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TRIBUNAL

I
DE CONTAS oo ESTADO
PROCESSO TC N. 04778/07
Denúncia formulada contra o Prefeito do Município de João
Pessoa, Sr. Ricardo Coutinho e o Secretário Executivo da
Receita do Município de João Pessoa, Sr. Nailton Rodrigues
Ramalho. Pela improcedência.

ACÓRDÃO APL TC N.o ltct /2008

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC n. ° 04778/07, que trata de


denúncia apresentada pelo Vereador Francisco Adelino dos Santos contra o Secretário Executivo da
Receita do Município de João Pessoa, Sr. Nailton Rodrigues Ramalho, e o Prefeito do Município de João
Pessoa, Sr. Ricardo Coutinho, em virtude da publicação da Portaria nº 001/SER, do dia 02 de janeiro de
2006, efetuando o lançamento, para o exercício de 2006, do Imposto Predial Territorial Urbano -IPTU, da
Taxa de Coleta de Resíduo - TCR, e as datas do calendário fiscal, contendo, em anexo, notificação
editalícia dos contribuintes do IPTU e do TCR;

CONSIDERANDO que através de documento protocolizado neste Tribunal sob nO01444/06


foi formulada denúncia, requerendo a punição dos responsáveis pela expedição/publicação da Portaria n°
001/SER, com a imputação da multa estipulada no art. 56, 11, da LOTCE; e cujos fatos encontram-se
resumidamente expostos a seguir:

1. que a expedição da Portaria nº 001/SER, de 02 de janeiro de 2006, pelo Sr. Nailton Rodrigues
Ramalho, e a sua publicação, pelo Sr. Ricardo Coutinho, afrontam diversas disposições normativas
do ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que o referido mister contém, em anexo, edital de
notificação de todos os contribuintes do IPTU e da TCR do município de João Pessoa, publicados
com fulcro no art. 180, § 7º, 11, da Lei Complementar nº 02/91 - Código Tributário Municipal;
2. que consoante este dispositivo legal, a notificação do lançamento através de edital somente é
aceitável na hipótese de impossibilidade de localização do contribuinte, o que não se vislumbra no
presente caso, visto que todos os contribuintes do IPTU e da TCR do município de João Pessoa,
mesmo com domicílio fiscal certo e sabido, tiveram seus nomes e imóveis constantes do edital de
notificação de lançamento;
3. que um outro dispositivo legal descumprido com a expedição/publicação da Portaria nº 001/SER
diz respeito à obrigatoriedade do sigilo fiscal, estabelecido no art. 228 da Lei Complementar nº
02/91 - Código Tributário Municipal; e, portanto, ao publicar o referido edital, a Administração
Pública Municipal levou a conhecimento público informações restritas dos contribuintes do
município, incorrendo, conforme alegação do denunciante, em crimes de divulgação de dados
protegidos, violação de segredo profissional e improbidade administrativa;
4. que: "os denunciados agiram com evidente negligência na arrecadação dos mencionados tributos,
vez que não se valeram das exigências legais que deveriam resguardar o lançamento dos tributos,
efetuando a notificação por meio legal não aplicável à hipótese concreta, o que demonstra uma
total ausência de preocupação ou indiferença em relação ao ato realizado";

CONSIDERANDO que a Auditoria deste Tribunal, procedeu à análise da Denúncia,


argumentando, preliminarmente, que, com base no que dispõe o art. 2º do RITCE, a matéria extrapola as
competências desta Corte, discriminadas em seu Regimento Interno, art. 20, entretanto, ao examinar do
mérito da questão, conclui que, o art. 180, § 70, 11, da Lei Complementar nO02/91 - Código Tributário
Municipal não foi descumprido pelo ato de notificação editalícia, uma vez que este dispositivo menciona
que a Administração Pública pode fazer uso do edital sempre que o interesse público assim o exigir e, no

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tocante à divulgação de informações sigilosas dos contribuintes, a matéria em quesi-o é passível de
apreciação judicial para apuração de eventuais irregularidades; I) I
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC N. 04778/07

CONSIDERANDO que o Ministério Público especial junto do TCE-PB, através do Parecer


n01459/07,manifesta-se pela incompetência do TCE/PB para apreciação dos fatos alegados como atos de
improbidade ou crime, ressaltando ser a matéria de interesse subjetivo do contribuinte, sendo este parte
legítima para impugnar o lançamento tributário constante da Portaria n° 001/SER e sugerindo o não
conhecimento da denúncia ou, caso ultrapassado tal fase, a sua improcedência;

CONSIDERANDO que em vista das conclusões da Auditoria e do MPjTCE/PB , os


denunciados não foram notificados;

CONSIDERANDO o Relatório da Auditoria, os Pareceres escrito e oral da Procuradora Geral,


o voto do relator e o mais que dos autos consta,

ACORDAM os Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, por maioria de


votos, em sessão plenária realizada nesta data, em conhecer da denúncia apresentada contra o Prefeito
do Município de João Pessoa, Sr. Ricardo Coutinho e o Secretário Executivo da Receita do Município de
João Pessoa, Sr. Nailton Rodrigues Ramalho, tendo em vista a competência desta Corte de Contas para
apreciação dos fatos alegados como atos de improbidade ou crime e, no mérito, considerá-Ia
IMPROCEDENTE.
Comunicar aos denunciados e ao denunciante acerca do teor da presente decisão, com o
arquivamento dos presentes autos.

Fui presente:
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I Ana Teresa Nóbrega
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Procuradora Geral

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