Você está na página 1de 5

Processo Te n° 02343/07

Câmara Municipal de Santa Inês. Prestação de


Contas do exercício de 2006. Irregularidade.
Excesso de remuneração. Imputação de débito.
Recomendações.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do processo TC n° 02343/07 que trata da


Prestação de Contas Anual da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Santa Inês, presidida pelo
Vereador Raniere Nogueira de Sousa, relativa ao exercício de 2006, e

CONSIDERANDO que compete ao Tribunal de Contas do Estado, nos termos das


Constituições Federal e Estadual, c/c a Lei Complementar n" 18/1993, julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores públicos;

CONSIDERANDO o relatório da Auditoria, o Parecer do Ministério Público junto ao TCEIPB,


o voto do Relator e o mais que dos autos consta,

ACORDAM os integrantes do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, à unanimidade, em


sessão plenária hoje realizada, em:

a) Julgar IRREGULAR a Prestação de Contas da Mesa Diretora da Câmara Municipal de


Santa Inês, presidida pelo Vereador Raniere Nogueira de Sousa, relativa ao exercício de 2006, com
a ressalva de que esta decisão decorreu do exame dos fatos e provas constantes dos autos, sendo
suscetível de revisão se novos fatos ou provas, inclusive mediante diligências especiais do Tribunal,
vierem a interferir de modo fundamental nas conclusões alcançadas;

b) Imputar aos vereadores abaixo relacionados, o débito no valor total de R$ 12.150,00,


decorrente do excesso de remuneração percebido:

Raniere Nogueira de Sousa (Presidente) R$ 1.350,00


Antônio Lopes da Silva R$ 1.350,00
Etelvina Leite Abílio R$ 1.350,00
Francisco Ivo Vieira de Lacerda R$ 1.350,00
Francisnaldo Ramalho Marinho R$ 1.350,00
José Vieira Rodrigues R$ 1.350,00
Laércio Vieira de Figueiredo R$ 1.350,00
Miguel Rodrigues Leite R$ 1.350,00
Robenildo Carvalho de Sousa R$ 1.350,00
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo Te n° 02343/07

c) Conceder-lhes o prazo de 60 dias para recolhimento do débito aos cofres municipais, sob
pena de cobrança executiva;

d) recomendar, à atual Mesa Diretora, estrita observância às disposições legais e normativas,


evitando a repetição das irregularidades apontadas.

Presente ao julgamento a Exm". Sra. Procuradora Geral em exercício.


Publique-se cumpra-se.
TC - Plenário 'in. ão Agripino, em 19 de novembro de 2008.

CONS. SUBST. OSCAR ~IAGO MELO

~"~ RE o

ISABECLÚiIMhi~ÃO
PROCURADORA GERAL EM EXERCÍCIO
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo Te n° 02343/07

o processo TC n° 02343/07 trata da Prestação de Contas Anual da Mesa Diretora da Câmara


Municipal de Santa Inês, presidida pelo Vereador Raniere Nogueira de Sousa, relativa ao exercício
de 2006.
A Auditoria analisou a presente Prestação de Contas e emitiu relatório onde, em resumo,
informa o seguinte:
a) a Prestação de Contas foi apresentada dentro do prazo;
b) a Lei orçamentária n° 111, de 31 de outubro de 2005, estimou as transferências para o
legislativo e fixou suas despesas no valor de R$ 240.000,00;
c) a receita arrecadada somou R$ 261.033,11 e a despesa realizada R$ 262.129,15, gerando déficit
de R$ 1.096,04;
d) o gasto com a folha de pessoal do Poder Legislativo atingiu 53,79% das transferências
recebidas;
e) a remuneração recebida pelos Edis obedeceu ao limite estabelecido na Constituição Federal
com relação aos subsídios de Deputado Estadual, e correspondeu a 2,79% da receita
orçamentária efetivamente arrecadada pelo município no exercício;
1) as despesas com pessoal representaram 3,90% da Receita Corrente Líquida Municipal.

Além desses aspectos, foram também apontadas as seguintes irregularidades:

I) não atendimento às disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal no que se refere a:


• gastos do Poder Legislativo em relação ao que dispõe o art. 29-A da Constituição Federal;
• insuficiência financeira para saldar os compromissos de curto prazo no valor de
R$ 2.387,26.

