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1) Com fundamento no art. 71, inciso 11, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.O 18/93, JULGAR IRREGULARES as
referidas contas.
2) Com base no que dispõe o art. 56, inciso II, da Lei Complementar Estadual
n.° 18/93 - LOTCE/PB, APLICAR MULTA ao Chefe do Poder Executivo, Sr. José Alberto
Soares Barbosa, no valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos).
Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
período, velar pelo seu integral cumprimento, sob pena de intervenção do Ministério Público
Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4°, da Constituição do
Estado da Paraíba, e na Súmula n.? 40, do ego Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba - TJ/PB.
6) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, REMETER
cópias das peças técnicas, fls. 2.129/2.141 e 2.282/2.283, do parecer do Ministério Público
Especial, fls. 2.285/2.294, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado
da Paraíba para as providências cabíveis.
Tratam os presentes autos da análise das Contas do Município de Boa Vista/PB, relativas ao
exercício financeiro de 2006, de responsabilidade do Prefeito e Ordenador de Despesas,
Sr. José Alberto Soares Barbosa, apresentada a este egoTribunal em 02 de abril de 2007,
mediante o Ofício n.o 93/2007, datado de 30 de março do mesmo ano, fi. 02.
Devidamente citado, fls. 2.141/2.144, o Prefeito Municipal, Sr. José Alberto Soares Barbosa,
apresentou a contestação de fls. 2.14512.280, na qual juntou documentos e argumentou, em
síntese, que: a) o valor dos gastos com pessoal informado no RGF divergiu dos dados da
PCA diante da contabilização como transferência financeira da contribuição patronal devida
ao Instituto de Previdência Municipal; b) em 2007, foram realizadas licitações para aquisição
de impressos, materiais de construção, peças para veículos, refeições, transporte estudantil
e leite, bem como para locação de caminhão; c) as despesas com locação de veículos foram
devidamente licitadas em 2005 e 2006; d) esta Corte tem entendido como caso de
inexigibilidade os dispêndios com produção de eventos musicais; e) a aquisição de
medicamentos era urgente e imprevisível, os gêneros alimentícios foram comprados de
hortifrutigranjeiros e os materiais de limpeza constituem demanda das diversas secretarias
municipais; e f) os credores das despesas com exames laboratoriais, refeições e botijões de
gás são os únicos fornecedores no Município.
Solicitação de
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Da análise efetuada pelos peritos do Tribunal, constata-se que as contas apresentadas pelo
Prefeito Municipal de Boa Vista/PB, Sr. José Alberto Soares Barbosa, revelam algumas
irregularidades remanescentes. Entretanto, impende comentar ab initio que a diferença
referente ao pagamento das obrigações patronais junto ao Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS, R$ 163.865,47, não subsiste, tendo em vista que a base de cálculo utilizada
para a apuração do valor devido, R$ 2.212.287,42, incluiu parte da folha de pagamento dos
servidores efetivos vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social - RPPS,
R$ 1.290.561,78, fi. 1.022/1.083. Portanto, as contribuições previdenciárias a cargo do
empregador, relativas ao exercício de 2006, empenhadas e pagas pelo Município ao INSS,
R$ 294.313,96, estão condizentes com o montante da folha de pagamento do pessoal
vinculado ao Regime Geral de Previdência Social- RGPS, R$ 921.725,64.
Por outro lado, foi observado pelos inspetores da Corte, fi. 2.138, que os dados constantes
do Relatório de Gestão Fiscal - RGF do segundo semestre do período apresentaram
imperfeições técnicas, notadamente no que respeita à ausência de registro de despesas com
pessoal, na importância de R$ 568.150,02, sendo R$ 346.406,00 relativos a 9astos
incorretamente contabilizados como OUTROS SERVIÇOS DE TERCEIROS - PESSOA FISICA,
R$ 163.865,47 referentes a obrigações patronais supostamente devidas ao INSS e
R$ 57.878,55 concernentes aos encargos sociais relativos ao PASEP. Sendo assim, segundo a
apuração realizada inicialmente, fi. 2.136, as despesas com pessoal do Poder Executivo
somaram R$ 3.418.503,71 ou 46,97% da Receita Corrente Líquida - RCL, R$ 7.277.500,30,
enquanto o valor informado no RGF - 20 semestre foi de apenas R$ 2.895.737,26 ou
39,86% da RCL, fi. 619.
Tal fato, além de demonstrar um certo desprezo da autoridade responsável aos preceitos
estabelecidos na lei instituidora de normas gerais de direto financeiro - Lei Nacional
n.o 4.320/64 -, prejudica a transparência das contas públicas pretendida com o advento da
reverenciada Lei Complementar n. o 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal -, onde o
RGF figura como instrumento dessa transparência, conforme preceituam seus dispositivos,
in verbis.
...
( )
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
destes documentos.
Com efeito, deve ser enfatizado que a não realização dos mencionados
Iicitatórios exigíveis vai, desde a origem, de encontro ao preconizado
especialmente o disciplinado no art. 37, inciso XXI, verbatim:
PROCESSOTC N.o 02546/07
"
TRIBUNALDE CONTASDO ESTADO
1-( ...)
