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PROCESSOTC-06.093/07
Administração direta. Prefeitura Municipal de
Aroeiras. Inspeção Especial. Constatação de
irregularidades; imputação de débito;
assinaçãodo prazo de 60 (sessenta) dias para
recolhimento voluntário do débito, sob pena
de execução, desde logo recomendada;
encaminhamento desta decisão para subsidiar
a análise da prestação de contas relativa ao
exercício de 2007.
1. RELATÓRIO
01. Os autos do presente Processo TC 06.093/07 se refere à inspeção especial realizada
no Município de Aroeiras, no período de 10 a 14.08.2007, em atendimento a Ordem
de Serviço nO. 310/07 da Diretoria de Auditoria e Fiscalização - DIAFI, objetivando
verificar as disponibilidades financeiras registradas em caixa/tesouraria e bancos,
durante o período de 01 de janeiro a 11 de setembro de 2007, tendo a Auditoria
emitido o relatório (fls. 02/04), com as seguintes constatações:
01.01. existência de saldo a descoberto no caixa/tesouraria, no valor de
R$522.685,20, caracterizando crime de responsabilidade previsto no
Decreto-Lei 201 de 27 de fevereiro de 1967.
01.02. emissão de 82 cheques sem provisão de fundos, gerando encargos
financeiros no valor de R$1.589,32, além da existência de talonários de
cheques assinados e endossados em branco pelos responsáveis pela
movimentação financeira, caracterizando total descontrole financeiro do
município.
01.03. realização de despesa sem prévio empenho, contrariando os art. 58, 60,
61, 62, 63, 64 da Lei nO. 4.320/64, além da existência de recibos
assinados em banco pelos supostos credores sem nenhuma especificação
do histórico e data do pagamento da despesa.
01.04. pagamento de despesas com valores elevados através de caixa/tesouraria,
contrariando princípios administrativos e financeiros, bem como os art. 164
§ 30. e 192 § 20 da Constituição Federal.
01.05. atraso no pagamento de pessoal (parte da folha de junho, julho e agosto),
prestadores de serviços entre outros, demonstrando ausência de controle
orçamentário, financeiro e administrativo do município.
02. Notificado, o Prefeito José Francisco Marques não veio aos autos apresentar defesa.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
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03. Submetido os autos ao Ministério Público junto ao Tribunal, este, através do Parecer
nO. 0216/08 da lavra da Procuradora, SHEYLA BARRETO BRAGA DE QUEIROZ,
observou que, inobstante permanecer inerte o Chefe do Executivo, não é demasiado
proporcionar a este a garantia constitucional e fundamental do devido processo legal,
com vistas a assegurar, novamente, o contraditório e a ampla defesa, até para evitar
cominações de multas, constatações de ilícitos nas searas administrativa, penal e ou
previdenciária, sem prejuízo da perquirição de outras irregularidades, e opinou pela
assinação de prazo ao prefeito para vir aos autos e colacionar provas,
preferencialmente documentais, bastantes a elidir o rol de irregularidades e
imputações de débito apontados pela Auditoria, sob pena, inicialmente de incursão
em multa pessoal e demais sanções e responsabilidades administrativas.
04. O processo foi incluído na pauta desta sessão, feitas as notificações de praxe.
2. VOTO DO RELATOR
Devidamente notificado, o Prefeito não veio aos autos apresentar defesa,
remanescendo portanto todas as irregularidades anteriormente apontadas pelo órgão de
técnico deste Tribunal, observando que mesmo após realizada inspeção no município, não
ocorreu mudança na prática de saldo elevado em caixa, conforme se verifica no 5AGRES.
Pelo exposto o Relator vota pela imputação de débito ao prefeito JOSÉ
FRANCISCO MARQUES, no total de R$524.274,52 (quinhentos e vinte e quatro mil,
duzentos e setenta e quatro reais e cinqüenta e dois centavos), sendo R$522.685,20, por
saldo a descoberto em tesouraria/caixa e, R$1.589,32, por pagamento de encargos
financeiros, decorrente de emissão de cheques sem provisão de fundos, assinando-lhe o
prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário do débito, sob pena de
execução, desde logo recomendada; encaminhamento desta decisão para subsidiar a
análise da prestação de contas relativa ao exercício de 2007.
3. DECISÃO DO TRIBUNAL
Vistos, relatados e discutidos os autos do PROCESSO
TC-D6.D93jD7, os MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
DA PARAÍBA (TCE-Pb), à unanimidade, na sessão realizada nesta
data, ACÓRDAM em:
L Imputar débito ao prefeito JOSÉ FRANCISCO MARQUES,
no total de R$524.274,52 (quinhentos e vinte e quatro
mil, duzentos e setenta e quatro reais e cinqüenta e dois
centavos), sendo R$522.685,20, por saldo a descoberto
em tesouraria/caixa e, R$1.589,32, por pagamento de
encargos financeiros, decorrente de emissão de cheques
sem provisão de fundos, assinando-lhe o prazo de 60
(sessenta) dias para recolhimento voluntário do débito,
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PROCESSO TC-OG.093/07
IL Determinar o encaminhamento desta decisão para
subsidiar a análise da prestação de contas relativa ao
exercício de 2007.
