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FCCE is the o ldest Trade Association dedicated In the recent past, the FOREIGN TRADE CHAM-
Exclusively to Foreign Trade activities. BERS FEDERATION – FCCE signed an accord with
Founded in 1950 by entrepreneur Joao Daudt de the CHAMBERS OF COMMERCE COUNCIL OF THE
Oliveira (who was also the founder of the National Trade AMERICAS, an organization representing the Bilateral
Federation five years earlier), FCCE has been in Chambers of Commerce in the following countries:
operation for over 50 years, motivating and supporting ARGENTINA, BOLIVIA, CANADA, CHILE, CUBA,
the work of Bilateral Chambers of Commerce, Foreign ECUADOR, MEXICO, PARAGUAY, SURINAM,
Consulates, Business Councils and Mixed Commissions URUGUAY, TRINIDAD AND TOBAGO and VENE-
at the federal level. ZUELA.
FCCE, by force of its Statute, has national scope with In addition to the several dozen Bilateral Chambers of
Regional Vice-Presidents in various states of the Commerce affiliated with FCCE throughout Brazil, the
Federation, and also operates in the international realm Presidents of these Chambers of Commerce belong to
through “Cooperation Convention’s” established with the current Administration: Brazil-Greece, Brazil-
various organizations of the highest credibility and Paraguay, Brazil-Russia, Brazil-Slovakia, Brazil-Czech
tradition. Among these is the International Chamber of Republic, Brazil-Mexico, Brazil-Belarus, Brazil- Portu-
Commerce (ICC) founded in 1919, with headquarters gal, Brazil-Lebanon, Brazil-India, Brazil-China, Brazil-
in Paris, which has more than 80 National Committees Thailand, Brazil-Italy and Brazil-Indonesia, in addition to
across the five continents, in addition to running the the President of the Brazilian Committee of the
most important “International Arbitration Court” in the International Chamber of Commerce, the President of
world, founded in 1923. the Brazilian Commercial Exporting Company Association
The FOREIGN TRADE CHAMBERS FEDERATION ABECE, the President of the Brazilian Railroad Industry
headquarters is located at Avenida General Justo 307, Association ABIFER, President of the Brazilian Container
Rio de Janeiro, which is also the main office of the Terminal Association and the President of the Mechanical
National Confederation of Commerce (Confederação Industries and Electric Material Union, among others.Also
Nacional do Comércio – CNC). The FCC and the CNC included are various Consuls and foreign diplomats,
have held a partnership for nearly two decades, working among them the Consul General of the Republic of Gabon,
through the “Administrative Support Convention and the Consul of Sri Lanka (formerly Ceylon) and the Trade
Mutual Cooperation Protocol.” Counselor Minister of the Portuguese Embassy.
The Administration
ADMINISTRATION FOR THE 2006/2009 TRIENNAL
President
1 st V i c e - P r e s i d e n t
Directors
APOIO
Desafios e oportunidades
com a China
Para discutir os desafios e oportunidades do relacionamento bilateral Brasil-China, a
Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE, por iniciativa de seu Presidente,
João Augusto de Souza Lima, realizou, em 17 de julho de 2006, em parceria com a
Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, o SEMINÁRIO BILATERAL DE
COMÉRCIO EXTERIOR E INVESTIMENTOS BRASIL-CHINA. Mais de 300 pessoas,
entre homens de negócios, investidores, importadores, exportadores, técnicos do setor,
políticos, estudantes e jornalistas lotaram o auditório da CNC, no Rio de Janeiro para
entender a fórmula que levou a China a tornar-se, em apenas uma geração, a 4a maior
economia do mundo, ocupando o terceiro lugar como maior exportador e importador
mundial. A pujança de seu comércio exterior e as elevadas taxas de crescimento de seu
PIB são indicadores da seriedade de seus objetivos. Nesse ritmo, não há dúvidas de que
a China será, em breve, o maior parceiro comercial do Brasil.
Participaram dos painéis do seminário, entre outros, o Presidente da Câmara de
Comércio e indústria Brasil-China, Charles Tang; a Diretora Cultural da Câmara de
Comércio Brasil-China, Uta Schwietzer; o Vice-Diretor da Sinopec, Lou Hongzhi; o
Cônsul-Geral da China no Rio de Janeiro,Yan Xiaomin; o Secretário de Comércio Exterior
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Meziat; o
Delegado Federal do Ministério da Agricultura, Pedro Cabral; e o Chefe do Escritório
Regional de Representação do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Virgílio
Moretzsohn.
