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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO '-'», ...~ ~

PROCESSO TC N° 02057/07 FI. 1/6

Administração Direta Municipal. Prefeitura Municipal


de Serraria. Prestação de Contas da Prefeita Maria de
Lourdes da Silva Bernardino, relativa ao exercício de
2006. Emissão de parecer favorável à aprovação das
contas, com recomendações.

PARECER PPL Te l.1 (1 12008

1. RELATÓRIO

Examina-se a prestação de contas da prefeita de Serraria, Sra. Maria de Lourdes da Silva


Bernardino, relativa ao exercício financeiro de 2006.

A unidade técnica de instrução desta Corte, após análise dos documentos encaminhados, emitiu
o relatório de fls. 1032/1040, evidenciando os seguintes aspectos da gestão:

1. a prestação de contas foi encaminhada ao Tribunal no prazo legal, contendo todos os


demonstrativos exigidos pela Resolução RN TC 99/97;
2. o Orçamento, Lei nO428, de 30 de dezembro de 2005, estimou a receita e fixou a despesa
em R$ 4.969.920,00 (quatro milhões, novecentos e sessenta e nove mil, novecentos e vinte
reais), bem como autorizou a abertura de créditos adicionais suplementares, no valor de
R$ 993.984,00, equivalentes a 20% da despesa fixada na LOA;
3. a receita orçamentária arrecadada, totalizando R$ 5.017.154,76, foi superior em 0,95% à
previsão para o exercício;
4. a despesa orçamentária realizada, totalizando R$ 5.088.565,70, foi inferior em 10,37% a
fixada para o exercício;
5. os créditos adicionais foram abertos dentro do limite legalmente autorizado;
6. o Balanço Orçamentário apresentou déficit equivalente a 3,56% da receita orçamentária
arrecadada;
7. o Balanço Financeiro apresentou um saldo para o exercício seguinte, no montante de
R$242.700,70, distribuído em sua totalidade em Bancos e correspondentes;
8. o Balanço Patrimonial apresentou superávit financeiro, no valor de R$ 97.121,94;
9. a dívida municipal ao final do exercício, no valor de R$ 145.578,76, representada na sua
totalidade pela dívida flutuante, correspondeu a 2,90% da receita orçamentária arrecadada.
Quando confrontada com a do exercício anterior, verifica-se um acréscimo de 111,96%;
10. os gastos com obras e serviços de engenharia somaram R$ 121.029,81, equivalentes a
2,38% da despesa orçamentária total. Deste total foram pagos R$ 74.985,61 com recursos
federais e R$ 46.044,20, com recursos próprios do município; !
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11. regularidade na remuneração paga ao Prefeito e ao Vice-Prefeito; I" ~
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12. os gastos com manutenção e desenvolvimento do ensino, no valor de R$ 1.293.274,11,


corresponderam a 26,68% da receita de impostos inclusive os transferidos;
13. o montante efetivamente aplicado (pago) em ações e serviços públicos de saúde foi de R$
561.890,46, correspondendo a 15,8% da receita de impostos, inclusive transferências,
atendendo ao mínimo exigido constitucionalmente de 15%;
14. Não há registro de denúncias sobre irregularidades ocorridas no exercício de 2006;
15. o Município não possui Regime Próprio de Previdência e contribui para o INSS;
16. por fim, anotou as seguintes irregularidades:
1. gastos com pessoal, correspondendo a 61,06% da RCl, em relação ao limite (60%)
estabelecido no art. 19, da lRF;
2. gastos com pessoal, correspondendo a 57,26% da RCl, em relação ao limite (54%)
estabelecido no art. 20, da lRF e não indicação de medidas em virtude da
ultrapassagem de que trata o art. 55 da lRF;
3. repasse ao Poder legislativo em relação ao que dispõe o inciso 111, do § 2°, art. 29-A,
da Constituição Federal (foi repassado a maior o percentual de 102,08% do valor
fixado no orçamento);
4. falta de comprovação da publicação da lOA referente ao exercício de 2006;
5. diferença de saldo no valor de R$ 4.248,88, na movimentação financeira do
FUNDEF;
6. Não aplicação dos recursos do FUNDEF, segundo o disposto na legislação aplicável,
no tocante à remuneração e valorização do magistério (55,23%);
7. despesas sem licitação no total de R$ 493.331,96, equivalente a 32,94% do valor
Iicitável e 9,69% da despesa orçamentária;
8. utilização de créditos adicionais sem fonte para cobertura no valor de R$ 5.001,60

