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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTAD~/secreta
Tribunal Pleno / d'

PROCESSO TC N° 09399/99 FI. 1/6

PREFEITURA MUNICIPAL DE ALCANTIL - PRESTAÇÃO DE


CONTAS DE CONVÊNIO E ADITIVO. Julgamento irregular, com
imputação de débito, aplicação de multa, emissão de
recomendações e encaminhamento de cópias ao Ministério
Público Comum. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Pelo
conhecimento e não provimento. Encaminhamento do Processo à
Corregedoria para registro do débito e da multa recolhidos e
posterior arquivamento dos autos.

ACÓRDÃO APL TC ,i!11 12008

1. RELATÓRIO
A 2a Câmara do Tribunal, na sessão realizada em 15/06/2004, após apreciar a prestação de
contas do Convênio nO890/99 e seu Termo Aditivo, celebrado entre a Secretaria da Educação e Cultura do
Estado e a Prefeitura Municipal de Alcantil, objetivando o transporte de alunos, decidiu, conforme Resolução
RC2 TC 108/2004, publicada no DOE em 29/06/04, fls. 447/448, assinar o prazo de 15 (quinze) dias ao Prefeito
para que procedesse à devolução, aos cofres estaduais, da importância de R$ 1.000,00 (um mil reais), em
virtude da ausência de documentos que comprovassem despesas efetuadas neste valor, quando da execução
do convênio, sob pena de imputação de débito com as devidas penalidades.
Diante da falta de manifestação do interessado, a 2a Câmara decidiu, na sessão do dia
10/08/2004, conforme Acórdão AC2 TC 1.138/2004, publicado no DOE em 18/08/2004, fls. 457/458:
I. JULGAR IRREGULAR a prestação de contas, inclusive por falta de licitação e despesas pagas
fora da vigência do convênio;
11. APLICAR ao então Prefeito Municipal de Alcantil, Sr. Carlos Marques Castro Júnior, gestor do
convênio, a multa no valor de R$ 1.624,60 (um mil, seiscentos e vinte e quatro reais e sessenta
centavos), em virtude do não cumprimento da decisão deste Tribunal, consubstanciada na
Resolução RC2 TC 108/2004;
11I. IMPUTAR, à mesma autoridade, o débito na importância de R$ 1.475,59 (um mil, quatrocentos
e setenta e cinco reais e cinqüenta e nove centavos), sendo R$ 1.000,00 (hum mil reais),
correspondentes às despesas não comprovadas quando da execução do convênio, e a
diferença referente à atualização pelo índice da poupança, conforme documento à fl. 456;
IV. ASSINAR o prazo de 60 (sessenta) dias para recolhimento voluntário, aos cofres estaduais, do
débito e da multa, esta última a ser recolhida à conta do Fundo de Fiscalização Financeira e
Orçamentária Municipal, sob pena de cobrança executiva desde logo recomendada nos termo
do art. 71, §§ 3° e 4° da Constituição do Estado;
V. RECOMENDAR ao Chefe do Executivo Municipal de Alcantil maior observância da legislação

-,
atinente à matéria; e
VI. DETERMINAR o encaminhamento de cópias das principais peças do Processo ao Ministério i

Público Comum para as providências que entender necessárias. .

ACSS
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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Tribunal Pleno

PROCESSO TC N° 09399/99 FI. 2/6

No prazo estabelecido, o interessado não fez comprovação do recolhimento do débito imputado e


