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UFAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO


ACADÊMICA – BIA/UFAL

RELATÓRIO FINAL
(individual e diferenciado para cada
bolsista/colaborador)
(2009– 2010)

TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA:

AÇÃO DE ANTIFÚNGICOS SOBRE CÉLULAS E BIOFILMES DE ISOLADOS DE


CANDIDA OBTIDOS DE HEMO E UROCULTURAS DE PACIENTES ATENDIDOS
NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROF.º “ALBERTO ANTUNES” (07/2008-
01/2009)

ORIENTADOR: Profa. Dra. Ana Maria Queijeiro López


FONE: 91375808 E-MAIL: amql@qui.ufal.br

BOLSISTA /COLABORADOR: Igor Gomes Padilha


FONE: 91366234 E-MAIL: igorpadilha_@hotmail.com

BOLSISTA CNPQ BOLSISTA FAPEAL


X BOLSISTA UFAL COLABORADOR
Obs.: Marcar com um “X” o tipo de bolsa ou colaborador

*NOME DA GRANDE ÁREA DO CONHECIMENTO (CNPq ) : Ciências da Saúde


*NOME DA SUB-ÁREA DO CONHECIMENTO (CNPq) : Doenças Infecciosas e
Parasitárias/ Bioquímica de Microorganismos.
*VER SITE DO CNPq

MODELO PROPEP/UFAL
Sumário

Resumo..................................................................................................................................................03
Introdução.............................................................................................................................................04
Objetivos................................................................................................................................................05
Objetivo Geral..............................................................................................05
Objetivos Específicos...................................................................................06
Materiais e métodos..........................................................................................................................06
Organismos testados: Obtenção, identificação e curvas de
crescimento........................................................................................................06
Formação de Biofilmes..................................................................................07
Suscetibilidade a antifúngicos convencionais e alternativos de extratos
hidroetanólicos de pólen (EEP) e de própolis (EEPr), além de soluções aquosas
de mel de abelhas nativas do estado de Alagoas............................................09

Resultados e discussão..................................................................................................................10
Identificação dos Isolados de Candida spp.....................................................................10
Formação de Biofilmes..........................................................................................................11
Atividade Antifúngica..............................................................................................................14

Conclusão.....................................................................................................................16
Referências Bibliográficas.............................................................................17
Pontos positivos e negativos.........................................................................19

MODELO PROPEP/UFAL
Resumo

MODELO PROPEP/UFAL
1. Introdução

Nas últimas décadas, C. albicans e espécies não-albicans vêm se tornando


cada vez mais importantes como causa de infecções nosocomiais. A transformação da
levedura, de comensal a forma parasito-infectante, ocorre em ambiente hospitalar e
resulta do próprio progresso da medicina: surgimento de grande número de
procedimentos invasivos, quebrando barreiras de proteção natural, uso intensivo de
antibióticos de amplo espectro e a capacidade de sustentar a vida de pessoas muito
debilitadas e susceptíveis a microorganismos oportunistas. (OLIVEIRA, 2001)
Contribuindo para o aumento das infecções, a alta capacidade de adaptação de
Candida spp. a condições adversas permite a formação de “comunidades microbianas
presas a superfícies” – biofilmes em equipamentos de procedimentos médicos, como
vários tipos de cateteres, tubos endotraqueais, stents, shunt. Tais infecções por
biofilme representam 65% das infecções microbianas hospitalares, tornando-se cada
vez mais preocupantes devido a difícil possibilidade de erradicação pela alta
resistência antifúngica dos infectantes. (SENEVIRATNE & SAMARANAYAKE, 2007).
A formação de biofilmes depende diretamente da síntese e secreção de
componentes da matriz de células viáveis e de células líticas. Matriz de C. albicans é
constituída por proteínas, hexosamina, fosfatos, ácido urônico e majoritariamente por
exopolissacarídeos, destacando-se β-1,3-D- glucano, o qual se encontra na
composição das paredes celulares da levedura e na forma secretada, sua forma
solúvel é produzida pelo biofilme em cateter infectado in vivo, servindo também como
meio diagnóstico de infecção do cateter.(NOBILE et al.,2007)
A disseminação de biofilmes sobre a superfície epitelial da mucosa vaginal,
associada a alta resistência antifúngica, contribui para o aumento da incidência das
infecções, além do aumento do risco de morbi-mortalidade das mesmas. Tal resistência
pode estar associada a características intrínsecas das células do biofilme, ou pode ter
sido adquirida pela transferência de material genético entre as células na formação do
biofilme. (BOTELHO, 2006)
Segundo DONLAN (2001) e JIN et al. (2003), outros fatores também interferem
na formação do biofilme, como número e tipos de células no fluido a que a superfície

