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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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PROCESSOTC-06.093/07
Administração direta. Prefeitura Municipal de
Aroeiras. Inspeção Especial. Constatação de
irregularidades; imputação de débito;
assinaçãodo prazo de 60 (sessenta) dias para
recolhimento voluntário do débito, sob pena
de execução, desde logo recomendada;
encaminhamento desta decisão para subsidiar
a análise da prestação de contas relativa ao
exercício de 2007.

1. RELATÓRIO
01. Os autos do presente Processo TC 06.093/07 se refere à inspeção especial realizada
no Município de Aroeiras, no período de 10 a 14.08.2007, em atendimento a Ordem
de Serviço nO. 310/07 da Diretoria de Auditoria e Fiscalização - DIAFI, objetivando
verificar as disponibilidades financeiras registradas em caixa/tesouraria e bancos,
durante o período de 01 de janeiro a 11 de setembro de 2007, tendo a Auditoria
emitido o relatório (fls. 02/04), com as seguintes constatações:
01.01. existência de saldo a descoberto no caixa/tesouraria, no valor de
R$522.685,20, caracterizando crime de responsabilidade previsto no
Decreto-Lei 201 de 27 de fevereiro de 1967.
01.02. emissão de 82 cheques sem provisão de fundos, gerando encargos
financeiros no valor de R$1.589,32, além da existência de talonários de
cheques assinados e endossados em branco pelos responsáveis pela
movimentação financeira, caracterizando total descontrole financeiro do
município.
01.03. realização de despesa sem prévio empenho, contrariando os art. 58, 60,
61, 62, 63, 64 da Lei nO. 4.320/64, além da existência de recibos
assinados em banco pelos supostos credores sem nenhuma especificação
do histórico e data do pagamento da despesa.
01.04. pagamento de despesas com valores elevados através de caixa/tesouraria,
contrariando princípios administrativos e financeiros, bem como os art. 164
§ 30. e 192 § 20 da Constituição Federal.
01.05. atraso no pagamento de pessoal (parte da folha de junho, julho e agosto),
prestadores de serviços entre outros, demonstrando ausência de controle
orçamentário, financeiro e administrativo do município.
02. Notificado, o Prefeito José Francisco Marques não veio aos autos apresentar defesa.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
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PROCESSOTC-06.093/07
03. Submetido os autos ao Ministério Público junto ao Tribunal, este, através do Parecer
nO. 0216/08 da lavra da Procuradora, SHEYLA BARRETO BRAGA DE QUEIROZ,
observou que, inobstante permanecer inerte o Chefe do Executivo, não é demasiado
proporcionar a este a garantia constitucional e fundamental do devido processo legal,
com vistas a assegurar, novamente, o contraditório e a ampla defesa, até para evitar
cominações de multas, constatações de ilícitos nas searas administrativa, penal e ou
previdenciária, sem prejuízo da perquirição de outras irregularidades, e opinou pela
assinação de prazo ao prefeito para vir aos autos e colacionar provas,
preferencialmente documentais, bastantes a elidir o rol de irregularidades e
imputações de débito apontados pela Auditoria, sob pena, inicialmente de incursão
em multa pessoal e demais sanções e responsabilidades administrativas.
04. O processo foi incluído na pauta desta sessão, feitas as notificações de praxe.
2. VOTO DO RELATOR
Devidamente notificado, o Prefeito não veio aos autos apresentar defesa,
remanescendo portanto todas as irregularidades anteriormente apontadas pelo órgão de
técnico deste Tribunal, observando que mesmo após realizada inspeção no município, não
ocorreu mudança na prática de saldo elevado em caixa, conforme se verifica no 5AGRES.
Pelo exposto o Relator vota pela imputação de débito ao prefeito JOSÉ
FRANCISCO MARQUES, no total de R$524.274,52 (quinhentos e vinte e quatro mil,
duzentos e setenta e quatro reais e cinqüenta e dois centavos), sendo R$522.685,20, por
saldo a descoberto em tesouraria/caixa e, R$1.589,32, por pagamento de encargos
financeiros, decorrente de emissão de cheques sem provisão de fundos, assinando-lhe o
prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário do débito, sob pena de
execução, desde logo recomendada; encaminhamento desta decisão para subsidiar a
análise da prestação de contas relativa ao exercício de 2007.

3. DECISÃO DO TRIBUNAL
Vistos, relatados e discutidos os autos do PROCESSO
TC-D6.D93jD7, os MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
DA PARAÍBA (TCE-Pb), à unanimidade, na sessão realizada nesta
data, ACÓRDAM em:
L Imputar débito ao prefeito JOSÉ FRANCISCO MARQUES,
no total de R$524.274,52 (quinhentos e vinte e quatro
mil, duzentos e setenta e quatro reais e cinqüenta e dois
centavos), sendo R$522.685,20, por saldo a descoberto
em tesouraria/caixa e, R$1.589,32, por pagamento de
encargos financeiros, decorrente de emissão de cheques
sem provisão de fundos, assinando-lhe o prazo de 60
(sessenta) dias para recolhimento voluntário do débito,
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PROCESSO TC-OG.093/07
IL Determinar o encaminhamento desta decisão para
subsidiar a análise da prestação de contas relativa ao
exercício de 2007.
Publique- e, intime
Sala das Sessões do CE- - te 'rio Ministro João Agripino.
João Pess léJ. O de aio 2008.