Publique- e, intime
Sala das Sessões do CE- - te 'rio Ministro João Agripino.
João Pess léJ. O de aio 2008.
3) FIXAR o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do débito imputado, cabendo ao atual Prefeito Municipal de Gurjão/PB, Sr. José
Carlos Vidal, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele período, zelar
pelo seu integral cumprimento, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério
Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 40, da Constituição
do Estado da Paraíba, e na Súmula n.O 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.
4) APLICAR MULTA ao ex-Chefe do Poder Legislativo, Sr. Osman Coutinho Ramos, no valor
de R$ 1.000,00 (um mil reais), com base no que dispõe o art. 56, incisos II e III, da Lei
Complementar Estadual n.O 18/93 - LOTCE/PB.
8) com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, REMETER
cópia dos presentes autos à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba para
as providências cabíveis.
Presente:
Representa te do Ministério Público Especial
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Quanto aos subsídios dos Vereadores, verificaram os técnicos da antiga DIAGM VI que:
a) os Membros do Poder Legislativo da Comuna receberam subsídios de acordo com o
disciplinado no art. 29, inciso VI, da Lei Maior; b) os estipêndios dos Edis estiveram dentro
dos limites instituídos na Lei Municipal n.o 124/2004; e c) os vencimentos totais recebidos no
exercício pelos Vereadores, inclusive o do Chefe do Legislativo, alcançaram o montante de
R$ 113.970,00, correspondendo a 2,76% da receita orçamentária efetivamente arrecadada
no exercício pelo Município - R$ 4.123.585,35.
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matéria em que o interesse da Câmara Municipal não foi comprovado, na import ;1 \,.)\.:
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
É o relatório.
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificad
dessesdocumentos.
C· .. )
Art. 55. C omissis)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
§ 1° (...)
Consoante previsto no art. 5°, inciso I, parágrafos 1° e 2°, da lei que dispõe, dentre outras,
acerca das infrações contra as normas de finanças públicas - lei Nacional n.o 10.028, de
19 de outubro de 2000 -, a não divulgação do relatório de gestão fiscal, nos prazos e
condições estabelecidos, constitui violação administrativa, processada e julgada pelo Tribunal
de Contas, sendo passível de punição mediante a aplicação de multa pessoal de trinta por
cento dos vencimentos anuais ao agente que lhe der causa, verbatim:
II - ( ...)
§ 1º A infração prevista neste artigo é punida com multa de trinta por cento
dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento
da multa de sua responsabilidade pessoal.
Por outro lado, foi observado pelos técnicos do Tribunal, fls. 96/97, que os dados constantes \.J
no Relatório de Gestão Fiscal - RGF do segundo semestre do período apresentaram~ ~
imperfeições técnicas, notadamente no tocante ao valor das despesas com pessoal, por não ~c
computar as obrigações patronais, na soma de R$ 28.041,85, e por incluir, indevidamente, \
as despesas com salário família, na quantia de R$ 1.898,12. Assim, enquanto os gastos com \
pessoal do Poder legislativo totalizaram, na verdade, R$ 182.390,67 ou 4,36% da Receit -"
Corrente Líquida - RCL do exercício, R$ 4.185.587,71, a importância registrada o )
RGF do 2° semestre foi de apenas R$ 156.247,00 ou 3,73% da RCl, conforme fI. 61. i-:"
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Tal fato, além de demonstrar um certo desprezo da autoridade responsável aos preceitos
estabelecidos na lei instituidora de normas gerais de direto financeiro - Lei Nacional
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n. 4.320/64 -, prejudica a transparência das contas públicas pretendida com o advento da
Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF, onde o RGF figura como instrumento dessa
transparência, conforme preceituam o seu art. 48, já transcrito, e seu art. 10, § 10,
verbo ad verbum:
No tocante aos gastos com assessoria contábil, cujo valor despendido no exercício sub studio
foi de R$ 13.361,99, fI. 90, assinalados como despesa não licitada pelos especialistas desta
Corte de Contas, fls. 93, impende comentar que, não obstante as últimas decisões deste
Pretório acerca da admissibilidade da utilização de procedimento de inexigibilidade de
licitação para a contratação dos referidos serviços, guardo reservas em relação a esse
entendimento por considerar que tais despesas não se coadunam com aquela hipótese,
tendo em vista não se tratar de atividades extraordinárias que necessitam de profissionais
altamente habilitados nas suas respectivas áreas, sendo, portanto, atividades rotineiras da
Comuna.
In casu, o ex-Presidente da Câmara deveria ter realizado o devido concurso público para a
contratação do referido profissional. Neste sentido, cabe destacar que a ausência do certame
público para seleção de servidores afronta os princípios constitucionais da impessoalidade,
da moralidade administrativa e da necessidade de concurso público, devidamente
estabelecidos na cabeça e no inciso 11, do art. 37, da Constituição Federal,
verbum pro verbo:
I -(omissis)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
No entanto, inexiste nos autos comprovação de que tal despesa seria, de fato, de
responsabilidade do Poder Legislativo da Urbe, razão pela qual os peritos da unidade técnica
presumiram que se tratava de assunto de interesse pessoal dos Vereadores, cabendo,
portanto, a estes os gastos com os serviços contratados, fI. 97.
