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Processo Te N° 01771/05

Prestação de Contas da Fundação Espaço Cultural da


Paraíba - FUNESC, de responsabilidade do Senhor
Temístocles Barbosa Cabral. Julgamento pela
regularidade com ressalvas das contas. Aplicação de
multa. Fixação de prazos. Recomendações.

ACÓRDÃO APL TC

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do Processo TC N° 01771/05, referente à


Prestação de Contas da Fundação Espaço Cultural da Paraíba - FUNESC, de responsabilidade do Senhor
Temístocles Barbosa Cabral, ACORDAM os integrantes do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, à
unanimidade, em sessão plenária, hoje realizada, em: a) julgar regular com ressalvas a Prestação de
Contas da Fundação Espaço Cultural da Paraíba - FUNESC, relativa ao exercício de 2004, sob a
responsabilidade do Senhor Temístocles Barbosa Cabral; b) aplica a S. Sa. a multa de R$2.80S,1O, nos
termos do que dispõem os incisos I e II do art. S6 da LOTCE; c) assinar ao mesmo o prazo de 60
(sessenta) dias para efetuar o recolhimento da multa, ao Tesouro Estadual, à conta do Fundo de
Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, cabendo ação a ser impetrada pela Procuradoria
Geral do Estado, em caso do não recolhimento voluntário, devendo-se dar a intervenção do Ministério
Público, na hipótese de omissão da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da Constituição Estadual; d)
fixar o prazo de 90 (noventa) dias ao atual gestor para que promova a regularização, na forma legal,
do contrato de concessão remunerada de uso do estacionamento da Espaço Cultural, bem como para a
adoção de medidas visando regularizar o quadro funcional da Fundação, comprovando as providências
no prazo de 30 (trinta) dias a esta Corte sob pena de multa e julgamento irregular das contas de
exercícios futuros; e) recomendar àquela providências visando a não repetição das falhas apontadas
pela Auditoria no presente processo, especialmente no que se refere a insuficiência financeira para
saldar compromissos de curto prazo e pagamento de multas e outros encargos decorrentes do atraso na
quitação de contas.
Assim decidem, tendo em vista que a dispensa de licitação 00112004, para a aquisição de
passagens aéreas, visando a participação no X FENART já foi objeto de apreciação, julgada irregular
por este Tribunal através do Acórdão AC2 - TC - 1.072/0S.
Também deve ser considerado o fato relativo as irregularidades constatadas em contrato
realizado pela Fundação. Em O1 de julho de 1999 a FUNESC celebrou contrato de concessão
remunerada de uso do seu estacionamento com a empresa JOSÉ ANDRÉA MAGLIANO FILHO (ME),
conforme documento acostado às fls. 369/373. O citado contrato foi aditado em 02 de julho de 2001,
com vigência de 02 (dois) anos, em concessão de área de 9.700 metros quadrados e remuneração de
2S% do faturamento bruto mensal à FUNESC, portanto, encontra-se vencido desde julho de 2003 (fls.
373), com ausência de legalidade jurídico-normativa para sua exploração.
Consta no parágrafo primeiro da cláusula terceira do contrato, previsão de prestação de contas
mensal, mediante apresentação dos comprovantes do faturamento mensal, através do sistema
informatizado de entrada e saída de veículos. No entanto, materialmente, o que se observa é a prestação
de contas mediante Oficio da contratada junto à Tesouraria da FUNESC, inclusive com diversas falhas
ou irregularidades, como ausência dos comprovantes do controle de entrada e saída de veículos.:
impossibilitando a delimitação de uma realidade precisa quanto ao legítimo fluxo de veículos no \ J.
estacionamento da Fundação, e a conseqüente remuneração da FUNESC (2S% do faturamento), ~
infringindo, por conseguinte, os princípios da moralidade, eficiência e transparência pública. '
Alguns Oficios não são datados (fls. 377, 379, 380 e 381), impossibilitando conhecimento
realidade da data de pagamento por parte da contratada à FUNESC (2S% do faturamento bruto).
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te N° 01771/05