André Carfo Torres Pontes


/ Procurador Geral em exercício
/ do Ministério Público junto ao TCE-Pb
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO G~~@u(Q:

PROCESSO TC N.O 01268/07

Objeto: Prestação de Contas Anuais


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Responsável: Osman Coutinho Ramos

EMENTA: PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL - PRESTAÇÃO DE


CONTAS ANUAIS - PRESIDENTE DE CÂMARA DE VEREADORES -
ORDENADOR DE DESPESAS- APRECIAÇÃO DA MATÉRIA PARA FINS
DE JULGAMENTO - ATRIBUIÇÃO DEFINIDA NO ART. 71, INCISO n,
DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA PARAÍBA, E NO ART. 1°,
INCISO I, DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N.O 18/93 - Carência
de comprovação de publicação do Relatório de Gestão Fiscal do
primeiro semestre do período - Incompatibilidade entre o valor da
despesa com pessoal apresentado no RGF do segundo semestre do
exercício e o apurado na prestação de contas - Contratação de
profissional para serviço típico da administração pública sem a
realização do devido concurso público - Realização de dispêndios
com serviços advocatícios estranhos aos interesses do Poder
Legislativo - Apresentação de movimentações bancárias não
identificadas e sem a correspondente comprovação de despesa -
Ausência de registro na prestação de contas de veículo informado no
SAGRES - Emissão de declarações inverídicas atestando o
recebimento da documentação da despesa junto com os balancetes
mensais do Poder Executivo - Desvio de finalidade - Transgressão a
dispositivos de natureza constitucional, infraconstitucional e
regulamentar - Ações e omissões que geraram prejuízo ao Erário -
Eivas que comprometem o equilíbrio das contas, ex vi do disposto no
Parecer Normativo n.o 52/2004. Irregularidade. Imputação de
débito. Fixação de prazo para recolhimento. Aplicação de multa.
Concessão de lapso temporal para pagamento. Recomendações.
Determinação. Remessa de cópia dos autos à ego Procuradoria Geral
de Justiça do Estado.

Vistos, relatados e discutidos os autos da PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS DO


EX-PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE GURJA~O/PB, relativa ao exercício financeiro de
2006, SR. OSMAN COUTINHO RAMOS, acordam, por unanimidade, os Conselheiros
integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, em sessão plenária
realizada nesta data, na conformidade da proposta de decisão do relator a seguir, em:

1) JULGAR IRREGULARES as referidas contas.

2) IMPUTAR ao ex-Presidente do Poder Legislativo, Sr. Osman Coutinho Ramos, débi


relativo a despesas irregulares, no montante de R$ 1.247,60 (um mil, duzentos e quarent e .... ~.. "
sete reais e sessenta centavos), sendo R$ 1.052,63, referentes a dispêndios com se~'> " / ~~i,
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PROCESSOTC N.o 01268/07

advocatícios estranhos aos interesses da Edilidade, e R$ 194,97, concernentes a


movimentações bancárias não identificadas e sem a correspondente comprovação de
despesa.

3) FIXAR o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do débito imputado, cabendo ao atual Prefeito Municipal de Gurjão/PB, Sr. José
Carlos Vidal, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele período, zelar
pelo seu integral cumprimento, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério
Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 40, da Constituição
do Estado da Paraíba, e na Súmula n.O 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

4) APLICAR MULTA ao ex-Chefe do Poder Legislativo, Sr. Osman Coutinho Ramos, no valor
de R$ 1.000,00 (um mil reais), com base no que dispõe o art. 56, incisos II e III, da Lei
Complementar Estadual n.O 18/93 - LOTCE/PB.

5) CONCEDER-LHE o lapso temporal de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário da


penalidade ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto
no art. 3°, alínea "a", da Lei Estadual n.O 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à
Procuradoria Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o
término daquele período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do
Ministério Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da
Constituição do Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40 do ego Tribunal de Justiça do Estado
da Paraíba - TJ/PB.

6) ENVIAR recomendações no sentido de que o atual Presidente da Câmara Municipal de


Gurjão/PB, Sr. José Elias Borges Batista, não repita as irregularidades apontadas no relatório
dos peritos da unidade técnica deste Tribunal e observe, sempre, os preceitos
constitucionais, legais e regulamentares pertinentes.

