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02 A MENINA QUE CALOU O MUNDO DURANTE SEIS MINUTOS E 32 SEGUNDOS

Excertos da intervenção de Severn Susuki, em representação da ECO (Environmental Children’s Organization) durante a cimeira da Terra da ONU. Rio de Janeiro (Brasil), Junho de 1992

Viajei cinco mil milhas para vos dizer adul- Hoje tenho medo de apanhar sol por causa Vocês ensinam-nos a sermos comportados no

“ tos que têm de mudar a vossa maneira de


agir. Estou a lutar pelo meu futuro, pois
perder o meu futuro não é como perder uma
“ dos buracos na camada de ozono, tenho
medo de respirar o ar porque não sei que
químicos contém. Se não sabem como reparar is-
“ mundo, a não lutarmos uns com os outros...
Então porque razão fazem exactamente o con-
trário do que nos ensinam? O que vocês fazem faz-
eleição ou uns pontos na bolsa de valores”. so, por favor parem de destruir”. me chorar à noite Desafio-vos: por favor, façam com
que as vossas acções reflictam as vossas palavras”.

Arquitectura e ambiente
amigos para sempre
No início dos
anos 90, o mun-
Nuno Martins
do despertou anos 60 e da grande crise petrolífera de rigos do aquecimento global e das alte-
Arquitecto e docente 1974, a Organização para as Nações Uni- rações climáticas. Na origem destes fe-
no Mestrado Integrado para os perigos das (ONU) nomeou, no início dos 80, uma nómenos estaria um aumento jamais ex-
de Arquitectura na Escola comissão de peritos para debater a degra- perienciado das concentrações de gases
Superior Artística do Porto
do aquecimento dação do meio ambiente e os problemas de efeito de estufa (GEE’s) na atmosfera,
sociais inerentes ao desenvolvimento. Em em particular do dióxido de carbono
“Tu não tens de prever o futuro, mas sim de o permitir”
global e das alte- 1987, as conclusões são publicadas sob o (CO2), um resíduo tóxico da queima de
Antoine de Saint-Exupéry rações climáti- título NOSSO FUTURO COMUM, um combustíveis fósseis - como o carvão, o
omeçamos por definir a construção sustentável. Em documento que aponta para a incompa- petróleo, e o gás natural. Também as

C 1994, a prestigiada rede de investigação sobre a cons-


trução Conseil International du Bâtiment (CIB),
actual International Council for Research and Innova-
cas.
Na origem des-
tibilidade entre a preservação da biodiver-
sidade, o equilíbrio dos ecossistemas e os
padrões de produção e de consumo vigen-
acções de deflorestação e os gigantes-
cos incêndios, ocorridos um pouco por
todo o mundo nessa década, teriam con-
tion in Building and Construction, definia os objecti- tes. Igualmente se criticam os desequilí- tribuído para agravar o problema.
vos da Construção Sustentável como “criação e operação tes fenómenos brios sociais e ambientais gerados pelo
de um ambiente construído saudável com base na efi- modelo de crescimento económico adop- Tem tudo a ver com o carbono
ciência de recursos e no projecto ecológico”.
estaria um au- tado pelos países industrializados.
Os sete princípios para a construção sustentável e respecti- Naquele que ficou conhecido como relatório O carbono é um elemento químico (C) dos
vas palavras-chave (segundo o CIB) são:
mento jamais Bruntland, por ser a primeira-ministra mais abundantes no planeta e está pre-
1. Reduzir o consumo de recursos (reduzir) experienciado da Noruega, Gro Harelm Bruntland a sentes em todos seres vivos. O CO2 é
2. Reutilizar os recursos (reutilizar) presidir à Comissão Mundial sobre o dos compostos essenciais para a rea-
2. Usar recursos recicláveis (reciclar) das concentra- Meio Ambiente e Desenvolvimento, pro- lização da fotossíntese - processo pelo
4. Proteger a natureza (natureza) põe-se, pela primeira vez em 1987, de- qual as plantas transformam a energia
5. Eliminar os materiais tóxicos (tóxicos) ções de gases de senvolvimento sustentável como “aque- solar em energia química. Esta ener-
5. Aplicar o análise de custo do ciclo de vida (economia) le que atende às necessidades do presen- gia química, por sua vez é distribuída
6. Focar na qualidade (qualidade) efeito de estufa te, sem comprometer a possibilidade de para todos os seres vivos por meio da
as gerações futuras atenderem às suas teia alimentar. Ao longo deste proces-
Em seguida, e para uma melhor contextualização do te-
(GEE’s) na at- necessidades”. so, as plantas assimilam o CO2 e liber-
ma, antes de o desenvolver, façamos um breve re- Apesar dos alertas e recomendações de vária tam Oxigénio para a atmosfera, num
corrido pelos caminhos principais do debate sobre a
mosfera, em ordem deixados por esta comissão, o gas- processo auto-sustentável que é a base
sustentabilidade e como ele se foi articulando com a particular do to desmedido dos combustíveis fósseis, da vida na Terra. O CO2 é um gás
prática da construção de edifícios. a depleção dos recursos naturais e a po- que aparece em pequena quantidade
dióxido de car- luição atmosférica prosseguiam a um rit- no ar que respiramos - 0,03% -, contu-
A tomada de consciência mo galopante e pareciam constituir pro- do desempenha um papel essencial na
bono (CO2). blemas menores. Até que, no início dos manutenção da temperatura média
No longo rescaldo dos movimento ecologistas do final dos anos 90, o mundo despertou para os pe- mundial em torno duns confortáveis

Director: António Abrantes Coordenadora de Produção: Carla Fonseca


Director Adjunto: Soares Rebelo Coordenação de textos: José Armando Torres
Director Comercial: Luís Filipe Figueiredo
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