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Partido Comunista Brasileiro


N° 116 – 29.07.2009

Rumo ao 14º Congresso Já começam a pipocar pelo Brasil reajustes na tarifa do


Lugar de Revolucionário é no PCB! lotação. “É a crise”, dizem. O transporte urbano no Brasil é
o mais caro do mundo. É preciso intensificar a luta pelo
Passe Livre

Organizar, estudar, lutar:


Teses para estudo – parte 11
Desdobramentos táticos da estratégia socialista
87) O fato de apontarmos para uma estratégia socialista não significa subestimarmos
mediações táticas capazes de colocar em movimento os trabalhadores para a luta
imediata. Sabemos que a meta socialista necessita, em grande medida, ser construída
como parte de uma contra-hegemonia que se oponha ativamente à hegemonia liberal
burguesa. Nossa estratégia tem por objetivo imediato difundir e propagandear a
necessidade do socialismo, mas isso não significa que não seja possível começar a
realizar esta tarefa a partir das lutas imediatas e da atual conjuntura da luta de classes
no Brasil, tendo como eixo tático central fortalecer espaços de resistência e luta
unitários, como o Fórum Nacional de Lutas.
Propomos a concentração de esforços em torno das seguintes ações políticas táticas,
listadas aqui sem qualquer ordem de hierarquia:

1 – a potencialização das lutas de resistência dos trabalhadores contra o


projeto liberal burguês e seus efeitos mais imediatos, principalmente no quadro de
crise que reverterá as aparências enganosas do ciclo recente que encobriu a
exploração, mediante a inclusão no mercado de consumo, via crédito ou auxílios
assistencialistas de algumas camadas mais pobres da população. Esta primeira tarefa
tática implica em tornar visível a invisibilidade da exploração e da pobreza. A versão
idílica governamental e dos fanfarrões da pequena burguesia política é que o nosso
país passou pelo “melhor período de sua história”, nunca se teria crescido tanto, o
emprego aumentou, a miséria diminuiu, os lucros cresceram, as empresas e o Estado
investiram, e tudo ocorreu da melhor forma no melhor dos mundos.

2 – a resistência contra a precarização do trabalho e a perda de direitos. A


bandeira “nenhum direito a menos” deve ser ativa e massiva buscando mobilizar os
trabalhadores do setor produtivo, os funcionários públicos e demais trabalhadores
para que não aceitem arcar com o ônus da crise. Além disso, é fundamental, diante da
crise e do desemprego, levarmos a seguinte palavra de ordem para os trabalhadores:
demitiu, parou! Em todos os locais onde houver demissão, os trabalhadores devem
ocupá-los e parar as atividades. Neste aspecto, torna-se fundamental a construção e
fortalecimento da INTERSINDICAL, na perspectiva de caminhar para a convocação
de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora (ENCLAT) que dê passos
decisivos para a formação de uma nova Central Sindical, unitária e combativa.

3 – a intensificação da luta estudantil, não apenas como forma de


resistência contra o fortalecimento do ensino privado pela entrada das Fundações e do
Reuni, mas também para dotar o movimento estudantil de uma ação solidária junto à
luta dos trabalhadores e como ator essencial na generalização de nossa proposta de
Poder Popular. Não apenas na solidariedade concreta às lutas dos trabalhadores, mas
como articulador de iniciativas concretas de ação cultural, política e organizativa que
dêem formas aos órgãos de poder proletário e popular.

4 – a dinamização do movimento popular, articulando-o ao processo de


participação na construção de um programa revolucionário e socialista para o Brasil.
Devido ao seu caráter, o movimento popular pode assumir um papel decisivo na
construção das iniciativas de uma institucionalidade proletária e popular que dê conta
de passar do papel de objeto passivo de políticas públicas e da pirataria do terceiro
setor para o protagonismo de políticas concretas de construção ativa de uma contra-
hegemonia, através de iniciativas de produção, consumo, moradia, educação, cultura,
saúde e formas solidárias de vida e ação política. O movimento popular é nosso
principal meio para estabelecimento dos órgãos de poder popular nas localidades de
moradia dos trabalhadores e um caminho para chegar aos locais de trabalho. Outro
desafio em relação ao movimento popular é dotá-lo de unidade programática e
política e contrapô-lo ao atrelamento assistencialista e a cooptação das políticas
governamentais ligadas ao oportunismo eleitoral. A coexistência, em vários casos,
com a economia política da criminalidade, envolverá também desafios de
organização para autodefesa.