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inerte é exposta, taxa de fluxo do fluido com células sobre a superfície, além das
características físico-químicas do material inerte. Interferindo na recorrência das
infecções, bem como na ocorrência de candidíase superficial e sistêmicas.
Visando a ampliação das possibilidades terapêuticas contra infecções
antifúngicas, surgem novas possibilidades farmacológicas, como formações
lipossomais de Anfotericina B e equinocandinas, sendo estas capazes de inibir a
síntese de β-1,3-D- glucano, têm maior tolerância por não interferirem na membrana
plasmática do hospedeiro, além de eficácia comprovada nos pacientes que não
respondem ou são resistentes ao tratamento com Anfotericina B. (ODIO et al., 2004;
ARANDA, 2004)
Nos últimos anos a literatura científica vem relatando as propriedades
farmacológicas da própolis, destacando sua atividade fungistática e fungicida,
relatando a atividade de própolis contra Candida albicans obtendo uma CIM entre 1200
a 6400 μg/mL., sendo observada eficazes combinações de antimicóticos com
própolis.(ADELMANN, 2005). Além da própolis, outras pesquisas partindo de
substâncias consagradas na medicina popular como pólen e mel, vem sendo
discutidas, referentes ao alto valor nutritivo e suas ações conhecidas em outros
sistemas biológicos, pela alta concetração de susbstâncias antioxidantes, as quais
promovem efeitos antimicrobianos. (BASIM et al., 2006; BOUKRAÂ &
BOUCHEGRANE, 2007).

2. Objetivos

Objetivo Geral
Isolar microrganismos leveduriformes de hemoculturas e uroculturas de
pacientes com infecção no trato urogenital, atendidos no ambulatório do Hospital
Universitário Prof. Alberto Antunes (UFAL, Maceió/AL), e verificar a ação de diferentes
antifúngicos recomendados pela ANVISA, bem como de outros antimicóticos
alternativos, sobre tais microrganismos e seus biofilmes. Além disso, a avaliação da
possível atividade anti-oxidante desses produtos será efetuada com o propósito de
conhecer o espectro do mecanismo de ação destes.

MODELO PROPEP/UFAL
Objetivos Específicos
• Coletar isolados leveduriformes de hemo e uroculturas preparadas a partir de
amostras biológicas de pacientes do Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes”
(UFAL), e cultivá-los em meios específicos;
• Realizar a identificação dos microrganismos isolados através de provas
morfológicas e bioquímicas;
• Preparar biofilmes em placas de cultura celular de 96 poços;
• Realizar testes de sensibilidade das suspensões celulares e dos biofilmes a
diferentes concentrações de antifúngicos recomendados pela ANVISA e outras
moléculas não comerciais;
• Avaliar a capacidade de aquisição de resistência das células ou biofilmes
submetidos a doses sub-inibitórias crescentes dos antifúngicos testados;
• Avaliar a atividade anti-oxidante dos antimicrobianos testados (recomendados pela
ANVISA e alternativos).

3. Materiais e métodos

Organismos testados: Obtenção, identificação e curvas de crescimento.

Coletaram-se amostras biológicas não-isoladas, a partir de exames de hemo e


uroculturas, obtidas de pacientes atendidos através do Sistema de Saúde Integral do
Hospital Universitário “Prof. Alberto Antunes”, da Universidade Federal de Alagoas
durante o período de Junho/2008 a Janeiro/2009.