7) DETERMINAR a apuração, em processo apartado, da carência de publicação do Relatório


de Gestão Fiscal do Poder Legislativo da Comuna de Gurjão/PB, referente ao primeiro
semestre de 2006, com o intuito de uniformizar o entendimento do Tribunal acerca da
matéria.

8) com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, REMETER
cópia dos presentes autos à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba para
as providências cabíveis.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, U l de'w'- .:-",-/0 de 2008


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 01268/07

Presente:
Representa te do Ministério Público Especial
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 01268/07

Cuidam os presentes autos do exame das contas do ex-Presidente da Câmara Municipal de


Gurjão/PB, relativas ao exercício financeiro de 2006, Sr. Osman Coutinho Ramos,
apresentadas a este ego Tribunal em 07 de fevereiro de 2007, mediante o
Ofício S/N - GAPRE/CMG, fI. 02.

Os peritos da então Divisão de Acompanhamento da Gestão Municipal VI - DIAGM VI, com


base nos documentos insertos nos autos, emitiram o relatório inicial de fls. 93/98,
constatando, sumariamente, que: a) as contas foram apresentadas ao TCE/PB no prazo
legal; b) a Lei Orçamentária Anual - Lei Municipal n.o 141/2005 - estimou as transferências
em R$ 236.000,00 e fixou a despesa em igual valor; c) a receita orçamentária efetivamente
transferida, durante o exercício, foi da ordem de R$ 235.999,92, correspondendo a 100,00%
da previsão originária; d) a despesa orçamentária realizada atingiu o montante de
R$ 236.000,00, representando 100,00% dos gastos fixados; e) o total da despesa do Poder
Legislativo alcançou o percentual de 7,24% do somatório da receita tributária e das
transferências efetivamente arrecadadas no exercício anterior pela Urbe - R$ 3.260.279,23;
f) os gastos com folha de pagamento da Câmara Municipal abrangeram a importância de
R$ 154.348,82 ou 65,40% dos recursos transferidos; e g) a receita extra-orçamentária
acumulada no exercício, bem como a despesa extra-orçamentária executada no mesmo
período, atingiram, cada uma, a soma de R$ 15.179,28.

Quanto aos subsídios dos Vereadores, verificaram os técnicos da antiga DIAGM VI que:
a) os Membros do Poder Legislativo da Comuna receberam subsídios de acordo com o
disciplinado no art. 29, inciso VI, da Lei Maior; b) os estipêndios dos Edis estiveram dentro
dos limites instituídos na Lei Municipal n.o 124/2004; e c) os vencimentos totais recebidos no
exercício pelos Vereadores, inclusive o do Chefe do Legislativo, alcançaram o montante de
R$ 113.970,00, correspondendo a 2,76% da receita orçamentária efetivamente arrecadada
no exercício pelo Município - R$ 4.123.585,35.

No tocante aos aspectos relacionados à gestão fiscal, destacaram os analistas da unidade de


instrução que: a) a despesa total com pessoal do Poder Legislativo alcançou a soma de
R$ 182.390,67 ou 4,36% da Receita Corrente Líquida - RCL da Comuna - R$ 4.185.587,71;
b) os Relatórios de Gestão Fiscal - RGF dos dois semestres do período foram enviados ao
Tribunal dentro do prazo, porém, sem comprovação da publicação do relatório referente ao
primeiro semestre; e c) a execução orçamentária evidenciou, no encerramento do exercício, '1

a inexistência de disponibilidades financeiras, bem como de compromissos a pagar de curto


prazo.

Ao final, os inspetores da Corte apontaram as seguintes irregularidades: a) carência de


comprovação da publicação do Relatório de Gestão Fiscal - RGF do primeiro semestre do
período; b) incompatibilidade de informações entre o último RGF e a prestação de contas;
c) despesa não licitada com a contratação direta dos serviços de assessoria contábil a ~"
quantia de R$ 13.361,99; d) gastos com assessoria jurídica relativos a processo que trat de J--..

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matéria em que o interesse da Câmara Municipal não foi comprovado, na import ;1 \,.)\.:
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PROCESSO TC N.O 01268/07

R$ 1.052,63; e) dispêndios não informados no Sistema de Acompanhamento da Gestão dos


Recursos da Sociedade - SAGRES e não identificados na movimentação da CONTA
CORRENTE BB CM-GURJAO n.o 5.256-6, no total de R$ 194,97; f) divergência de registro de
veículo no SAGRES e na Prestação de Contas Anual - PCA; e g) irregularidade na emissão de
declaração do Presidente da Câmara de Vereadores, atestando a entrega de toda
documentação referente aos demonstrativos dos balancetes mensais do Poder Executivo.