Segundo constatado nos propnos Ofícios, em vanos meses a contratada prestou contas à
FUNESC com atraso, fls. 374/385, infringindo a data de pagamento prevista na cláusula terceira do
contrato (fls. 369), bem como não efetuando pagamento de multa contratual fixada naquela mesma
cláusula. Apenas como exemplo, no mês de dezembro de 2004 (fls. 385), foi efetivado o pagamento à
Fundação em 01 de abril de 2005, com três meses de atraso. Como a Auditoria não apontou,
numericamente, prejuízo ao erário, não há como imputar débito ao responsável, merecendo
recomendação e prazo para regularização.
Apesar de a Fundação ser uma unidade autônoma, o Ente depende, financeiramente, além das
doações e arrecadação própria, principalmente dos recursos oriundos da Secretaria de Educação do
Estado. Ou seja, dos recursos repassados pelo Estado. No presente caso, conforme relatório do SIAF às
fls. 597/605 todos as despesas inscritas em restos a pagar relativas ao exercício de 2004 foram quitadas
posteriormente. Além disso, a disponibilidade financeira da FUNESC ao final do exercício, no valor de
R$ 194.369,05 era suficiente para saldar os compromissos assumidos cujos pagamentos dependiam das
fontes disponibilizadas diretamente pela Fundação.
Aplica-se à fundação de direito público todas as normas, direitos e restrições pertinentes às
autarquias. Logo, a criação de cargos de qualquer natureza, depende de lei em sentido formal, cuja
iniciativa legislativa, em se tratando de cargos atinentes ao Poder executivo, é do Chefe desse Poder,
porém, no caso, a irregularidade relativa à criação de cargos através de Decreto do Executivo e outras
normas juridicamente inferior não se deu no exercício sob análise. Não há informações nos autos sequer,
se houve preenchimento dos cargos em 2004. Cabem, entretanto, recomendações a atual direção da
FUNESC para que se adotem medidas com vistas a regularizar a situação funcional da Fundação.
Não há também comprovação nos autos, que os atrasos de pagamentos de contas que geraram
multas e outros encargos se deram em virtude de inércia do gestor, não podendo lhe ser atribuída a
imputação de débito. Por outro lado, observa-se que algumas das contas venceram em exercícios
anteriores, não podendo a irregularidade ser atribuída ao gestor do exercício. Deve o gestor adotar
providências no sentido de observar um maior controle dos gastos, visando a não atrasar os
compromissos assumidos.
Com relação ao controle dos bens do almoxarifado, a própria Auditoria reconhece que foram
adotadas medidas saneadoras visando ao um melhor controle patrimonial pela FUNESC, corrigindo a
irregularidade inicialmente apontada.

Publique-se e cumpra-se.
TC - Plenário Min. João Agripin de 2008.

CONSELHEIR

CONSELHEII<áfi~W~:1]Iê>FJERNANDES

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/A;i~TE~SA NÓBREGA (J
Procuradora Geral
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te N° 01771/05

RELATÓRIO

Tratam os presentes autos da Prestação de Contas da Fundação Espaço Cultural da Paraíba -


FUNESC, de responsabilidade do Senhor Temístocles Barbosa Cabral.
Após análise preliminar pela Auditoria, esta considerou os seguintes aspectos:

1. A receita orçamentária total do exercício de 2004, apresentou um acréscimo de 33,33% em relação à


receita orçamentária total do exercício anterior (subitem. 6.1.a);
2. Das despesas correntes, 44,39% corresponderam a pessoal e encargos sociais e 55,61 % constituíram
outras despesas correntes;
3. As despesas com pessoal e encargos sociais obtiveram um acréscimo de 15,64%, enquanto que as
outras despesas correntes apresentaram um aumento de 19,62% em relação ao exercício de 2003;
4. No exercício de 2004 a Fundação mobilizou recursos da ordem de R$ 5.172.307,68, sendo 16,96%
provenientes de Receitas Orçamentárias, 80,82% de Receitas Extra-orçamentárias e 2,22%
provenientes de saldo do exercício anterior;
5. O Ativo Financeiro esteve assim composto: 97,60% pelas disponibilidades e 2,40% pelo Realizável.
O Ativo Permanente, por sua vez, apresentou-se com 1,07% de bens móveis, 98,65% de bens
imóveis e 0,28% de almoxarifado;
6. O Passivo Financeiro esteve composto por 90,40% de restos a pagar, 8,97% de depósitos de diversas
origens e 0,63% por outras entidades credoras;