Partindo-se da identificação de longos bastonetes retos, Gram positivos e com


endósporos observados em esfregaços em lâminas e colorações específicas,
constatou-se a impureza das amostra coletadas. Visando ao isolamento das estirpes
leveduriformes, o material coletado foi repicado em placas de Petri com meio de cultura
Ágar Sabouraud Dextrose (SDA) acrescido de solução de Ácido Tartárico 0,1g/ml

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impregnado por discos
de antibióticos
Ofloxacina,
Vancomicina e
Polimixina dispostos
em posições
eqüidistantes nas
placas.

Utilizou-se de testes morfológicos de esfregaços e coloração diferencial


(Coloração de Gram) além de testes bioquímicos, pelo sistema de identificação
enzimático API (Biomerieux, Marcy l’Etoile, France), utilizado conforme manual do
fabricante. (Figura 1)
Sobre Curva de Crescimento?

Figura 1. Identificação Bioquímica – Teste API (Biomerieux-France). A - SV2, B


- SV6 e C – SV9.

Formação de Biofilmes:

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Conforme metodologia de CARDOSO (2004) modificada, culturas celulares
foram repicadas em placas de Petri com meio SDA e incubadas a 37º C durante 24
horas, em seguida, suspensões celulares com concentrações fixas de 103 células.mL-1
foram adicionadas ao meio líquido Caldo Sabouraud Dextrose (SDB) com 20 pequenos
tubos seccionadas uniformemente de cateteres de PVC para cada erlenmeyer com
70ml de SDB, sendo triplicatas para cada cepa, mantidas a 28 ± 2 ºC durante 18 horas
(que equivale à fase estacionária de crescimento ) em mesa agitadora com rotação de
130 rpm.
No fim das 18 horas de crescimento, as células no meio SDB foram submetidas
a um processo de filtragem com membranas de porosidade 0,45 µm. Os catéteres que
restaram sobre as membranas foram distribuídos igualmente entre tubos Falcon
contendo solução salina e em placas de Petri estéreis sobre papel filtro. Posterior a
retirada dos cateteres, as membranas foram pesadas logo após a filtragem e também
pós incubação em estufa por 2h a 50ºC, sendo possível quantificar as massas úmida e
seca das mesmas.
Foi feita a técnica de Pour Plate a partir dos tubos Falcon contendo os cateteres
em solução salina, os quais foram agitados em vórtex por 1min cada um, sendo a
posteriori adicionada uma alíquota de 600 µL da suspensão em 60 ml de meio SAD e
vertido em placas de Petri estéreis. Em seguida, foram incubadas (30 ± 2 ºC) por 24h
para contagem de colônias macroscopicamente.
Dos 10 catéteres que ficaram nas placas de Petri com papel filtro, 3 foram
depositados na superfície interna de placas de Petri estéreis com meio SAD e
incubados (30 ± 2 ºC, 24h) para futura mensuração dos halos de crescimento de
colônias em torno do cateter, os demais catéteres com biofilme formado foram corados
utilizando-se o sal MTT 25% , brometo de 3-(4,5-dimetilltiazol-2-il)-2,5-
difeniltetrazolium, conforme descrito por HAWSER & DOUGLAS (1994), o qual cora
células viáveis, seguindo-se de observação em microscopia óptico. Padronizou-se
outra forma de quantificação segundo escala criada pelo orientador do bolsista (Figura
2) conforme o grau de propagação das células do biofilme na superfície interna dos
cateteres, segundo à numeração, 0(zero): Escarso; 1(um): Levemente coberto; 2(dois):
Moderadamente coberto; 3(três): Acentuadamente coberto.

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Figura 2. Escala usada para quantificar as concentrações de células nos biofilmes formados
pelos isolados de Candida SV2, SV6 e SV9.

Suscetibilidade a antifúngicos convencionais e alternativos de extratos


hidroetanólicos de pólen (EEP) e de própolis (EEPr), além de soluções
aquosas de mel de abelhas nativas do estado de Alagoas.