Processadas as devidas citações, fls. 99/113, o Presidente do Poder Legislativo durante o


exercício financeiro de 2006, Sr. Osman Coutinho Ramos, bem como o Contador da Câmara
Municipal à época, Dr. Milton Moreira Raimundo, deixaram, ambos, o prazo transcorrer sem
qualquer manifestação, este último especificamente em relação às falhas contábeis.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ao se pronunciar sobre a matéria, emitiu o


parecer de fls. 116/118, opinando pelo (a): a) irregularidade das contas da Mesa da Câmara
Municipal de Gurjão; b) atendimento parcial às disposições da Lei de Responsabilidade
Fiscal; e c) imputação de débito ao Presidente da Câmara Municipal, em face de despesas
irregulares com assessoria jurídica e gastos não informados no SAGRES, no valor de
R$ 1.247,60.

Solicitação de pauta, conforme fls. 119/120 dos autos.

É o relatório.

Manuseando o conjunto probatório encartado aos autos, constata-se que as contas


apresentadas pelo ex-Presidente da Câmara Municipal de Gurjão/PB, Sr. Osman Coutinho
Ramos, relativas ao exercício financeiro de 2006, revelam diversas irregularidades. Com
efeito, conforme destacado pelos peritos deste Sinédrio de Contas, fls. 96/97, verifica-se
ab initio a carência de comprovação de divulgação do Relatório de Gestão Fiscal - RGF,
referente ao primeiro semestre do exercício em análise, denotando flagrante transgressão
aos preceitos estabelecidos nos artigos 48 e 55, § 2°, da reverenciada Lei de
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar Nacional n.o 101/2000), in verbis:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificad
dessesdocumentos.

C· .. )
Art. 55. C omissis)
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PROCESSOTC N.o 01268/07

§ 1° (...)

§ 2º O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do


período a que corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por
meio eletrônico.

Consoante previsto no art. 5°, inciso I, parágrafos 1° e 2°, da lei que dispõe, dentre outras,
acerca das infrações contra as normas de finanças públicas - lei Nacional n.o 10.028, de
19 de outubro de 2000 -, a não divulgação do relatório de gestão fiscal, nos prazos e
condições estabelecidos, constitui violação administrativa, processada e julgada pelo Tribunal
de Contas, sendo passível de punição mediante a aplicação de multa pessoal de trinta por
cento dos vencimentos anuais ao agente que lhe der causa, verbatim:

Art. 5º Constitui infração administrativa contra as leis de finanças públicas:

I - deixar de divulgar ou de enviar ao Poder Legislativo e ao Tribunal de


Contas o relatório de gestão fiscal, nos prazos e condições estabelecidos em
lei;

II - ( ...)

§ 1º A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por cento
dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento
da multa de sua responsabilidade pessoal.

§ 2º A infração a que se refere este artigo será processada e julgada pelo


Tribunal de Contas a que competir a fiscalização contábil, financeira e
orçamentária da pessoa jurídica de direito público envolvida.

Entretanto, em que pese o disciplinado na supracitada norma, bem como no Parecer


Normativo PN - TC - 12/2006, onde o Tribunal já havia decidido exercer a competência que
lhe fora atribuída a partir do exercício financeiro de 2006, esta Corte, em decisões recentes,
tem deliberado pela apreciação da matéria em autos apartados, haja vista a necessidade de
uniformizar o seu entendimento.

Por outro lado, foi observado pelos técnicos do Tribunal, fls. 96/97, que os dados constantes \.J
no Relatório de Gestão Fiscal - RGF do segundo semestre do período apresentaram~ ~
imperfeições técnicas, notadamente no tocante ao valor das despesas com pessoal, por não ~c
computar as obrigações patronais, na soma de R$ 28.041,85, e por incluir, indevidamente, \
as despesas com salário família, na quantia de R$ 1.898,12. Assim, enquanto os gastos com \
pessoal do Poder legislativo totalizaram, na verdade, R$ 182.390,67 ou 4,36% da Receit -"
Corrente Líquida - RCL do exercício, R$ 4.185.587,71, a importância registrada o )
RGF do 2° semestre foi de apenas R$ 156.247,00 ou 3,73% da RCl, conforme fI. 61. i-:"
Y_,~
,r:f
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 01268/07

Tal fato, além de demonstrar um certo desprezo da autoridade responsável aos preceitos
estabelecidos na lei instituidora de normas gerais de direto financeiro - Lei Nacional
°
n. 4.320/64 -, prejudica a transparência das contas públicas pretendida com o advento da
Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, onde o RGF figura como instrumento dessa
transparência, conforme preceituam o seu art. 48, já transcrito, e seu art. 10, § 10,
verbo ad verbum:

Art. 10. (omissis)

§ 10 A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e


transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de
afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas
de resultados entre receitas e despesase a obediência a limites e condições
no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de
crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e
inscrição em Restosa Pagar.

