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Vanessa Quitério é finalista do curso de Comunicação Social da

Escola de Superior de Educação de Coimbra. Passou pelo


jornal Universitário de Coimbra A Cabra, lançou o I Ciclo de
Cinema e Jornalismo na ESEC e é a autora do blogue
Parem as Maquinas, espaço onde relatou os três meses de
estágio no Jornal Público.
Numa ideia base apresenta o jornalismo como
prática humanista, necessária cada vez mais no
mercado de trabalho e nas redacções.

http://twitter.com/vanessaquiterio

1 - Chegado ao mercado de trabalho o curso começa a parecer uma


mais-valia?

É sempre uma mais-valia ter uma formação académica. Nos tempos que correm é mesmo
uma exigência e cada vez mais os alunos apostam em melhores formações e escolas
referência. Na minha opinião o curso não nos faz profissionais melhores ou piores,
simplesmente nos dá as bases teóricas para sabermos lidar com este imenso e intenso
mundo que é a comunicação.
Contudo, chegados ao mercado de trabalho as teorias apreendidas durante o curso não são
suficientes para sabermos lidar com as pressões. Não somos máquinas com automatismos
de escrita, logo necessitamos de sentir e de saber lidar com as emoções. Somos humanos. E
é para isso que penso que os jovens jornalistas ainda não estão sensibilizados. Apresentam-
nos um mundo cheio de problemas e dilemas que as teorias não explicam e que a formação
académica não resolve. Por isso, a mais valia está em sabermos usar como arma de
arremesso e de defesa a formação que adquirimos, usando-a como instrumento importante
na luta pela verdade e pela informação limpa, sem pressões e a mais-valia (importante) na
prática do jornalismo.

2 - A experiência até agora mostra que as disciplinas e a formação adquirida no curso


estão adequadas à realidade do mercado de trabalho?

O mercado de trabalho exige que saibamos lidar com as pressões da prática jornalística por
direito, a que procura a verdade e o rigor. Somos confrontados com a melhor forma de
colocarmos em prática a Deontologia e o Direito apalavrados nas aulas e que fora das salas
se tornam autênticos bicho-papão pelo simples facto de só nos darem teoria e não nos
apetrecharem com reais práticas vivas do que o mercado apresenta. Posso incorrer no erro
ao falar da mudança de práticas académicas se afirmar que devemos mudar o modelo de
ensino e adequar a realidade e os novos conceitos de jornalismo. Mas pergunto ao mesmo
tempo? O jornalismo de hoje não é o mesmo de há 20 anos? A deontologia continua o
cerne da minha prática como jornalista, a história é marco importante da sociedade onde me
insiro. Logo não devemos descurar de adquirir a formação basilar e que o mercado de

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trabalho nos exige. É impreterível necessário compreender que o mercado pode ser
diferente e evoluído em relação ao passado, mas que continua a ter a mesma composição: a
busca da verdade e o interesse público. Dá experiencia que já tive como jornalista, durante
o meu estágio no jornal Público, apercebi-me que não me vale de muito pensar que
assistimos a uma revolução informativa e de mercado sem ter acente na ideia que tenho
mais valor como jornalista enquanto veículo interventivo do que como instrumento
enquadrado nos modelos do mercado do trabalho.
Sei que fugi um pouco a questão, mas repito um pouco o que disse anteriormente: a
formação académica não é tudo o que podemos ter para ser jornalistas. Temos de estar
alerta para o que é mais importante para além das teorias. Sabermos olhar para a realidade e
ver o que está mal e necessita de ser denunciado.

3 - Conselhos para "aspirantes" a jornalistas.

Os conselhos são sempre coisas que pedimos aos mais velhos e experientes na vida. Como
jovem jornalista e aspirante a profissional só posso aconselhar que não deixemos de
acreditar que podemos ser úteis. Por mais cenários desastrosos e irremediáveis que nos
apresentemos, podemos sempre deixar uma marca e melhorar. Como jornalistas podemos
sempre dar voz a algo que não esteja bem ou simplesmente informar, um direito de todos
nós. Aos jovens como eu, que estão a começar este percurso, aconselho a não se agarrarem
somente à formação académica. Experimentem outras áreas, procurem integrar projectos
colaborativos, sociais e artísticos, como por exemplo fazer teatro ou balet, entrar para uma
rádio local ou jornal universitário, fazer voluntariado nas férias… Enfim, um sem número
de actividades que possam desenvolver-nos como pessoas e despertar em nós um sentido de
responsabilidade e humanismo. É um carácter que valorizo e que percebi que é
indissociável nesta prática como jornalista. O ser jovem é uma característica valiosa. Parece
que tudo é possível e atingível. Por isso aconselho a que nunca deixemos de sonhar com um
mundo melhor. O bom e consciente jornalismo é um caminho viável e necessário, para que
construamos uma sociedade melhor e mais verdadeira.

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