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Conceito de desempenho

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo


Departamento de Engenharia de Construção Civil
PCC-2436 – Tecnologia da Construção de Edifícios II
O edifício quando submetido às diversas
condições de uso, deve satisfazer as
AULA 29 exigências de quem se destina (usuário).
PROBLEMAS PATOLÓGICOS
Conceitos básicos; Exigências Edifício e Condições de
Metodologia para diagnóstico e dos usuários suas partes exposição
intervenção
Profs. Fernando H. Sabbatini, Luiz Sergio Franco, Definição dos
Mercia M. B. Barros, Silvio Burrattino Melhado; ESPECIFICAÇÕES DE
atributos
Vitor Levy Castex Aly desejados
novembro de 2006
DESEMPENHO

DESEMPENHO PROBLEMAS PATOLÓGICOS


QUANDO NÃO SE ALCANÇAM OS (EM EDIFICAÇÕES)
REQUISITOS DE DESEMPENHO DEFINIDOS
“Todas as manifestações, cuja
ocorrência ao longo do ciclo de
FALHA NO SISTEMA vida de uma edificação, venha a
prejudicar o desempenho
PROBLEMA esperado do edifício e de suas
partes (subsistemas, elementos
PATOLOGIA e componentes)”

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PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES Exemplificando os conceitos
“Campo da engenharia que estuda: Manifestações (formas de ocorrência
• manifestações dos PP) em uma viga: fissuras e trincas na
• mecanismos de ocorrência superfície do concreto, partes da armadura
• causas expostas, deflexões excessivas.
• natureza
• origens Natureza: (tipo de PP): degradação precoce
e conseqüências das situações em que
os edifícios ou suas partes deixam de Causa (mediata): corrosão eletroquímica
(com expansão volumétrica) dos componentes
apresentar o desempenho mínimo metálicos de armação da viga.
pré-estabelecido”

Exemplificação dos conceitos


Causa (secundária): alcalinidade do
concreto insuficiente para evitar a corrosão
do aço, devido ao cobrimento insuficiente,
concreto muito poroso e a intensa
exposição da viga a agentes agressivos.

Origem (causa primária): FALHA DE


PROJETO (especificações do tipo de concreto
e da espessura de cobrimento inadequados
para as condições de exposição do local)
Como está por baixo???

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Exemplo: Revestimentos com placas de rocha

Eflorescências:

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Exemplo: Revestimentos com placas de rocha

Manchamentos:

Questionamento
Falhas que ocorram após
transcorrido um certo
Placas cerâmicas que período de tempo são
se destacam do
emboço que
permanece
problemas patológicos?
completamente
aderido.
CONCEITOS ASSOCIADOS
Ed. Em São Paulo

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DURABILIDADE desempenho

• capacidade de um produto Manutenção

manter seu desempenho acima


de níveis aceitáveis pré-
estabelecidos Desempenho
mínimo
• sob condições previstas de uso
• com manutenção
vida útil
• durante um período de tempo
To Tf1
que é a sua vida útil. Vida útil sem manutenção Tf2

Vida útil com manutenção

DURABILIDADE (de um produto) MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS


A durabilidade de um edifício e Compreende todas
as
de suas partes está associada: atividades que se realizam
• à durabilidade dos materiais e nos componentes, elementos e
componentes utilizados equipamentos de um edifício, com
• às condições de exposição a que o objetivo de manter o seu
está submetido (ao entorno) desempenho funcional ou de suas
• às condições de uso e partes, dentro de níveis aceitáveis,
• às ações de manutenção realizadas a um custo compensador.