Visando avaliar a suscetibilidade das leveduras de Candida aos antifúngicos


convencionais recomendados pela ANVISA e também a extratos hidroetanólicos de
pólen e de própolis, além de soluções aquosas de mel de abelhas nativas do estado de
Alagoas, as leveduras foram repicadas em meio SDA, em seguida incubadas a 30 ± 2
ºC, por um período de 24 a 48 h. Os antibiogramas foram realizados em meio Ágar
Sabouraud Dextrose (SDA), utilizando-se uma suspensão aquosa de cada isolado de
Candida, contabilizadas em câmara de neubauer em três contagens para cada isolado
testado (106 células. mL-1).
Foram preparados meios DAS diferentes para os isolados SV2, SV6 e SV9. Em
3 Erlenmeyers com 200 mL de meio, pós auto clavagem e repouso ate uma
temperatura por volta de 45 ºC, foi adicionado 2 mL das respectivas suspensões e
vertido em placas de Petri. Após a solidificação, com um auxilio de um furador, foram
efetuados orifícios (θ≅ 8 mm), onde foram colocados 100 µL dos antifúngicos
convencionais Fluconazol 2mg. mL-1, Miconazol 20mg.mL-1, Nistatina 106 UI.mL-1.
Foram testados também extratos hidroetanólicos de pólen 50 mg .mL-1, oriundos de
três espécies de abelhas nativas de Delmiro Golveia- AL, além de mais duas amostras
coletadas na Barra de Santo Antonio – AL. O extrato de própolis 2 mg .mL-1 testado foi

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oriundo da zona da mata alagoana e os dois méis (solução aquosa 50%) testados
vieram da zona da mata e sertão de Alagoas. O controle negativo foi feito com água
destilada estéril e etanol 70%.
A leitura dos resultados foi feita após 48 h. As placas foram armazenadas sob
refrigeração (5-8 ºC) por 24 h e posteriormente foram incubadas (30 ± 2 ºC). A
atividade antifúngica foi determinada através da medida comparativa dos diâmetros
(mm) ao redor dos poços com antifúngicos convencionais em comparação com aquele
contendo água estéril. A ação dos antifúngicos e dos extratos frente aos isolados
testados foi classificada (resistentes ou sensíveis) conforme critérios do Clinical and
Laboratory Standards Institute (CLSI).
4. Resultados e discussão

Identificação dos Isolados de Candida spp.

Por apresentar reprodução assexuada do tipo gemulação, fungos leveduriformes


do gênero Candida originam blastóporos, pseudo-hifas, hifas gram-positivos e
clamidósporas (TRABULSI, 2004) conforme observado na identificação morfológica. A
partir do teste API foi possível detectar a produção de diferentes enzimas secretadas
por espécies de Candida, as quais segundo KAWECKI et al. (2006), são um dos
fatores responsáveis pelo caráter patogênico dos fungos, em especial as de atividade
hidrolítica – hidrolases, as quais facilitam crescimento, replicação, aumento da
infectividade fúngicos uma vez que possibilitam a penetração e aderência dos fungos
nos epitélios de mucosas devido a alta capacidade de clivar ligação C-C, C-N e C-C,
entretanto vale ressaltar que dentro da mesma espécie pode ou não haver expressão
de atividade de enzimas específicas, a exemplo da esterase lipase e valina arilamidase
que têm apenas atividade aumentada em condições ambientais adversas
(KURNATOWSKA, 1998). A partir da comparação dos resultados obtidos (Tabela 1)
com modelo de identificação segundo KONEMAN & ROBERTS (1987), pode-se
nomear as três espécies de Candida avaliadas, sendo SV2 - C. krusei, SV6 – C.
guilliermondii e SV9 – C. tropicalis.

TABELA 1. Resultados dos testes bioquímicos do sistema API (Biomerieux- France),

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inoculados com os isolados SV2, SV6 e SV9 coletadas de pacientes com Infecções de
Trato Urinário do Hospital Universitário “Prof. Alberto Antunes”.