No tocante aos gastos com assessoria contábil, cujo valor despendido no exercício sub studio
foi de R$ 13.361,99, fI. 90, assinalados como despesa não licitada pelos especialistas desta
Corte de Contas, fls. 93, impende comentar que, não obstante as últimas decisões deste
Pretório acerca da admissibilidade da utilização de procedimento de inexigibilidade de
licitação para a contratação dos referidos serviços, guardo reservas em relação a esse
entendimento por considerar que tais despesas não se coadunam com aquela hipótese,
tendo em vista não se tratar de atividades extraordinárias que necessitam de profissionais
altamente habilitados nas suas respectivas áreas, sendo, portanto, atividades rotineiras da
Comuna.

In casu, o ex-Presidente da Câmara deveria ter realizado o devido concurso público para a
contratação do referido profissional. Neste sentido, cabe destacar que a ausência do certame
público para seleção de servidores afronta os princípios constitucionais da impessoalidade,
da moralidade administrativa e da necessidade de concurso público, devidamente
estabelecidos na cabeça e no inciso 11, do art. 37, da Constituição Federal,
verbum pro verbo:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderesda


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade,moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:

I -(omissis)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.O 01268/07

a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em


lei, ressalvadasas nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração; (grifos ausentes no texto original)

Abordando o tema em disceptação, o insigne Procurador do Ministério Público de Contas,


Dr. Marcílio Toscano Franca Filho, nos autos do Processo TC n.o 02791/03, epilogou de
forma bastante clara uma das facetas dessa espécie de procedimento adotado por grande
parte dos gestores municipais, ipsis ütteris:

Não bastassem tais argumentos, o expediente reiterado de certos


advogados e contadores perceberem verdadeiros "salários" mensais da
Administração Pública,travestidos em "contratos por notória especialização",
em razão de serviços jurídicos e contábeis genéricos, constitui burla ao
imperativo constitucional do concurso público. Muito fácil ser profissional
"liberal" às custas do erário público. Não descabe lembrar que o concurso
público constitui meritório instrumento de índole democrática que visa
apurar aptidões na seleção de candidatos a cargos públicos, garantindo
impessoalidade e competência. JOÃO MONTEIRO lembrara, em outras
palavras, que só menosprezamos concursos aqueles que lhes não sentiram
as glórias ou não lhes absorveram as dificuldades. (grifos nossos)

Comungando com o supracitado entendimento, no reportamos, desta feita, à jurisprudência


do respeitável Supremo Tribunal Federal - STF, senão vejamos:

AÇÃO POPULAR- PROCEDÊNCIA - PRESSUPOSTOS. Na maioria das vezes,


a lesividade ao erário público decorre da própria ilegalidade do ato
praticado. Assim o é quando dá-se a contratação, por município, de serviços
que poderiam ser prestados por servidores, sem a feitura de licitação e sem
que o ato tenha sido precedido da necessária justificativa. (STF - 2a
Turma - RE nO 160.381jSP, ReI. Ministro Marco Aurélio, Diário da Justiça,
12 ago. 1994, p. 20.052)

Em termos de dispêndios não comprovados, encontram-se no rol das máculas apontadas na )


instrução do presente feito os seguintes gastos, que totalizaram R$ 1.247,60: a) serviços ..
advocatícios, no valor de R$ 1.052,63, relativos à propositura de ação estranha aos'
interesses da Câmara Municipal; e b) despesas não informadas ~o SAGRES e não \ I, ~

identificadas na movimentação da CONTA CORRENTE BB - CM GURJAO n.O 5.256-6, na \


soma de R$ 194,97.

Em relação ao primeiro, é importante salientar que os analistas deste Pretório de Conta


verificaram que o dispêndio, em favor do Dr. Alberto Clemente de Araújo, correspondí à
IMPETRAÇÃO DE AÇÃO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL EM DESFAVOR DO INSS, fi 88.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 01268/07

No entanto, inexiste nos autos comprovação de que tal despesa seria, de fato, de
responsabilidade do Poder Legislativo da Urbe, razão pela qual os peritos da unidade técnica
presumiram que se tratava de assunto de interesse pessoal dos Vereadores, cabendo,
portanto, a estes os gastos com os serviços contratados, fI. 97.

Quanto ao segundo, os valores não identificados constavam na conciliação bancária da conta


pertencente ao Poder Legislativo, em 31 de dezembro de 2006, como CHEQUES A
COMPENSAR, fls. 75/76. Todavia, não há despesa correspondente registrada no SAGRES e
não houve compensação no mês de janeiro de 2007, conforme extrato bancário encartado
às fls. 77/79.

Portanto, as irregularidades listadas alhures representam dispêndios efetivamente pagos,


mas em flagrante desrespeito aos princípios básicos da pública administração, haja vista que
não constam nos autos os elementos comprobatórios da sua pertinência com as atividades
do Legislativo e da efetiva realização de seus objetos. Concorde entendimento uníssono da
doutrina e jurisprudência, a carência de documentos que comprovem os gastos públicos
consiste em fato suficiente à imputação do débito, além das demais penalidades aplicáveis à
espécie.

