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PROCESSO TC N° 09399/99 FI.

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PREFEITURA MUNICIPAL DE ALCANTIL - PRESTAÇÃO DE


CONTAS DE CONVÊNIO E ADITIVO. Julgamento irregular, com
imputação de débito, aplicação de multa, emissão de
recomendações e encaminhamento de cópias ao Ministério
Público Comum. RECURSO DE REVISÃO. Pelo conhecimento e
não provimento. Devolução do Processo à Corregedoria e
posterior arquivamento.

ACÓRDÃO APL TC ) fi 12008


1. RELATÓRIO

A 2a Câmara do Tribunal, na sessão realizada em 15/06/2004, após apreciar a prestação de


contas do Convênio nO 890/99 e seu Termo Aditivo, celebrado entre a Secretaria da Educação e Cultura do
Estado e a Prefeitura Municipal de Alcantil, objetivando o transporte de alunos, decidiu, conforme Resolução
RC2 TC 108/2004, publicada no DOE em 29/06/04, fls. 447/448, assinar o prazo de 15 (quinze) dias ao Prefeito
para que procedesse à devolução, aos cofres estaduais, da importância de R$ 1.000,00 (um mil reais), em
virtude da ausência de documentos que comprovassem despesas efetuadas neste valor, quando da execução
do convênio, sob pena de imputação de débito com as devidas penalidades.

Diante da falta de manifestação do interessado, a 2a Câmara decidiu, na sessão do dia


10/08/2004, conforme Acórdão AC2 TC 1.138/2004, publicado no DOE em 18/08/2004, fis. 457/458:

I. JULGAR IRREGULAR a prestação de contas, inclusive por falta de licitação e despesas pagas
fora da vigência do convênio;

11. APLICAR ao então Prefeito Municipal de Alcantil, Sr. Carlos Marques Castro Júnior, gestor do
convênio, a multa no valor de R$ 1.624,60 (um mil, seiscentos e vinte e quatro reais e sessenta
centavos), em virtude do não cumprimento da decisão deste Tribunal, consubstanciada na
Resolução RC2 TC 108/2004;

111. IMPUTAR, à mesma autoridade, o débito na importância de R$ 1.475,59 (um mil, quatrocentos
e setenta e cinco reais e cinqüenta e nove centavos), sendo R$ 1.000,00 (hum mil reais),
correspondentes às despesas não comprovadas quando da execução do convênio, e a
diferença referente à atualização pelo índice da poupança, conforme documento à fi. 456;

IV. ASSINAR o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário, aos cofres estaduais, do
débito e da multa, esta última a ser recolhida à conta do Fundo de Fiscalização Financeira e
Orçamentária Municipal, sob pena de cobrança executiva desde logo recomendada nos termos
do art. 71, §§ 3° e 4° da Constituição do Estado;

V. RECOMENDAR ao Chefe do Executivo Municipal de Alcantil maior observância da legislação


atinente à matéria; e

VI. DETERMINAR o encaminhamento de cópias das principais '1s. do Proc..ess.o a.o Ministério

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Público Comum para as providências que entender necessári s.

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Tribunal Pleno

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No prazo estabelecido, o interessado não fez comprovação do recolhimento do débito imputado e


da multa aplicada.

Em 28 de agosto de 2006J dois anos após a decisão supra, o ex-prefeito de Alcanííl, através de
advogado, interpôs recurso de reconsideração (documento nO 14486/06J fls. 476/505)J aleqando, em resumo, o
seguinte:
1) em preliminar, pede a nulidade do processo, uma vez que a notificação da decisão do TCE
(Acórdão AC2 TC 1.138/04J fl. 461) não foi recebida pelo recorrente (fl. 461);

2) no mérito, apesar de o recorrente não ter sido notificado da 1a decisão do TCE (Resolução
RC2 TC 108/04J fl. 451)J mesmo não concordando com ela, está efetuando o recolhimento da
importância devidamente corriqlda, sanando a devolução outrora determinada;

3) no tocante à falta de licitação, as despesas foram realizadas de acordo com os preços de


mercado, inexistindo qualquer dano ao erário;

4) em relação às despesas paqas, no total de R$ 300JOOJ fora da vigência do convênio, dizem


respeito a 06 (seis) vlaçens, tendo os recursos sido aplicados em benefício da população; e

5) finallzando, requer o recebimento do presente recurso para tornar insubsistente a imputação de


débito, julgando regular o Convênio nO 890/99. Caso não seja recebido como de
reconsideração, que o seja como de revisão.

O processo foi encaminhado à Auditoria, que, inicialmente, informou que o recurso foi interposto
fora do prazo. Em relação às irregularidades que motivaram a imputação de débito e multa, asseverou que nada
foi anexado aos autos que modificasse o que foi apontado anteriormente. Já quanto à conversão do recurso de
reconsideração em revisão, anotou que não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no art. 35 da Lei
Complementar nO18/93.

O Ministério Público junto ao TCE-PBJ através do Parecer nO 565/07, fls. 511/513J opinou,
prellmnarmente, pelo não conhecimento do recurso de reconsideração, posto que intempestivo, e, quanto ao
mérito, pelo seu não provimento.

Instado a se pronunciar sobre a conversão do recuso de reconsideração em revisão, o Ministério


Público junto ao TCE/PBJ através do Parecer n° 1360/07J opinou pelo não conhecimento do recurso de revisão,
posto que não foram atendidos os requisitos formais contidos no art. 35, incisos /J 11 e 111 da LOTCE-PBJ e, no
caso de conhecimento, pelo não provimento, ratificando-se o inteiro teor da decisão recorrida.

