Você está na página 1de 5

FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET

http://professordartagnan.tk

Escrevinharão n. 769
NADA MENOS DO QUE A VAIDADE
Redigida em 15 de julho de 2009, dia de São Boaventura e
São Vladimir de Kiev.

Por Dartagnan da Silva Zanela.

"A mentira roda meio mundo antes da


verdade ter tido tempo de colocar as
calças". (Winston Churchill)

- - - - - - - + - - - - - - -

O amor pela Verdade é o elemento fundamental

para que um indivíduo possa crescer moral e

intelectualmente. Esse amor é o único legitimo elemento

movente de todo ato de conhecer. Trocando por miúdo, logo

de cara, todo estudo que não tenha por motivação a procura

sincera e abnegada pela Verdade não passa de vaidade das

vaidades. Nada mais, nada menos do que isso, vanitas

vanitatem et omnia vanitas.

Olha, não há outra observação a ser feita que

não seja essa sobre essa questão que realmente mereça ser

levada a sério. Para procurar deixar mais claro o que

estamos tentando demonstrar, imaginemos a seguinte situação

que, por sua deixa, é por demais corriqueira em nossa

sociedade. Imagine um indivíduo que fica conversando (ou

discutindo) sobre um assunto que ele conhece apenas de

maneira rasa e que conversa sobre o dito com todo aquele

ar, com aquela pose de douto-ignorante citando nome de

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
e-mail: opontoarquimedico@yahoo.com.br
FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET
http://professordartagnan.tk

autores de suposta autoridade que ele, em regra, não

compreende nem mesmo as frases que ele decorou como bom

menino de recado. Vão me dizer que um indivíduo desse está

sendo movido pelo que?

E o pior de tudo é que tal impostura, escusa e

danosa, é nos dia de hoje vista com respeitabilidade, como

sendo uma forma refinada de educação. Tão refinada que

recebe o gentil adágio de educação crítica. Todavia, não há

na face da terra uma forma mais requintada de deseducar, de

deformar intelectual e moralmente uma pessoal do que

condicioná-la a agir deste modo frente ao conhecimento da

realidade.

Veja só, se no lugar da procura abnegada pela

Verdade o indivíduo é instruído e condicionado a sempre

emitir um parecer, a tal da “opinião crítica”, sobre todo e

qualquer assunto, o que ele estará aprendendo? De mais a

mais, quem disse que devemos ter uma opinião, crítica ou

não, sobre todo e qualquer assunto? Quem disse que isso é

algo salutar para a alma humana?

Não é por menos que a maioria das pessoas não

está nem um pouco interessada em compreender o que está

sendo dito por elas mesmas, mas sim e unicamente

preocupadas em encontrar uma maneira cinicamente refinada

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
e-mail: opontoarquimedico@yahoo.com.br
FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET
http://professordartagnan.tk

para posar como pessoa “bem informada” e, deste modo, poder

fingir ser uma pessoa dita “crítica”.

Putz grila! Toda vez que ouço alguém usar essa

palavra, que não cenário atual não passa de uma expressão

não significativa (um topus), já procuro pegar um rolo de

papel higiênico, porque coisa que preste não vem. É natural

que isso ocorra devido ao fato de o elemento movente destes

indivíduos pelo conhecimento ser a massagem de seu ego com

sua impávida vaidade.

Isso mesmo. Esses indivíduos são adestrados a

estudar não para compreender a estrutura da realidade, mas

sim, para posar de bom moço e assim poder ser identificado

como membro de um grupo de pessoas que se auto-afirmam como

sendo “as pessoas boas”, não porque ele estivesse realmente

interessado em aprender algo. Ou seja: quando um indivíduo

desses pronuncia algo, não o faz com a preocupação de estar

descrevendo um fenômeno, objeto ou situação da maneira mais

clara e lúcida possível, mas sim, unicamente pelo efeito

emotivo que suas palavras terão frente ao público ouvinte e

se os seus pares irão gostar do que está sendo dito. Quanto

à realidade, que essa se dane. Azar o dela se ela contraria

os sentimentos do palpiteiro e dos seus semelhantes.

Agora vão me dizer que não é assim? Não estou

indagando sobre o que você acha ou se você concorda ou

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
e-mail: opontoarquimedico@yahoo.com.br
FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET
http://professordartagnan.tk

discorda sobre o que fora dito nas linhas anteriores.

Pergunto sim se as palavras apresentadas acima descrevem ou

não um fato perceptível em nossa sociedade, em nosso

sistema educacional e, principalmente, em nossas atitudes

frente ao conhecimento.

Reconhecer tal impostura nos outros é a coisa

mais fácil do mundo meu caro. Mas unicamente isso, perceber

o mal presente em nosso exterior, não passa de um parvo

fingimento de pseudo-superioridade. Isso mesmo. E é

justamente assim que se fundamenta todo o nosso processo

dito educativo. Primeiramente o neófito é instigado a

imaginar que todos e tudo o mais está errado e é injusto,

menos ele e aqueles que usam as mesmas palavras

politicamente corretas que são aceitas como mais dignas e

justas simplesmente por usarem os mesmos jargões. Agindo

assim, gradativamente, o elemento tem o seu desejo natural

pelo conhecimento minado pela sua vaidade que foi sendo

bastante massageada por esse condicionamento.

Conseqüentemente, é mais do que obvio que nós

não temos a formação de um indivíduo autônomo moral e

intelectualmente, mas sim, um perfeito idiota facilmente

manipulável por ter tido o seu intelecto disciplinado a

aceitar e reproduzir apenas aquilo que o seu grupo afirma

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
e-mail: opontoarquimedico@yahoo.com.br
FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET
http://professordartagnan.tk

como sendo aceitável, que o seu grupo diga ser “bonito” e

que ele dissimule acreditar ser.

Platão a mais de dois milênios ensinava a seus

alunos que uma Verdade aprendida deve ser, necessariamente,

uma Verdade obedecida, pois, a Verdade, não se faz revelar

em uma palavra politicamente correta e muito menos em uma

frase bonitinha, mas sim e unicamente, através da realidade

que se apresenta para as janelas de nossa alma. E é isso o

que realmente importa. O resto é trololó para as almas

tolas se entreterem.

A procura pela Verdade, esse é o norte da

vacação humana para o conhecer. Se for desdenhado, nos

reduz a uma reles marionete daqueles elementos que afirmam

que tudo é relativo, menos o que eles proclamam; que todos

são injustos, principalmente aqueles que discordam deles.

Num cenário assim, como é possível preservar e cultivar a

inteligência humana? É praticamente nula. Entretanto, a

conversa fiada se fará bem longa e (f)útil, como tudo mais

que seja movido apenas pela nossa preocupação com as

aparências. Ou então, pare de fingir e ao menos seja

realista consigo mesmo.

E é só.

Pax et bonum
Site: http://professordartagnan.tk
Blog: http://zanela.blogspot.com

_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
e-mail: opontoarquimedico@yahoo.com.br

Você também pode gostar