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Unção Divina para Ministrar a Palavra ! (2.

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"Mas tu, filho do homem, ouve o que eu te digo... Abre a boca e come o que Eu te dou" -
Ezequiel 2:8.
por Vilson Ferro Martins

UMA VIDA UNGIDA !

Uma vida ungida é o fundamento tanto para a preparação da mensagem como para sua
proclamação. A preparação da mensagem é fundamental, mas se não tivermos, em primeiro
lugar, uma vida ungida e dedicada a estudar e buscar o Senhor, toda a nossa proclamação
será vazia. Não terá unção do Espírito Santo.

Lemos como Esdras preparou seu coração, determinando que estudaria a lei de Deus e
ensinaria seus estatutos e ordenanças em Israel. Primeiro se dispôs a aprender – a praticar e
ter uma mensagem de vida – para só então proclamá-la.

O Salmo 39:9 diz: “Meu coração queimava dentro de mim, ao meditar nisto o fogo se
inflamava, e deixei minha língua falar”. Quantas vezes usamos nossas línguas para falar, seja
a uma pessoa só, seja a um grupo, sem que antes esse fogo tenha ardido no coração ! Se
quisermos uma vida ungida, precisamos deixar Deus falar conosco antes de comunicar Sua
Palavra a outrem.

Lemos sobre Moisés, que comparecida ao lugar determinado (à tenda ou ao monte) e falava
com o Senhor, para só depois sair e transmitir aos filhos de Israel tudo aquilo que Deus lhe
havia falado.

No final de 1 Samuel 3 e início do capítulo 4, há uma progressão que é preciosa e poderosa.


O texto diz ali que o Senhor se revelou a Samuel pela Sua Palavra. O Senhor falava a Samuel
e, depois, a palavra de Samuel saía para todo Israel. Lemos ali também que o Senhor não
permitia que nenhuma de Suas Palavras caísse por terra.

Tenho buscado a Deus exatamente para isso, para que Ele conceda, em Sua maravilhosa
graça, que nenhuma palavra do seu chamado para mim caia por terra. Isso faz com que eu
tome muito cuidado com as palavras, para ter certeza de que Deus falou, de que ouvi Sua
Palavra antes de proclamá-la.

Foi exatamente isso que aconteceu com Ezequiel. “Mas tu, filho do homem, ouve o que eu te
digo... Abre a boca e come o que Eu te dou” – (Ezequiel 2:8). Em seguida, Deus estendeu-
lhe um rolo escrito em que havia palavras de lamentação, angústia e julgamento. Não eram
palavras doces. E então Deus lhe disse: “Come este rolo e vai falar coma casa de Israel...
Tudo quanto eu te disser, recolhe em teu coração. Ouve com toda atenção. E vai... ao teu
povo e dize-lhe” – (Ezequiel 3:1, 10-11).

Comer o rolo é, simbolicamente, trazer a Palavra de Deus para dentro de nós, digeri-la,
internalizá-la até que ela queime em nosso interior com fogo inextinguível. Primeiro, a
paixão de Deus precisa encher a nós mesmos, antes de podermos proclamar Sua Palavra
com poder.

Depois de ouvirmos de Deus, nossas vidas precisam encarnar, ilustrar e demonstrar aquilo
que vamos proclamar. Se a verdade não mudou nada em nós mesmos, provavelmente não
mudará em mais ninguém. Voltando a 1 Tessalonicenses 1:5-6, diz o apóstolo Paulo: “Bem
sabeis quais fomos entre vós por amor de vós. E vós vos tornastes imitadores nossos e do
Senhor”. “Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos
portamos para convosco que credes” – (1 Tessalonicenses 2:10). Paulo compreendeu a
importância de viver a mensagem. Por isso, podia dizer “Sede meus imitadores, como
também eu sou de Cristo”. Podemos dizer que a maioria das pessoas nas igrejas cristãs,
onde se preza tanto a pregação bíblica, não coloca em prática os ensinos e mensagens que
ouve. Uma das razões disso é que não vêem as verdades encarnadas na vida dos
pregadores. Oswald Chambers disse “Antes de a mensagem de Deus libertar outras vidas, a
libertação tem que ser real na sua vida”.