O processo foi relatado na sessão de dia 24 de outubro de 2007, momento em que o patrono do
interessado, na fase de sustentação oral de defesa, apresentou guias de recolhmento, fls. 521 J do débito
imputado através do Acórdão AC2 TC 1138/2004. Apesar do recolhimento feito, o advogado informou que o
interessado discordava do débito, uma vez que o valor efetivamente repassado ao munlcipio, em decorrência do
Convênio nO890/99, foi de R$ 22.000JOOJ e não o valor previsto de R$ 24.500JOO.
Objetivando verificar o recolhimento feito e as informações apresentadas pelo patrono, o
julgamento do processo foi adiado e os autos foram encaminhados à Auditoria para pronunciamento.
Em complemento de lnstrução, a unidade técnica d instruç OJ às fls. 538/540, prestou as
seguintes informações:

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Tribunal Pleno

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a) consta, às fls. 16, a NE nO02887, no valor de R$ 22.500,00. Já às fls. 25, consta a NE nO


08239, no valor de R$ 2.000,00, totalizando R$ 24.500,00. Às fls. 240, consta documento do
SIAF, comprovando a liberação do valor de R$ 24.500,00. Já às fls. 437/438, a Auditoria
anexou novos documentos do SIAF, apontando a liberação de R$ 24.500,00. A fim de
conformar o valor realmente repassado ao Município, foi realizada diligência na Secretaria de
Educação e coletados os extratos de pagamento feitos, comprovado o repasse de R$
24.500,00, conforme docs. fls. 525/536;
b) através do Acórdão AC2 TC 1.138/2004, foi imputado débito ao gestor no valor de R$
1.475,59, e aplicado multa pessoal de R$ 1.624,60, inclusive já oficiado, pela Corregedoria do
Tribunal, ao Procurador Geral do Estado, conforme Ofício SC nO14/2005, fls. 475;
c) através de diligência realizada na Secretaria da Receita, ficou comprovado o efetivo
recolhimento do débito imputado, conforme documento de fl. 537;
d) falta a comprovação do recolhimento da multa, remanescendo ainda as irregularidades
apontadas no item 3, letras "a" e "b".
Previamente agendado para a sessão do dia 22/11/2007, o Processo foi retirado de pauta, com a
concordância do Tribunal Pleno, em razão de novos documentos apresentados, ao Relator, pelo interessado.
Apresentou a defesa, em 19/11/2007, documentos de fls. 541/560, informando que houve
equívoco na formação da relação dos pagamentos (Anexo V), ou seja, o valor pago a José Oscar de Oliveira
seria de R$ 965,00, bem como não foi incluído o pagamento de R$ 882,00 a José Nivaldo da Silva. Corrigindo a
falha, a irregularidade fica sanada.
Analisando a documentação e os argumentos apresentados, a Auditoria pôde concluir que:
1. O recibo apresentado, fl. 549, no valor de R$ 965,00, com data de 31.12.99, em favor do Sr.
José Oscar de Oliveira, já havia sido computado como despesa do convênio, uma vez que
instruiu, originalmente, a prestação de contas às fls. 225, sendo posteriormente reapresentado
às fls. 422. Assim, pela terceira vez, foi o mesmo recibo encaminhado na prestação de contas.
Esta última cópia difere das duas anteriores, por não conter o carimbo onde consta "Recursos
Transporte Escolar - Cheque nO000218";
2. Já o recibo, às fls. 560, no valor de R$ 882,00, datado de 30.12.99, tendo como beneficiário o
Sr. José Nivaldo da Silva, constava do processo às fls. 216 e 413, e também já havia sido
computado como despesa do convênio;
3. Ante o exposto, nenhum elemento novo foi apresentado que pudesse modificar o entendimento
formulado às fls. 534/540.
O processo não retornou ao Ministério Público Especial, sendo procedidas as notificações de
praxe.
No final da tarde de ontem, o interessado protocolou documento nO3527/2008, fls. 566/568,
informando e comprovando que procedeu ao recolhimento da multa apli da.

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2. PROPOSTA DE DECISÃO DO RELATOR


o recolhimento do débito imputado e da multa aplicada apenas visam cumprir a decisão contida
no Acórdão AC2 TC 1.138/2004. Nada de novo foi trazido aos autos para que o Tribunal Pleno viesse a
modificar sua decisão. Assim, pelos motivos expostos pela Auditoria e pelo Ministério Público junto ao TCE/PB, o
Relator propõe que os Conselheiros não tomem conhecimento do recurso interposto, seja como reconsideração,
por ser intempestivo, seja como de revisão, por não atender a nenhum dos pressupostos contidos nos incisos I,
/I e 1/1 do art. 35 da LOrCE-PB, determinando-se a devolução do Processo à Corregedoria para as providências
cabíveis.

3. DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO


Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC nO09399/99, ACORDAM os membros do
Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, na sessão realizada nesta data, por maioria de votos, contrário à
proposta de decisão do Relator, em preliminar, tomar conhecimento do recurso de revisão interposto, e, no
mérito, negar-lhe provimento, determinando-se a devolução do Processo à Corregedoria para as providências
cabíveis e posterior arquivamento.
Publique-se e cumpra-se.
TC Sala das Sessões - Plenário Min. João Agripino.
João Pessoa, 20 de fevereiro de 2008.
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WdA/
Conselheir Conselheiro osé Marques Mariz
Fo alizador do Ato

1\ ~ ~~~
{~sentante do Ministério Públic~
junto ao TCE/PB

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