Diante das irregularidades apontadas, o interessado, notificado na forma regimental, apresentou


os esclarecimentos e documentos de fls. 1047/1641.
A Auditoria, após a análise da defesa, emitiu relatório às fls. 1643/1647, considerando elididas as
falhas relacionadas a: (1) repasse ao Poder legislativo em relação ao que dispõe o inciso 111, do § 2°,
art. 29-A, da Constituição Federal; (2) diferença de saldo no valor de R$ 4.248,88, na movimentação
financeira do FUNDEF, vez que passou a ser de R$ 29,72, valor irrisório; (3) Não aplicação dos
recursos do FUNDEF, segundo o disposto na legislação aplicável, no tocante à remuneração e
valorização do magistério (61,22%). Considerou parcialmente sanada a falha relativa a despesas sem
licitação que passou de R$ 493.331,96 para R$ 97.090,45.
Quanto aos demais itens, manteve o entendimento inicial, conforme comentários a seguir
resumidos:
NÃO ATENDIMENTO DAS DISPOSiÇÕES DA lRF QUANTO À GASTOS COM PESSOAl,\
CORRESPONDENDO A 61,06% DA RCl, EM RELAÇÃO AO LIMITE (60%) ESTABELECIDO NO
ART. 19, DA lRF 1 1
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DEFESA - o defendente diz que a gestora sempre pautou sua administração de acordo com os
princípios que regem a administração pública e em obediência as normas contidas na LRF. Já firmou
um termo de ajustamento junto ao Ministério do Trabalho visando à realização de concurso público. A
gestora não permaneceu inerte em relação as despesas com pessoal e observa-se que o valor
ultrapassado é de apenas 1,06%, de pequena monta, razão porque pede que seja elidida a falha.
AUDITORIA - O defendente reconhece o percentual constatado pela Auditoria e alega que o
valor ultrapassado é de pequena monta. Portanto, o pleito da defesa não pode ser acolhido,
permanecendo a irregularidade.
NÃO ATENDIMENTO DAS DISPOSiÇÕES DA LRF QUANTO À GASTO COM PESSOAL,
CORRESPONDENDO A 57,26% DA RCl, EM RELAÇÃO AO LIMITE DE (54%) ESTABELECIDO NO
ART. 20, DA LRF E NÃO INDICAÇÃO DE MEDIDAS EM VIRTUDE DA ULTRAPASSAGEM DE QUE
TRATA O ART. 55 DA LRF.
DEFESA - o defendente se reporta a este item juntamente com o item anterior e alegou, dentre
outros argumentos que a gestora sempre pautou sua administração de acordo com os princípios que
regem a administração pública e em obediência as normas contidas na LRF. Já firmou um termo de
ajustamento junto ao Ministério do Trabalho visando à realização de concurso público. A gestora não
permaneceu inerte em relação às despesas com pessoal e observa-se que o valor ultrapassado é de
apenas 1,06%, de pequena monta, razão porque pede que seja elidida a falha.
AUDITORIA - na elaboração do relatório inicial foi constatado que o gasto com pessoal do Poder
Executivo correspondeu a 57,26% da receita corrente líquida - RCL ultrapassando o limite fixado na
Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, bem como ultrapassou o limite prudencial (95% do limite
estabelecido no art. 20) e não foi evidenciado no relatório de gestão fiscal que tenham sido adotadas as
medidas que dispõe o art. 22 da LRF. A irregularidade persiste.
FALTA DE COMPROVAÇÃO DA PUBLICAÇÃO DA LOA REFERENTE AO EXERCíCIO DE 2006
DEFESA - o defendente diz que o município de Serraria sempre obedeceu aos princípios
constitucionais que regem a administração pública, dentre eles o princípio da publicidade; a LOA
referente ao exercício de 2006 foi publicada, cf. se comprova através de documentos anexos e foi
publicada no Diário Oficial do Município e anexada em locais públicos da cidade.
AUDITORIA - No relatório da LOA foi constatado que esta lei não guarda compatibilidade com
os dispositivos da Constituição Federal, da LRF e da RN TC 07/2004, por sua cópia não ser
autenticada e não ter comprovação de sua publicação. Notificada, a Prefeita apresentou os
documentos que suprem a falta de autenticação da referida lei, mas não são suficientes para
comprovar sua efetiva publicação no órgão oficial. Agora, a defendente diz que a a LOA foi publicada
no Diário Oficial do Município e anexada em locais públicos da cidade, mas não apresentou provas que
pudessem confirmar sua alegação, pois anexou apenas uma cópia da LOA, desacompanhada da
comprovação da publicação, razão porque a Auditoria não acolhe suas alegações e persiste a
irregularidade.
DESPESAS SEM LICITAÇÃO NO TOTAL DE R$ 493.331,96, EQUIVALENTE A 32,94% D
VALOR LICITÁ VEL E 9,69% DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA.
DEFESA - Todos os processos licitatórios mencionados às fls. 1052 (defesa) encontram-se
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AUDITORIA - Na presente análise foram excluídas da relação das despesas não licitadas de fls.
1034, as despesas cujos processos licitatários foram apresentados pela defesa. Dessa forma, as
despesas não licitadas passam a ser de R$ 97.090,45, constituída de: a) apresentação de banda de
forrá (R$ 51.510,00); serviço de edição de folhas de pagamento (R$ 9.000,00); Sistema de acesso à
internet (R$ 9.545,00); aquisição de peças para veículos (R$ 17.926,50) e aquisição de peças para
trator (R$ 9.108,95).
UTILIZAÇÃO DE CRÉDITOS ADICIONAIS SEM FONTE PARA COBERTURA NO VALOR DE
R$ 5.001,60
DEFESA - o defendente afirma que o valor apontado como créditos adicionais sem fonte para
cobertura, no valor de R$ 5.001,60, só corresponde a 0,10% das despesas realizadas no exercício,
sendo um percentual ínfimo que não compromete as contas.
AUDITORIA - Foi constatada a utilização de créditos adicionais sem fonte de recursos no total
de R$ 5.001,60. O defendente fez as explicações acima transcritas, desacompanhadas de prova
documental, razão porque permanece a irregularidade.