da multa aplicada.
Em 28 de agosto de 2006, dois anos após a decisão supra, o ex-prefeito de Alcantil, através de
advogado, interpôs recurso de reconsideração (documento nO14486/06, fls. 476/505), alegando, em resumo, o
seguinte:
1) em preliminar, pede a nulidade do processo, uma vez que a notificação da decisão do TCE
(Acórdão AC2 TC 1.138/04, fi. 461) não foi recebida pelo recorrente (fi. 461);
2) no mérito, apesar de o recorrente não ter sido notificado da 1a decisão do TCE (Resolução
RC2 TC 108/04, fi. 451), mesmo não concordando com ela, está efetuando o recolhimento da
importância devidamente corrigida, sanando a devolução outrora determinada;
3) no tocante à falta de licitação, as despesas foram realizadas de acordo com os preços de
mercado, inexistindo qualquer dano ao erário;
4) em relação às despesas pagas, no total de R$ 300,00, fora da vigência do convênio, dizem
respeito a 06 (seis) viagens, tendo os recursos sido aplicados em benefício da população; e
5) finalizando, requer o recebimento do presente recurso para tornar insubsistente a imputação de
débito, julgando regular o Convênio nO 890/99. Caso não seja recebido como de
reconsideração, que o seja como de revisão.
O processo foi encaminhado à Auditoria, que, inicialmente, informou que o recurso foi interposto
fora do prazo. Em relação às irregularidades que motivaram a imputação de débito e multa, asseverou que nada
foi anexado aos autos que modificasse o que foi apontado anteriormente. Já quanto à conversão do recurso de
reconsideração em revisão, anotou que não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no art. 35 da Lei
Complementar nO18/93.
O Ministério Público junto ao TCE-PB, através do Parecer nO 565/07, fls. 511/513, opinou,
preliminarmente, pelo não conhecimento do recurso de reconsideração, posto que intempestivo, e, quanto ao
mérito, pelo seu não provimento.
Instado a se pronunciar sobre a conversão do recuso de reconsideração em revisão, o Ministério
Público junto ao TCE/PB, através do Parecer nO1360/07, opinou pelo não conhecimento do recurso de revisão,
posto que não foram atendidos os requisitos formais contidos no art. 35, incisos I, 11 e 111 da LOTCE-PB, e, no
caso de conhecimento, pelo não provimento, ratificando-se o inteiro teor da decisão recorrida.
O processo foi relatado na sessão de dia 24 de outubro de 2007, momento em que o patrono do
interessado, na fase de sustentação oral de defesa, apresentou guias de recolhimento, fls. 521, do débito
imputado através do Acórdão AC2 TC 1138/2004. Apesar do recolhimento feito, o advogado informou que
interessado discordava do débito, uma vez que o valor efetivamente repassado ao município, em decorrência d
Convênio nO890/99, foi de R$ 22.000,00, e não o valor previsto de R$ 24.500,00.
Objetivando verificar o recolhimento feito e as informações apresentadas pelo patrono, o
julgamento do processo foi adiado e os autos foram encaminhados à Auditoria para pronunciamento.
Em complemento de instrução, a unidade técnica de instrução, às fls. 538/540, prestou as
seguintes informações:

~II

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PROCESSO TC N° 09399/99 FI. 3/6

a) consta, às fls. 16, a NE nO02887, no valor de R$ 22.500,00. Já às fls. 25, consta a NE nO


08239, no valor de R$ 2.000,00, totalizando R$ 24.500,00. Às fls. 240, consta documento do
SIAF, comprovando a liberação do valor de R$ 24.500,00. Já às fls. 437/438, a Auditoria
anexou novos documentos do SIAF, apontando a liberação de R$ 24.500,00. A fim de
conformar o valor realmente repassado ao Município, foi realizada diligência na Secretaria de
Educação e coletados os extratos de pagamento feitos, comprovado o repasse de R$
24.500,00, conforme docs. fls. 525/536;
b) através do Acórdão AC2 TC 1.138/2004, foi imputado débito ao gestor no valor de R$
1.475,59, e aplicado multa pessoal de R$ 1.624,60, inclusive já oficiado, pela Corregedoria do
Tribunal, ao Procurador Geral do Estado, conforme Ofício SC nO14/2005, fls. 475;
c) através de diligência realizada na Secretaria da Receita, ficou comprovado o efetivo
recolhimento do débito imputado, conforme documento de fl. 537;
d) falta a comprovação do recolhimento da multa, remanescendo ainda as irregularidades
apontadas no item 3, letras "a" e "b".
Previamente agendado para a sessão do dia 22/11/2007, o Processo foi retirado de pauta, com a
concordância do Tribunal Pleno, em razão de novos documentos apresentados, ao Relator, pelo interessado.
Apresentou a defesa, em 19/11/2007, documentos de fls. 541/560, informando que houve
equívoco na formação da relação dos pagamentos (Anexo V), ou seja, o valor pago a José Oscar de Oliveira
seria de R$ 965,00, bem como não foi incluído o pagamento de R$ 882,00 a José Nivaldo da Silva. Corrigindo a
falha, a irregularidade fica sanada.
Analisando a documentação e os argumentos apresentados, a Auditoria pôde concluir que:
1. O recibo apresentado, fl. 549, no valor de R$ 965,00, com data de 31.12.99, em favor do Sr.
José Oscar de Oliveira, já havia sido computado como despesa do convênio, uma vez que
instruiu, originalmente, a prestação de contas às fls. 225, sendo posteriormente reapresentado
às fls. 422. Assim, pela terceira vez, foi o mesmo recibo encaminhado na prestação de contas.
Esta última cópia difere das duas anteriores, por não conter o carimbo onde consta "Recursos
Transporte Escolar - Cheque nO000218";
2. Já o recibo, às fls. 560, no valor de R$ 882,00, datado de 30.12.99, tendo como beneficiário o
Sr. José Nivaldo da Silva, constava do processo às fls. 216 e 413, e também já havia sido
computado como despesa do convênio;
3. Ante o exposto, nenhum elemento novo foi apresentado que pudesse modificar o entendimento
formulado às fls. 534/540.
O foi agendado para a sessão do dia 20 de fevereiro de 2008. No final da tarde do dia anterior à \
sessão, 19102108, o interessadoprotocoloudocumento n' 3527/2008, fls. 5661568, inlormando e comprovando
que procedeu ao recolhimento da multa aplicada. ~
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O Relator, em sua proposta de decisão, entendeu que o recolhimento do débito imputado e da


