Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RELATÓRIO
O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, em 02/05/2007, analisou a Prestação de Contas Anual
do Chefe do Poder Legislativo do Município de Araruna, relativa ao exercício de 2005, de
responsabilidade do Senhor Luiz Azevedo do Nascimento, emitindo o Acórdão APL-TC-294/2007,
publicado em 23/05/2007, com o seguinte teor:
a) julgar IRREGULAR a Prestação de Contas Anual, relativa ao exercício de 2005, da Câmara
Municipal de Araruna, sob a responsabilidade do Senhor Luiz Azevedo do Nascimento,
atuando como gestor do Poder Legislativo, dado o não cumprimento do que dispõe o Parecer
Normativo PN-TC-52/2004, com representação ao INSS acerca do não reconhecimento das
contribuições previdenciárias devidas aos agentes políticos;
b) recomendar ao atual Presidente da Câmara Municipal de Araruna, no sentido de evitar
qualquer ação administrativa que, em similitude com as ora debatidas, venham macular as
contas do Poder Legislativo Municipal;
c) representar o INSS acerca do não reconhecimento das contribuições previdenciárias
devidas aos agentes políticos.
Inconformado com o Parecer-TC-PGF-PLM-102/2007 e Acórdão APL-TC-294/2007, o Sr. Luiz
Azevedo do Nascimento, impetrou, em 14/12/2007, Recurso de Reconsideração, com a intenção de
modificar as citadas decisões, Em face ao não atendimento do pressuposto da tempestividade, o
Recurso em tela não foi conhecido, mediante decisão prolatada no Acórdão APL-TC 27/2008, à
unanimidade,
Em 06/06/2008, o Sr. Luiz Azevedo do Nascimento, ainda não satisfeito com o teor da decisão do
Parecer-TC-PGF-PLM nO102/2007 e do Acórdão APL-TC-294/2007, impetrou Recurso de Revisão,
com o fito de alterar as citadas decisões, Novamente, o Pleno desta Corte de Contas manifestou-se,
à unanimidade, através do Acórdão APL- TC 993/2008 (fls, 277/278), publicado no DOE de 08/01/09,
pelo não conhecimento do Recurso intentado, tendo em vista a ausência de fundamentação do
pedido frente ao disposto no art. 35 e incisos da Lei Complementar Estadual n° 18/93.
Resumidamente, o recorrente, em 14/01/2009, segundo o próprio, tempestivamente, interpôs
Embargos de Declaração com Efeitos Infringentes contra decisão proferida mediante o Acórdão
APL-TC 993/2008 (decisão do Recurso de Revisão), fundamentando-o em contradição, assim
configurada:
- o não conhecimento do Recurso de Revisão, por suposta inadequação ao disposto no art. 35 e
incisos da Lei Complementar Estadual n° 18/93, impõe a inviabilidade da análise meritória do
pedido, todavia, mesmo desconhecendo-se o Recurso, adentrou-se ao exame do mérito quando
foi permitida a checagem da documentação carreada pelo impetrante, portanto, diante da
contradição, pede-se o conhecimento daquele,
Quanto aos Efeitos Infringentes, o postulante alega que "para que se elabore juízo de valor pela
reprovação das contas, entende o embargante que a irregularidade deve ter a índole do ato de
improbidade administrativa, consubstanciada não apenas na incidência da hipótese prevista pelo
Parecer Normativo W 52/2004, mas necessariamente deve incidir a figura do dolo e da má-fé,
elementos flagrantemente ausentes na prestação de contas do embargante", Sendo assim, o
embargante, sem querer fazer apologia ao descumprimento do citado Parecer, pede que o mesmo
seja flexibilizado, posto que a matéria fora bastante controversa,
Ademais, na mesma peça, informa que a penalidade é demasiadamente severa, não guardando
proporção razoável ao suposto ilícito praticado, visto que a sanção repercute negativamente sobre o
patrimônio político do embargante impedindo o direito de ser votado, com base na Lei Complementar((\
n° 64/90. 'qF:>
PROCESSO TC-1933/06 fls.2
VOTO DO RELATOR
Com pulsando-se os autos do processo, percebe-se que o recurso em debate (fls. 280/289), em sua
primeira parte, faz referência à tempestividade do apelo, haja vista que o Acórdão APL-TC 993/2008
foi publicado em 08.01.2009 e a interposição do pedido deu-se aos quatorze dias de janeiro de dois
mil e nove, e expõe a possível contradição quanto à decisão proferida através do aludido Acórdão.
Entretanto, ao final (fI. 289), quando dos requerimentos, o postulante pede que o Recurso em tela seja
conhecido e que seja modificada a decisão originária contida no Acórdão APL TC 294/2007, publicado
em 23/05/2007.
Com base no exposto, conclui-se que o embargante intentava alterar a decisão exarada no Acórdão
APL TC 294/2007, sendo assim, a via recursal padeceria de amparo legal para o seu conhecimento,
no que tange à tempestividade do pleito, conforme dispõe o § 1 do art. 34 da Lei Complementar
0
1. O ato judicial é obscuro quando a sua expressão carece de clareza, quando não se faz en-
tender o suficiente à vontade do emissor. Os embargos, então, visam remover a incerteza,
procuram a objetividade, a definição dos fundamentos e/ou do dispositivo.
Ademais, vale salientar que o recurso em epígrafe não se presta à análise do mérito da decisão
proferida, como deseja o embargante, cabe, tão somente, à correção de obscuridade, omissão ou
contradição da decisão recorrida. Neste sentido, o MPjTCE trouxe posicionamento do Tribunal de
Contas da União, nos seguintes termos:
"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - REDISCUSSÃO DE MÉRITO -
FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DE OBSCURIDADE, CONTRADiÇÃO
E OMISSÃO. OS embargos de declaração não são o meio processual
apropriado à rediscussão de questões de mérito já apreciadas quando
do julgamento do relatório da auditoria ou do pedido de reexame.
Nega-se provimento a embargos declaratórios se não demonstradas
obscuridades, omissões ou contradições no Acórdão embargado"
(Acórdão 418/2005, 1a Câmara, Relator: Augusto Sherman
Cavalcanti, DOU de 18.03.2005).
Como, também, o STF, através do AI-AgR-ED 666705/RJ, da lavra do Relator Min. Eros Grau, assim
decidiu:
"EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. REEXAME DE
DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTiÇA. OBSCURIDADE,
CONTRADiÇÃO OU OMISSÃO. INEXIST~NCIA. 1. Os embargos de
declaração prestam-se às hipóteses do artigo 535 do Código de
Processo Civil e não para rediscutir os fundamentos do acórdão
embargado. Embargos de declaração rejeitados."~
PROCESSO TC-1933/06 flsA
Diante dos esclarecimentos ofertados, construo meu voto pelo conhecimento dos presentes
Embargos de Declaração com Efeitos Infringentes, e, no mérito, por rejeitar os argumentos,
mantendo-se a decisão inicialmente proferida.