O artigo 70, parágrafo único, da Constituição Federal, dispõe que a obrigação de prestar
contas abrange toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União, os
Estados ou os Municípios respondam, ou que, em nome destes entes, assuma obrigações de
natureza pecuniária.

Importa notar que imperativa é não só a prestação de contas, mas também a sua completa
e regular prestação, já que a ausência ou a imprecisão de documentos que inviabilizem ou
tornem embaraçoso o seu exame é tão grave quanto a omissão do próprio dever de
prestá-Ias, sendo de bom alvitre destacar que a simples indicação, em extratos, notas de
empenho, notas fiscais ou recibos, do fim a que se destina o dispêndio não é suficiente para
comprová-lo, regularizá-lo ou legitimá-lo.

Nesse contexto, merece transcrição o disposto no artigo 113, da Lei de Licitações e


Contratos Administrativos - Lei Nacional n.O 8.666/93 -, que estabelece a necessidade do
administrador público comprovar a legalidade, a regularidade e a execução da despesa,
in verbis:

Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais


instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas
competente, na forma da legislação pertinente, ficando os órgãos L 1
interessados da Administracão responsáveis pela demonstração da \
legalidade e regularidade da despesa e exeçução, nos termos da .
Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela p,r,MVio. ,'
(grifamos)~- r •

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~,
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 01268/07

Nesse sentido, dignos de referência são os ensinamentos dos festejados doutrinadores


J. Teixeira Machado Júnior e Heraldo da Costa Reis, in Lei 4.320 Comentada, 28 ed, Rio de
Janeiro: IBAM, 1997, p. 125, verbatim:

Os comprovantes da entrega do bem ou da prestação do serviço não


devem, pois, limitar-se a dizer que foi fornecido o material, foi prestado o
serviço, mas referir-se à realidade de um e de outro, segundo as
especificações constantes do contrato, ajuste ou acordo, ou da própria lei
que determina a despesa.

Ademais, os princípios da legalidade, da moralidade e da publicidade administrativas,


estabelecidos no artigo 37, caput, da Lei Maior, demandam, além da comprovação da
despesa, a efetiva divulgação de todos os atos e fatos relacionados à gestão pública.
Portanto, cabe ao ordenador de despesas, e não ao órgão responsável pela fiscalização,
provar que não é responsável pelas infrações, que lhe são imputadas, às leis e aos
regulamentos na aplicação do dinheiro público, consoante entendimento do ego Supremo
Tribunal Federal - STF, verbo ad verbum:

MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.


CONTAS JULGADAS IRREGULARES. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO
ARTIGO 53 DO DECRETO-LEI 199/67. A MULTA PREVISTA NO ARTIGO 53
DO DECRETO-LEI 199/67 NÃO TEM NATUREZA DE SANÇÃO DISCIPLINAR.
IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGAÇÕES RELATIVAS A CERCEAMENTO DE
DEFESA. EM DIREITO FINANCEIRO, CABE AO ORDENADOR DE DESPESAS
PROVAR OUE NÃO É RESPONSÁVEL PELAS INFRAÇÕES, OUE LHE SÃO
IMPUTADAS, DAS LEIS E REGULAMENTOS NA APLICAÇÃO DO DINHEIRO
PÚBLICO. COINCIDÊNCIA, AO CONTRÁRIO DO QUE FOI ALEGADO, ENTRE
A ACUSAÇÃO E A CONDENAÇÃO, NO TOCANTE À IRREGULARIDADE DA
LICITAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA INDEFERIDO. (STF - Pleno - MS
20.335/DF, ReI. Ministro Moreira Alves, Diário da Justiça, 25 fev. 1983, p. 8)
(grifo inexistente no texto original)

Visando aclarar o tema em disceptação, vejamos parte do voto do ilustre Ministro Moreira
Alves, relator do supracitado Mandado de Segurança, verbum pro verbo:

Vê-se, pois, que em tema de Direito Financeiro, mais particularmente, em


tema de controle da aplicação dos dinheiros públicos, a responsabilidade do " \
\
Ordenador de Despesas pelas irregularidades apuradas se presume, até
prova em contrário, por ele subministrada.
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A afirmação do impetrante de que constitui heresia jurídica presumir-se a


culpa do Ordenador de despesas pelas irregularidades de que se cogita, não
procede, portanto, parecendo decorrer, quiçá, do desconhecimento das
normas de Direito Financeiro que regem a espécie. (nosso grifo)

Já O eminente Ministro Marco Aurélio, relator, na Segunda Turma do STF, do Recurso


Extraordinário n.O 160.381/SP, publicado no Diário da Justiça de 12 de agosto de 1994,
página n.O 20.052, destaca, em seu voto, o seguinte entendimento: "O agente público não
só tem que ser honesto e probo, mas tem que mostrar que possui tal qualidade. Como a
mulher de César."