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Obs: A manutenção não permite recuperar o desempenho
desempenho inicial. Há sempre uma perda gradativa
do desempenho CUSTOS DE MANUTENÇÃO
Manutenção CUSTOS

Desempenho
mínimo

vida útil TEMPO


“período de amaciamento” TU
To Vida útil Tf1 Tf2
sem manutenção “término da vida útil”

Vida útil com manutenção

VIDA ÚTIL DE UM EDIFÍCIO


A vida útil do edifício pode não se
Período de tempo durante o encerrar quando ele ou uma de
qual o edifício ou suas partes suas partes alcança o nível
mantêm o desempenho mínimo de desempenho.
esperado, quando submetido
Pode ser possível uma
apenas às atividades de intervenção técnica –
manutenção pré definidas em Recuperação  Campo da
projeto. PATOLOGIA

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desempenho DETERIORAÇÃO
Manutenção
Alterações físicas e químicas
que provocam gradual
Recuperção

diminuição de uma ou mais


Desempenho
mínimo
propriedades dos materiais,
componentes e elementos da
vida útil edificação submetidos à ação
To Tf1 Tf2 Tf3
de agentes de deterioração
presentes no meio ambiente.

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


(empreendimentos acima US$200.000,00) (empreendimentos acima US$200.000,00)
França (1992-1995) França (1992-1995)
1) Principais responsáveis
2) Época em que ocorrem
Construtoras: 50% direta e 35%
indiretamente (as construtoras 5%  durante a obra
fazem projeto)
22%  no primeiro ano
Projetistas: 46%
59%  até o quarto ano
Empreendedor: 18%
Fabricantes de materiais: 13%

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MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
(empreendimentos acima US$200.000,00) (empreendimentos acima US$200.000,00)
França (1992-1995) França (1992-1995)

4) Principais manifestações
3) Quanto custam
22% no revestimento exterior
2,5% custaram mais do que a obra (46% na cerâmica)
Um caso custou 730% do valor da 18% na estrutura
obra (43% em lajes sobre aterro)
15% nas fachadas
(dos quais 22% em isolantes e outros
22% em fachadas cortinas)

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


(empreendimentos acima US$200.000,00) (empreendimentos acima US$200.000,00)
França (1992-1995) França (1992-1995)

5) principais tipos (natureza) de problemas 6) Origem da disfunção que


(onde houve falha de desempenho) levou ao aparecimento da
problemas de estanqueidade (27%) patologia
insegurança ao uso (23%) Projeto: 55%
falta de estabilidade (22%) Execução: 31%
mau funcionamento ou
Materiais: 11%
defeito de equipamentos (19%)

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ORIGEM ORIGEM

MATERIAIS PROJETO FALTA OU EXCESSO DE


INFORMAÇÃO
Quem decide?
PROJETO Como decide?
Quando decide?
FALTA DE
COMPATIBILIDADE
EXECUÇÃO Geométrica
Especificações

ORIGEM ORIGEM

AQUISIÇÃO DOS MATERIAIS E


COMPONENTES
EXECUÇÃO MATERIAIS
(conhecer o comportamento)

PROCEDIMENTOS DE EXECUÇÃO
CARACTERÍSTICAS INTRÍNSECAS
TREINAMENTO DA MÃO-DE-OBRA comportamentos indesejáveis

CONTROLE DA QUALIDADE

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METODOLOGIA DE ANÁLISE DE METODOLOGIA DE ANÁLISE DE
PROBLEMAS PATOLÓGICOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS
PROBLEMA PATOLÓGICO PROBLEMA PATOLÓGICO

LEVANTAMENTO DE LEVANTAMENTO DE SUBSÍDIOS 1


1
SUBSÍDIOS

DIAGNÓSTICO 2

DEFINIÇÃO DE CONDUTA 3

METODOLOGIA DE ANÁLISE DE DIAGNÓSTICO


PROBLEMAS PATOLÓGICOS
PROBLEMA PATOLÓGICO

LEVANTAMENTO DE 1
SUBSÍDIOS

DIAGNÓSTICO 2

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METODOLOGIA DE ANÁLISE DE
PROBLEMAS PATOLÓGICOS
 Etapa de levantamento de subsídios
 Vistoria do local
 determinação da existência e da
gravidade do problema patológico:
 caracterização do “objeto” sujeito à
manifestação patológica
 definição e comparação com o
desempenho esperado
 definição de medidas de segurança
(isolar área?)

