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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO


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PROCESSO TC-Ol.978/07
Administração indireta estadual.
DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE
RODAGEM - DER. Exercício de 2006.
Inexistência de falhas relevantes.
Regularidade com ressalvas, aplicação de
multa, assinação de prazo e outras
providências.

RELATÓRIO
1. Cuidam os presentes autos da Prestação de Contas Anual do DEPARTAMENTO DE ESTRADAS
DE RODAGEM - DER, relativa ao exercício de 2.006/ de responsabilidade do Sr. INÁCIO BENTO
DE MORAIS JUNIOR, tendo a Auditoria, em relatório inicial, observado:
1.01. O DER arrecadou receitas no montante de R$ 19.456.437/41/ sendo R$ 1.314.661/59
referente à arrecadação de recursos próprios provenientes dos terminais rodoviários,
estacionamentos, multas e vistorias de transportes coletivos intermunicipais, e
R$16.775.300/78 relativos a transferências correntes;
1.02. No exercício, as despesas somaram R$ 88.894.612/69;
1.03. A execução orçamentária apresentou déficit de R$ 69.438.175/28/ devido ao registro das
transferências recebidas da Administração Direta como Receita extra-orçamentária, em
face da Portaria Interministerial STN 163/2001. Se contabilizados como receita
orçamentária, haveria superávit de R$ 3.656.434/67;
1.04. Os restos a Pagar totalizaram R$ 6.466.594/77/ enquanto o disponível financeiro para o
exercício seguinte foi de apenas R$ 4.221.065/64;
1.05. A Auditoria constatou as seguintes falhas:
1.05.1. Ausência de informações acerca das despesas com precatórios, que somaram
R$12.143.052/72;
1.05.2. Disponibilidade financeira insuficiente para fazer frente aos compromissos de
curto prazo;
1.05.3. Ausência de escrituração do prédio onde funciona o DER e de diversas
residências rodoviárias;
1.05.4. Ausência de informações sobre a concessão da antiga Empresa Guarabirense;
1.05.5. Ausência de documentos sobre a base de cálculo do parcelamento efetuado com
o INSS;
1.05.6. Celebração de convênio entre o DER e a CONSEDER, para a prestação de
serviços médicos, ambulatoriais e odontológico, mediante a transferência de 2%
do total da folha de pessoal como complementação à contribuição efetuada por
cada servidor à Cooperativa, totalizando o montante de R$ 538.332,29 no
exercício em análise;
1.05.7. Ausência de detalhamento da receita e da despesa, impossibilitando a análise da
situação deficitária dos terminais de passageiros;
1.05.8. Denúncia acerca do pagamento irregular de diárias, na qual restou apurado:
1.05.8.1. Inúmeros funcionários receberam, em períodos de 01 mês, 24 diárias,
sendo o total no valor de R$ 293.123,60;
1.05.8.2. Pagamento de diárias a funcionários em área diversa da de sua
atuação, no valor de R$ 2.442,00;
1.05.8.3. Inexistência de documentos coptíplpbatórios de controle interno sobre

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diárias concedidas.
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continua à pág. 02/03--

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
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2. Notificada, a autoridade responsável apresentou defesa, que foi analisada pela Unidade
Técnica, tendo esta considerado elididas as seguintes falhas:
2.01. Ausência de informações sobre precatórios;
2.02. Ausência de detalhamento da receita e da despesa;
2.03. Pagamento indiscriminado de diárias, recomendando-se a implantação de controle
eficaz na concessão.
3. O MPJTC, (fls. 4.432/4.435), opinou pela irregularidade das contas prestadas, com
aplicação de multa ao gestor, assinação de prazo para a suspensão de repasses firmados
entre o DER e o CONSEDERe encaminhamento ao Ministério Público Comum para as
providências a seu cargo.
4. Foram ordenadas notificações. É o relatório.