Ademais, cabe destacar que a ausência de contestação por parte do interessado enseja a
presunção de veracidade dos fatos afirmados na peça exordial, concorde disciplina o
art. 210, do Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba - RITCE/PB,
c/c o art. 319 do Código de Processo Civil - CPC, respectivamente, ipsis Iitterts:

Art. 210. Aplicam-se subsidiariamente a este regimento interno as normas


processuais em vigor, no que couber, desde que compatíveis com os
princípios informativos do processo administrativo e com a sua Lei Orgânica.

Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos


afirmados pelo autor.

No que respeita à divergência de informações entre os dados constantes no SAGRES e


aqueles da Prestação de Contas Anual - PCA, evidenciaram os inspetores desta Corte que
naquele havia o registro de um veículo da marca VOLKSWAGEN, MODELO GOL, ANO 1988,
PLACA MND 9090, não informado na RELAÇÃO DE VEÍCULOS apresentada na PCA, fls. 34 e
89. Importa notar que o referido bem também não constava no BALANÇO PATRIMONIAL,
fI. 26. Desta feita, está caracterizada uma incompatibilidade não justificada entre
demonstrativos enviados ao Tribunal, o que compromete a confiabilidade das informações
prestadas pela Câmara Municipal de Gurjão/PB.

Finalmente, tem-se a emissão de declarações inverídicas pelo Presidente da Câmara


Municipal de Gurjão, durante o exercício financeiro de 2006, Sr. Osman Coutinho Ramos,
que atestava o recebimento dos balancetes mensais encaminhados pelo Poder Executivo da ~
Comuna devidamente acompanhados da documentação de despesa. Em diligência realizada
nos arquivos do Poder Legislativo, os técnicos do Tribunal evidenciaram que os referidos
balancetes não continham cópias dos comprovantes de despesa, em ardente desrespeito ao . \ \~,
preconizado no § 3°, do art. 48, da Lei Orgânica do TCE/PB - LOTCE/PB. \ "

Cabe destacar que os balancetes encaminhados mensalmente ao Tribunal pelos gesto es


públicos municipais servem como meio de acompanhamento da execução das receit
despesas públicas. Na verdade, são peças de suma importância, haja vista que após
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consolidação anual teremos extraído a prestação de contas do exercício financeiro do


respectivo órgão ou entidade.

Neste sentido, a Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar Estadual n.O 18, de 13 de julho
de 1993 -, em seu artigo 48, §§ 10 a 40, definiu que os balancetes apresentados ao Sinédrio
de Contas serão, também, enviados para à Câmara Municipal acompanhados de cópias dos
devidos comprovantes de despesas. Contudo, o descumprimento acarreta o bloqueio da
movimentação das contas bancárias do Município e de suas respectivas entidades da
administração indireta, in verbis.

Art. 48 - (omissis)

§ 1° - Para habilitar °Tribunal a acompanhar e julgar suas contas, os


Municípios lhe enviarão, mensalmente, até o último dia do mês subseqüente
ao vencido e na forma prevista em instruções específicas, os balancetes
acompanhados de cópia dos devidos comprovantes de despesas a que se
refiram, tais, como recibos, faturas, documentos fiscais e outros
demonstrativos necessários.

§ 20 - O atraso na remessa dos balancetes mensais dos Municípios ao


Tribunal de Contas autoriza este último a determinar às instituições
financeiras depositárias, enquanto persistir o atraso, o bloqueio da
movimentação das contas bancárias do Município e respectivas entidades da
administração indireta.

§ 3° - Os balancetes, acompanhados de cópias dos devidos comprovantes


de despesas, de que trata o § 10 deste artigo, serão enviados também à
Câmara Municipal competente até o último dia útil do mês subseqüente ao
vencido.

§ 4° - No caso de não cumprimento do parágrafo anterior, o Tribunal de


Contas do Estado tomará providências para que sejam adotadas medidas de
que trata o § 2° deste artigo. (grifo ausente no original)

Além disso, este Pretório de Contas, com base no art. 3° da citada lei orgânica, estabeleceu,
mediante a Resolução Normativa RN - Te - 04/2004, na sua redação original aplicável à
época, que o balancete mensal deve vir acompanhado, dentre outros documentos, do
comprovante de encaminhamento ao Poder Legislativo Municipal, nos termos do seu art. 60, \
inciso VI, senão vejamos:

Art. 6° - A parte documental do balancete, referida no artigo 10 da presente


resolução,compreenderá:

L (omissis)
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PROCESSO TC N.O 01268/07

( ...)

VI - Comprovante de encaminhamento do Balancete para a Câmara


Municipal;

Portanto, recomenda-se ao atual Chefe Poder Legislativo de Gurjão/PB, Sr. José Elias Borges
Batista, que somente ateste o recebimento dos balancetes mensais do Poder Executivo da
Urbe se estes preencherem os requisitos estabelecidos na Lei Complementar Estadual
n.O 18/93, a fim de garantir o acompanhamento da execução orçamentária e a fiscalização
dos gastos públicos, que também compete aos Vereadores da Comuna.