~::: aplicada apenas visavam cumprir a decisão contida no Acórdão AC2 TC l'138120~avend~;:
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de novo que fosse foi trazido aos autos para que o Tribunal Pleno viesse a modificar sua decisão. Assim, propôs
que o Tribunal não tomasse conhecimento do recurso interposto. No entanto, a decisão foi, por maioria de voto,
pelo conhecimento e não provimento do recurso, conforme Acórdão APL TC 51/2008.

Ainda inconformado, o interessado interpôs embargos de declaração, com pedido de efeito


modificativo, contra a decisão supra citada, fls. 574/627. Alega o embargante a existência de omissão e
contradição, na decisão vergastada, uma vez que se deixou de computar a quantia de R$ 1.000,00 bruto, ou R$
965,00 líquido, de despesa efetivamente comprovada e paga, a teor de provas dos autos. Informa que a
Auditoria havia dito, quando do exame do recurso, que o valor em referência, que diz respeito ao pagamento
feito ao Sr. José Oscar de Oliveira, já havia instruído a prestação contas, e consta às fls. 225, e que
posteriormente foi reapresentado, em sede de defesa, às fls. 422, e que, pela terceira vez, estava sendo
apresentado, em sede de recurso de revisão, às fls. 549, sendo que esta ultima cópia apresentada difere das
anteriores, por não conter o carimbo onde consta "Recursos Transporte Escolar - cheque nO218".

É justamente neste ponto que emerge a contradição, uma vez que a própria Auditoria reconhece
que o recibo apresentado às fls. 549 é diferente do que foi apresentado às fls. 225 e 442. Na verdade, o recibo é
realmente diferente, e não se refere ao pagamento do cheque nO218, mas a um outro pagamento, no valor de
R$ 965,00, feito pelo caixa ao Sr. José Oscar de Oliveira, em decorrência do cheque nO215, e que, por equívoco
do setor contábil, na feitura do recibo de fls. 549, deixou-se de indicar o número do cheque 215.

A Unidade Técnica de instrução, ao examinar os termos dos embargos de declaração, fls.


630/635, após historiar o processo, informou que os mesmos foram interpostos no prazo legal. Tocante ao
mérito, ficou devidamente comprovado que o valor de R$ 1.000,00 resultou de despesa sem comprovação, onde
se verificou que o valor liberado foi de R$ 24.500,00, enquanto as despesas somaram R$ 23.500,00. Essa
despesa sem comprovação foi relatada na Resolução RC2 TC 108/2004, Acórdão AC2 TC 1138/2004 e Acórdão
APL TC 51/2008. Igualmente, a matéria embargada foi discutida nos dois recursos interpostos, reconsideração e
revisão, ocasião em que se comprovou que nenhum fato novo foi apontado pelo interessado.

Em síntese, o recorrente procura confundir o órgão técnico, apontando despesa que não se
relaciona com a diferença ocorrida pela execução do convênio, declarando que a importância era resultante do
pagamento ao Sr. José Oscar de Oliveira, no valor de R$ 965,00, que não é o mesmo que R$ 1.000,00.

Ante o exposto, a Auditoria considera improcedentes os presentes embargos de declaração, por


não existir qualquer dúvida sobre as matérias discutidas, como ficou devidamente esclarecido.