5 – o reforço da organização específica das mulheres. Submetidas à


opressão de gênero e de classe, as mulheres fazem parte da luta geral de emancipação
de maneira particular. A especificidade da questão de gênero exige políticas de
mobilização e organização próprias que permitam uma radical afirmação de um
feminismo socialista que seja capaz de mobilizar as mulheres não apenas para buscar
suas demandas específicas, mas também conclamar a organização dos elementos do
Poder Popular e de nossas metas estratégicas socialistas. Neste aspecto, as lutas
contra a discriminação no trabalho, pelo direito ao atendimento de saúde
especializado, contra a violência doméstica, pelo direito ao aborto, são meios
essenciais para organização e mobilização das mulheres para o projeto socialista.

6 – a intensificação da solidariedade ativa na luta pela terra. Não apenas


na solidariedade concreta com as ações independentes dos movimentos que lutam por
terra no Brasil, mas a ação de interligação de lutas, auxiliando-os na organização
sindical do proletariado rural. A vinculação das lutas urbanas com as lutas rurais, seja
por terra, seja pela sobrevivência dos assentamentos como áreas de construção de
relações em dissidência com a lógica do mercado e do capital, é um ponto estratégico
de construção do Poder Popular e da Revolução Socialista no Brasil. O PCB deve dar
prioridade a esta relação e se colocar decididamente na construção das condições que
permitiriam o desenvolvimento efetivo da relação com os movimentos que lutam por
terra e que colocam o socialismo como sua meta estratégia.

7 - a fomentação de um amplo movimento político cultural em defesa do


Socialismo que envolva a solidariedade internacionalista e o resgate das experiências
revolucionárias internacionais, com especial destaque para a Revolução Soviética e
Cubana. Este campo de ação envolve uma ofensiva radical na formação política e a
combinação com atividades culturais capazes de se tornar um movimento de massas
inovador e criativo de resgate da cultura revolucionária, seus principais personagens e
ícones, as datas marcantes de nossa história, mas também de criação de bens
culturais, de conjuntos musicais, de poetas e artistas plásticos capazes de expressar o
que há de mais humano através da arte ao mesmo tempo se antagonizar com o
estranhamento produzido pelo capitalismo e a necessidade de emancipação humana
através da revolução socialista.
Prefeito e vereador,
não tirem o couro
do trabalhador

Abaixo o tarifaço!
Passe Livre e tarifa mais baixa:
Lotação é direito
Lotação é serviço público

A democracia está capengando.


Esquerda terá que ser radical

Éric Aeschimann *

Doença na democracia, nevoeiro nas urnas. É esse o efeito retardado de


uma sucessão de escrutínios de resultados embaraçosos para a esquerda?
Um movimento de humor diante da democracia liberal triunfal? Nova
mania de alguns filósofos? Ou uma crise mais profunda? O fato está aí: a
democracia, em todo o caso na sua forma eleitoral, está mal de saúde e os
intelectuais vêm à sua cabeceira.
Certamente para se perguntar pelo significado deste ataque de febre.
Outros, mais radicais, para afirmar que, num mundo mais complexo e mais
desigual que nunca, o sistema representativo não permite mais que a
grande maioria participe da tomada de decisão coletiva e que se faz
necessário se perguntar pelos próprios fundamentos.

Punir os eleitos
Primeiramente, a constatação. Ela atravessa clivagens políticas. Vindos da
esquerda antitotalitária, os historiadores das ideias soam o alarme. “A
democracia eleitoral incontestavelmente erodiu”, escreveu Pierre
Rosanvallon no final de 2006 em La Contre-Démocratie [A contra-
democracia]. Próximo da segunda esquerda, ele descreveu as diversas
formas da “desconfiança” democrática, da “democracia negativa”:
abstenção, manifestações, vontade de vigiar e punir os eleitos.

Na introdução do primeiro volume de L’Avènement de la


démocratie [O advento da democracia], que apareceu no outono, seu
colega Marcel Gauchet prefere falar de “uma anemia galopante”, de uma
“perda de efetividade” que ele atribui a uma “crise de crescimento” de
grande amplitude. A ironia quer que essas análises se desenvolvam num
momento em que, praticamente em oposição ao campo de batalha
intelectual, a crítica da “democracia formal”, tão velha quanto o marxismo,
conhece uma segunda juventude.

Testemunhando o inesperado sucesso do pequeno ensaio do filósofo Alain


Badiou, De quoi Sarkozy est-il le nom ?, verdadeiro ataque da lei das
urnas. “Todo o mundo percebe que a democracia eleitoral não é um espaço
de escolha real”, escreve. Diante da “corrupção” das democracias pelas
potências do dinheiro, teria chegado o momento de definir “uma nova
prática daquilo que foi chamado de ‘ditadura’ (do proletariado). Ou ainda,
e é a mesma coisa: um novo uso da palavra ‘Virtude’”.