O artigo 70, parágrafo único, da Constituição Federal, dispõe que a obrigação de prestar
contas abrange toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União, os
Estados ou os Municípios respondam, ou que, em nome destes entes, assuma obrigações de
natureza pecuniária.
Importa notar que imperativa é não só a prestação de contas, mas também a sua completa
e regular prestação, já que a ausência ou a imprecisão de documentos que inviabilizem ou
tornem embaraçoso o seu exame é tão grave quanto a omissão do próprio dever de
prestá-Ias, sendo de bom alvitre destacar que a simples indicação, em extratos, notas de
empenho, notas fiscais ou recibos, do fim a que se destina o dispêndio não é suficiente para
comprová-lo, regularizá-lo ou legitimá-lo.
(0)" :~"p'3i,
~,
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Visando aclarar o tema em disceptação, vejamos parte do voto do ilustre Ministro Moreira
Alves, relator do supracitado Mandado de Segurança, verbum pro verbo:
Ademais, cabe destacar que a ausência de contestação por parte do interessado enseja a
presunção de veracidade dos fatos afirmados na peça exordial, concorde disciplina o
art. 210, do Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba - RITCE/PB,
c/c o art. 319 do Código de Processo Civil - CPC, respectivamente, ipsis Iitterts:
Neste sentido, a Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar Estadual n.O 18, de 13 de julho
de 1993 -, em seu artigo 48, §§ 10 a 40, definiu que os balancetes apresentados ao Sinédrio
de Contas serão, também, enviados para à Câmara Municipal acompanhados de cópias dos
devidos comprovantes de despesas. Contudo, o descumprimento acarreta o bloqueio da
movimentação das contas bancárias do Município e de suas respectivas entidades da
administração indireta, in verbis.
Art. 48 - (omissis)
Além disso, este Pretório de Contas, com base no art. 3° da citada lei orgânica, estabeleceu,
mediante a Resolução Normativa RN - Te - 04/2004, na sua redação original aplicável à
época, que o balancete mensal deve vir acompanhado, dentre outros documentos, do
comprovante de encaminhamento ao Poder Legislativo Municipal, nos termos do seu art. 60, \
inciso VI, senão vejamos:
L (omissis)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
( ...)
Portanto, recomenda-se ao atual Chefe Poder Legislativo de Gurjão/PB, Sr. José Elias Borges
Batista, que somente ateste o recebimento dos balancetes mensais do Poder Executivo da
Urbe se estes preencherem os requisitos estabelecidos na Lei Complementar Estadual
n.O 18/93, a fim de garantir o acompanhamento da execução orçamentária e a fiscalização
dos gastos públicos, que também compete aos Vereadores da Comuna.
Feitas essas colocações, merece destaque o fato de que duas das máculas encontradas nos
presentes autos são suficientes para o julgamento irregular da prestação de contas
sub judice, conforme determinam os itens "2.9" e "2.12" c/c o item "6" do parecer que
uniformiza a interpretação e análise, pelo Tribunal, de alguns aspectos inerentes às
Prestações de Contas dos Poderes Municipais (Parecer Normativo PN - TC - 52/2004),
verbum pro verbo:
2.1. (omissis)
( ) ...
2.9. incompatibilidade não justificada entre os demonstrativos, inclusive
contábeis, apresentados em meios físico e magnético ao Tribunal;
( ...)
( ...)
6. O Tribunal julgará irregulares as Prestações de Contas de Mesas de
Câmaras de Vereadores que incidam nas situações previstas no item 2, no
que couber, realizem pagamentos de despesas não previstas em lei,
inclusive remuneração em excesso e ajudas de custos indevidas aos edis
J:::.;.
descumprimento dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e de de . ões '>, •
deste Tribunal. (grifos nossos)
'" §0~
/ ...•~ ,
\
~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
I- (omissis)
1) Com fundamento no art. 71, inciso H, da Constituição Estadual, e no art. 1°, inciso I, da
Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGUE IRREGULARES as contas do ordenador de
despesas da Câmara Municipal de Gurjão/PB, durante o exercício financeiro de 2006,
Vereador Osman Coutinho Ramos.
3) FIXE o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário aos cofres públicos
municipais do débito imputado, cabendo ao atual Prefeito Municipal de Gurjão/PB, Sr. José
Carlos Vidal, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele período, zelar
pelo seu integral cumprimento, sob pena de responsabilidade e intervenção do Ministério
Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição
do Estado da Paraíba, e na Súmula n.o 40 do colendo Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.
4) APLIQUE MUL TA ao ex-Chefe do Poder Legislativo, Sr. Osman Coutinho Ramos, no alor
de R$ 1.000,00 (um mil reais), com base no que dispõe o art. 56, incisos H e IH, a Lei
Complementar Estadual n.O 18/93 - LOTCE/PB.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
8) com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, REMETA
cópia dos presen autos à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado da Paraíba para
as providência cabív ls,