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Processo Te n° 02219/06

Prefeitura Municipal de Pedras de


Fogo. Prestação de Contas do exercício
de 2005. Emissão de Parecer Contrário.
Aplicação de multa.

ACÓRDÃO APL - TC !J:r 12008

Vistos, relatados e discutidos, os presentes autos do Processo TC N° 02219/06


referentes à Prestação de Contas da Senhora Maria Clarice Ribeiro Borba, Prefeita do
Município de Pedras de Fogo, relativa ao exercício de 2005, ACORDAM os integrantes do
Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, por unanimidade, na sessão plenária realizada hoje,
em: a) aplicar a Sra. Maria Clarice Ribeiro Borba - Prefeita do Município de Pedras de
Fogo à multa de R$ 2.805,10, nos termos do que dispõe o art. 56, incisos II e III da LOTCE;
b) assinar a mesma o prazo de 60 (sessenta) dias para efetuar o recolhimento ao Tesouro
Estadual da multa aplicada, à conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira
Municipal, cabendo ação a ser impetrada pela Procuradoria Geral do Estado, em caso do não
recolhimento voluntário, devendo-se dar a intervenção do Ministério Público, na hipótese de
omissão da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da Constituição Estadual; c) declarar o
atendimento às exigências da LRF, por parte do Poder Executivo do Município de Pedras de
Fogo, no que se refere a: 1) equilíbrio entre receitas e despesas; 2) arrecadação da receita
tributária; 3) montante da dívida consolidada, concessões de garantias, operações de créditos;
4) correta elaboração dos REO e dos RGF; 5) publicação e envio dos REO e dos RGF a este
Tribunal; 6) repasse ao Poder Legislativo; 7) despesa com pessoal do Executivo e o não
atendimento no que se refere a: 1) compatibilidade de informações entre o RGF e a PCA.

Assim decidem, tendo em vista a ocorrência de irregularidades detectadas pela


Auditoria e não elididas pela responsável.

Os gastos com pessoal do Poder Executivo ultrapassaram em apenas 0,27% o limite


legal. Não obstante o órgão técnico tenha apontado a ausência de indicação de medidas
adotadas em função ultrapassagem de que trata o art. 55 da LRF, a defendente informou a
recondução do percentual no quadrimestre seguinte, conforme dados constantes do SAGRES,
referentes ao exercício de 2006.

A incompatibilidade entre o RGF e a PCA se restringiu à diferença de 0,65% entre o


total de despesas com pessoal informado em ambos os instrumentos, não tendo acarretado
maiores prejuízos à análise pelo órgão técnico.

A deficiência de aplicação em remuneração dos profissionais do magistério


permaneceu, mesmo com a defesa apresentada; o percentual ficou em 59,45%, abaixo do
mínimo, que é de 60%.
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Processo Te n° 02219/06

Em relação à licitação, os valores individuais das despesas com a confecção de


materiais gráficos não superaram o limite de dispensa. No caso da despesa para realização do
concurso público, o órgão técnico considerou como não licitados gastos no total de R$
21.250,00, tendo em vista entender que o total licitado foi de R$ 51.150,00 e o valor pago foi
de R$ 72.400,00. Consultando o processo licitatório, vê-se que o valor de R$ 51.150,00
refere-se ao mínimo a ser pago, e que o valor do contrato dependeria do número de inscritos
no concurso. Ou seja, o valor pago foi proporcional ao número de inscritos conforme previu a
licitação.

Foram feitas várias aquisições de gêneros alimentícios à firma Comercial Itambé, que
somaram R$ 425.013,95, tendo sido apresentado processo licitatório no valor de
R$ 294.565,44, ou seja, permaneceram sem licitação, aquisições no total de R$ 130.448,51,
sem que a interessada justificasse a omissão. Também foram adquiridos gêneros alimentícios
no montante de R$ 91.349,82 junto a BR - Sul- Ltda, através de uma licitação na modalidade
convite e uma dispensa de licitação, que juntas somaram R$ 48.159,40, restando não licitadas
despesas no valor de R$ 43.190,42.

Da mesma forma foram adquiridos medicamentos no total de R$ 113.652,72 junto a


LAGEAN Comércio e Representação Ltda, sendo licitadas despesas no valor de R$ 77.393,70,
ficando R$ 36.259,02 sem licitação. Saliente-se que, além disso, foi realizada licitação junto a
citada firma, também para aquisição de medicamentos no valor de R$ 28.554,61, tendo sido o
procedimento considerado irregular pelo Tribunal através do Acórdão AC2 TC 456/07, tendo
em vista a falta de comprovação da situação de emergência alegada.

Quanto às aquisições de medicamento à Farmácia Central, a interessada apresentou o


processo licitatório, que segundo o órgão técnico deve ser desconsiderado, em virtude de
algumas falhas detectadas. Todavia, o Relator não vê motivos suficientes para considerar a
despesa como não licitadas, tendo em vista que as falhas verificadas terem sido de ordem
formal.

Assim, permaneceu sem licitações despesas no montante de R$ 238.452,56


correspondente a 1,02% da Despesa Orçamentária Total.

Tocante ao combustível, não houve nenhum questionamento da despesa no processo


da prestação de contas. Tal questionamento surgiu no exame do Processo TC n° 4081/05, fls.
108311150, relativo à tomada de preço n° 008/2005. A licitação e o contrato foram julgados
regulares, conforme Acórdão AC2 TC 117/07, no entanto, ficou determinado a remessa dos
autos à Auditoria para apurar possível excesso de gasto com combustível. Atendendo a
determinação, o órgão técnico, em relatório de fls. 117711178, apontou excesso de gasto,
incluindo lubrificantes, no total de R$ 66.076,22. Os parâmetros utilizados pela Auditoria não
foram justificados, ficando a juízo do ACP que produziu o relatório. A defesa apresentou
cópia de Termos de Inspeção de Veículos do TCE com informação de todos os veículos do
município, contendo dados relativos a consumo diário, dias de utilização, quilometragem
diária, secretaria em que se encontra alocado etc. Tais termos foram decorrentes de inspeção
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Processo Te n° 02219/06

realizada em 2007, para instrução da prestação de contas de 2006. As informações prestadas


foram aceitas pela Auditoria naquela prestação de contas, a exceção apenas quanto ao
consumo diário dos veículos alocados no Gabinete do Prefeito e na Secretaria das Finanças.
Por outro lado, se formos considerar a média diária do excesso, por veículo, o valor seria de
R$ 11,91 (considerando-se 22 dias úteis). Assim, o Relator não vislumbra o excesso apontado
pela Auditoria. É de se registrar que no exercício de 2006, já apreciado pelo Tribunal Pleno,
não houve qualquer imputação débito quanto às despesas com combustível.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

Te - PLENÁRIO JOÃO AGRIPINO, em 12 de março de 2008.

l~lva Santos

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