sustenta as pastilhas, Este fato é mais severo na face frontal da coroa, junto as pastilhas. Em razao disso, as pastilhas ficam ressaltadas e, prosseguindo 0 desgaste, se romperao por falta de apoio. Constetada tal ocorréncia 6 necessario corrigir @ forma da coroa através de desbaste em esmeril, inspecionando os sistemas de rotaco e de limpeza para verilicar se esto adequados Em rochas brandas pode haver desgaste helicoidal devido a excessiva velocidade de avango da perfuratriz. A quantidade de detritos é muito grande © ndo sdo suficientemente removidos pelo fluxo de limpeza. Nestes casos, recomenda-se aumentar a pressao do fluxo. d) Desgaste tipo “pele de cobra” E 0 verificado quando se perfura rocha brand, como calcério e magnetita. Aoarecem, na superficie des pastilhas, pequenas fissuras devidas a fadiga, dando-thes o aspecto de pele de cobra. Recomends-se esmerilhar a superficie da pastilha, mesmo que ainda esteja aliada, removendo a “pele de cobra”. Caso essa medida nao seja orovidenciada em tempo habil as fissuras erescerdo, causando a rupture da pastilha e] Desgaste normal Caracteriza-se pelo arredondamento & polimento dos contornes das pastilhas. Deve-se provi- denciar, 2 determinados intervalos de tempo, a afiacdo das mesmas. f) Enquadramento Perfurando-se com coross de diémetros grandes. mas com haste de pequeno diametro, observa-se desgaste excessivo nas asas das pastihas que compéem a coroa e que perderé Brocas - 487 a forma circular da face frontal, tormando-se quadrada. Recomenda-se recompor a forma circular através do esmenil e adotar haste de maior didmetro. Caso ainda persista, sera conve- niente substituir a coroa do tipo cruz pela do tipo X. 9.2.7.2 —- Operaco de afiar A efiagdo das coroas tipos cruz ou X consiste em recompor o angulo B. a largura da borda cortante e 0 Angulo & do cone livre da pastilha, submetendo-se para tanto a coroa a agao de um esmeril com rebolo especial. Nas coroas de botdes a reafiag’o procuraré reconstituir a esfericidade do topo das pastithas (calotas estericas) e desbastar 0 excesso de ago para ressaltéas. Essa operagao pode ser feta manualmente com rebolo reto, ou mecenicamente com afiadoras, manuals € pontas montadas. a ac- Cone livre da pastiiha B- Angulo da pastiina G- Espessura da pastilha 1D - Altura da pastilha E - Comprimento da pastiha F- Diametro G- Saia Figura 9.17 — Nomenclatura principal das coroas das brocas de extensao Vetifice-se a corregao da afiago através de um gabarito. Para as coroas em cruz Sandvik-Co- fomant 0 Angulo f 6 de 110°, a largura da borda cortante de 0.5 mm e o Angulo @ do cone fivre da pastilha de 3°, © gabarito utitizado para as coroas de bot6es consiste em cavidades semicirculares, uma pata cada dimensao de pastilhas existente na coroa. Conclufda a reafiagdo da coroa, deve-se coloca-la com as pastiihas apoiadas sobre uma super- ficie plana. Assim, é possivel constatar se estao todas no mesmo nivel. Caso contrario, retornar a afiagao. Recomenda-se ainda verificar, por meio de um paquimetro, 6 cilindricidade da coroa, girando-a em torno de si. 488 - Manual pratico de escavagao 4” gia” 1/2" 18" Figura 9.19 — Medigdes com o gabarito Os rebolos para afiagao sao especiais ¢ normalmente comercializados pelas firmas que vendem as brocas, A operacao de afiacao é conduzida no proprio canteiro de escavagao, com o emprego de esmeris apropriados que dispoem de recursos mecdnicos para prender 2 coroa e mantéta na posigdo correta. Sao acionados por ar comprimido. Essa operagao deve ser conduzida de forma muito criteriosa e por alguém que conheca bem 0 assunto. Se realizada por maos inébeis, fatalmente comprometerd a vida util da coroa. ‘As pastilhas so 0 elemento fundamental da coroa. Ao se afiar, executa-se a operagao de corrigir os desgastes produzidos pelo trabalho contra a rocha, Portanto, afiar significa consumir o minimo indispensdvel de metal duro para recompor as medidas desejadas na pastilha. Quanto maior for esse consumo menor seré a vida Util da coroa. Os fabricantes de brocas, através de seus representantes, colocam a disposigao dos clientes téonicos para instruir 0 pessoal encarregado da afiagao. Seguinde-se essas orientagoes 6 possivel contar com profissionais habilitados no canteiro de obra Relacionamos os principais cuidados a serem tomados na afiagdo e que se nao sequides significarao desgaste prematuro da coroa Brocas - 489 1 — Aoperagao deve ser gradual para néo superaquecer a pastilha. 2. — Aatiagdo néo deve produzir aresta superafiada. O que se deseja ¢ uma borda conante com largura de 0,5 mm nas coroas convencionais. 3 — As bordas cortantes das pastilhas devem ser cruzadas exatamente no centro da coroa. Nao se deve admitir diregdes que caracterizam mais de um ponto de intersegéo no prolongamento das bordas cortantes. 4 — A afiagdo deve ser executada por igual nas quatro pastilhas, de modo a manter as bordas cortantes no mesmo plano. Usar 0 tipo de rebolo adequado. 5 — A verificagao correta das medidas da coroa deve ser feita com 0 gabarito exato. E inadmissivel a nao utilizagao do gabarito durante a afiacdo. 6 — Evitar a formagao do anticone pela combinagao da afiagao frontal e diametral. 9.2.7.3 — Quando afiar A afiagdo deve ser feita regularmente, a intervalos de determinado numero de metros de perfurag’o da rocha ou de horas de trabalho. A necessidade de afiagao 6 determinada em fungao do tipo de rocha que se est perfurando, Quanto mais abrasiva for a rocha, menor 014 0 intervalo entre uma afiagdo e outra. Como depende da rocha, @ observacao € verificagao das medidas da coroa indicarao, j4 nas primeiras perfurages, qual o intervalo conveniente para a afiagao. Os fabricantes recomendam que se faca a afiagdo quando atingidas determinadas medidas. que para as coroas de fabricacdo Sandvik-Coromant, sao ‘no desgaste frontal — quando a largura da borda cortante da pastilha tiver sido amplada para 2,4 mm, efetuando-se a medigdo a 5 mm das extremidades da pastiiha; no desgaste diametral __ quando 0 anticone tiver atingido a altura de 8 mm; no desgaste tipo “pele de cobra” quando as extremidades da pastilha estiverem brithantes e aparecerem fissuras ou cavidades na superficie. 9.2.8 — Cuidados com as brocas de extensao Avvida util das brocas depende muito dos cuidados que Ines forem dispensados. Estao intima- mente relacionados com as operagées de perfuracdo, afiagao e armazenamento. Durante a operagéo recomendam-se 0s seguintes cuidados: a) Sempre que se perfurar com limpeza através do sopro de ar, cuidar para que as roscas esiejam bem engraxadas e que a graxa seja 2 correta 490 - Manual praético de escavagao As roscas expostas das hastes, punhos e coroas, quando nao estiverem em uso devem ser protegidas contra a poeira e detritos de rocha. b) Fazer regularmente o rodizio das hastes, de modo que em cada novo furo possa haver uma haste diferente junto a coroa. ¢) Manter a mesma luva e haste juntas até se desgastarem, exigindo substituicaa. Nao utilizar luva nova em haste ja usada ou vice-versa. Verificar o diametro das hastes regularmente © descarta-las quando atingirem 0 limite de uso, A utilizacdo inadequada podera leva-las a ruptura ¢ perda de todo o conjunto dentro do furo. d Jamais bater nas hastes. Usar sempre a ferramenta correta para soltatas. As ranhuras deixadas por pancadas seraéo pontos preferenciais para a ocorréncia de ruptura. & f} A fim de se verificar a evolugao do desgaste da coroa usar sempre 0 gabarito adequado em jugar de avaliagdes sem instrumentos, O desgaste nas roscas das iuvas e hastes deve ser verificado com um paquimetro. E mais econdémico rejeitar juvas ¢ hastes no momente correto do que perder horas de operadores e de equipamentos parados, na tentativa de pescar um colar de hastes perdido dentro da perfuragac. Proceder regularmente e a intervalos adequados a afiagao das coroas através