O Processo foi encaminhado ao Ministério Público, que emitiu parecer fls. 636, com o seguinte
entendimento: verifica-se, quanto à argumentação apresentada em sede de embargos de declaração em
comento, já ter sido objeto de análise pela Auditoria e pelo Ministério Público tanto no momento da instrução
processual, quanto por ocasião da apreciação do recurso de reconsideração anteriormente interposto, não
havendo nada de novo que tenha sido trazido aos autos, nem tampouco se vislumbrar hipóteses de omissão,
contrariedade ou obscuridade na decisão recorrida (Acórdão APL TC 51/2008), caracterizando-se o vertente
recurso como manifestamente protelatório, sendo de se impor ao recorrente a multa prevista no art. 183,
parágrafo único c/c o art. 168, IX, do Regimento Interno desta Corte.

É o relatório, informando que foram procedidas as notificações de praxe.

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2. VOTO DO RELATOR
Em decorrência do não cumprimento da Resolução RC2 TC 108/2004, em que foi assinado prazo
ao ex-gestor para devolução da importância de R$ 1.000,00, em virtude da ausência de documentos, nos autos,
que comprovassem as despesas efetuadas neste valor, a 2a Câmara decidiu, através do Acórdão AC2 TC
1138/2004, julgar irregular a prestação de contas do Convênio nO890/99, imputar débito de R$ 1.475,59,
corrigido pela poupança, bem como aplicar multa pessoal ao ex-prefeito.

Em sede de recurso de reconsideração, convertido posteriormente em revisão, devido a


intempestividade daquele recurso, o interessado procedeu ao recolhimento do débito imputado, no entanto,
discordava do mesmo, já que afirmava que o valor efetivamente repassado, pelo Estado, ao município, em
decorrência do Convênio nO890/99, foi de R$ 22.000,00, e não o valor previsto de R$ 24.500,00.

Apesar da alegação feita, a Auditoria demonstrou com documentos obtidos do SIAF que o valor
efetivamente liberado pelo Estado foi de R$ 24.500,00.

Não surtindo efeito suas alegações, em complementação de defesa, ainda em sede de recurso de
revisão, o interessado mudou seu discurso e passou a sustentar que houve equívoco na formação da relação
dos pagamentos (Anexo V), ou seja, o valor pago a José Oscar de Oliveira seria de R$ 965,00, bem como não
foi incluído o pagamento de R$ 882,00 a José Nivaldo da Silva. Corrigindo a falha, a irregularidade ficaria
sanada.

A Auditoria novamente rebateu as novas alegações, informando que o recibo apresentado, fl. 549,
no valor de R$ 965,00, com data de 31.12.99, em favor do Sr. José Oscar de Oliveira, já havia sido computado
como despesa do convênio, uma vez que instruiu, originalmente, a prestação de contas às fls. 225, sendo
posteriormente reapresentado às fls. 422. E que, pela terceira vez, foi o mesmo recibo encaminhado na
prestação de contas. Esta última cópia diferindo das duas anteriores, por não conter o carimbo onde consta
"Recursos Transporte Escolar - Cheque nO000218. O recibo, às fls. 560, no valor de R$ 882,00, datado de
30.12.99, tendo como beneficiário o Sr. José Nivaldo da Silva, também constava do processo às fls. 216 e 413, e
também já havia sido computado como despesa do convênio.

Agora em sede de embargos de declaração, ainda inconformado com a decisão prolatada, o


interessado quer novamente rediscutir o mérito, apresentando novo discurso, alegando que o órgão técnico
deixou de computar a quantia de R$ 1.000,00 bruto, ou R$ 965,00 líquido, de despesa efetivamente comprovada
e paga, a teor de provas dos autos.

Acertou, a Auditoria, quando informou que o recibo, apresentado às fls. 549, no valor bruto de R$
1.000,00, em favor de José Oscar de Oliveira, já constava às fls. 225, e que, portanto, instruiu a prestação de
contas do convênio.

Não se faz necessário recorrer a um exame grafotécnico para se perceber que o recibo
apresentado às fls. 422 e 549 (em sede de recurso de revisão) e às fls. 595, nos embargos de declaração, são
cópia do mesmo já apresentado às fls. 225, com a exclusão apenas do carimbo informativo dos recursos e do n
do cheque, para dar o ar de outro recibo, fato já detectado pela Auditoria.

Assim, o Relator vota no sentido de que o Tribunal tome conhecimento dos embargos de
declaração interpostos, por ter sido apresentado tempestivamente, no entanto, negue-lhes provimento, uma vez
que não há qualquer omissão, contradição ou obscuridade na decisão recorrida, mas apenas o intuito do
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C (!I,'
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de novo que fosse foi trazido aos autos para que o Tribunal Pleno viesse a modificar sua decisão. Assim, propôs
que o Tribunal não tomasse conhecimento do recurso interposto. No entanto, a decisão foi, por maioria de voto,
pelo conhecimento e não provimento do recurso, conforme Acórdão APL TC 51/2008.