Feitas essas colocações, merece destaque o fato de que duas das máculas encontradas nos
presentes autos são suficientes para o julgamento irregular da prestação de contas
sub judice, conforme determinam os itens "2.9" e "2.12" c/c o item "6" do parecer que
uniformiza a interpretação e análise, pelo Tribunal, de alguns aspectos inerentes às
Prestações de Contas dos Poderes Municipais (Parecer Normativo PN - TC - 52/2004),
verbum pro verbo:

2. Constituirá motivo de emissão, pelo Tribunal, de PARECER CONTRÁRIO à


aprovação de contas de Prefeitos Municipais, independente de imputação de
débito ou multa, se couber, a ocorrência de uma ou mais das irregularidades
a seguir enumeradas:

2.1. (omissis)

( ) ...
2.9. incompatibilidade não justificada entre os demonstrativos, inclusive
contábeis, apresentados em meios físico e magnético ao Tribunal;

( ...)

2.12 não publicação e não encaminhamento ao Tribunal dos Relatórios


Resumidos de Execução Orçamentária (REO) e dos Relatórios de Gestão
Fiscal (RGF), nos termos da legislação vigente;

( ...)
6. O Tribunal julgará irregulares as Prestações de Contas de Mesas de
Câmaras de Vereadores que incidam nas situações previstas no item 2, no
que couber, realizem pagamentos de despesas não previstas em lei,
inclusive remuneração em excesso e ajudas de custos indevidas aos edis

J:::.;.
descumprimento dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e de de . ões '>, •
deste Tribunal. (grifos nossos)

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/ ...•~ ,

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

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Por fim, ante as transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio,


decorrentes da conduta implementada pelo ex-Chefe do Poder Legislativo da Comuna de
Gurjão, Sr. Osman Coutinho Ramos, resta configurada a necessidade imperiosa de aplicação
da multa de até R$ 2.805,10 - valor atualizado pela Portaria n.o 039/06 do TCE/PB -,
prevista no art. 56, incisos H e HI, da referida Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar
Estadual n.? 18/93, verbatim:

Art. 56 - O Tribunal pode também aplicar multa de até Cr$ 50.000.000,00


(cinqüenta milhões de cruzeiros) aos responsáveis por:

I- (omissis)

II - infração grave a norma legal ou regulamentar de natureza contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

III - ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado


dano ao Erário;

Ex positis, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) Com fundamento no art. 71, inciso H, da Constituição Estadual, e no art. 1°, inciso I, da
Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGUE IRREGULARES as contas do ordenador de
despesas da Câmara Municipal de Gurjão/PB, durante o exercício financeiro de 2006,
Vereador Osman Coutinho Ramos.

2) IMPUTE ao ex-Presidente do Poder Legislativo, Sr. Osman Coutinho Ramos, débito


relativo a despesas irregulares, no montante de R$ 1.247,60 (um mil, duzentos e quarenta e
sete reais e sessenta centavos), sendo R$ 1.052,63, referentes a dispêndios com serviços
advocatícios estranhos aos interesses da Edilidade, e R$ 194,97, concernentes a
movimentações bancárias não identificadas e sem a correspondente comprovação de
despesa.

3) FIXE o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do débito imputado, cabendo ao atual Prefeito Municipal de Gurjão/PB, Sr. José
Carlos Vidal, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele período, zelar
pelo seu integral cumprimento, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério
Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição
do Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.

4) APLIQUE MUL TA ao ex-Chefe do Poder Legislativo, Sr. Osman Coutinho Ramos, no alor
de R$ 1.000,00 (um mil reais), com base no que dispõe o art. 56, incisos H e IH, a Lei
Complementar Estadual n.O 18/93 - LOTCE/PB.
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5) CONCEDA-LHE o lapso temporal de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário da


penalidade ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto
no art. 30, alínea "a", da Lei Estadual n.o 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à
Procuradoria Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o
término daquele período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do
Ministério Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da
Constituição do Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40 do ego Tribunal de Justiça do Estado
da Paraíba - TJ/PB.

6) ENVIE recomendações no sentido de que o atual Presidente da Câmara Municipal de


Gurjão/PB, Sr. José Elias Borges Batista, não repita as irregularidades apontadas no relatório
dos peritos da unidade técnica deste Tribunal e observe, sempre, os preceitos
constitucionais, legais e regulamentares pertinentes.

7) DETERMINE a apuração, em processo apartado, da carência de publicação do Relatório de


Gestão Fiscal do Poder Legislativo da Comuna de Gurjão/PB, referente ao primeiro semestre
de 2006, com o intuito de uniformizar o entendimento do Tribunal acerca da matéria.

8) com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, REMETA
cópia dos presen autos à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba para
as providência cabív ls,

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