Amostras SV2 SV6 SV9

Substratos
Sigla Descrição Reações
ONPG 2-nitrofenil-d- β-galactosidase
-
galactopiranosideo - -
ADH L-arginina Arginina desidrolase - - -
LDC L-lisina Lisina descarboxilase - - -
ODC L-ornitina Ornitina descarboxilase - - -
CIT Citrato de sódio Utilização de citrato - - -
H2S Tiosulfato de sódio Produção de H2S - - -
URE Uréia Hidrólise de uréia - - -
TDA L-triptrofano Deaminase NT NT NT
IND L-triptrofano Produção de indol NT NT NT
VP Piruvato de sódio Produção de acetoína NT NT NT
GEL Gelatina Gelatinase - - -
GLU D-glucose Oxidação/Fermentação + + +
MAN manitol Oxidação/Fermentação - + +
INO Inositol Oxidação/Fermentação - - -
SOR D-sorbitol Oxidação/Fermentação - - -
RHA L-ramnose Oxidação/Fermentação - - -
SAC D-sacarose Oxidação/Fermentação + + +
MEL D-melibiose Oxidação/Fermentação - - +
AMY Amigdalina Oxidação/Fermentação - - -
ARA L-arabinose Oxidação/Fermentação - + -
MNE D- Mannose Oxidação/Fermentação - + +
MAL D-Maltose Oxidação/Fermentação - + +
LAC Lactose Oxidação/Fermentação - + -
FRU Fructose Oxidação/Fermentação - + +
TRE1: D-Trehalose Acidificação - + +
MAN: D-Manitol Acidificação - + +
XLT Xilitol Acidificação - + +
MEL: D- Melibiose Acidificação - - +
NIT: Potassium Nitrate Nitrato Redutase - - -
PAL: β-Naftyl phosphate Fosfato Alcalino + + +
RAF-D Rafinose Acidificação - + +
XYL D- Xilose Acidificação - + +
MDG Metil-a-D-Glicopiranosida Acidificação - + +
NAG N-Acetil-Glicosamina Acidificação - + +

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Formação de Biofilmes:

Segundo SENEVIRATNE & SAMARANAYAKE (2008), a formação de biofilmes


contribui diretamente para o aumento da virulência e infectividade das espécies de
Candida, sendo as células de biofilmes 30-2000 vezes mais resistentes a Fluconazol,
Anfotericina B, itraconazol e Miconazol. O processo de formação do biofilme inicia-se
pela adesão do microorganismo a uma superfície, seguida de discreta colonização e
organização das células microbianas, com secreção de substâncias poliméricas
extracelulares (SPE), potencializando a adesão e maturação das células
tridimensionalmente, disseminando, pois, as células do biofilme (Figura 3).

Figura 3. Processo de formação de biofilme. (CARDOSO, 2004)

A formação de biofilmes, a partir dos isolados utilizados, pôde ser avaliada


segundo condições dinânimas e aeróbicas, condições que segundo THEIN et al.
(2007) favorecem um maior crescimento de biofilmes de C. krusei, C. tropicalis, C.
guilliermondii e C. parapsilosis, além da síntese de componentes da matriz extracelular

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que em condições estático – anaeróbicas,
destacando-se o maior crescimento de
biofilmes de C. krusei em discos de
cateteres de PVC que em de poliestireno
e silicone (SENEVIRATNE &
SAMARANAYAKE, 2007). A partir do
experimento, verificou-se,
macroscopicamente, amplo crescimento de
células de isolados de Candida spp. dos biofilmes nas placas com cateter sobre meio
sólido SDA, confirmando a ampla disseminação do biofilme sobre os cateteres.
Verificou-se ainda formação de variáveis tamanhos de halos de crescimento celular em
torno dos catéteres, sendo maior para o isolado de C. krusei - SV2. (Tabela 2, Figura
4), esta variação pode estar associada à composição de SPE sintetizadas ou
secretadas pelas diferentes espécies de Candida. As SPE são compostas
principalmente de carboidratos, entretanto o teor de hexosamina, proteínas,fósforo e
ácido urônico varia entre espécies, fator que pode tanto facilitar o desprendimento de
células, favorecendo a maior disseminação de células no meio, como também pode
interferir no fluxo de nutrientes e consumo dos mesmos pelas células das camadas

Isolados de Candida Halos de crescimento em torno Desvio padrão


spp. dos catéteres (mm)
SV2 9,6775

0,801667
SV6 6,865 0,176667
SV9 6,75 0,135
mais profundas do biofilme, inviabilizando as mesmas.