Os trabalhos do seminário foram abertos pelo Embaixador Plenipotenciário da China, CONSELHO DE
no Brasil, Chen Duqing, em cujo pronunciamento foi exaltada a necessidade de maior CÂMARAS DE COMÉRCIO
aproximação entre os dois países e um melhor aproveitamento das complementaridades DAS AMÉRICAS
econômicas e das possibilidades de cooperação. O pronunciamento especial do Senador
Ney Maranhão, um dos pioneiros, no Brasil, na defesa do estreitamento das relações
com a China, por sua vez, empolgou a platéia e confirmou a importância da China como Expediente
parceira comercial e de cooperação internacional. Concordando com a necessidade de Produção
se ampliar o relacionamento com a China, o Ministro de Estado das Cidades, Marcio Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
Fortes de Almeida, encerrou o seminário e exaltou a premência da melhoria na qualidade Av. General Justo, 307/6o andar
Tel.: 55 21 3804 9289
de vida da população no Brasil, por meio do saneamento urbano, como forma de e-mail: fcce@cnc.com.br
promover o desenvolvimento humano e social. Editor
Muito concorrida foi a exposição do Superintendente da Associação Brasileira da O coordenador da FCCE
Indústria Têxtil – ABIT, Fernando Pimentel, sobre os desafios do setor têxtil no Brasil Textos e Repor tagens
Elias Fajardo
face à competição dos tecidos de origem chinesa. Fernanda Pereira Ferreira
Trouxemos para o leitor, nesta edição, o acompanhamento dos trabalhos do seminário José Antonio Nonato
Brasil-China. Nele, apresentamos o perfil do país mais populoso do mundo, com uma Projeto Gráfico, Edição e Ar te
Estopim Comunicação
classe média de cerca de 400.000.000 de pessoas, que, recentemente, foram incluídas Tel.: 55 21 2518 7715
na economia e tornaram-se consumidores com efetivo poder de compra. Ressaltamos, e-mail: estopim@estopim.com
também, o potencial do comércio exterior bilateral, diante das ainda tímidas trocas, a Revisão
Maria Virgínia Villela de Castro
despeito da evolução recente da corrente de comércio bilateral. Por fim, asseveramos
Fotografia
que o Brasil é um campo fértil para inúmeras oportunidades de investimentos que Christina Bocayuva
tenderão a ampliar-se com a efetivação das Parcerias Público Privadas – PPPs. Secretaria
Maria Conceição Coelho de Souza
Sérgio Rodrigo Dias Julio
BOA LEITURA
As opiniões emitidas nesta revista são de
responsabilidade de seus autores. É permitida a
O EDITOR reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
SUMÁRIO
20 P A I N E L I 56 C U LT U R A
Um mercado estratégico A porcelana chinesa
para o Brasil e também no império do Brasil
para o mundo
24 P A I N E L I I 58 C A PAC I TA Ç Ã O
Senac: alternativas educacionais
Logística de transportes, petróleo e gás para o mundo do trabalho
natural em discussão
28 P A I N E L I I I 59 L O G Í S T I C A
Aeroporto Industrial:
Possibilidades e entraves no comércio mais agilidade com menos custos
bilateral
33 E N C E R R A M E N T O 60 INTERCÂMBIO
O maior potencial da China está em seu povo
Perspectivas positivas para o relacionamento
bilateral 61 H I S T Ó R I A
35 E S P E C I A L Futebol nasceu na China, com direito a
“embaixadinha”
A oficina do mundo
62 C O M É R C I O
39 A Ç Ã O SOCIAL “Nada supera o diálogo
pessoal na área de
SESC: Melhor idade comércio exterior”
40 T E N D Ê N C I A “Precisamos aprender a
vender com os parceiros chineses”
“Há diferenças entre o bem da coletividade e
o bem individual”
65 R E L A Ç Õ E S B I L AT E R A I S
“Em vez de negócios da China vamos ter 70 C U RTA S
negócios com a China”
ENTREVISTA
“É preciso um
trabalho intenso
para aproximar mais
ainda China e Brasil”
O Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Popular da
China, Chen Duqing, é um velho conhecido dos brasileiros. Desde a década
de 1970, quando foram estabelecidas relações diplomáticas entre o Brasil e a
República Popular da China, ele tem dado sua contribuição para aproximar
os dois países, seja como intérprete ou como negociador. Bastante bem-
humorado e otimista, ele acredita que o comércio é fundamental nas relações
bilaterais e que qualquer contencioso pode ser resolvido na mesa de negoci-
ações. Nesta entrevista, entre outros, Chen Duqing destaca o fato de que a
China está comprando do Brasil turbinas e acessórios para fazer funcionar a
sua gigantesca Hidrelétrica de Três Gargantas. Ressalta, também, o exemplo
da empresa brasileira Azaléia, que vai fabricar calçados, em território chinês,
com mão-de-obra local.