Ademais, consoante previsto no art. 10, inciso VIII, da lei que dispõe sobre as sanções
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional - Lei
Nacional n,O 8.429, de 2 de junho de 1992 -, a dispensa indevida do procedimento de
licitação consiste em ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário,
verbum pro verbo:
1-( ...)
Logo, considerando a alíquota de 8% (oito por cento), estabelecida pela Lei Municipal
n.O 53, de 12 de janeiro de 1998, sobre as folhas de pagamento do pessoal efetivo da
Comuna referentes ao exercício sub studio, R$ 1.290.561,78, depreende-se que o montante
das contribuições previdenciárias, a cargo do empregador, devidas ao Instituto Próprio de
Previdência do Município, é de R$ 103.244,94, evidenciando um recolhimento a menor no
período de R$ 81.711,26 e não de R$ 10.365,40, como apontado na peça inicial. Tal
procedimento, além de suscitar a imperfeição nas informações contábeis do Município,
representa séria ameaça ao equilíbrio financeiro e atuarial que deve perdurar nos sistemas
previdenciários, com vistas a resguardar o direito dos segurados em receber seus benefícios
no futuro.
Além disso, referida irregularidade pode ser enquadrada como ato de improbidad
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública, conforme disR-
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
art. 11, inciso I, da já mencionada lei que trata das sanções aplicáveis aos agentes
públicos - Lei Nacional n.o 8.429, de 2 de junho de 1992, in verbis.
Nesse ponto, importa comentar ainda, por oportuno, que a mencionada Lei Municipal
n.o 53/98, vigente em 2006, que fixou a alíquota de 8% (oito por cento) sobre a folha de
pagamento dos efetivos tanto para a contribuição previdenciária dos servidores, quanto para
a parte patronal, estava em desacordo com as determinações consignadas na lei que dispõe
sobre as regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de
previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal - Lei Nacional n.o 9.717, de 27 de
novembro de 1998 -, na sua atual redação dada pela Lei Nacional n.o 10.887, de 18 de
junho de 2004, verbatim:
...
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Somente ao final de 2006 a situação foi regularizada, mediante a Lei Municipal n.O 307, de
04 de dezembro de 2006, que fixou a contribuição do ente em 13% sobre o valor total da
folha de contribuição dos segurados ativos e em 11% a alíquota de contribuição dos
segurados ativos, inativos e pensionistas, incidente sobre o valor da remuneração, segun
análise realizada pelo Ministério da Previdência Social - MPS, fi. 2.117.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Diante deste contexto, merece destaque o fato de que duas das máculas remanescentes nos
presentes autos constituem motivo de emissão, pelo Tribunal, de parecer contrário à
aprovação das contas do Prefeito Municipal de Boa Vista/PB, conforme disposto nos itens 2.5
e 2.10, do Parecer Normativo PN - TC - 52/2004, verbo ad verbum:
( ) ...
2.5. não retenção e/ou não recolhimento das contribuições previdenciárias
aos órgãos competentes (INSS ou órgão do regime próprio de previdência,
conforme o caso), devidas por empregado e empregador, incidentes sobre
remunerações pagas pelo Município;
( ...)
2.10. não realização de procedimentos licitatórios quando legalmente
exigidos;
Por fim, ante as diversas transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio,
decorrentes da conduta implementada pelo Chefe do Poder Executivo da Comuna de Boa
Vista, Sr. José Alberto Soares Barbosa, resta configurada a necessidade imperiosa de
aplicação da multa de R$ 2.805,10 - valor atualizado pela Portaria n.o 039/06 do TCE/PB -,
prevista no art. 56, inciso II, da Lei Orgânica do TCE/PB - Lei Complementar Estadual
n.o 18, de 13 de julho de 1993, verbum pro verbo:
I- (omissis)
1) Com fulcro no art. 71, inciso I, c/c o art. 31, § 1°, da Constituição Federal, no art. 13, §
1°, da Constituição do Estado da Paraíba, e no art. 1°, inciso IV, da Lei Complementar
Estadual n.O 18/93, EMITA PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas do Prefei
Municipal de Boa Vista/PB, Sr. José Alberto Soares Barbosa, relativas ao exercício financei o
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PROCESSOTC N.o 02546/07
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
2) Com fundamento no art. 71, inciso II, da Constituição do Estado da Paraíba, bem como
no art. 1°, inciso I, da Lei Complementar Estadual n.o 18/93, JULGUE IRREGULARES as
contas do Ordenador de Despesas da Comuna no exercício financeiro de 2006, Sr. José
Alberto Soares Barbosa.
3) Com base no que dispõe o art. 56, inciso II, da Lei Complementar Estadual
n.° 18/93 - LOTCE/PB, APLIQUE MULTA ao Chefe do Poder Executivo, Sr. José Alberto
Soares Barbosa, no valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos).
7) Com suporte no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, REMETA
cópias das peças técnicas, fls. 2.129/2.141 e 2.282/2.283, do parecer do Ministério Público
Especial, fls. 2.2 294, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado
da Paraíba par as pro ldênclas cabíveis.