de pessoas realmente habilitadas e com recursos de asmeril e rebolos corretos. Afiar regularmente significa evitar a afiagao quando a coroa estiver muito “cega’’. o que implica o desperdicio de metal duro da pastilha. g h) Ndo se deve operar a broca com as luvas de acoplamento soltas. Esse procedimento incorreto provocara rupturas nos fiog das coroas e superaquecimento que, por sua vez, podera implicar em soldagem de luvas e hastes. Recomenda-se trabalhar com apenas 1/4 do registro na perfuratriz até que todos os acoplamentos da broca estejam bem firmes. i) Certificar-se de que a coroa esté adequadamente afiada antes de comecar a perfuragao. Iniciar o furo com coroa quase sega’ causara tensoes altas nas pecas do sisterna de rotagao da perfuratriz e desperdicio de tempo de operador e de equipamento para se substituir a coroa “‘cega”’. Durante o armazenamento e guarda das brocas, recomenda-se: a} Utilizar ambientes secos € abrigados, para evitar corrosao. b) Nao identificar componentes da broca através de entalhes ou gravagoes. As ranhuras abertas no material sé tornarao pontos preferenciais de ruptura. Usar tinta para permitir identificagao, quando necessaria. c} Verificar se o material esta em boas condigées ¢ o furo de limpeza desobstruido. 9.2.9 — Distingado entre metros-de-furo e metros-de-haste Nas brocas de extensdo, o avango da perfuragao é feito através da adicdo sucessiva de hastes rosqueadas na broca, aumentando seu comprimento. Assim, a primeira haste introdu- Brocas - 491 zida ne furo, junto & coroa, é a que mais vai trabalhar na perfuracdo. Se o furo ter 9 m de profundidade e forem usados trés hastes de 3 metros cada, ao fim do trabalho a primeira haste teré perfurado 9 m de rocha, a segunda 6 m (Ioi introduzida quando a primeira fa havia perfurado os trés primeiros metros) € a terceira apenas 3 metros. A Figura 9.20moste essas diferengas. 2t haste trhaste yey ‘thaste haste 2rhaste Trhaste Figura 9.20 — Sequéncia de utilizagao das hastes na perfuragéo com brocas de extensio 492 - Manual pratico de escavacao Para perfurar 9 m de rocha foram necessarios 18 m dé trabalho de hastes. 1? haste 34343 9m ? haste 343 6m 3° haste 8 3m 1m A primeira haste do colar introduzida no furo é a que mais vai trabaihar. Logo. mantida esta situacdo, é evidente que sera a primeira a atingir o limite de fadiga, rompendo-se ou sendo descartada antes das demais. Substituindo-a por uma nova ira operar com as outras ja com boa parte de sua vida util cumprida, podendo ocasionar a perda da coroa dentro da perfuragao. Esta situacao indesejavel é evitada com 0 rodizio das hastes onde a primeira utilizada em um furo sera a segunda no sucessivo € assim por diante. Dessa maneira todas as hastes empregadas na perfuragao de um certo numero de furos envelhecem simultaneamente, isto é, perfuram o mesmo numero de metros. (Ver Quadro 9.5.) Quadro 9.5 — Execugdo de seis furas de 12 m com seis hastes de 3 m (adotando-se o rodizio das hastes} Furos {n°} Haste | n 1 2 3 1 12 a _ re o 12 —_ —_— 3 6 9 42 — 4 2 6 9 12 5. — 3 6 9 6 ms — 3 6 Assim, para execugao de seis furos de 12 m cada, isto 4, para se perfurar 72 mM com seis hastes foram necessarios 180 m de hastes {6 x 30 m). Existe uma relacdo entre o numero de metros-de-haste eo nimero de metros-de-fura, sendo: n, = numere de hastes necessdrias para perfurar cada furo e K = relagao metros-de-haste/metros-de-iuro resulta mh +1 2 Ks No exemplo apresentado temos: ve 222 oo 2 O numero de metros-de-haste utilizado na perfuracéo de seis furos de 12 m cada pode ser apresentado: Metros-de-haste = K x metros-de-furo Metros-de-haste = 2,5 x (6x 12) = 186. —o7”~™”~@~”—<——™.— Brocas - 493 9.2.10 —- Vida dtil das brocas de extensao ‘As partes componentes das brocas de extensdo (punho, iuvas, hastes e coroa), desde que cotretamente utilizadas, tem vida util compreendida por limites definidos. A vida util do punho é medida diretamente em metros-de-furo. A das hastes e luvas em metros-de-haste e a da coroa em metros-de-furo. © tipo de rocha, a ecorréncia ou nao de falnas no macigo, © equipament de perfuragao empregado, a experiéncia dos operadores e 05 cuidados na operagso @ manuel” das broces Sore ran a vida uti das partes em cada canteiro de obras. A procedéncia do material utlizado {amber influi ¢, conforme 0 fabricante, apresenta maior ou menor duragdo. Quadro 9.6 — Coroas — Vida util Metros perfurados Tipo de coroa Em rocha Em rocha ndo-abrasiva abrasiva ‘ou levemente abrasive ‘Coroas convencionais ~intervalo entre afiagdes 20425 m 150 m* “vida atl em servigo 260 a 300 m 800 a 1,000 m* Coroas de botées @ = 64mm ~intervalo entre realiagoes 60. a.100m 200 m’ - vida Util em servico 350 a 600 m 900 a 1.200 m** Coroas de botdes O = 57 mm - intervalo entre reafiag6es 100.2 150m 300* - vida Utilem servico 300 a 550 m_ 900 a 1.200** + Mosmo quendo nto apresenta deagaste vsivel cfiar as pastas ands cerca de 180 m de perfuragso nas caroes Coa taco m nas coroas de boldes) a fim de eliminar o desgaste tie "pele de cob” Soe eee eer vida ut em sorvigo consideravelments mar, porém implicara rapido aumento do perWo de ruptura por fadiga do ago Oo iderdo "Monual de Perforacion de locas”, publicagdo Sandvik - Coromant, Sandvik AB, Sweden Quadro 9.7 — Hastes — Vida til Tipo de rosea Vida tad inisereie nstroe hasta Condigdes favoraveis normais dificeis ‘Com rosea simples 1,800, 900 450 ‘Com rosca tandem 2.400 1,200 600 Eavaido do “Manual de Perforacion de Rocss”. publicagdo Sandvik -Coromant, Sandvik AB, Sweden. Luvas Sua vida util em sorvigo 6 100% superior a das hastes de rosca simples. Punhos Apresenta vida itil em servigo de 800 a 1.200 metros de perfuracéo. 494 - Manual pratico de escavagdo A anotacdo cuidadose € sistematica do desempenho das partes, desde 0 inicio até o final do trabalho, fomecera dados confidveis ao estabelecimente da vida util e também elementos qué permitem avaliar 0 desempenho do operador do equipamento. Sendo os cuidados na operagao, no manuseio e na afiagdo fatores decisivos, verifica-se que, quanto mais tecnica- mente preparada e cuidadosa for a equipe, mais longa sera a vida util das partes componentes da broca, representando um menor custo por metro de perfuragao. ‘Antes de serem iniciados os trabalhos de escavagdo de rocha na obra, é extremamente importante estudar a reposicdo des partes componentes das brocas, definindo-se os estoques a serem mantidos, em funga0 do consumo previsto e do tempo que decorrera entrea solicitacao de punhos, luvas, hastes e coroas aos drgaos de suprimentos de materiais € a sua efetiva chegada na obra O numero de partes necessarias é calculado através das formulas apresentadas a seguir: Punhos: imero de furos x profundidade de perfuragao vide util Hastes e luvas: hy = Mimero de furos x profundidade de perturagso x K vida util (metros-de-haste} Coroas: Ny —flimeso de furos x profundidade de perfuragio vida tit Como jé vimos, para que as hastes empregadas na perfuragdo possuam uttlizagao uniforme (Quadro 9.5), é necessdrio um rodizio sistematico. Basta, para isso, dois cavaletes que suportem as hastes na horizontal e um numero de pinos igual as hastes utilizadas no rodizio (Ver figura abaixe ) Marca de tinta Figura 9.21 — Cavalete para apoio das hastes com rodizios Brocas - 496 E necessério determinar uma pessoa para cuidar do cavalete, que se encarregara, também, da lubrificagdo com graxa das roscas das luvas @ hastes. Depois que as hastes a serem utilizadas nas perfuracées estiverem no cavalete, marcélas com tinta, de maneira que essas marcas formem uma diagonal Voltando ao exemplo apresentado no Quadro 9.5 usaremos quatro hastes de cada vez, das seis disponiveis no cavalete. A sequéncia de utilizagao sera de cima para baixo Quando as quairo hastes estiverem introduzidas na perfuratriz, deslocar um pino para cima as duas que restaram no cavalete. A medida que as hastes do colar que estava trabalhando forem retiradas, colocé-las em ordem, de baixo para cima, de modo a reproduzir a diagonal com as marcas de tinta. A primeira haste do colar, a que mais trabalhou no Ultimo furo, ira sempre retomar ao cavalete ecupando 0 pino mais proxime do solo. Assim, havera, sempre, 0 rodizio das hastes e a utilizagao uniforme de todas as que estiverem disponiveis para a perfuragao. Referéncias Bibliograficas (1) MC Gregor, K., The Drilling of Rock, Londres, C. R. Books Ltd., pags. 110-129, 1967. (2) Padley & Venables Ltd.. Rock Drilling Data, R. J. Clemow, 1968 ¢ 1975. (3) Fraenkel, K. H., Manual on Rock Blasting, Seccao 14,00. v. lil, Estocolmo, Atlas Copco Aktiebolag and Sandivkens Jernverks AB, 2: edigao, 1958. (4) Sandvik-Coromant, Standard Drill Steel Equipment, Sandviken, Suécia, The Sandvik Steel Works Co. Ltd., 1971. 