Hoje, o Brasil está importando China. Até o final do ano, este superávit
mais da Ásia do que da União Eu- tende a crescer ainda mais.
ropéia, um parceiro tradicional
do comércio exterior brasileiro. O que fazer para equilibrar mais o
Gostaria que o senhor comentas- comércio entre os dois países?
se esse fato. CD – Acredito que, como a China está
CD – Acredito que os produtos que o importando bastante do Brasil, sobretu-
Brasil precisa comprar no exterior não do minério de ferro, soja e outros produ-
aumentaram tanto em termos de quan- tos, não é possível neste momento – e
tidade. O que mudou foi a origem de- nem este é o desejo do meu país – buscar
les: em vez de comprar de outras regi- um equilíbrio absoluto nas trocas comer-
ões, os brasileiros têm optado por im- ciais com o Brasil. Não há como fazer isso.
portar mais da Ásia e, principalmente, Em 32 anos de comércio bilateral, ou seja,
da China. Mesmo assim, a exportação de 1974 a 2006, a China só teve superávit
da China para o Brasil é, ainda, menor em apenas quatro anos. O Brasil sempre
do que a venda de produtos brasileiros tem tido superávit, porque a China não
para os chineses. Até junho de 2006, está buscando o equilíbrio absoluto. Isso
pelas estatísticas do Ministério de De- não faz sentido. O importante é que a Chi-
senvolvimento, Indústria e Comércio na mantenha um certo superávit no seu
Exterior — MDIC, o Brasil tem cerca comércio global, inclusive com a Europa
de US$ 166 milhões de superávit com a e os Estados Unidos. Ela vem mantendo
Em sua opinião, qual é a importân- CTO – Acho que existe, entre os brasilei-
cia deste seminário? ros, de um modo geral, um preconceito
CTO – Um seminário como este é im- contra a China. Enquanto os chineses en-
portante pelos seus objetivos, que são o tendem o nosso país e adoram os brasilei-
de divulgar a realidade chinesa e o de ros – principalmente, porque nós fomos
incrementar as relações comerciais entre um dos poucos grandes países do mundo
os dois países. No meu entender, contu- que não os assaltaram e nem os saquearam
do, o mais importante é a divulgação da – nós alimentamos esse preconceito, cujas
China no Brasil, porque nós não a conhe- origens, a meu ver, são diversas. O primei-
cemos. Na mídia, na opinião pública e, ro preconceito diz respeito à ausência de
mesmo em nossas universidades, a reali- religião na China. Os brasileiros não admi-
dade deste país é completamente desco- tem a idéia de que os chineses, em sua qua-
nhecida. se totalidade, são ateus. As realidades são
numericamente opostas: enquanto aqui,
A que o senhor atribui esse desco- 92% de brasileiros professam alguma reli-
nhecimento? gião, lá, só 8% o fazem, corrsepondendo a
um total de 100 milhões de crentes (entre Quer dizer que a China não é um
eles, 30 milhões de budistas e 4 milhões país totalitário?
de católicos), o que é pouquíssimo para CTO – Claro que não. O presidente da
uma população de 1,3 bilhão de pessoas. república não pode ocupar o cargo por
O segundo preconceito diz respeito ao mais de dez anos, mesmo que seja um gê-
Partido Comunista. Os brasileiros acham nio. A eleição dos parlamentares é indire-
que a China é um país comunista, e não é. ta, nas províncias, que correspondem aos
O que ocorre é que o Partido Comunista nossos estados, e, direta, no primeiro es-
tem representantes no poder. Aqui no calão, nos cantões, correspondentes aos
Brasil, o presidente da Câmara dos Depu- nossos municípios. Ocorre por lá um
tados também é comunista. Muitos de processo muito interessante: um grupo
nossos ministros são comunistas, e daí...? de 15 pessoas pode indicar um candidato
Os comunistas participam do poder na para a enorme Assembléia Geral, que se
Alemanha, na Argentina, no Chile e o reúne no mês de março; e um comitê de-
mesmo ocorre na China. legado pela assembléia, composto por
Finalmente, há um forte preconceito 100 deputados, acompanha a legislatura
na mídia brasileira – e ocidental, de um durante o ano inteiro. As leis são aprova-
modo geral – quanto ao papel e à atuação das por essa assembléia geral, na reunião
da imprensa naquele país. Aqui, nós man- de março. Onde está, então, o totalitaris-
temos o princípio de assegurar a liberda-
de das empresas de comunicação, o que
lá não existe. Há, sim, uma outra cultura,
sólida e profunda, que tem mais de oito
“ A China tem o maior
corpo eleitoral do mundo:
700 milhões de eleitores
mo? É o sistema deles...