Ainda inconformado, o interessado interpôs embargos de declaração, com pedido de efeito


modificativo, contra a decisão supra citada, fls. 574/627. Alega o embargante a existência de omissão e
contradição, na decisão vergastada, uma vez que se deixou de computar a quantia de R$ 1.000,00 bruto, ou R$
965,00 líquido, de despesa efetivamente comprovada e paga, a teor de provas dos autos. Informa que a
Auditoria havia dito, quando do exame do recurso, que o valor em referência, que diz respeito ao pagamento
feito ao Sr. José Oscar de Oliveira, já havia instruído a prestação contas, e consta às fls. 225, e que
posteriormente foi reapresentado, em sede de defesa, às fls. 422, e que, pela terceira vez, estava sendo
apresentado, em sede de recurso de revisão, às fls. 549, sendo que esta ultima cópia apresentada difere das
anteriores, por não conter o carimbo onde consta "Recursos Transporte Escolar - cheque nO218".

É justamente neste ponto que emerge a contradição, uma vez que a própria Auditoria reconhece
que o recibo apresentado às fls. 549 é diferente do que foi apresentado às fls. 225 e 442. Na verdade, o recibo é
realmente diferente, e não se refere ao pagamento do cheque nO218, mas a um outro pagamento, no valor de
R$ 965,00, feito pelo caixa ao Sr. José Oscar de Oliveira, em decorrência do cheque nO215, e que, por equívoco
do setor contábil, na feitura do recibo de fls. 549, deixou-se de indicar o número do cheque 215.

A Unidade Técnica de instrução, ao examinar os termos dos embargos de declaração, fls.


630/635, após historiar o processo, informou que os mesmos foram interpostos no prazo legal. Tocante ao
mérito, ficou devidamente comprovado que o valor de R$ 1.000,00 resultou de despesa sem comprovação, onde
se verificou que o valor liberado foi de R$ 24.500,00, enquanto as despesas somaram R$ 23.500,00. Essa
despesa sem comprovação foi relatada na Resolução RC2 TC 108/2004, Acórdão AC2 TC 1138/2004 e Acórdão
APL TC 51/2008. Igualmente, a matéria embargada foi discutida nos dois recursos interpostos, reconsideração e
revisão, ocasião em que se comprovou que nenhum fato novo foi apontado pelo interessado.

Em síntese, o recorrente procura confundir o órgão técnico, apontando despesa que não se
relaciona com a diferença ocorrida pela execução do convênio, declarando que a importância era resultante do
pagamento ao Sr. José Oscar de Oliveira, no valor de R$ 965,00, que não é o mesmo que R$ 1.000,00.

Ante o exposto, a Auditoria considera improcedentes os presentes embargos de declaração, por


não existir qualquer dúvida sobre as matérias discutidas, como ficou devidamente esclarecido.

O Processo foi encaminhado ao Ministério Público, que emitiu parecer fls. 636, com o seguinte
entendimento: verifica-se, quanto à argumentação apresentada em sede de embargos de declaração em
comento, já ter sido objeto de análise pela Auditoria e pelo Ministério Público tanto no momento da instrução
processual, quanto por ocasião da apreciação do recurso de reconsideração anteriormente interposto, não
havendo nada de novo que tenha sido trazido aos autos, nem tampouco se vislumbrar hipóteses de omissão,
contrariedade ou obscuridade na decisão recorrida (Acórdão APL TC 51/2008), caracterizando-se o verten
recurso como manifestamente protelatório, sendo de se impor ao recorrente a multa prevista no art. 18 ,
parágrafo único clc o art. 168, IX, do Regimento Interno desta Corte.

É o relatório, informando que foram procedidas as notificações de praxe.

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2. VOTO DO RELATOR

Em decorrência do não cumprimento da Resolução RC2 TC 108/2004, em que foi assinado prazo
ao ex-gestor para devolução da importância de R$ 1.000,00, em virtude da ausência de documentos, nos autos,
que comprovassem as despesas efetuadas neste valor, a 2a Câmara decidiu, através do Acórdão AC2 TC
1138/2004, julgar irregular a prestação de contas do Convênio nO890199, imputar débito de R$ 1.475,59,
corrigido pela poupança, bem como aplicar multa pessoal ao ex-prefeito.