TABELA 2. Quantificação do crescimento de colônias de Candida de biofime, segundo


formação de ao redor de cateteres.

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Figura 4. Crescimento de células de biofilme em torno do catéter.
A:Controle; B: Isolado SV2; C: Isolado SV6; D: Isolado SV9.

No outro método utilizado para contagem macroscópica, segundo o pour plate


das suspensões celulares de biofilmes em solução salina, observou-se crescimento de
colônias diminutas incontáveis de Candida para todos os isolados avaliados. (Figura 5)

MODELO PROPEP/UFAL
Figura 5. Crescimento de células de biofilme a partir de suspensão celular de
biofilme. A:Controle; B: Isolado SV2; C: Isolado SV6; D: Isolado SV9.

A partir da análise microscópica foi possível


observar o grau de ocupação das células do biofilme
sobre a superfície interna dos catéteres, podendo-se observar...

Atividade Antifúngica

As leveduras foram avaliadas quanto à suscetibilidade a antifúngicos


convencionais preconizados pela ANVISA, extratos hidroetanólicos de pólen e de
própolis, além de soluções aquosas de mel. Todos os isolados foram sensíveis aos
antimicóticos convecionais (Fluconazol 2mg. mL-1, Miconazol 20mg.mL-1, Nistatina
106 UI.mL-1, sendo o Fluconazol(FCZ), o de maior eficiência (Figura 6 e 7). Foram
observadas ainda diminutas colônia resistentes a FCZ, resistência esta que pode ter
sido adiquirida ou pelo contato prévio com o antifúngico, ou pelos baixos níveis do
fármaco nos tecidos e sangue (SILVA et al., 2002) podendo estar associada ao
aumento da expressão de genes mutacionais ERG 11, os quais interferem na interação
da 14-α-dimetilase, enzima que participa da biossíntese do ergosterol, com o FCZ,
diminuindo seus armazenamento intracelular, condicionando a resistência ao
microorganismo (MORSHHÄUER,2002).

Figura 5. Atividade antimicótica dos antifúngicos


Nistatina (NIST) - 106 UI.mL-1, Fluconazol (FCZ)
2mg. mL-1 e Miconazol (MCZ) 20mg.mL-1.
Pequenos pontos dentro do halo de FCZ
representam colônias resistentes.

MODELO PROPEP/UFAL
Figura 7. Sensibilidade dos isolados de
Candida aos antifúngicos Nistatina (NIST) -
106 UI.mL-1, Fluconazol (FCZ) 2mg. mL-1
e Miconazol (MCZ) 20mg.mL-1.

Os extratos das amostras de pólen e de própolis (Figuras 7 e 8), além das


soluções aquosas de mel não mostraram nenhuma atividade antifúngica frente aos
isolados avaliados in vitro. Embora BOUKRAÂ & BOUCHEGRANE (2007) tenham
observado atividade antifúngica do mel frente a Candida albicans, principalmente
relacionada às altas concentrações de açúcar e baixo teor de água constituintes do mel
e OTA et al. (2000) tenham mostrado a ação antifúngica de extratos de própolis da
região sudeste do Brasil, relacionada ao conteúdo de flavanóides, ácidos fenólicos e
ésteres presentes no própolis mesmo em concentrações menores que a avaliada no
presente estudo, tal discordância com a literatura pode estar relacionada a fatores
como a necessidade de aumentar as concentrações das soluções e extratos usados,
sazonalidade e origem das amostras, ou, no caso do própolis, da composição da cera
de abelha.

MODELO PROPEP/UFAL
Figura 7: Antibiograma do isolado SV6 frente a Figura 8: Avaliação de atividade antifúngica do
Extratos hidroetanólicos de pólen PN1 (A), PN2 isolado SV9 a Extratos hidroetanólicos de pólen
(B), PN3(C) e Própolis (D). PN4 (A) e PN5 (B).

