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Resumo. Simulações directas e das grandes escalas (DNS/LES) de jactos planos turbulentos
são utilizadas para estudar o efeito dos modelos sub-malha nos turbilhões obtidos através de
simulações das grandes escalas. Os modelos analisados são o Smagorinsky, Função de Es-
trutura, Função de Estrutura Filtrada, Smagorinsky Dinâmico, Gradiente, Escalas Similares e
Misto. Testes a-priori baseados na análise da enstrofia, seguindo uma metodologia semelhante
à de Silva e Metais[1], mostram que os modelos de viscosidade turbilhonar reproduzem muito
bem a topologia do escoamento, ao passo que os outros modelos apresentam um comporta-
mento estatístico mais correcto. Simulações das grandes escalas permitiram avaliar o ’erro de
vorticidade’ associado a cada modelo. Embora em geral este só se faça sentir para os números
de onda mais altos altos, observa-se que certos modelos (e.g. Smagorinsky, Função de Es-
trutura) afectam números de onda intermédios mais cedo do que outros. Mais detalhes deste
trabalho são descritos em Silva e Pereira[2].
Carlos B. da Silva e José Carlos Fernandes Pereira
1. INTRODUÇÃO
A simulação das grandes escalas (Large-Eddy Simulation - LES) é hoje uma técnica bem es-
tabelecida no estudo de escoamentos turbulentos tanto em aplicações práticas como em estudos
fundamentais (Lesieur e Métais [3], Meneveau e Katz [4]). Neste contexto foram feitos muitos
estudos sobre a capacidade de vários modelos sub-malha preverem as características estatísticas
de escoamentos turbulentos, como descrito por Meneveau [5]. No entanto existem comparati-
vamente poucos estudos nos quais é analisado o desempenho desses modelos na reprodução
de características instantâneas dos escoamentos turbulentos - por exemplo as suas estruturas
vorticais.
Uma vez que a energia cinética trocada entre escalas resolvidas e sub-malha é um dos
parâmetros mais importantes em simulação das grandes escalas, vários autores examinaram a
influência dos turbilhões na dissipação de energia cinética sub-malha (subgrid-scale dissipation)
e.g. Piomelli et. al [6], O’Neil and Meneveau [7]. Neste contexto, uma descrição detalhada do
papel dos turbilhões nas trocas de energia resolvida/sub-malha foi recentemente dado por Silva
e Métais [1].
Contudo, a influência dos modelos sub-malha nos turbilhões obtidos por simulação das
grandes escalas continua, em grande parte por esclarecer. Tem sido assumido que os grandes
turbilhões, que são os de maior interesse em engenharia, são explicitamente calculados em
LES, donde o efeito dos modelos sub-malha nesses turbilhões deve ser desprezável. Apesar
disso vários investigadores observaram que diferentes modelos sub-malha levam a diferenças
nos vórtices obtidos por simulação das grandes escalas (e.g. Silvestrini [8], Vreman et. al [9]),
o que prova que existe de facto uma influência dos modelos nos turbilhões, que não pode ser
desprezada.
O presente trabalho utiliza simulações numéricas directas (Direct Numerical Simulation -
DNS) e das grandes escalas para analisar este problema. Embora vários modelos sub-malha
muito promissores tenham recentemente aparecido (e.g. Domaradzki and Saiki [10], Stolz et al.
[11]), a análise é restrita a modelos mais comuns, uma vez que estes são presentemente mais
utilisados. Os modelos analisados são o Smagorinsky [12], Função de Estrutura [13], Função
de Estrutura Filtrada [14], Smagorinsky Dinâmico [15, 16], Gradiente [17], Scalas Semelhantes
[18], e Misto [18].
2. EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS
A influência dos modelos sub-malha nos turbilhões obtidos por simulação das grandes es-
calas pode ser analisada considerando a equação de transporte da enstrofia resolvida,
,
2
Carlos B. da Silva e José Carlos Fernandes Pereira
3
Carlos B. da Silva e José Carlos Fernandes Pereira
6 $ /
f 7
- L
se
caso contrário
-
< /
<
<
Simulação modelo sub-malha resolução
L Q L L <L [
Z L L
DNS (—) L ^
L L <L L [
Z L L
SMAG_d Smagorinsky ^
SF_d Structure Function L ^
L <L L [
L L L
Z L <L L [
FSF_d Filtered Structure Function ^
L L L
DSMAG_d Dynamic Smagorinsky Z ^ L <L L [
L L L
Z L <L L [
SS_d Scale-Similarity ^
L Z L L L <L L [
Z L L
GRAD_d Gradient ^
MIX_d Mixed L ] ^ L L< L [
Z L
SMAG_i Smagorinsky ] L Q\L ^ L < L [
Z L
SF_i Structure Function
] L Q\L ^
L < L [
Z L
FSF_i Filtered Structure Function ] L Q\L ^ L < L [
Z L
DSMAG_i Dynamic Smagorinsky ] L Q L ^
L < L [
Z L
SS_i Scale-Similarity
] L Q L ^
L < L [
Z L
GRAD_i Gradient ] L Q\L ^ L < L [
MIX_i Mixed Z L L Q\L ^ L L [
Tabela 1. Parâmetros das simulações directas e das grande escalas. Os simbolos "d"e "i"(e.g. SMAG_d and
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As figuras 1 (a,b) mostram as estruturas coerentes da região auto-similar presentes na simu-
"!
lação numérica
directa. Neste instante o número de Reynolds baseado na escala de Taylor é de
4
Carlos B. da Silva e José Carlos Fernandes Pereira
(a) (b)
Figura 1. Isosuperfícies de para a simulação numérica directa do jacto plano. (a) Vista lateral. (b) Vista de
topo.
5
Carlos B. da Silva e José Carlos Fernandes Pereira
1.5 1.5
1 1
0.5 0.5
0 0
-0.5 -0.5
-1 -1
-1.5 -1.5
-1 0 1 -1 0 1
kinetic energy SGS transfer (VIISGS) Kinetic energy SGS viscous dissipation (XIIISGS)
(a) (b)
Figura 2. Funções densidade de probabilidade conjunta entre: (a) dissipação de enstrofia sub-malha e a dissipação
de energia cinética sub-malha; (b) dissipação viscosa de enstrofia e dissipação viscosa de energia cinética sub-
malha.
fornecer dissipação de enstrofia sub-malha positiva, o que corresponde a uma cascata inversa
de enstrofia (VI L ). Para a cauda de cascata directa (VI + L ), não existem diferenças signi-
P
ficativas entre os valores ’reais’ e modelados. As diferenças mais significativas vêm da cauda de
cascata inversa de enstrofia. Aqui observa-se que os modelos sub-malha de viscosidade turbu-
lenta, embora fornecendo uma dissipação de enstrofia positiva, estão longe dos valores ’reais’
obtidos pela filtragem da simulação numérica directa. No entanto alguns modelos (que não us-
am a hipótese de Boussinesq), como o Misto e o Gradiente, causam uma dissipação de enstrofia
excessiva.
6
Carlos B. da Silva e José Carlos Fernandes Pereira
-2
-1
-4
-2
-6
-3 -8
REAL
SMAG
-10
SF REAL
-4
∆=4∆x FSF
DSMAG
SMAG
SF
-12
∆=π/4∆x
GRAD FSF
SS DSMAG
-5
MIX -14 GRAD
-2 0 2 -2 0 2
y/h y/h
(a) (b)
Figura 3. Perfis de dissipação de enstrofia sub-malha ’reais’ e ’modelados’ obtidos através de filtragem da simu-
lação numérica directa e de testes a-priori. (a) Utilizando um filtro ’caixa’. (b) Utilizando um filtro ’cut-off’.
7
Carlos B. da Silva e José Carlos Fernandes Pereira
1
10
10
0
∆=4∆x
REAL
SMAG
10-1 SF
FSF
DSMAG
PDF(VI)
GRAD
10-2 SS
MIX
-3
10
-4
10
-20 -10 0 10
VI
Figura 4. Funções densidade de probabilidade para todos os modelos considerados, utilizando um filtro do tipo
’caixa’.
4.3. CONCLUSÕES
O efeito dos modelos sub-malha nos turbilhões obtidos por simulação das grandes escalas
foi estudado através de simulações numéricas directas e das grandes escalas. Os modelos es-
tudados foram os seguintes: Smagorinsky, Função de estrutura, Função de Estrutura Filtrada,
Smagorinsky Dinâmico, Scalas-Semelhantes, Gradiente e Misto.