Provocado a se manifestar, o Ministério Público junto ao TCE/PB emitiu o Parecer nO254108 com
o entendimento de que:

1) Com relação aos gastos com pessoal, vê-se que houve extrapolação dos
limites previstos no art. 20, 111, "b" da LC 101/00. Cabe recomendar ao gestor
a observância das providências legais no sentido de adequar os gastos com
pessoal aos respectivos limites;
2) Pertinente a publicação da LOA, cf. documentação anexada aos autos, às
fls. 587/590, resta sanada a irregularidade apontada;
3) Quanto às despesas não licitadas no total de R$ 97.090,45 - os
procedimentos licitatários não realizados dizem respeito, em sua maioria, a
aquisição de peças automotivas, apresentação de bandas de forrá, serviço
de edição de folhas de pagamento e sistema de acesso à internet, nas
quais, em princípio, a licitação seria dispensada;
4) Tocante a utilização de créditos adicionais sem fonte para cobertura, no
valor de R$ 5.001,60 - merece recomendação no sentido de maior rigor na
abertura de créditos suplementares, evitando-se a reincidência.

Por fim, opinou no sentido de que esta Egrégia Corte:

a) Emissão de parecer favorável à aprovação das contas da Prefeita Municipal de


Serraria, relativas ao exercício de 2006;
b) Atendimento parcial as disposições da LRF;
c) Recomendação à Administração Municipal no sentido de evitar toda e qualquer açã
administrativa que, em similitude com aquelas ora debatidas, venham macular as
contas de gestão municipal.

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2. VOTO DO RELATOR

Os gastos com pessoal do Poder Executivo ultrapassaram em apenas 1,06% o limite legal.
Não obstante o órgão técnico tenha apontado a ausência de indicação de medidas adotadas em função
ultrapassagem de que trata o art. 55 da LRF, a defendente informou que firmou, junto ao Ministério do
Trabalho, um Termo de Ajustamento de Conduta - TAC, que objetiva a tomada de medidas
necessárias ao correto ingresso de pessoal no serviço público municipal, bem como ao ajustamento
das despesas com pessoal aos limites estabelecidos na Constituição Federal, na LRF e demais normas
que regem a matéria. As medidas visam, em sua maioria, a obediência aos princípios constitucionais
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

No que se refere a ausência de comprovação da publicação da LOA, me acosto ao entendimento


do Ministério Público por entender que a gestora comprovou a publicação, conforme consta às fls.
587/590, sanando assim a irregularidade.

No que toca as despesas realizadas sem licitação, relativas a: peças para trator e veículos,
emissão da folha de pagamento e acesso à internet, as aquisições foram feitas ao longo do exercício e
em valores abaixo do exigível para licitação. Em relação a contratação das 12 (doze) bandas que se
apresentaram nas festas juninas, inclusive, o artista conhecido Tom Oliveira, além da montagem do
palco, sonorização, iluminação e segurança, no total de R$ 51.510,00, que representa 1,01% da DTG.
A Auditoria não apontou nenhuma irregularidade nos preços contratados, além de ser um caso típico
de inexigibilidade de licitação.

Respeitante a falha relativa à utilização de créditos adicionais sem fonte para cobertura, no valor
de R$ 5.001,60 - informações constantes dos demonstrativos contábeis dão conta da existência de
saldo em dotações orçamentárias. Assim, entendo que deve ser recomendado a administração
municipal maior observância ao preceituado na Lei 4.320/64, especialmente no que toca a utilização de
créditos adicionais.

Feitas essas considerações, o Relator vota pela:

1) DECLARAÇÃO de atendimento integral aos requisitos de gestão fiscal responsável,


previstos na LC 101/00;
2) EMISSÃO PARECER FAVORÁVEL À APROVAÇÃO das contas de gestão geral da
Prefeitura Municipal de Serraria, exercício financeiro de 2006 sob a responsabilidade da Sra.
Maria de Lourdes da Silva Bernardino; e
3) RECOMENDAÇÃO à gestora maior observância aos comandos constitucionais norteadore
da administração pública e dos ditames da Constituição Federal, da Lei 4.320/64, da LRF e
da Lei nO8666/93. I!~ /1 /1

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3. DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC nO02057/07; e

CONSIDERANDO o relatório da Auditoria, o Parecer do Ministério Público junto ao TCE-PB, o


voto do Relator e o mais que dos autos consta;

Os MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAíBA (TCE-PB), por


unanimidade de votos, na sessão plenária realizada nesta data, decidem:

EMITIR PARECER FAVORÁVEL À APROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS DO


MUNiCípIO DE SERRARIA relativas ao exercício de 2006, de responsabilidade da prefeita Maria de
Lourdes da Silva Bernardino, com as ressalvas contidas no parágrafo único do art. 124 do RITCE-PB,
recomendando-se à gestora maior observância aos princípios constitucionais norteadores da
Administração Pública e dos comandos da Constituição Federal, da Lei 4.320/64, da LRF e da Lei nO
8666/93.
Publique-se e intime-se.
Sala das Sessões do TCE·PB - e ár' Ministro João Agripino.
João Pessoa, ! ril e 2008.

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Conselheiro Fem~ ~OdrigUeS Catão

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