Na vida pública, tudo o que fazemos está sendo observado. As pessoas examinam, avaliam
e, as vezes, interpretam mal. Porém o maior temor, no sentido mais positivo dessa palavra, é
em relação àquele dia em que cada detalhe, por menor que seja, de minha conduta será
descoberto e exposto diante dos olhos de Deus, que tudo vêem, tudo sabem e tudo
perscrutam. Ele enxerga, mesmo agora, aquilo que as multidões não vêem – quem eu sou
nos bastidores, nos lugares privados, nos recantos secretos do meu coração, nos
esconderijos de meus pensamentos mais resguardados. Eu sei que se minha vida não
encarnar, até mesmo no mais recôndito do meu ser, a verdade que estou proclamando,
perderei a unção e o poder do Espírito Santo em meu ministério público.

O texto a seguir foi adaptado de uma mensagem ministrada na Conferência “Heart-Cry for
Revival” (Clamor do coração por avivamento) em abril de 2008, na Carolina do Norte, EUA.
Excerto de Arauto da Sua Vinda – Ano 26 – n05 – Set/Out 2008. Nancy Leigh DeMoss

...Continua... Unção para ministrar a Palavra ! (3.5)

"As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida" - João 6:63
por Vilson Ferro Martins

Lábios ungidos

Deus permita que tenhamos não apenas uma vida ungida, mas também lábios ungidos, para
podermos fazer proclamações poderosas, seja para uma só pessoa, seja para pequenos
grupos, seja no púlpito!
- Primeiro, devemos cultivar e comunicar profunda admiração e reverência pela Palavra de
Deus. A Escritura fala sobre aqueles que tremem diante da Palavra de Deus (Isaías 66.5).
Estou cada vez mais comovida com a imensa responsabilidade que é levar a Palavra de Deus
em minhas mãos, manejar a Palavra de Deus, introduzir a Palavra de Deus em vidas alheias.
Dizia Agostinho: “Quando a Escritura fala, Deus fala”. Precisamos cultivar esse tipo de
reverência com temor pelas palavras de Deus em comparação com as nossas próprias
palavras. O simples fato de que Deus pode falar por nosso intermédio deveria nos
constranger! Se nos constrange, com certeza há de comover os que nos ouvem. Não
podemos esperar que as verdades proclamadas impactem mais os ouvintes do que já
impactaram nosso próprio coração.

- Segundo, precisamos confiar plenamente no poder da Palavra de Deus, no poder da


verdade. Jesus disse: “As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (Joâo
6.63). Não são nossas palavras que transmitem vida. Existe uma forte tendência, em nossa
cultura consumista, de confiar em dons naturais e de aplaudir nos outros os talentos e
habilidades que possuem – como capacidade de comunicação, oratória, criatividade,
inovação, uso de tecnologia avançada (apresentações PowerPoint). Não sou contra nada
disso, mas devemos ter em mente que são apenas ferramentas, inúteis, vazias, enfadonhas
e ocas se forem desvinculadas da confiança na Palavra de Deus e no seu poder.

Não subestime o poder da verdade nua e crua para trazer vida. Foi a Palavra de Deus que
criou o mundo, e é ela que o sustenta. É a Palavra de Deus que cura, que convence, que
converte e que santifica. Penso que hoje, talvez por não conhecermos tanto Deus ou sua
Palavra, estamos muito propensos a confiar no braço da carne. Confiamos mais na
embalagem, nas palavras agradáveis, do que na proclamação do poder da Palavra. Ela é
mais afiada do que qualquer espada de dois gumes. É capaz de penetrar os corações e
dividir alma e espírito, juntas e medulas (Hebreus 4.12). Expõe os corações de homens e
mulheres. Confie no poder da Palavra de Deus e de sua verdade.

Quando me levanto para pregar a Palavra de Deus às mulheres, às vezes sinto-me tomada
pela sensação de incapacidade e fraqueza. Digo: “Oh Senhor, eu sou barro. Pães e peixes
são o máximo que tenho para te oferecer, mas toma tua Palavra e faze com que ela penetre
o coração do teu povo”.

Eu creio firmemente no poder da Palavra de Deus para mudar vidas. Todo dia recebo
mensagens de pessoas que ouviram nosso programa de rádio (me lembrei do Ministério Voz
do Trono) e que abrem o coração e partilham coisas que não teriam falado aos amigos mais
íntimos, nem ao pastor ou a algum membro da família. Se eu não acreditasse no poder da
verdade para fazer novas todas as coisas, para corrigir o que está errado, para endireitar o
que está torto, iria procurar uma outra vocação. É a Palavra de Deus que tem poder para
mudar vidas. A Palavra de Deus é como fogo, como martelo que esmigalha a pedra
(Jeremias 20.9; 23.29).