5) Sandvik do Brasil $.A., Folhetos Técnicos. (6) Sandvik-Coromant, Equipamentos para Perfuragdo de Rocha, Sandviken, Suécia, PB 12.004, The Sandvik Steel Works Co. Ltd., 1971 (7) Hermann, Eng. Curt, Manual de Perfuragdo de Rochas, Sao Paulo, Editora Poligono, 1968, (8) Fagersta-Vulcanus S.A, Industria Metalurgica, Catalogo de Acessérios para Perfuracao de Rocha. 9) Sandvik-Coromant, Atlas Copco, Manual de Perfuragao de Rochas, Sandvik AB (10) Sandvik-Coromant, Atlas Copco, Manual de perforacion de rocas”, Sweden, Sandvik AB. (11) Sandvik-Coromant, Atlas Copco, Equipamentos para Perfuragao de Rocha, Perfuragao de Bancadas, PB 11325, Sandvik-Coromant. (12) Sandvik-Coromant, Atlas Copco, Equipamentos para Perfuracao de Rocha, PB 11328, Sandvik-Ceromant. (13) Castro, Roberto Salinas de, Parras, Mauro Munhoz, Manual de Ferramentas de Perfura- g4o, Rio de Janeiro, Fagersta Secoroc, 1986. Capitulo 10 Seen Compressores de ar O ar comprimido € utilizado em todos os equipamentos de perfuragao, das perfuratrizes leves manuais até as grandes maquinas a energia de perfuragao ¢ produzida pelo ar comprimido. préprio acionamento dos tratores, sobre os quais S40 montadas as perfuratrizes, é feito principalmente através dele. Por isso 0 abastecimento de ar comprimido é um assunto extrema- mente importante em qualquer canteiro de escavagao de rocha. Os compressores de ar séo maquinas que aspiram 0 ar da atmosfera, comprimindo-o, redu- Zindo, portanto, seu volume e aumentando a pressdo. Dependendo da distancia entre o com- pressor € 0s equipamentos de perfuracéo e da quantidade de ar comprimido necesséria ele 6 enviado aos equipamentos de perfuragao através de mangueiras flexiveis ou tubos metélicos. Em obras de maior duracdo, como barragens ou pedreiras comerciais, montam-se centrais de ar comprimido, isto 6, um Conjunto de compressores ¢ instalado numa editicagao aproptiada, com certos requintes, para abastecer as ‘rentes de perfuragdo com ar comprimido. Jéem obras de menor duragao, como escavagées de cortes rodovidrios, usam-se compressors portateis, de facil deslocamento. As perfuratrizes de grande porte, denominadas conjuntos de perfuracdo, montadas sobre trator com propulsdo propria, dispdem de um compressor de ar, dispensando, assim, as mangueiras de borracha ou tubulagdes metélicas que levam oar comprimido do compressor 4 perfuratriz 10.1 — Tipos de Compressores de Ar Os compressores de ar utilizados na escavagdo de rochas sao basicamente os de deslocamento positivo; jd os compressores dinamicos no so usados para essa finalidade. Nos compressores de deslocamento positivo a elevagao de pressao obtida por aspiracao de volumes sucessivos de ar para dentro de um cilindro @ da imediata exaustao desse ar através de um pistéo ou sistema rotativo que o impele para fora. No compressor de pistio 2 produgdo do ar comprimido € descontinua, ja que na fase inicial, a de aspiragao do ar, nao hd Compresséo no cilindro. Aspirado ¢ ar, 0 pistao inverte seu curso comprimindo o ar aspirade que, ao atingir uma determinada pressao, abre @ vdlvula de exaustao e 0 ar comprimide segue para o reservatorio. Nos compressores rotativos o aumento de pressdo do ar é obtido através da passage por um sistema rotativo. Nos compressores rotativos de parafuso esse sistema é constituido por dois rotores, um deles dotado de ldbulos (rotor macho), 0 outro de reentrancias (rotor fémea}, que recebem os Idbulos do outro rotor, girando em sentidos opostos. O ar passa polo espaco existente entre os Isbulos e as reentrancias, que se vao interpenetrando, reduzin- do-o e assim comprimindo o ar. Nos compressores de palnetas um rotor gira excentricamente dentro de uma carcaga. Uma série de palhetas encaixa-se em ranhuras radiais existentes 498 - Manual pratico de escavagao na periferia do rotor. Essas palhetas so forgadas por molas ou pela forca centrifuga contra as paredes internas da carcaca ou contra anéis de guia que evitam © contato direto com ela. O acionamento dos compressores de ar é feito por motores elétricos ou diesel. O executado por motor elétrico pressupée existéncia de energia no local, quase sempre da rede publica préxima, ou, no caso de construgao de barragens, transportada através de linha de tranismissao. Quando nao se dispoe de energia elétrica adotam-se compressores de ar acionados por motor diesel. E 0 caso frequente de cortes rodoviarios e ferrovidrios, de desmonte de rocha para fundagdes de pontes e viadutos e de pequenas pedreiras para produgao de pedra britada. O acionamento por motor elétrico é considerado mais econémico ¢ de manutengéo mais simples. Havendo possibilidade de se optar entre os motores elétrico e diesel, a escolha deverd recair sobre o elétrico. Entretanto, em muitos casos, nao ha possibilidade de energia elétrica no canteiro de obras e deveremos forgosamente usar compressores de ar acionados por motor diesel Figura 10.1 — Compressor portatil de parafuso Os compressores de ar podem ser portateis ou estaciondrios. Os portateis sdo utilizados em canteiros de duracao relativamente curta, da ordem de seis meses. Um corte de rocha numa construcao de estrada configura esse caso. Nao Se justificaria a instalagao de compres- sores estacionarios que normalmente requerem cuidados na construcdo da base sobre a Compressores de ar - 499 qual se assentardo. Além disso, sao de dificil locomogao e transporte. Mesmo nos canteiros abestecdos por compressores de ar estacionérios existem alguns servicos para 05 quais cord conveniente poder contar com compressores portstels, a exemple do fogacheamento de matacdes que ocorre na frente da pedreira, Os compressores de ar estacionarios séo utilizados em obras de longa duragao. E 0 caso de pedreiras onde a frente de trabalho possui localizagao bem definida, 0 prazo de utiizacéo dos compressores 6 quase sempre superior a dois anos e pode-se transportar 0 ar comprimigo através de tubos metalicos. O mesmo ocorre com as fundages para a construcao dos verte- dores e casas de forca das barragens. Instalam-se 0s compressores de ar geralmente sobre basos de concreto, em galpao que se constitui numa verdadeira central de produgdo de ar comprimido. Na escavagao de rocha os compressores estacionatios sao acionades por motores elétrico ou diesel, na maior parte de casos porém, por motor elétrico. De um modo geral associa-se compressor estacionario a motor elétrico, embora haje casos em que, por falta de energia elétrica, 0 acionamento deve ser feito por motor diesel Figura 10.2 — Compressor estacionario de pistéo 500 - Manual pratico de escavagéo Os compressores portateis $0, na maioria dos casos, acionados por motor diesel, constituindo, portanto, uma regra. Entretanto, onde € necessério o deslocamento dos compressores € facilidade no fornecimento de energia elétrica poderao ser adotados os portateis, acionados por motor elétrico. Costuma-se fazer distingdo entre compressores de ar estacionarios e semi-estacionarios. Os estacionérios exigem uma base de concreto de determinada espessura, suficiente para absorver as vibragées, e parafusos chumbadores que fixam o compressor na base de concreto Os semi-estacionarios séo aqueles que, sendo montados sobre um quadro feito de perfis metdlices, prescindem de bases especiais para seu assentamento, que pade ser até sobre pranchoes de madeira Os compressores portéteis s40 montados sobre chassi com molas e rodas pneumaticas e dotados de barra de tragao para seu deslocamento. Figura 10.3 — Compressor portatil de parafuso 10.2 — Compressores de Pistaéo Constituem o tipo de compressor de ar mais antigo © também o de manutengao mais simples. Sao fabricados nos mais diversos tamanhos, variando dos compressores de ar de baixa capaci- dade (da ordem de 2 m/min, p = 6 ka/crr?