5. Conclusões

Embora se observe que há notória ação dos fármacos convencionais, observa-


se que é crescente o número de cepas resistentes especialmente compondo os
biofilmes em materiais médicos de tratamento e diagnóstico como catéteres urinários,
fato que indica que as condutas terapêuticas atualmente preconizadas são ineficazes e
devem ser repensadas, uma vez que o aumento na incidência de infecções
recorrentes, resultado de contaminação por estirpes multiresistentes, pode evoluir de
candidíase superficial a casos mais graves como as crises sistêmicas, aumentando a
morbimortalidade da doença. No caso dos biofilmes deve-se, pois, direcionar as futuras
pesquisas, para técnicas mais confiáveis de coleta e mensuração dos biofilmes bem
como de avaliar de forma mais fidedigna as estratégias de controle e erradicação dos
mesmos. No caso das amostras de pólen, própolis e mel testadas, não houve ação
antimicótica, cuja causa pode ser multifatorial como quanto concentração utilizada,
origem das amostras, sazonalidade, dentre outros fatores que tenham contribuído para
a redução do potencial antioxidante das mesmas e, consequentemente, interferindo na
atividade antimicrobiana.

6. Referências Bibliográficas

1. ADELMANN,J. Própolis: Variabilidade Composicional, Correlação com a Flora e


Bioatividade Antimicrobiona / Antioxidante. Dissertação de Mestrado em
“Ciências Farmacêuticas” – Universidade Federal do Paraná, Brasil, 2005
2. ARANDA, J. Nova geração de antifúngicos. XVIII Congresso Brasileiro de
Perinatologia, São Paulo, 13 a 16/11/2004.

MODELO PROPEP/UFAL
3. BASIM, E.; BASIM, H.; O¨ ZCAN, M. Antibacterial activities of Turkish pollen and
propolis extracts against plant bacterial pathogens. J. Food Engineer., 77
(2006) 992–996.
4. BOTELHO, N.S. et al. Formação de Biofilme em Amostras de Candida sp.Anais
da 58a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.(C.10.2
Microbiologia Aplicada)R.3741, 2006. (disponível em
HTTP://sbpcnet.org.br/livro/58ra/JNIC/RESUMOS/resumo_3741.html)

5. BOUKRAÂ, L.; BOUCHEGRANE, S. Additive action of honey and starch


against Candida albicans and Aspergillus Níger. Rev Iberoam Micol 2007; 24:
309-311.
6. CARDOSO, B. C. Efeito de antifúngicos em suspensões e biofilmes de Candida
albicans e Candida dubliniensis. Dissertação de Mestrado em “Chemical and
Biological Engeneering” – Universidade do Minho, Portugal, 2004.
7. DONLAN, Rodney M. Biofilms and Device-Associated Infections. Emerg. Inf.
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surface of catheter materials in vitro. Infect Immun., 62(3): 915-921, 1994
9. JIN, Y.; YIP, H. K.; SAMARANAYAKE, Y. H.; YAU, J. Y. ; SAMARANAYAKE, L. P.
Biofilm-Forming Ability of Candida albicans Is Unlikely To Contribute to High
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10. KAWECKI, D.; SWOBODA-KOPEC, E.; DABKOWSKA, M.; STELMACH, E.;
WROBLEWSKA, M.; KRAWCZYK, M.; BLACHNIO, S.; LUCZAK, M. Enzymatic
Variability of Candida krusei Isolates in a Course of Fungal Infection in a Liver
Transplant Recipient. J. Trans. Proceed. 38, 250–252 (2006)
11. KONEMAN, E. W. ; ROBERTS, G. D. Micologia: Practica de Laboratorio. 3. ed.
Buenos Aires: Panamericana,7:178-180, 1987.