O estudo baseou-se na análise da dissipação de enstrofia sub-malha, que representa a influên-
cia dos modelos sub-malha na evolução do campo de vorticidade.
Testes a-priori mostraram que todos os modelos causam uma elevada correlação entre os
valores ’reais’ e modelados da dissipação de enstrofia sub-malha. Os modelos de viscosidade
turbulenta têm um comportamento mais próximo do ’real’, na sua relação com a produção e
dissipação de enstrofia. No entanto os outros modelos, que não usam a hipótese de Boussinesq
(Scalas-Semelhantes, Gradiente), têm um comportamento estatístico mais correcto.
Os testes a-posteriori baseados em várias simulações das grandes escalas confirmaram os re-
sultados da análise anterior e permitiram quantificar o erro cometido no campo de vorticidade,
em função do número de onda. Conclui-se que de entre os modelos analisados, os de Smagorin-
sky Dinâmico e da Função de Estrutura Filtrada são os que conduzem a valores mais correctos
do campo de vorticidade resolvida.
Mais detalhes deste trabalho são descritos em Silva e Pereira[2].
8
Carlos B. da Silva e José Carlos Fernandes Pereira
+ REAL
SMAG
10.5 SF 18
FSF
10 DSMAG 16
GRAD
SS
9.5 MIX 14
+ +
9 +
+ + + +
ΩMX h/U 1
8.5 + 10
8 REAL
8 SMAG
SF
7.5 FSF
6 DSMAG
7 GRAD
SS
4
MIX
6.5
2
0 1 2 3 4 5 6 7 -2 -1 0 1 2
T/Tref y/h
(a) (b)
Figura 5. (a) Evolução temporal da norma de vorticidade máxima para todas as simulações das grandes escalas e
para a simulação directa numérica directa (filtrada); (b) Perfis de norma de vorticidade para todas as simulações no
mesmo instante.
REFERÊNCIAS
[1] C. B. da Silva and O. Métais. On the influence of coherent structures upon interscale
interactions in turbulent plane jets. J. Fluid Mech., 473:103–145, 2002.
[2] C. B. da Silva and J. C. F. Perira. The effect of subgrid-scale models on the vortices
computed from large-eddy simulations. Phys. Fluids, under revision.
[3] M. Lesieur and O. Métais. New trends in large-eddy simulations of turbulence. Annu. Rev.
Fluid Mech., 28:45–98, 1999.
[4] C. Meneveau and J. Katz. Scale inveriance and turbulence models for large-eddy simula-
tion. Annu. Rev. Fluid Mech., 32:1–32, 2000.
[5] C. Meneveau. Statistics of turbulence subgrid-scale stresses: Necessary conditions and
experimental tests. Phys. Fluids, 6(2):815–833, 1994.
[6] U. Piomelli, Y. Yunfang, and R. Adrian. Subgrid-scale energy transfer and near-wall tur-
bulence structure. Phys. Fluids, 8(1):215–224, 1996.
[7] J. O’Neil and C. Meneveau. Subgrid-scale stresses and their modelling in a turbulent plane
wake. J. Fluid Mech., 349:253–293, 1997.
[8] J. Silvestrini. Simulation des grandes échelles des zones de mélange; application à la
propulsion solide des lanceurs spatiaux. PhD thesis, INPG, Grenoble, 1996.
[9] B. Vreman, B. Geurts, and H. Kuerten. Large eddy simulation of the turbulent mixing
layer. J. Fluid Mech., 339:357–390, 1997.
[10] J. A. Domaradzki and E.M. Saiki. A subgrid-scale model based on the estimation of
unresolved scales of turbulence. Phys. Fluids, 9:2148, 1997.
[11] S. Stolz and N. Adams. An approximate deconvolution procedure large-eddy simulation.
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Carlos B. da Silva e José Carlos Fernandes Pereira
10-3
K2D2 E(K2D)
-4
10
REAL
SMAG
SF
FSF
DSMAG
GRAD
-5
10 SS
MIX
10 20 30
2 2 1/2
K2D = (K1+K3)
Figura 6. Espectros de enstrofia para todas as simulações das grandes escalas, e para a simulação numérica directa
(filtrada).
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