} aos de alta capacidade (75 m°min. p = 6 kg/cm’). Compressores de ar - 501 © compressor de pistao consta, basicamente, de um gitabrequim, brago do. pistéo. piste © Slingo, © ellindro dispoe de uma vélvula de admissdo e uma de exaustao. Atraves da Salvula de admisséo 0 pistéo espira ar da atmostera para dentro do cilindro. Esse volume de ar é comprimido quando o pistéa inverte sou movimento e retorna, reduzindo gradativamente 6 volume da camara do cilindro que contém o ar. Atingida uma determinada pressio, @ valvula de exaustéo se abre permitindo a saida do ar comprimido para 0 reservatorio de ar do compressor. Valvula admissao Valyula exaustao Cilindro Pistéo ‘com anéis Figura 10.4 Principais componentes do compressor de pistéo Para a produgdo de ar comprimido até a pressao de 6 kg/m’, basta que 0 compressor fonha um Unico estégio, presses maiores requerem dois ou mais estdgios. Nesse caso oar comprimide no primeiro ciindro é encaminhade a Gm outro, onde sofre nova compressao, amo compressao do ar 6 um fenémeno que ocorre com producao de calor, apds 0 primelro estagio de compressdo o ar se aquece, sendo muitas vezes necessério resfridto, através 88 cee cambiador de calor intermodiario, antes de ser introduzido no compressor do segundo estagio, para evitar o superaquecimento do ar. Os compressores de pistéo usados na escavagio de rocha produzem ar comprimido normal- Manto ¢ 6 kglem® (85 psi. 7 kgicm? (100 psib ou 8.8 kg/cm? (126 psi). A presto de 8.8 kglem? 6 obtida com dois estagios de compresséo. © primeira é designado por "babs pressao"” @ 0 segundo por “alta pressdo”, 502 - Manual prético de escavacao ARRANJO EMV pressao Baixa presséo ARRANJO EM L Alta presséo Figura 105 —Arranjo dos cilindros em Ve L nos compressores de pistéo de dois estagios Ha dois tipes principa’s de arranjo para os compressores de baixa e alta pressao, Sao os aanjos em Ve em L. O om V é adotado para as maquinas de pequeno porte, ficando Qarranjo em L para as maquinas maiores. A fim de permitir melhor utilizagao do cilindro e do movimento de pistdo, desenvolveram-se os compressores de dupla aco. O movimento ascencional do pistéo ¢ aproveitado para compnmir o ar na cdmara superior e simultaneamente aspiréo para @ camara inferior, caracte- rizando a dupla acao. Compressores de ar - 503 Valvula de admissao Valvula de exaustao ‘superior TK / superior WZ ) _ Cilindro g ‘superior ] ) .. yA cae Z ior Figura 10.6 — Compressor de pistéo de dupla agao Quando © pistdo desce ocorre 0 oposto: comprime-se na camara inferior 0 ar que havia sido aspirado durante a subida do pistéo aspirando-o na camara superior, sendo que esse volume sera comprimido quando o pistéo inverter seu curso e passar a subir. © movimento de subir e descer do pistao, de determinada periodicidade, causa vibragoes Por esse motivo © arranjo dos cilindros em L € 0 mais convenient para os compressors de dois estagios. Como um dos pistes, quase sempre o de alta presséo, trabalha segundo um eixo horizontal, 0 seu efeito de vibragao nao é somado ao do outro pistéo que trabalna segundo um eixo vertical. Esse fato ¢ muito importante para o dimensionamento da base Sobre a qual se assentaré o compressor de ar, pois, com 0 arranjo em L. o custo da base seré bem menor, permitindo até o assentamento do compressor sobre apoio eiastico ou hum quadro formado por perfis metalicos. Outra vantagem do arranjo em L é a de propiciar mais espaco livre e facilidade de acesso as partes do compressor durante as operagées de manutengao. Existem outros tipos de compressores de pistao, como o compressor de diafragma e de pistao livre, mas esses ndo tém importancia para @ escavagao de rocha. 504 - Manual pratico de escavacao 10.3 — Resfriamento do Ar Comprimido um aspecto muito importante dos compressores é 0 restriamento, pois, como ii vino. Toor eee grande quantidade de calor durante a compressao do ar, aquecendo a rméquina € 0 proprio ar que esta sendo comprimido. O restriamento do cilindro do compressor pode ser feito através do at externo ou pela circulacae Ge agua ou leo nas camisas existentes em volta do clindro. No resfriamento pot Ot, © cilindro apresenta aletas externas que Proporcionam maior area de resfriamento. Um ventilador {orga a circulagao do ar em torno dessas aletas aumentando 2 eficiéncia do resfriamento. Quando feito através da circulagao de agua ou éleo ha necessidade de bombeamento do finde, forgando sua eirculacdo através do interespago existente em torno do eiindro ¢ criado por seu encamisamento Aletas para resfriamento Figura 10.7 — Restriamento através de aletas nos compressores de pequeno porte Compressores de ar - 505 0 resfriamento do ar entre as etapas de compressao, isto é, entre os estagios de baixa e de alta pressao, € feito através de um dispositivo denominado cambiador de calor intermedidrio. © resfriamento de ar comprimido que passa através de cambiador de cator intermedidrio 6 obtido por ventilagdo ou através de um fluido, Agua ou dleo, que circula através do radiador. Nesse caso sera necessdrio um radiador para resttiar a Agua ou dleo usados no cambiador. Determinadas aplicagdes do ar comprimido poderae exigir um cambiador de calor posterior, que restrie o ar apds o Ultimo estagio de compresséo. Essa precaugao podera ser requerida no caso de se trabalhar exclusivamente ou principalmente com perfuratrizes manuals, pois 3 temperatura do ar podera ser superior a 100°C, trazendo dificuldades para os operadores das perfuratrizes. atm. BP Cambiador intermediario AP # °c ! l 200 | i \ 8 i i | | | 5 8 | 8 6 | Temperatura 00 2 ° 5 g | a g ; 5 33 I & & | Presséo : | 1 # | | Figura 10.8 — Gréfico mostrande a atuacéo de cambiador de calor intermediario 10.4 — Transmissdo de Energia para o Compressor ‘A transmissao de energia dos motores diesel ou elétrico para o compressor pode também assumir formas distintas. Normalmente nd és alterativas: transmissao através de flenge, de correias V e acoplamento direto. Nao hd perda de energia no acoplamento atraves de flange, e a tomada de forga do motor é acoplada diretamente ao eixo de girabrequim do compressor por meio de uma flange que funciona come fusivel do sistema. No caso de resisténcia a rotacdo superior a determinado valor rompe-se a flange. mas nao ha danos nem ao motor nem ao compressor. Outras vezes o acoplamento € feito através de uma junta eldstica que também funciona como fusivel. A transmissao com correias V acarreta uma perda de energia da ordem de 4% e a direta, através de acoplamento flexivel, s6 € usada quando nenhuma das duas solug6es anteriores ¢ aplicavel. 