METODOLOGIA DE ANÁLISE DE METODOLOGIA DE ANÁLISE DE


PROBLEMAS PATOLÓGICOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS
 Etapa de levantamento de subsídios  Etapa de levantamento de subsídios
 Vistoria do local  Vistoria do local
 determinação da extensão e do  determinação da extensão e do
alcance do problema patológico: alcance do problema patológico:
 identificação de eventuais
 quantificação / definição da
padrões de ações atuantes
real extensão do problema
(elas variam? as
 identificação de eventuais manifestações também?)
padrões de manifestação  registro dos resultados

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METODOLOGIA DE ANÁLISE DE METODOLOGIA DE ANÁLISE DE
PROBLEMAS PATOLÓGICOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS
 Etapa de levantamento de subsídios  Etapa de levantamento de subsídios
 investigação com pessoas envolvidas
 Anamnese do caso: (processo produção, vizinhos, usuários):
 investigação com pessoas envolvidas  No decorrer da construção foram feitas
(processo produção, vizinhos, usuários): modificações no projeto, nos procedimentos ou
na especificação dos materiais?
 Quando foram constatados os sintomas pela
primeira vez e de que forma?  Foram tomados os cuidados necessários quanto
à manutenção e limpeza ou aconteceram fatos
 Os problemas foram objeto de intervenção não previstos?
anterior? Quais as intervenções realizadas e quais
os resultados obtidos?  Quando o usuário notou pela primeira vez o
problema e quando resolveu intervir?

METODOLOGIA DE ANÁLISE DE METODOLOGIA DE ANÁLISE DE


PROBLEMAS PATOLÓGICOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS
 Etapa de levantamento de subsídios  Etapa de levantamento de subsídios
 investigação com pessoas envolvidas
(processo produção, vizinhos, usuários):  Exames complementares:
 Recorda-se de algum fato que esteja ligado ao  Ensaios laboratoriais.
aparecimento do problema?
 Ensaios no local (destrutivos ou não)
 Ocorrem episódios de reaparecimento dos
sintomas ou do agravamento dos mesmos?
 As alterações ocorridas nas condições climáticas  Pesquisa:
mudam as características dos problemas?  bibliográfica, tecnológica ou científica.
 análise de documentos fornecidos;
 registro dos resultados.

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METODOLOGIA DE ANÁLISE DE METODOLOGIA DE ANÁLISE DE
PROBLEMAS PATOLÓGICOS PROBLEMAS PATOLÓGICOS
 Etapa de diagnóstico  Etapa final de definição da conduta
 Equacionamento do quadro geral  necessidade ou não de intervir no
problema patológico
da patologia existente
 alternativas de intervenção e
 Geração de hipóteses efetivas que visam
 definição da terapia a ser indicada
esclarecer as origens, causas e mecanismos de
ocorrência que estejam promovendo uma queda
de desempenho de um dado elemento,  Através do prognóstico levantam-se as
componente ou subsistema. alternativas de intervenção, que são escolhidas
através de três parâmetros básicos:
 Grau de incerteza sobre os efeitos;

METODOLOGIA DE ANÁLISE DE
PROBLEMAS PATOLÓGICOS
 Etapa final de definição da conduta
 Através do prognóstico levantam-se as
alternativas de intervenção, que são escolhidas ESTUDO DE CASO
através de três parâmetros básicos:
 Relação custo benefício; Descolamento de pastilhas da fachada de um
 Disponibilidade da tecnologia para execução dos Shopping Center de São Paulo
serviços.