VOTO DO RELATOR
Sob o aspecto da Lei de Responsabilidade Fiscal, é pertinente a observação da Auditoria
quanto às disponibilidades financeiras insuficientes para saldar os compromissos inscritos em
restos a pagar. Embora não seja a hipótese prevista no art. 42 da LRF, é salutar e
recomendável que o gestor procure manter as obrigações assumidas compatíveis com as
disponibilidades de caixa. Entretanto, é importante ponderar que a Unidade Técnica consignou
a redução dos restos a pagar inscritos no exercício de 2006 (R$ 6.466.477,02) em relação ao
exercício de 2005 (R$ 8.532.298,34).
A falha referente à ausência de escrituração de imóveis deve ensejar recomendações,
para que providências corretivas sejam adotadas.
No tocante às diárias concedidas, embora o defendente tenho apresentado justificativas
bastantes para afastar as falhas inicialmente apontadas, entendo cabível a recomendação
sugerida pela Unidade Técnica, no sentido de que a concessão de diárias seja eficientemente
controlada, de modo a evitar distribuição indiscriminada e continuada.
As falhas de maior repercussão nas contas ora em análise dizem respeito à celebração
de convênio com a CONSEDERpara realização de atendimentos médicos e laboratoriais dos
servidores da autarquia - que importou em transferências financeiras da ordem de
R$538.332,29, bem como a ausência de informações sobre a concessão da antiga Empresa
Guarabirense. Em ambos os casos, o gestor, tendo oportunidade de prestar esclarecimentos,
não trouxe a documentação hábil a justificar as falhas constatadas, impossibilitando, inclusive,
a análise mais detida sobre a legalidade dos atos praticados.
Voto, portanto, pela:
1. Regularidade com ressalvas das contas prestadas;
2. Aplicação de multa, no valor de R$ 2.805,10, ao Sr. Inácio Bento de Morais Júnior,
com fundamento no art. 56, II da LOTCE, assinando-lhe o prazo de sessenta (60)
dias, a contar da data da publicação do Acórdão, para efetuar o recolhimento ao
Tesouro Estadual, à conta do Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira
Municipal, a que alude o art. 269 da Constituição do Estado, a importância relativa à
multa, cabendo ação a ser impetrada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), em
caso do não recolhimento voluntário, devendo-se dar a intervenção do Ministério
Público comum, na hipótese de omissão da PGE, nos termos do § 4° do art. 71 da
Constituição Estadual;

-- conclui à pág. 03/03 --


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
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3. Formalização de processo apartado para apurar a legalidade do convênio


celebrado entre o DER e o C ON5EDER;
4. Assinação de prazo de 30 dias ao atual gestor do DER para que apresente toda
a documentação relativa à concessão da antiga empresa Guarabirense, sob pena
de multa.

DECISÃO DO TRIBUNAL
Vistos, relatados e discutidos os autos do PROCESSO TC-OJ.978j07, os
MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA (TCE-Pb), à
unanimidade, na sessão realizada nesta data, ACORDAM em:
J. Julgar regulares com ressalvas as contas em exame;
2. Aplicar multa, no valor de R$ 2.805,JO, ao Sr. Inácio Bento de Morais
Júnior, com fundamento no art. 56, II da LOTCE, assinando-lhe o prazo
de sessenta (60) dias, a contar da data da publicação do Acórdão, para
efetuar o recolhimento ao Tesouro Estadual, à conta do Fundo de
Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, a que alude o art.
269 da Constituição do Estado, a importância relativa à multa,
cabendo ação a ser impetrada pela Procuradoria Geral do Estado
(PGE), em caso do não recolhimento voluntário, devendo-se dar a
intervenção do Ministério Público comum, na hipótese de omissão da
PGE, nos termos do § 4° do art. 7J da Constituição Estadual;
3. Formalizar processo apartado para apurar a legalidade do convênio
celebrado entre o DER e o C ONSEDER;
4. Assinar prazo de 30 (trinta) dias ao atual gestor do DER para que
apresente toda a documentação relativa à concessão da antiga
empresa Guarabirense" sob pena de multa.
Publique-se, ntime-se, registre-se e cumpra-se,
Sala das Sessões d TCE- . Plenário Ministro João Agripino
João p. s~a'7e agosto de 2008.

rnôfio Alves Viana - PresieJ,

Ana Teresa Nóbrega


Procuradora Geral do MPjTC

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