506 - Manual pratico de escavagéo 10.5 — Filtros de Ar O ar comprimido produzido pelo compressor resulta, como vimos, de aumento de pressao do ar atmosférico succionado para o interior do cilindro. Esse ar. antes de entrar para 0 Gilindro, passa por um filtro que detém as impurezas em suspensdo, normaimente posira da propria escavagao, a fim de nao causar danos a maquina. Caso ndo houvesse essa filtragem, ‘os danos seriam produzidas pelas impurezas altamente abrasivas decorrentes da escavacao fe que atuariam como um verdadeiro esmeril 0 filtro de ar deve possuir as seguintes qualidades — Separagao eficiente A passagem da mistura do ar atmosférico com particulas em suspensao deve resultar no aprisionamento dessas impurezas pelo filtro. _ Boa capacidade de acumulagao Um filtro com boa capacidade de acumulagao profonga o intervalo de limpeza, feita através de um jato de ar comprimido no elemento de filtro seco que remove as particulas. -— Baixa resisténcia ao fluxo de ar 0 filtro nao deve opor resisténcia alta a passagem do fluxo de ar. Os filtros secos apresentam resisténcia na faixa de 1 a 5 milibares. — Construgao robusta Para exercer bem sua fungdo, ¢ filtro deve ser mecanicamente resistente. Os maiores esforgos s40 provocados pela pulsagio de ar, caracteristica dos compressores de pistao: Dentre os tipos de filtro os mais comuns sao: —Filtro de labirinto umedecido por dleo Ocorre, neste tipo, mudangas bruscas na diregdo do fluxo do ar. AS particulas em suspensao sdo separadas do ar e recolhidas na superficie umedecida de leo. A necessidade de limpeza do filtro depende, evidentemente, do teor de impurezas existentes no ar. Entretanto, recomen- da-se limpao semanalmente ou a cada 50 a 100 horas de operagao do compressor. Neste tipo um labirinto faz divergir 0 fluxo de ar, ditigindo- para a base do filtro, onde hd um depésite de dle, mudando novamente sua diregao. O dleo retém as impurezas que se véo sedimentande. —Fiitros de feltro Consistem de uma envoltéria de feltro sobre um arcabougo formado por mala de ago. A limpeza ¢ feita injetando-se ar comprimido ne diregao oposta a do fluxo normal ou lavando.o com detergente especial. Recornenda-se que seja inspecionads € limpo, se necessério, toda semana ou a cada 50 a 100 horas de operagao. Compressores de ar - 507 —Filtros de papel $40 descartaveis, isto é, jagados fora quando nao mais atendem as suas finalidades. Coloca-se papel corrugado entre duas superticies metélicas perfuradas. O ar entra pelas perfuragoes eatravessa 0 filtro de papel, que retém as impurezas. Estes fiitros tém alta eficiéncia, entretanto, © papel pode romper-se em algum ponto, permitindo a entrada de ar carregado de impurezas 10.6 —— Compressores Rotativos Tipo Parafuso Trata-se de um compressor onde a energia de rotacdo, transmitida a dois parafusos que giram em sentidos opostos, é transformada em energia de pressao. Os parafuses sao, também, chamados rotores. Um € 0 rotor macho, o outre, fémea. Am- bos se justapdem, penetrando os Idbulos do rotor macho nas reentrancias do rotor fémea. Figura 10.9 —Rotores do compressor de parafuso de um sd estégio Nao ha necessidade de valvulas de admissdo e de exaustao. O fluxo de ar € continuo para dentro da cAmara onde esto os rotores. Nao hd vibragdes porque nao hd aceleragdes, desacele- rag6es e inversoes de Curso como ocorTe Com os compressores de piste. Nos compressores de dois estagios. os rotores de baixa ¢ alta pressdo podem estar ou nao contidos na mesma carcaca, O ar comprimido no setor de baixa pressdo segue para co de alta pressdo, apos ter passado, pelo cambiador de calor intermediario. A capacidade do compressor de parafuso pode ser regulada pela velocidade dos rotores Se aumentada, a capacidade de produgdo da méquina também aumenta. 808 - Manual prético de escavagdo Figura 10.10 — Rotores do compressor de ar de dois estégios montados em carcapas distintas Os compressores de parafuso apresentam-se em dois tipos basicos: com e sem injegdo de dieo nos rotores. No tipo com injegdo de dleo @ mecanica é mais simples. Um filme de dleo injetado entre os rotores macho e fémea protege-os contra os danos provocados por um eventual contato entre suas superticies. Em decorréncia os rolamentos dos mancais € as sngrenagens que tomandam 0 movimento des rotores nao necessitam ser exatos. Nao hé necessidade de fam sa de resfriamento da camara de compressdo, porque o dleo injetado, circulante, funciona como tluide retrigerante, Além disso, o filme de leo reduz 0 espago entre os ldbulos do rotor macho @ as reentrancias do rotor {émea, aumentando a taxa de compresséo. Todavia, © ar comprimido produzido sai carregado de sleo e deve ser filtrado a fim de ser eliminada grande parte desse die0. Sem duvida é um inconveniente. © ar produzido nesse tipo de compressor ndo pode ser usado em tarefas do tipo de tubuldes @ ar comprimido, porque nao pode ser respirado. No tipo sem injegao de dleo nao ha necessidade da filtragem mas as rolamentos dos rotores © as engrenagens na cabega da cémara de compressdo devem ser de preciséo para evitar que estes venham 4 se atritar. E necessaria a circulagdo de um liquido refrigerante, quase sempre Agua, no encamisamento da cémara pata evitar o superaquecimento. 0 rotor macho tem geralmente quatro Idbulos que interpenetram seis reentrncias do rotor fémea. O rotor macho recebe o esforco de rotagao € o transmite ao rotor fémea através: de engrenagens que coordenam a rotagao dos dois rotores, necesséria para ajustagem dos \ébules do rotor macho as reentrancias do rotor fémea. 0 sistema de separacdo do éleo misturado no ar 6 formado por dois recipientes cilindricos intetigados através de um tubo, sendo um superior e outro inferior, © dlea injetado na camara opiuiuduios 1e op o8j9 ep opdeiedes op Buinisis — L101 1nbI4 TS “opeindep aquerseq gf Je 0 epindes wa "{g) oUgIeAISe! OU leo @ Je op e/BdOS aS anb oai9 op Gebustel © OpueoAO.d oRSeUp ep EpNW BiNrsiul & 10HEP ON “( LL'OL BINBId) OTELOR Op SeAee JOUA|U! ONpUIIIO OU BpIZNPONUL 9 BINISH CSSZ IE ‘OU Opezuanind opuesy “opus oe aoe ppuds IS aNd Je 0 LCD OS-PNISIUN BELIA) © OLDE SOIOIO/ SO arTUS OBSSEICLIOD 2p g0¢ - 4 ap Sesossasd tog 510 - Manual pratico de escavacgao 6 obrigado a passar por outros obstaculos (chicanas} que acentuam a separagdo do leo. Apés passar pelos obstéculos C ¢ D, cerca de 80 a 90% do dleo [4 foi removido do ar. No cilindro superior o ar passa por um filtro constituido de varias camadas de la onde grande parte do dleo ainda presente é retido. O dleo recuperado é enviado para um radiador onde perde calor, pois o'dleo injetado funciona também como fluido resfriador do at comprimido, sai do radiador, passa por um filtro @ é novamente injetado através de uma bomba para dentro da camara de compressao. Radiador de 6leo Are leo | 1 I Compressor Separador da dee de leo Se CA ‘oles. Ar/dleo Oleo | YU Filtro de dleo Figura 10.12 — Esquema mostrando 0 fluxo de dleo nos compressores de ar de parafuso com injogao de dleo Os compressores conhecidos como de “parafuso seco” ndo recebem injegao de éleo dentro da camara de compressdo. Entretanto, a auséncia de dleo entre os rotores impiica existéncia de folga muito bem definida entre os rotores macho e fémea, Como os rotores nao podem se atfitar é exigida da maquina uma precisao mecanica muito maior do que 4 presente no parafuso com injegdo de dleo. Os rolamentos devem ser de precisdo € as engrenagens de alta preciso. Essas circunsténcias tomam a manutencdo do compressor mais dificil e oherosa. Todavia, tem a vantagem de ndo necessitar do sistema de injegdo e de separagao do dleo existente no ar Nos compressores de palhetas o ar adentra na posicao de maxima excentricidade do rotor em relagao a carcaca e fica retide no espaco entre duas palhetas sucessivas. Esse espaco vai diminuindo @ medida que 0 rotor gira, devido & excentricidade do rotor em relagao ao eixo da carcaca. As palhetas, por ago de molas ou apenas da forca centrifuga, rogam a face interna da carcaga em todos os mementos, mantende o ar aprisionado até o instante da descarga. Os compressores de palhetas, analogamente aos de parafuso, podem ser cam au sem injegdo de dleo. No caso positivo deve haver um sistema de separagac de dleo do ar semelhante aquele do compressor de parafuso. O leo injetado lubrifica, sela e refrigera av mesmo