De acordo com o órgão técnico foram verificadas as irregularidades a seguir resumidas:


1. Dispensa indevida de licitação, contrariando o artigo 24 da Lei de Licitações no valor de R$
35.000,00;
2. Saldo financeiro insuficiente em R$ 477.881,18 para cobrir os restos a pagar, descumprindo a LRF,
no que diz respeito à prevenção de riscos capazes de afetar o equilíbrio das contas;
3. Cargos do quadro de pessoal estabelecidos sem previsão legal, ferindo o artigo 61 da CF/88;
4. Pagamentos de despesas com multas e outros encargos, contrariando os princípios constitucionais da
eficiência e economicidade, no valor de R$ 17.159,09;
5. Controle ineficiente dos bens em almoxarifado e patrimônio, infringindo o artigo 106 da Lei
4.320/64, bem como contrariando princípio constitucional da eficiência, na CF/88;
6. Diversas irregularidades em contrato de concessão de exploração de estacionamento, infringindo o
artigo 54 da Lei de Licitações, princípios constitucionais da moralidade, eficiência e transparência
pública (artigo 37 da CF/88) e afrontando o próprio contrato administrativo que regula a concessão
pública;
7. Pagamento irregular de R$ 80.000,00 a entidade sem finalidade lucrativa, em desrespeito ao artigo
26 da LRF, LDO do Estado de 2004 e falta de lei específica.
Notificado, o interessado apresentou defesa de fls. 4791776.
Após análise de defesa, a Auditoria modificou o entendimento apenas no tocante ao pagamento
irregular a empresa sem fins lucrativos, mantendo a opinião no que tange aos demais aspectos.
O Ministério Público Especial, em Parecer da lavra da Procuradora Sheyla Barreto Braga de Queiroz
opina pela reprovação das contas com aplicação de multa e' utação de débito no valor de R$ 17.159,09
tendo em vista as despesas com multas e encargos por atr o agamento de contas, além de representação
ao Ministério Público Comum.
É o Relatório.