12. KURNATOWSKA, A. J. Activity of hydrolytic enzymes of Candida albicans strains


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MODELO PROPEP/UFAL
13. MORSHHÄUER, J. The genetic basis of fluconazole resistance development in
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14. NOBILE, C.J. et al. Biofilm Matrix Regulation by Candida albicans Zap1. PLoS
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leveduras do gênero Candida. Rev. Assoc. Med. Bras. vol.47 no.3 São
Paulo Julho/Set. 2001

17. OTA, C.; UNTERKIRCHER, C., FANTINATO, V.; SHIMIZU, M. T. Antifungal


activity of propolis on different species of Candida. Mycoses, 44, 375- 378
(2001).
18. SENEVIRATNE, CJ, L Jin; SAMARANAYAKE, LP. Biofilm lifestyle of Candida: a
mini review. Oral Diseases (2008) 14, 582–590.

19. SIlVA, V.; DÍAZ, M.C.; FEBRÉ, N. Vigilancia de la resistencia de leveduras a


antifúngicos. Rev. Chil. Infect. 19 (1): 56-65, 2002.
20. THEIN, Z. M.; SAMARANAYAKE, Y. H.; SAMARANAYAKE, L. P. In vitro biofilm
formation of Candida albicans and non-albicans Candida species under dynamic
and anaerobic conditions. Arch. of oral Bio.. 52 (2007) 761 –767.
21. TRABULSI, L.R. Microbiologia.Ed. Atheneu, Rio de Janeiro, 4ª.Ed., 2004, p.451-
459.

7. Relacione os Principais Fatores Positivos e Negativos que interferiram na


condução do Projeto e Plano De Trabalho

Positivos:
Foi bastante importante a inserção deste bolsista em um laboratório de
Bioquímica/Microbiologia, pois as técnicas desenvolvidas ainda não fizeram parte da
grade curricular do módulo que este cursou até o momento na FAMED/UFAL. Além
das técnicas aprendidas, o convívio com outros colegas de curso e de outros cursos no

MODELO PROPEP/UFAL
laboratório, são experiências importantes para o aprendizado do trabalho em equipe e
adaptação às normas de um laboratório. Na condição de estudante de Medicina, que a
posteriori entrará em contato com o tratamento de patologias causadas por fungos, foi
importante também a leitura de material bibliográfico sobre o tema em estudo, como a
estrutura de leveduras e bactérias e o controle químicos desses organismos, bem
como sobre a toxicidade desses fármacos aos seres humanos. Houve não só a
possibilidade do estudo do mecanismo de ação dos medicamentos em estruturas como
membrana celular, mas também a pesquisa sobre os antifúngicos mais receitados no
Sistema Único de Saúde (Fluconazol, Nistatina, Anfotericina B, Miconazol).

Negativos:
No início do trabalho, houve dificuldade na obtenção de cepas de Candida no
Hospital Universitário da UFAL, tendo em vista que os funcionários responsáveis pelo
setor tinham turnos de trabalho incompatíveis com os horários livres do discente do
curso de Medicina. Os horários disponíveis do discente para a atividade laboratorial
(quintas-feiras pela manhã e sextas-feiras pela tarde) também não eram sempre
compatíveis com os horários em que a orientadora não estava ministrando aulas,
necessitando-se do período de férias escolares para cumprir o plano de atividades
proposto. Além disso, constantes quedas de energia e do servidor da internet da UFAL
nas datas em que este bolsista freqüentava o laboratório para seus trabalhos
experimentais ou buscas bibliográficas, também foram motivo de atrasos no
cronograma de pesquisa.

Assinatura do Bolsista/Colaborador

MODELO PROPEP/UFAL
Assinatura do Orientador

Maceió-AL, / / 2008

OBS:
►Relatório sem a certificação do orientador e do bolsista/colaborador não será
avaliado. Relatórios iguais para dois bolsistas ou colaboradores também não serão
avaliados.
► O Relatório Semestral deverá ser submetido, online, no site do PIBIC, através do
endereço http://www.ufal.br/sistemas/pibicpibiti no período de 28 de janeiro de 2008 à
15 de fevereiro de 2008.
► Quaisquer dúvidas ligar para 3214-1126 ou 1069. Falar com Sandra / Berenice /
Fátima / Herli / Thiago / Diogo ou Patrícia.
► Esse modelo é válido para bolsistas e colaboradores do CNPq/UFAL e FAPEAL.

MODELO PROPEP/UFAL

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