tempo. As palhetas sdo geralmente laminas de resina fendlica estruturadas com malhas de asbestos ou tecido de algodac. Laminas de aluminio sao também comuns. No caso de nao haver injecae de dleo, s4o comumente utilizadas palhetas de bronze e carbonoigrafite. Compressores de ar - 511 Embora existam outros tipos de compressores rotativos de deslocamento positive, os de parafuso e de palhetas séo os mais importantes na escavagao de rocha. Figura 10.13 — Compressor de ar de pathetas, projeto Wittig 10.7 — Lubrificagdo dos Compressores ‘A correta lubrificagdo des compressores, como também dos demais equipamentos, € fator determinante para o prolongamento da vida util da maquina, Para tanto € necessério o uso do lubrificante adequado e que o compressor disponha de um sisterna permitindo quantidades corretas e constantes de lubrificante em todas as suas partes méveis. Pode-se ainda afirmar que a qualidade de um compressor de ar esta associada & competéncia de seu sistema de lubrificacao. © cleo lubrificante tem as seguintes fungoes: — dissipar calor gerado pela fricgao; — reduzir vazamentos internos de ar; remover agua de condensacSo, limalha gerada pelo desgaste e outros depésitos, — proteger contra a corrosao. Hé varios sistemas de lubrificago usados nes compressores de ar. Um deles consiste em um prolongamento da barra de acionamento do pistéo arrancar salpicos de dleo de um “carter” a cada passagem. E um método muito simples que promove lubrificagao independentemente do sentido de rotagao. Entretanto, 0 filme de lubrificacdo & muito fino e pode nao ser suficiente quando o compressor inicia 0 trabalho. Por essa razao $0 é usado em méaquinas de pequeno porte. No sistema de lubrificagao por gravidade 0 éleo ¢ recolhido por um disco que se assenta sobre © virabrequim e mergulha sua porgao inferior em um “carter’ com dleo. A medida que 0 disco gira, 0 dleo que adere a suas paredes sobe, sendo enviado por gravidade aos 512 - Manual pratico de escavacao varios pontos de lubrificagao. Por ser limitado, aplica-se somente a compressores de baixa produao, Na lubrificagao forgada o dleo é levado por uma bomba de pistao ou do tipo de engrenagens Uma vélvula controla 0 fluxo de deo, mantendo-o sob pressao constante. O sistema assegura lubrificagao em todas as partes méveis, o que significa desgaste menor. Além disso, a lubrifi- cagéo independe do nive! de dleo no “‘carter"’, contrariamente ao que ocorre nos demais sistemas, podendo ser facilmente filtrado, 0 que é muito importante para separar do dleo os residuos de desgaste. A lubrificagdo forgada proporciona quantidade de oleo suficiente na partida do compressor, Outro sistema de lubrificagao, presente nos compressores de parafuso, 6 0 de injegdo de 6leo nos rotores, geralmente feita através de ar comprimide, mas hé sempre @ necessidade de uma bomba para as transferéncias internas de dleo. Os lubrificantes corretos para cada compressor s4o aqueles recomendados pelo fabricante no manual de manuten¢ao da maquina. Convém obedecer com rigor a essas recomendacées, que prevéem produtos diferentes conforme a temperatura do local. 10.8 — Controle dos Compressores de Ar A demanda de ar comprimido dos equipamentos de perfuracao sofre variagdes. Em conse- quéncia, hd momentos em que @ produgao ndo est sendo totalmente consumida. Nesse 2a80 € Corveniente reduzila ao minima, 0 que, 6 evidente, possui implicagées econémicas ede seguranga. 1 — Alavanea de controle da velo: 7 — Entrada do ar vindo do cambiador de do motor calor 2 — Unidade de acionamento & — Descarga do condensacio 3 — Velocidade minima 9 — Entrada do ar vindo do reservatério 4 — Velocidade maxima de ar 5 — Vélvula reguladora 6 — Salida do ar para o acionamento do dispositivo de descarga Figura 10.14 — Sistema de regulagem de velocidade dos compressores acionados por motor diesel Compressores de ar - 513 Existem duas maneiras basicas de se fazer 0 controle de capacidade dos compressores de ar: a regulagem continua e a descontinua. Na regulagem continua controla-se a velocidade de rotacao do motor através de uma valvula sensibilizada pela redug3o ou acréscimo de consumo. Nos motores diesel essa valvula age sobre o “governor da bomba de dleo diesel. Quando aumenta 0 consumo de ar ela libera © “governor” para injetar mais dleo diesel no motor, aumentando a rotacao. Outro componente, as vezes presente na regulagem continua, 6 uma vélvula de gaveta que, sob 0 comando de uma outra valvula sensiblizada pelo acréscimo ou redugdo do consumo de ar, abre ou fecha a entrada de ar para 0 compressor. A regulagem descontinua 6 a forma mais comum de controle da capacidade do compressor. ‘Age através de um dispositive puramente mecénico ou eletromecénico que conduz a uma descarga do ar comprimido toda vez que for atingida uma pressao predeterminada. O dispositivo puramente mecanico emite um comando sempre que atingida a pressao predeter- minada no reservatério de ar. Esse comando aciona 0 dispositivo de descarga do compressor enquanto perdurar a pressio superior & preestabelecida, desiigando-o assim que ela baixar. O dispositive eletromecanico controla direta ou indiretamente uma valvula que aciona pneumati- camente o de descarga do compressor. | feb A — Vélvula de blogu G — Valvula de “blow-off” B — Estdgio de baixa pressdo H — Resfriador de ar do “blow-off” — Cambiador de calor intermedidrio | — Valvula servo D — Estagio de alta presséo J — Valvula de solendide E — Valvula de nao-retorno K — Termostato F — Cambiador de calor posterior L — Reguledor Figura 10.16 — Regulagem dos compressores de parsfuso sem injegdo de leo Os compressores possuem dispositivos de descarga de trés tipos: a) Sistema de “blow-off” © compressor trabalha comprimindo ar ininterruptamente. Atingida a maxima pressao © ar, a0 invés de ir para o reservatdrio é langado na atmosfera. 514 - Manual pratico de escavagao bj Sistema de descarga dos compressores de pistao Atingida a pressao maxima preestabelecida, 0 dispositive de regulagem descontinua emite um comando ou aciona diretamente o bloqueio da succgéo de ar do compressor, que passa a trabalhar em vazio. 0) Sistema de descarga dos compressores de parafuso Uma vez atingida a pressd0 maxima preestabelecida ocorrem simultaneamente trés bloqueios: estrangula-se a entrada de ar para dentro do compressor, abre-se uma valvula de descarga tipo “blow-off”, langando o ar comprimido na atmosiera, € 0 retorne de ar do reservatorio para dentro do compressor € bloqueado por uma valvula, 10.9 — Instalagdo dos Compressores de Ar Ja vimos que obras com duragéo relativamente longa requerem compressores de ar estacio- ndrios que devem ser instalados em local apropriado, coberto, limpo, desembaragado, permi- tindo acesso as mAquinas nas operagdes de manutencdo, A localizagao correta da central de ar comprimide é extremamente importante, porque dela decorrem consequéncias econdmicas e de eficiéncia altamente ponderaveis na operagao do compressor. Os principais culdados a serem tomados na escolha do local sao: — Condi¢des do ar O compressor deve aspirar ar limpo, livre de poeiras e outras particulas sélidas, Muito embora Oar aspirado seja previamente filtrado, a localizagao da central em ambiente poluido sobrecar- fegara 0 trabalho dos filtros, A poeira que vier a ser aspirada traré desgastes nas partes internas do compressor. Recomenda-se a localizagao da central de ar comprimido longe de instalagses de britagem, estradas de terra, frentes de perfuracdo, detonagdo e de patios com intenso movimento de veiculos, todos caracteristicos produtores de poeiras. _. Facilidades de agua e energia elétrica A edificagdo que vai abrigar 0s compressores de ar deve ostar proxima a rede de energia ‘aistrica evitando-se, assim, transformadores suplementares ¢ linhas de alta-tenséo. Para os Tefrigerados a agua procurar local onde ela possa ser