 Etapa de registro de caso

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VISTA DA FACHADA – Descolamento das pastilhas em placas Pastilha submetida ao ensaio de arrancamento realizado
“in loco”, observa-se o processo de assentamento da
pastilha com papel perfurado colado à face de aderência

VISTORIA ANAMNESE
 Pastilhas cerâmicas que compõem a fachada se descolam  Foi estudado mapa já elaborado onde eram indicadas as
em grandes placas ameaçando a segurança de pessoas e áreas afetadas e as áreas de descolamento potencial por
automóveis apresentarem som cavo a percussão

O edifício foi construído aproximadamente dez meses


 Áreas onde aconteceram os descolamentos situam-se nas
fachadas onde ocorre a ação mais intensa da insolação direta antes da vistoria, sendo que há um mês começaram a ocorrer
ou nas regiões contíguas às juntas de dilatação os descolamentos

 Além das áreas onde ocorreu o descolamento, outras  Contato com os fabricantes da pastilha e da argamassa
apresentavam som cavo à percussão adesiva indicou que a argamassa adesiva utilizada foi feita
sob encomenda devido à tonalidade especial
 Processo de assentamento das pastilhas com papel
O manual do fabricante de pastilhas indica a
perfurado ao lado à face interna da pastilha
recomendação do uso de argamassa adesiva quando a base é
Utilização de argamassa adesiva com tonalidade especial
em emboço desempenado

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EXAMES COMPLEMENTARES  Foram feitos ensaios de simulação de desempenho a partir
de materiais, componentes, e técnica de assentamento
similares aos usados na obra
IN LOCO
Foram realizados os seguintes ensaios de aderência,
 Ensaios de arrancamento das pastilhas em diversos locais utilizando-se a mesma base:
mostraram que, mesmo nos locais que apresentavam som
cavo, a força de arrancamento necessária é relativamente • Pastilha com papel perfurado no verso; argamassa adesiva
grande, devido ao fenômeno do encunhamento das juntas
similar à usada na obra
EM LABORATÓRIO • Pastilha sem papel perfurado no verso e sem a película de
cola de amido; argamassa adesiva similar à usada na obra
 A caracterização de amostras da argamassa adesiva
similares às usadas na obra mostrou resultados satisfatórios
de resistência de aderência • Pastilha com papel perfurado no verso; argamassa adesiva
reconhecidamente eficiente
 A caracterização das pastilhas cerâmicas usadas
demonstrou serem elas de boa qualidade. Ocorre que estas • Pastilha sem papel perfurado no verso e sem a película de
apresentaram uma película de cola de amido sobre a cola de amido; argamassa adesiva reconhecidamente
superfície dos furos
eficiente

 O resultado destes ensaios mostrou não haver diferença


 Aderência deficiente pode ser debitada à própria
na aderência quanto à argamassa adesiva empregada
O mesmo não pode ser dito quanto à existência do papel
tecnologia de produção e assentamento das
perfurado entre a pastilha e a argamassa, ocorrendo no pastilhas
caso da existência do papel perfurado e da película da cola
de amido uma sensível diminuição da aderência

 Dois fatores podem ser ressaltados como


DIAGNÓSTICO básicos:

1. Diminuição da área máxima de contato para 50%


 O descolamento das pastilhas ocorreu nos locais em que da área possível (se não houvesse o papel
concomitantemente existia uma aderência deficiente e
perfurado)
esforços solicitantes de maior intensidade

 Os esforços solicitantes maiores ocorrem nas fachadas 2. Existência de uma película de cola de amido sobre
submetidas à insolação direta e nas áreas contíguas às a pastilha na região dos furos, película esta que
juntas de dilatação da estrutura dificulta a aderência

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CONDUTA RECOMENDADA

 Recuperação da fachada pelo reassentamento das


pastilhas tanto nas áreas em que houve o descolamento das
pastilhas, como nas áreas onde, através do resultado de
ensaios de percussão, se concluiu pela existência de um
grande potencial de descolamento

 Descartou-se a necessidade do reassentamento das


pastilhas de todas as fachadas, apesar da possível aderência
inadequada, pela existência do efeito do encunhamento das
pastilhas, que dificulta o seu descolamento

 No processo de reassentamento das pastilhas foi proibida


a utilização de papel perfurado na face de aderência, com
resultados excelentes

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