Em sede de recurso de reconsideração, convertido posteriormente em revisão, devido a


intempestividade daquele recurso, o interessado procedeu ao recolhimento do débito imputado, no entanto,
discordava do mesmo, já que afirmava que o valor efetivamente repassado, pelo Estado, ao município, em
decorrência do Convênio nO890/99, foi de R$ 22.000,00, e não o valor previsto de R$ 24.500,00.

Apesar da alegação feita, a Auditoria demonstrou com documentos obtidos do SIAF que o valor
efetivamente liberado pelo Estado foi de R$ 24.500,00.

Não surtindo efeito suas alegações, em complementação de defesa, ainda em sede de recurso de
revisão, o interessado mudou seu discurso e passou a sustentar que houve equívoco na formação da relação
dos pagamentos (Anexo V), ou seja, o valor pago a José Oscar de Oliveira seria de R$ 965,00, bem como não
foi incluído o pagamento de R$ 882,00 a José Nivaldo da Silva. Corrigindo a falha, a irregularidade ficaria
sanada.

A Auditoria novamente rebateu as novas alegações, informando que o recibo apresentado, fl. 549,
no valor de R$ 965,00, com data de 31.12.99, em favor do Sr. José Oscar de Oliveira, já havia sido computado
como despesa do convênio, uma vez que instruiu, originalmente, a prestação de contas às fls. 225, sendo
posteriormente reapresentado às fls. 422. E que, pela terceira vez, foi o mesmo recibo encaminhado na
prestação de contas. Esta última cópia diferindo das duas anteriores, por não conter o carimbo onde consta
"Recursos Transporte Escolar - Cheque nO000218. O recibo, às fls. 560, no valor de R$ 882,00, datado de
30.12.99, tendo como beneficiário o Sr. José Nivaldo da Silva, também constava do processo às fls. 216 e 413, e
também já havia sido computado como despesa do convênio.

Agora em sede de embargos de declaração, ainda inconformado com a decisão prolatada, o


interessado quer novamente rediscutir o mérito, apresentando novo discurso, alegando que o órgão técnico
deixou de computar a quantia de R$ 1.000,00 bruto, ou R$ 965,00 líquido, de despesa efetivamente comprovada
e paga, a teor de provas dos autos.

Acertou, a Auditoria, quando informou que o recibo, apresentado às fls. 549, no valor bruto de R$
1.000,00, em favor de José Oscar de Oliveira, já constava às fls. 225, e que, portanto, instruiu a prestação de
contas do convênio.

Não se faz necessário recorrer a um exame grafotécnico para se perceber que o recib
apresentado às fls. 422 e 549 (em sede de recurso de revisão) e às fls. 595, nos embargos de declaração, sã,
cópia do mesmo já apresentado às fls. 225, com a exclusão apenas do carimbo informativo dos recursos e do n
do cheque, para dar o ar de outro recibo, fato já detectado pela Auditoria.

Assim, o Relator vota no sentido de que o Tribunal tome conhecimento dos embargos de
declaração interpostos, por ter sido apresentado tempestivamente, no entanto, negue-lhes provimento, uma vez

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que não há qualquer omissão, contradição ou obscuridade na decisão recorrida, mas apenas o intuito do

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interessado em rediscutir o mérito de matéria já apreciada pela Auditoria, pelo Ministério Público e pelo Tribunal
Pleno, o que é inadmissível em sede de embargos de declaração, encaminhando-se o Processo à Corregedoria
para registro do débito e da multa recolhidos e posterior arquivamento dos autos.

3. DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO


Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC nO09399/99, no tocante aos Embargos de
Declaração interpostos, ACORDAM os membros do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, na sessão
realizada nesta data, por unanimidade de votos, em preliminar, tomar conhecimento dos mesmos, e, no mérito,
negar-lhe provimentos, uma vez que não há qualquer omissão, contradição ou obscuridade na decisão recorrida,
mas apenas o intuito do interessado em rediscutir o mérito de matéria já apreciada pela Auditoria, pelo Ministério
Público e pelo Tribunal Pleno, o que é inadmissível em sede de embargos de declaração, encaminhando-se o
Processo à Corregedoria para registro do débito e da multa recolhidos e posterior arquivamento dos autos.
Publique-se e cumpra-se.
TC - Sala das Sessõe nári Min. João Agripino.
João Pessoa, 15 ou br de 2008.

Conselheir

conselheircf~ll~stitut~ ~nt~ni~ clãud.li~~ilva Santos'


Relator T

ACSS

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