encontrada sem grandes dificuldades. _— Solo de boas condigdes © solo de fundagdo deve ser de boa qualidade, evitando, assim, fundagdes complicadas para os compressores, maquinas pesadas © que produzem grandes vibragées em alguns casos. Se o solo nao for bom, consultar um engenheiro especializado para que recomende 0 tipo adequade de fundagao. — Local ventilado e relativamente frio ‘A compressao do ar ocorre com a liberagao de grande quantidade de calor. Dal a importancia do local de instalagao ser bem ventilado e preferencialmente o mais frio da regiéo, para que 0 compressor possa apresentar 0 maximo rendimento. Compressores de ar - 515 come AA 1 —Cabina do compressor GA 5 —Tubo de descarga 6 3” 2— Motor elétrico 6 —Chave seccionadora 3 Painel elétrico de partidae parada 7 — Exaustor — capacidade 5,0 mis 4 —Vélvula do diafragma 8 — Seletor de sequéncia de partidas ROS 730 T Figura 10.16 — Planta de instalagao para compressor estaciondrio refrigerado a ar 516 - Manual pratico de escavagao — Proximidade dos pontos de consumo Quanto mais préximo se estiver dos pontos de consumo, menores serao as linhas para conducdo do ar camprimide e menores as perdas. Entretanto, também, esse aspecto da localizagac deve ser examninado em conjunto com as demais. Em certos casos recomenda-se a adogao de reservatérios de ar de porte bastante superior aqueles que j4 existem no compressor. Esses reservatérios permitem o aproveitamento mais racional dos compressores, armazenando 0 suticiente para os momentos de maior consumo Além disso possibilitam resfriamento do ar e condensagéo do vapor d'égua Quando o compressor é resfriado a 4gua e esta 6 escassa, recomenda-se a construgao de torres de restriamento ou de piscinas. Sendo abundante, nao hd necessidade de se fazer circular a dgua de resfriamento. No caso de compressores restriados a ar, a edificagao deve prever aberturas suficientes nas paredes para possibilitar uma eficiente troca térmica com o exterior. 10.10 — Distribuigao do Ar Comprimido O.ar comprimido produzido nos compressores é encaminhado para o consumo nas perfuratrizes através de lubulagéo. Nas instalagées fixas adota-se normalmente tubulaggo metdlica até préximo as perfuratrizes. A distribuigdo final desses pontos até as perfuratrizes é feita através de tubulagao flexivel, constituida de mangueiras especiais de borracha, permitinde mobilidade a0 equipamento ‘A tubulacao de distribuigdo deve ser disposta com cuidado a fim de evitar danos causados pelo trafego de obra. Nas passagens de vetculos e maquinas deve ser subterranea e protegida por tubulagdo externa de concrete ou entao colecada em valetas revestidas de concreto, cobertas com placas resistentes (de concreto ou ago). Pode-se adotar também tubulacao suspense por meio de postes ou suportes, mais econémica que a solugao subterrdnea, mas também mais vulneravel. Atengao especial deve ser dada aos problemas de vazamentos nas linhas de distribuigao. © ar comprimido tem um custo razoavelmente elevado e por isso ndo se pode permitir a permanéncia de vazamentos nas linhas, 0 que vai acarretar quedas de presséio, compro- metendo a eficiéncia dos equipamentos de perfuragao. Na pratica é extremamente dificil eliminar todos os vazamentos. Admite-se que, numa instalagéo em que o comprimento das linhas de distribuigao ¢ bastante extenso, eles sejam superiores a 10%. Em instalagdes de menor porte, onde o controle das linhas é bem mais facil, os vazamentds néo devem ultrapassar 5%. ‘As tubulagdes metélicas para condugdo do ar comprimido devem ser protegidas interna e externamente contra a corrosao, para evitar vazamentos e, também, para que os residuos de corrosao intema sejam levados pelo ar comprimido ao interior dos equipamentos de perfura- cdo, Recomenda-se 0 uso de tubos galvanizados. Particular atengdo deve ser dada ds omendas de tubos. Podem ser soldadas, rosqueadas, ou usar tubos de engate rapido mesmo em instalagdes para longa duragao. As tubulagées flexiveis so constituidas por mangueiras de borracha com teforgos internos de lona. A ligacao ao ponto de alimentagao de ar comprimido e as perfuratrizes €, geralmente, feita através de engates rapidos de garras, embora existam também os engates com roscas. Compressores de ar - 517 Para se evitar 0 acumulo de agua de condensacao no sistema de distribuigao, intoduzir nas linhas separadores de condensados. Sao dispositivos bastante simples que permitem © recolhimento da 4gua de condensacao surgida nas linhas. Para tanto deve-se cuidar para que os tubes tenham inclinagao de 5 a 10% (6 a 10 mm por metro). Recomenda-se a utilizagao dos separadores de condensados, pois, a gua é prejudicial ao funcionamento dos equipa- mentos de perfuragéo, reduzindo sua vida util e aumentando 0 consumo de pegas de reposicao. Para o dimensionamento das linhas de distribuigéo € preciso determinar as necessidades de ar comprimide dos servigos de escavacao {Q). Para isso somam-se os consumos das maquinas, multiplicando o resultado pelos fatores de corregao do Quadro 10.1 ‘A Fator de corregao da pressao de trabalho Quadro 10.1 — Fator de corregao da pressdo de trabalho Pressdo de Trabalho Fator d do K, ae jor de corres: 5 0.8 55 og 6 10 65 10 et uM 78 12 415 8 13 Extraido do “ Manual on Rock Blasting”, K.H. Fraenkel Editor, Atlas Copco AB ¢ Sendviken Jemiverks AB, pag. 10-033, 1957] B) Fator de correcao relativo a0 desgaste dos equipamentos Uma perfuratriz com um numere elevado de horas de trabalho demandara um consumo de ar comprimido superior ao de uma maquina nova. O desgaste produzido pelo trabalho gera pontos de vazamentos que aumentarao esse consumo. Recomenda-se dar um acréscimo de 5% para compensar essas perdas. Portanto Ky = 1,05. C} Fator de corregao do grau de utilizagao Quando se tem varias perfuratrizes na mesma frente de trabalho, raramente encontraremos todas operando, ou entao, utilizando o maximo do consumo em cadainstante. De fato, enquanto algumas perfuratrizes trabalham, outras estardo paradas substituindo ou alongando as brocas, ou sendo desiocadas para novas posiges de perfuracao. © Quadro 10.2 indica os fatores de corregdo K, em fungao do numero de maquinas e para diversos coeficientes de utilizagao. No caso de perfuratrizes sobre trator a utilizagao simultanea é, regra geral, maior que a das perfuratrizes manuais, recomendando-se por isso maior critério no uso do quadro. D) Fator de corregao pare-vazamentos Na prética 6 extremamente dificil eliminar todos os vazamentos da linha de distribuicao. Por isso é necessario admitir um fator de corregao K, que compensa numericamente esses vazamentos. Os valores recomendados para Ky situam-se no intervalo de 1,10 a 1,25. O valor adequado de K, para cada caso depende da extensdo das linhas, dos cuidados observados na sua construcao € do grau de manutengao. 