Cons
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te N° 01771/05

VOTO

A Auditoria questiona uma dispensa de licitação cujo processo já foi considerado regular com
ressalvas pelo Tribunal, inclusive, tendo o interessado recolhido a multa aplicada. Quanto à dispensa de
licitação 00112004, para aquisição de passagens aéreas, visando à participação no X FENAR T, o
processo foi considerado irregular por este Tribunal através do Acórdão AC2 - TC - 1.072/05.
Apesar de a Fundação ser uma unidade autônoma, o ente depende, financeiramente, além das
doações e arrecadação própria, principalmente dos recursos oriundos da Secretaria de Educação do
Estado, ou seja, dos recursos repassados pelo Estado. No presente caso, conforme relatório do SIAF às
fls. 597/605 todos as despesas inscritas em restos a pagar relativas ao exercício de 2004 foram quitadas
posteriormente. Além disso, a disponibilidade financeira da FUNESC ao final do exercício, no valor de
R$ 194.369,05 era suficiente para saldar os compromissos assumidos cujos pagamentos dependiam das
fontes disponibilizadas diretamente pela Fundação.
Aplicam-se à fundação de direito público todas as normas, direitos e restrições pertinentes às
autarquias. Logo, a criação de cargos de qualquer natureza, depende de lei em sentido formal, cuja
iniciativa legislativa, em se tratando de cargos atinentes ao Poder executivo, é do Chefe desse Poder,
porém, no caso, a irregularidade relativa à criação de cargos através de Decreto do Executivo e outras
normas juridicamente inferiores não se deu no exercício sob análise. Não há informações nos autos
sequer, se houve preenchimento dos cargos em 2004. Cabem, entretanto, recomendações à atual direção
da FUNESC para que se adotem medidas com vistas a regularizar a situação funcional da Fundação.
Não há também comprovação nos autos de que os atrasos de pagamentos de contas que geraram
multas e outros encargos se deram em virtude de inércia do gestor, não lhe podendo ser atribuída
imputação de débito. Por outro lado, observa-se que algumas das contas venceram-se em exercícios
anteriores, não podendo a irregularidade ser atribuída ao gestor do exercício. Deve o gestor adotar
providências no sentido de observar um maior controle dos gastos, visando a não atrasar os
compromissos assumidos.
Com relação ao controle dos bens do almoxarifado, a própria Auditoria reconhece que foram
adotadas medidas saneadoras visando a um melhor controle patrimonial pela FUNESC, corrigindo a
irregularidade inicialmente apontada.
No tocante à exploração de estacionamento, em O I de julho de 1999 a FUNESC celebrou
contrato de concessão remunerada de uso do seu estacionamento com a empresa JOSÉ ANDRÉA
MAGLIANO FILHO (ME), conforme documento acostado às fls. 369/373. O citado contrato foi
aditado em 02 de julho de 2001, com vigência de 02 (dois) anos, em concessão de área de 9.700 metros
quadrados e remuneração de 25% do faturamento bruto mensal à FUNESC, portanto, encontra-se
vencido desde julho de 2003 (fls. 373), com ausência de legalidade jurídico-normativa para sua
exploração.
Consta no parágrafo primeiro da cláusula terceira do contrato, previsão de prestação de contas
mensal, mediante apresentação dos comprovantes do faturamento mensal, através do sistema
informatizado de entrada e saída de veículos. No entanto, materialmente, o que se observa é a prestação
de contas mediante Ofício da contratada junto à Tesouraria da FUNESC, inclusive com diversas falhas
ou irregularidades, como ausência dos comprovantes do controle de entrada e saída de veículos,
impossibilitando a delimitação de uma realidade precisa quanto ao verdadeiro fluxo de veículos no
estacionamento da Fundação, e a conseqüente remuneração da FUNESC (25% do faturamento),
infringindo, por conseguinte, os princípios da moralidade, eficiência e transparência pública.
Alguns Ofícios não são datados (fls. 377, 379, 380 e 381), impossibilitando conhecimento da
realidade da data de pagamento por parte da contratada à FUNE~,(25% do faturamento bruto).
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo Te N° 01771/05
Segundo constatado nos propnos Oficios, em vanos meses a contratada prestou contas à
FUNESC com atraso, fls. 374/385, infringindo a data de pagamento prevista na cláusula terceira do
contrato (fls. 369), bem como não efetuando pagamento de multa contratual fixada naquela mesma
cláusula. Apenas como exemplo, no mês de dezembro de 2004 (fls. 385), foi efetivado o pagamento à
Fundação em 01 de abril de 2005, com três meses de atraso.
Dificil se torna dar pela ocorrência efetiva de prejuízo ao erário, visto que nem a própria
Auditoria quantificou nos autos esse pretenso prejuízo. Pelo mesmo motivo não há como proceder a
imputação de débito.
Diante do exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal: a) julgue regular com ressalvas a
Prestação de Contas da Fundação Espaço Cultural da Paraíba - FUNESC, relativa ao exercício de 2004,
sob a responsabilidade do Senhor Temístocles Barbosa Cabral; b) aplique a essa autoridade ao mesmo
a multa de R$2.805,1O, nos termos do que dispõem os incisos I e 11do art. 56 da LOTCE; c) assine-lhe
ao mesmo o prazo de 60 (sessenta) dias para efetuar o recolhimento da multa, ao Tesouro Estadual, à
conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, cabendo ação a ser impetrada
pela Procuradoria Geral do Estado, em caso do não recolhimento voluntário, devendo-se dar a
intervenção do Ministério Público, na hipótese de omissão da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da
Constituição Estadual; d) fixe o prazo de 90 (noventa) dias ao atual gestor para que promova a
regularização, na forma legal, do contrato de concessão remunerada de uso do estacionamento da
Espaço Cultural, bem como para a adoção de medidas visando regularizar o quadro funcional da
Fundação, comprovando as providências no prazo de 30 (trinta) dias a esta Corte sob pena de multa e
julgamento irregular das contas de exercícios futuros; e) recomende a S. Sa, providências visando a não
repetição das falhas apontadas pela Auditoria no presente processo, especialmente no que se refere a
insuficiência financeira para saldar compromissos de rto prazo e pagamento de multas e outros
encargos decorrentes do atraso na quitação de conta

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