Muitas vozes se levantaram – as de Bernard-Henri Lévy ou do


crítico literário Pierre Assouline – para denunciar o retorno de uma
retórica associada ao comunismo estalinista. Michel Taubman, diretor da
revista Le Meilleur des Mondes, suspeito de complacência para com o
pensamento da esquerda, mostra uma certa tranqüilidade:
“Há trinta anos, na França, 20% da população denunciava a democracia
burguesa e acreditava na ditadura do proletariado. Vivemos com isso. Na
realidade, esses intelectuais radicais não representam ninguém, porque,
hoje, mesmo Besancenot defende a democracia eleitoral”. Portanto, que na
França a discussão tome um aspecto tão enérgico não é casual. “Os
franceses são, no contexto europeu, os mais pessimistas em relação à
democracia e seus representantes”, nota Stéphane Rozès, diretor do
Instituto CSA. A crise, diagnostica, é “espiritual” e ratifica o discurso da
impotência dos políticos diante da mundialização.

“Impotência”
Abstenção nas eleições presidenciais de 2002, vitória do ‘não’ à
Constituição europeia, “flechadas” tão bruscas quanto as efemérides pela
Ségolène Royal depois François Bayrou, participação massiva na
consagração de Nicolas Sarkozy, escrutínios locais transformados em
‘défouloirs’, a bússola fica desnorteada.
Nem as extravagâncias sarkozianas nem a ratificação do mini-tratado
europeu deverão contribuir para restaurar a confiança nas virtudes do voto.
Algo para confortar Badiou, não enfastiado de constatar em seu livro: “A
impotência era efetiva, mas agora ela é comprovada”.

“Os franceses não reprovam nos políticos a sua falta de


proximidade, mas sua irresponsabilidade”, retoma Rozès, acrescentando
que os franceses são tão mais sensíveis nisso quanto seu viver em conjunto
não está fundado sobre a religião ou a etnia, mas sobre a partilha dos ideais
políticos. Resta colocar-se de acordo sobre as causas da impotência
democrática. Este é o desafio da reflexão engajada. Para Marcel Gauchet,
o acontecimento de uma concepção hipertrofiada dos direitos humanos
acabou por privar a coletividade de todos os meios de ação.

Patrick Braouzec, deputado comunista de Saint-Denis, pensa,


ao contrário, que “ao lado das eleições, pelas quais as pessoas se
interessam muito, mas que constituem um momento específico, a
democracia só pode atrofiar se ela não se apoiar também sobre uma
democracia participativa e sobre o movimento social”. Um “movimento
social” de contornos fluidos – manifestações de rua, apoio às crianças
indocumentadas, operações midiáticas das Crianças de Don Quixote... – e
que, levado ao extremo, lembra o título de um livro do filósofo John
Holloway, em voga entre os altermundistas: Mudar o mundo sem tomar o
poder [São Paulo: Viramundo, 2003]. Fazer política, acordos, mas fora das
urnas.

O filósofo Slavoj Zizek, estrela do campus americano e


habituado às brincadeiras provocadoras, vai ainda mais longe ao estimar
que só “a violência popular” permitirá às classes desfavorecidas se
fazerem ouvir nas democracias liberais. Zizek publica este mês na França
uma coletânea dos “mais belos discursos de Robespierre”, precedido de
uma longa introdução em que se pergunta como “reinventar um terror
emancipatório”.
Ícone da pop-filosofia, conhecida primeiramente por suas análises do
cinema hollywoodiano, o homem é, portanto, o contrário de um nostálgico.
Nos tempos do “socialismo real” lutou na Iugoslávia titista e participou
dos primeiros passos da democracia eslovena. Sua radicalização parece
mostrar que o desencantamento democrático não pode ser reduzido a uma
exceção francesa.

“Arrogância ocidental”
É que, um pouco por todo o mundo, os processos de democratização
conhecem malogros de diversas ordens que pioram a “promoção da
democracia”, para retomar o vocabulário em uso na ONU desde os anos
90: o Iraque e o Afeganistão, mas também a Rússia onde Putin recupera o
poder, a Argélia ou a Palestina onde os islâmicos viram confiscar suas
vitórias obtidas pelas urnas.
Ou ainda, o crescimento dos populismos na Polônia, na Dinamarca, na
Bélgica. Até mesmo uma América que, para impor a democracia, não
hesitou em transgredir os princípios elementares do direito. No número de
janeiro da Revista Esprit, Pierre Rosanvallon apontava “uma certa
arrogância ocidental e uma certa cegueira em relação à natureza e aos
problemas da democracia”.

* Éric Aeschimann – Escritor e jornalista. Publicado originalmente no


jornal Libération. Tradução: Cepat (Centro de Pesquisa e Apoio dos
Trabalhadores).
Este espaço está sempre aberto para artigos
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Guevara, pela cantora Nathalie Cardone:
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