518 - Manual pratico de escavagao Quadro 10.2 — Fator de corregio do grau de utilizagao | Fator de correeao K, Numero de méquinas Coeficiente de utilizagao 60% 10% 80% 90% 1 1,00) 1,00 1,00) 1,00 2 091 0.93 0.95 097 a 0,83 ogy 091 0,95 4 076 0.82 088 0,94 5 0,70 0.78 086 0,93 6 0.65 6.75 0.84 0,92 7 0,62 0,72 0.82 0.91 8 ou mais. 0.60 0,70 0,80 0,90 Extraido do "’Menual on Rock Blasting’’, K, H. Fraenkel Eaitor, Altas Copco AB & Sandviken Jernverks AB, pag. 10:03.3, 1957) } Fator de corregao para a influéncia de altitude A altitude na qual trabaiharao os equipamentos de perfuragdo € os compressores de ar tem notavel influéncia sobre o desempenho das maquinas. Essa influéncia se faz notar de duas formas: 1) Elevando as necessidades de consumo de ar comprimido dos equipamentos de perfuragao. O Quadro 10.3 mostra o acréscimo do consumo de ar relativo aquele valido ao nivel do mar. Quadro 10.3 — Fator de corregéo da altitude K, Altitude Fator de corregao K; (m) 0 1,00 900 1,05 1.000 wt 1,500 17. Extraido do “Atlas Copco Manual, Compressed Air Engineering”, Suécia, (Atlas Copco AB, pg 116, 1971) 2) Reduzindo a poténcia do motor do compressor No.caso de motores diesel vale a regra pratica que estabelece (cf. supracitado Atlas Copco Manua') reducdes na poténcia do motor para elevagdes de altitude (a partir de 0 m} e elevagao de temperatura {referéncia 20°C). Quadro 10.4 — Regra pratica para corregao da variagao de altitude e temperatura para motores diesel ElevagGes de altitude ElevagGes de temperatura de 100m de 10°C Motor diesel com 42% 36% aspiragao natural Motor diesel com 7 ' turbo-alimentador Dieis bee Extraido da “Aties Copco Manual, Compressed Air Engineering”, Suécia, {Atlas Copco AB, pag. 116, 1971) Compressores de ar - 519 Do Quadro 10.4 resultam os fatores de correc K, € K’,,calculados pelas formulas seguintes, onde L é a altitude e t a temperatura. K, = 1,00- 1,2 L- 104 (aspiracao natural); K, = 1,00-0,8 L - 10* (motor turbinado), K’, = 1,00 — 0,0036(t — 20) (aspiragao natural), K’g = 1,00 —- 0,0054(t ~ 20} (motor turbinado). A influéncia da altitude e temperatura se manifesta também sobre os motores elétricos. porque reduzem sua capacidade de resfriamento. E, entretanto, sensivelmente menor do que sobre os motores diese! (Quadro 10.5). Quadro 10.5 — Fator de corregao da altitude para motores elétricos Altitude (m) Fator de correcdo K's 1,000 1,00 1.500 0,98 2,000 0,95 2.500 091 3.000 0,88 3.500 0,84 Extraido do “Atias Copco Manual, Compressed Air Engineering”, Suécia, (Atlas Copco AB pag. 92, 1975} Esses fatores se aplicam para temperaturas do ar de resfriamento até 40°C. Acima desse valor admite-se uma redugdo de 5% para cada 5°C de elevacao de temperatura. Results 9 fator de corregao K's: Kig= 1.00 - $22 100 Considerados todos os fatores, a quantidade de ar comprimido necessdria (Q) 6 dada pela formula seguinte, sendo g, o consumo de cada equipamento: Q=K,. Ky. Ky. Ke Kg 2a, eacapacidade de compressor (Q,] nas condicées de altitude ¢ temperatura poderd ser estimada pela formula seguinte. onde Q,, 6 2 capacidade nominat do compressor: Q, = Ky. K’g- Oy. O dimensionamento dos tubos que constituem as linhas de suprimento do ar comprimido 6 feito através de monograma (Figura 10.17). As curvas, registres, cotovelos, “'tés” e redugdes existentes 10 circuito sao considerados no calcul como comprimentos equivatentes de tubulacdo, de acordo com o procedimento estabelecido pela Mecanica dos Fluidos. Os comprimentos equivalentes $20 obtides do Quadro 10.6. Nos servicos de escavacdo de rocha admite-se a queda maxima de pressao de 0,1 kg/cm? (1,5 psi) entre pontos extremos da linha. 520 - Manual pratico de escavacao Comprimento da tubulagéo —m 12 5 10 20 50 100 200 500 1.000 2.000 32. 40. 2 36 _ 4 = = a ag é E 270 = @ 10 § 2 8 a 16% é & 2 100- a 25 30 35, 125- 40 50 160: 100 0,001 0,002 0,005 0.01 0,02 0,05 01 02 05 1 2 671015 Queda de pressio Pressdo de kg/em? trabalho kgfem? Figura 10.17 — Nomograma para a determinagao das quedas de pressdo na tubulagéo Nos exempios a seguir daremos a forma de calculo com a utilizagc do nomograma. 1° Exemplo; Uma perfuratriz BBC 24 D na extremidade da linha consome 4.8 m/min (170 cufm) na pressdo de 6 kg/cm? {85 psi). O compressor de ar dista 200 m da perfuratriz. Determinagao das necessidades de ar comprimido q, = 4.8 mYmin K,=1.0 K, = 1.08 = Ke = 1,10 K, = 1,00 (supondo t = 20°C e nivel do mar) Q = 5,544 miriin Compressores de ar - 521 Quadro 10.6 — Queda de pressdo em valvulas ¢ acessérios Comprimento de tubo equivalente (m) Valvulas @ Didmetro interno (mm) acessérios 25 | 40 50 go | 100 | 125 | 150 Valvuta de sede 6 | w] i] 2] 30] 50 | 60 Valvula de diafragma 3 5 7 10 15 20 25 Valvula de gaveta o3 | 05 | 07 1] 15 2] 25 Curva 15 | 25 | 36 5 7{ wy] 15 Cua 1 2) 25 4 6} 75 | 10 Curva ted 03 | 05 | 06 1] 18 2] 25 & Curva r=2d 0.15 | 025 | 03 | 05 | 08 1 18 Acoplamento para mangueiras “T’ 2 3 4 ¥ 10 | 15 20 Redugao. Dp 05 | 07 1 2) 25 |] 36 4 Extraido do "’Manusl para instalagdo de Compressores”, Atlas Copco Brasil Ltda., pag. 88, 1967 Do eixo da direita do grafico da Figura 10.17 deslocamos uma horizontal a partir do valor 5,544 m/min até encontrarmos a presséo de trabalho de 6,0 kg/cm’. Desse ponto tiramos uma paralela as inclinadas auxiliares até encontrar a linha vertical de abscissa 2. Dai tragamos uma horizontal até encontrar a vertical correspondente ao comprimento de linha de 200 m. Na intersecdo tiramos uma linha paralela as linhas inclinadas auxiliares até interceptar a linha horizontal correspondente ao didmetro de tubo ao qual corresponde uma queda de pressao aceitavel. No caso optamos pelo tubo de 50 mm de diametro {2") ao qual corresponde a queda de pressdo de 0,085 kg/cm?. 2 Exemplo: Estabelecer os diémetros para as linhas de distribuicao do croqui a seguir. No célculo admitiremos @ queda de press4o total maxima na tubulacde de 0,1 atm. E conve- niente procurar distribuir essa queda de pressdo entre os varios segmentos de forma tao equanime como possivel Segmento AB 0=48 +33 +15 = 23,1 m¥min p = 6 kg/cm? = 100m 522 - Manual pratico de escavacao 4,8 mimin 6.0 atm 3,3 mimin E 6,0 atm 9 F $ E 8 18 mimin & 6,0atm D 10m 50m tem Meg 8 = Figura 10.18 Do nomograma resultam os valores possiveis para os diametros @ 100 mm Ap = 0,05 kg/cm? ou 9125 mm Ap = 0,0175 kg/cm? Segmento BC Q=48 m¥min p = 6,0 kg/cm? |= 200 m Para og quais resultam os seguintes diametros possivels @ 70 mm Ap = 0,032 kg/cm? 980mm Ap = 0,016 kg/cm? 6 100 mm Ap = 0,005 kg/cm? Segmento 8D Q= 3,3 +15 = 18,3 m/min p = 6,0 kg/cm? Compressores de ar - 523 Para os quais resultam $= 80mm Ap = 0,021 kg/cm? G= 100mm Ap = 0,007 kg/cm? Segmento DE Q = 15 mYmin p = 6,0 kg/cm? 1=10m Para os quais resuitam: 9 = 50mm Ap = 0,027 kg/cm? = 70mm Ap = 0,0055 kg/cm? g=80 mm Ap = 0,003 kg/em* Segmento DF Q = 3,3 m/min p = 6,0 kg/cm? |= 30m Para os quais resulta @ = 40mm Ap = 0,04 kg/cm? @ = 50mm Ap = 0,01 kg/cm? Como entre A e C pademos ter a queda maxima de pressdo de 0.1 kg/cm’, adotaremos no Segmento AB o diémetro 100 mm e no BC, 70 mm, perfazendo Ap = 0,082 ka/crn* Como entre B e F podemos ter no maximo 0,05 kg/cm* de queda de pressao, pois jé temos 0,05 entre A e B, adotaromos @ = 80 mm no segmento BD e @ = 50 mm no segmento DF. Para esses diémetros a queda total de pressdo entre Ae F é de Ap = 0,05 + 0,021 + 0,01 = 0,081 kg/cm? Finalmente, como entre Ae D ja temos Ap = 0,071 kg/cm? de queda de pressao, 0 diametro para o segment DE deverd ser igual 50 mm, dando o total de 0,098 kg/cm? de queda de pressio entre Ae E. No exemplo nao se considercu a influéncia dos registros, redugdes de didmetros, “16s” ‘ curvas existentes na linha. Quando a quantidade desses elementos é pequena, sua influéncia é desprezivel. Percebe-se bem esse fato observando o nomagrama. Pequenos aumentos 824 - Manual prético de escavagao de comprimento da linha (ea influéncia daqueles elementos é considerada através de aumento do comprimento da linha) nao produzem uma alteragdo sensivel no diémetro do tubo ou queda de pressao. Referéncias Bibliograficas (1) Atlas Copco Manual, Atlas Copco AB, Estocolmo, Editors Torgny Rogert ¢ S. Bertil Andersson, 2? edicao, 1975. (2) Atlas Copco Manual, Compressed Air Engineering, Atlas Copco AB, Editor Torgny Rogert, Orebro, 1971 (3) Fraenkel, K. H., Manual on Rock Blasting, Estacolmo, Atlas Copco Aktiebolag and Sandvi- kens Jernverks AB, v. ll, 10:3.1 a 10:3.19, 2 edigao, 1958. (4) Atlas Copco, Manual de Instalagao de Compressor, Publicacdo n° 5.115 PB, julho, 1967, (5) Catdélogos de Compressores, Atlas Copco AB, Suécia. (6) Catalogos de Compressores, Atlas Copco Brasil Ltda., Sao Paulo. (7) Catélogos de Compressores, Camborne, Cornwall. Inglaterra, Holman Brothers Ltd, (8) Atlas Copco Manual, Fourth Edition, Atlas Copco AB, by Ljungforetagen AB, Orebro, Sweden, 1982.

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