11) quanto aos demais aspectos examinados:


• envio da PCA em desacordo com a RN TC 99/97, por não se fazer acompanhar do
comparativo da receita orçada com a arrecadada;
• divergência de valores entre demonstrativos apresentados na prestação de contas;
• remuneração percebida em excesso pelos vereadores, no valor de R$ 12.150,00;
• inexistência de controle patrimonial;
• inexistência de controles mensais individualizados de veículos e máquinas;
• despesas irregulares com diárias num montante de R$ 760,00;
• não retenção e não recolhimento das contribuições ao INSS, incidentes sobre as prestações
de serviços, bem como não recolhimento da contribuição na qualidade de tomador dos
referidos serviços no valor de R$ 5.827,38;
• omissão de inscrição nos demonstrativos da dívida flutuante e da dívida fundada, no valor
deR$33.919,42; ~
• despesas insuficientemente comprovadas num montante de R$ 3.995,92;
• omissão de informações de três servidores na GFIP. ... J
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo Te n° 02343/07

o responsável foi notificado e apresentou a defesa.

Em sua análise de defesa, a Auditoria conclui que ficam elididas as falhas relativas ao envio da
PCA que estava em desacordo com a RN TC 99/97 e quanto às despesas insuficientemente
comprovadas, manteve seu entendimento com relação ao não atendimento quanto às disposições da
Lei de Responsabilidade Fiscal, retificando o valor da insuficiência financeira que era de R$ 2.387,26
para R$ 19.368,83, as demais irregularidades contidas no relatório preliminar foram mantidas, sendo
que as despesas irregulares com diárias passaram de R$ 760,00, para R$ 2.610,00.
Como a Auditoria alterou o seu entendimento, o Ministério Público em obediência aos
princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, requereu nova
notificação do responsável para se pronunciar acerca do novo aspecto das irregularidades apontadas.
O responsável foi notificado e apresentou a nova defesa.
Em sua nova análise defesa, a Auditoria conclui que ficam elididas as falhas referentes aos
gastos do Poder Legislativo em relação ao art. 29-A da Constituição Federal, divergência de valores
entre os demonstrativos apresentados na PCA, omissão de inscrição na dívida flutuante e dívida
fundada e omissão de informações de servidores na GFIP. Quanto às demais irregularidades, a
Auditoria manteve o seu entendimento, entretanto voltou atrás quanto à insuficiência financeira, que
retornou ao valor de R$ 2.387,26 e com relação às despesas irregulares com diárias, manteve o valor
de R$ 2.610,00, por falta de argumentos que pudessem modificar o que foi apontado anteriormente.
O Ministério Público veio aos autos e opinou pela irregularidade das contas em apreço e
atendimento parcial ao disposto na LC n° 10112000, exceção do tocante à suficiência financeira para
saldar compromissos de curto prazo, imputou débito ao Sr. Raniere Nogueira de Sousa, no valor de
R$ 2.610,00, relativo às despesas irregulares com diárias, imputou débito aos Vereadores
correspondente ao excesso de remuneração percebido e recomendou à atual gestão no sentido de
prevenir a repetição dos fatos irregulares acusados no presente exercício.

É o relatório, informando que o foi notificado da inclusão do processo na pauta desta sessão.

Considerando que as despesas com diárias, reclamadas pela Auditoria, em face de estarem em
desacordo com Resolução deste Tribunal, no que se refere à formalização de processo, no entanto,
estão devidamente comprovadas, podendo ser relevada esta falha;

Considerando que o excesso de remuneração dos Edis decorrem de majoração da fixação


efetuada na legislatura anterior;

E, ante tudo o que foi exposto, voto no sentido de que este Tribunal:

a) Julgue irregular a Prestação de Contas da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Santa Inês,
presidida pelo Vereador Raniere Nogueira de Sousa, relativa ao exercício de 2006, com ressalva do
parágrafo único do artigo 126 do Regimento Interno deste Tribunal; ~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo Te n° 02343/07

b) Impute débito aos vereadores, no montante de R$ 12.150,00, pelo excesso de remuneração


percebida, conforme relatório da Auditoria;

c) Conceda-lhes o prazo de 60 dias para recolhimento do débito aos cofres municipais, sob pena de
cobrança executiva;

d) Recomende, à atual Mesa Diretora, estrita observância às disposições legais e normativas, evitando
a repetição das irregulares apontadas.

É o voto, em 19 de novembro de 2008. ,.. •..

CONS. SUBST. ÜSC DE SANTIAGO MELO


ATOR

Você também pode gostar