- Terceiro, se quisermos lábios ungidos, devemos constante, ininterrupta, consciente e


intencionalmente encaminhar as pessoas a Cristo e à cruz. Paulo disse: ”Não pregamos a nós
mesmos, mas a Cristo Jesus, Senhor. Quanto a nós mesmos, apresentamo-nos como vossos
servos” (2 Coríntios 4.5). “Pois decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este
crucificado” (1 Coríntios 2.2). Ele é o poder de Deus para a salvação, para a santificação,
para a redenção (1 Coríntios 1.30). Ele é o princípio e o fim, o Alfa e o Ômega, e tudo o que
vem depois do princípio e antes do fim (Apocalipse 1.8). Toda a Bíblia aponta para Jesus.

Uma grande alegria (e um desafio) em meu ministério junto às mulheres é encontrar Cristo
em cada página das Escrituras. Estou sempre procurando por ele e pelo Evangelho. E é uma
experiência estimulante encontrá-lo e ser capaz de oferecê-lo e o Evangelho às pessoas, não
importa que assunto esteja ensinando.

Charles Spurgeon, ao falar sobre o terremoto sobrenatural que ocorreu logo após a morte de
Cristo, comentou: “Perguntamos a nós mesmos: como vamos abalar o mundo? Os apóstolos
nunca fizeram essa pergunta. Eles tinham plena confiança no Evangelho que pregavam.
Sabiam que podiam abalar o mundo pela simples pregação do Evangelho. Eu suplico que
tenham a mesma confiança hoje”. Não precisamos de nenhuma mensagem nova para
impactar o mundo hoje; basta-nos a velha história de Jesus e de seu amor.

- Quarto, se quisermos lábios ungidos, devemos falar com fervor, intensidade e convicção. Se
não acreditamos na urgência e importância daquilo que falamos, por que nossos ouvintes
iriam dar valor? Eu sempre me pergunto, quando estou ouvindo a pregação ou o ensino da
Palavra de Deus: onde está a paixão? As multidões ficavam atônitas com o ensinamento de
Jesus, porque ele ensinava com autoridade, e não como os escribas (Mateus 7. 28-29).
Quando alguém se levanta, deve falar com a convicção de estar transmitindo as palavras de
Deus (1 Pedro 4.11). “E assim, conhecendo o temor do Senhor”, escreveu Paulo,
“persuadimos os homens....” “Pois o amor de Cristo nos constrange....” “Em nome de Cristo,
pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.” (2 Coríntios 5.11,14,20). O interesse do
apóstolo Paulo não era levar mais informação às pessoas. Seu anseio expressava-se em
súplicas, apelos de coração para que os pecadores se reconciliassem com Deus. Em outra
carta, ele escreveu: “Meus filhos, por quem eu sofro novamente as dores do parto, até que
Cristo seja formado em vós...” (Gálatas 4.19). Havia intensidade e convicção.

Leonard Ravenhill, em seu clássico Por que tarda o pleno avivamento?, diz: “Um título que se
ajustaria inegavelmente à igreja dos nossos dias é ‘Nós não lutamos!’. Preferimos exibir
nossos dons, naturais ou espirituais; transmitir programas com nossos pontos de vista,
políticos ou espirituais; pregar um sermão, escrever um livro ou corrigir um irmão em
alguma questão doutrinária. Mas quem vai avançar contra as fortalezas do inferno? Quem
terá coragem de dizer um não peremptório (decisivo) ao diabo? Quem abrirá mão de comida
deliciosa, boa companhia ou lazer merecido para lutar contra o inferno, envergonhar
demônios, libertar cativos, despovoar o inferno e deixar, como resposta às dores de parto,
uma multidão de vidas lavadas no sangue de Jesus?” Para isso, é preciso que haja fervor e
convicção.

O texto foi adaptado de uma mensagem ministrada na Conferência “Heart-Cry for Revival”
(Clamor do coração por avivamento) em abril de 2008, na Carolina do Norte, EUA.
Excerto de Arauto da Sua Vinda – Ano 26 – n05 – Set/Out 2008. Nancy Leigh DeMoss

...continua...

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