”
nas 500. Para se ter uma idéia da extensão os chineses constituem o maior contin-
dessa cultura, basta dizer que, das 300
municipais e estaduais gente de turistas no mundo inteiro. Eu
utilidades de que os brasileiros se ser- C A R L O S T AVA R E S DE OLIVEIRAN estive no ano passado em Paris que, como
vem diariamente, 150 são de origem chi- se sabe, é uma Meca para os brasileiros.
nesa. A fazenda deste terno que eu estou Harvard, e, nela, falou sobre os povos que Pois bem, havia mais chineses que brasi-
usando, por exemplo, é chinesa. Minha invadiram seu país, em 1844 e 1846, como leiros por lá. E tem mais: a previsão é de
gravata também. Foram os chineses que a França e a Inglaterra. Poupou os Estados que, em 2010, a China receberá o maior
inventaram o tecido, a cerveja, a pólvora, Unidos, é verdade, apesar de um batalhão número de turistas em todo o mundo.
o espelho e, até a FIFA reconheceu, re- americano haver participado do saque à Esses dados comprovam que, tanto seus
centemente, que foram eles que inven- Cidade Proibida, em 1846. Nessa mesma habitantes, quanto os estrangeiros, podem
taram o futebol. conferência – ao fim da qual foi aplaudido entrar e sair do país, gozando de completa
de pé, por 2,5 mil estudantes - ele tam- liberdade.
Não é estranho que a China censure bém abordou o tema dos direitos huma-
a internet, por exemplo? nos e disse que, para os chineses, eles con- Como se explicam aquelas passea-
CTO – Não. Um país que tem 1,3 bilhão sistiam no direito à educação, à saúde, à tas e marchas que, pela televisão,
de habitantes vivendo numa área de 9 mi- alimentação e à moradia. vemos desfilar pelas ruas de Hong
lhões de quilômetros quadrados precisa Quanto à questão da escolha dos diri- Kong, em que os manifestantes
de uma certa disciplina. Como já disse, gentes e do processo de votação, isso é portam faixas e gritam palavras de
esse é um fator da cultura chinesa. Por uma sistemática que vem evoluindo no protesto, reclamando autonomia
que é que todos os países têm que tratar país. Realmente, nos dias de hoje, poucos para sua administração e mais li-
os problemas da mesma forma? Quem sabem, mas a China tem o maior corpo berdade?
decidiu que a república e a democracia eleitoral do mundo inteiro. São 700 mi- CTO – São pequenos grupos, inexpres-
devem ser a regra geral? A Dinamarca é lhões de eleitores, que votam em seus sivos. Como você sabe, há um grupo no
um reino. A Suécia e a Inglaterra também. cantões e províncias e elegem as câmaras Rio Grande do Sul que é a favor da inde-
Dependendo da colocação, essa questão municipais e estaduais, constituídas por pendência do estado em relação à fede-
dos direitos humanos pode ser uma im- cerca de 2 milhões de parlamentares, os ração brasileira. É a mesma coisa... Hong
postura. Uma vez, há cerca de dois anos, o quais elaboram e referendam as leis do Kong sempre pertenceu à China, alguém
Presidente da China, Hu Jintao, fez uma país. Trata-se de uma administração tem dúvida? Da mesma forma, o Tibete.
conferência genial, na Universidade de colegiada. Sabe quando é que o Tibete passou a fa-
Disponível em 4 idio m
inglês,espanhol e f r
Relação d
atu a
e stino
o mas: português,
f rancês
o de exportadores
u alizada mensalmente
ABERTURA
Charles A.Tang, Senador Bernardo Cabral, Senador Ney Maranhão e o Embaixador Chen Duqing, da República Popular da China.
sessão solene de abertura do Se- Investimentos Brasil-China. Gostaria de cia, o Senador Bernardo Cabral, Consultor
Intercâmbio cultural
Uta Schwietzer concluiu: “gostaria de
salientar que é muito importante o co-
nhecimento da cultura para que possamos
fomentar mais o intercâmbio bilateral. A
Câmara de Comércio e Indústria Brasil-
China, que represento aqui, tem levado,
por intermédio do seu departamento cul-
tural, o cinema brasileiro para participar
da Mostra de Cinema Internacional de Te-
levisão de Xangai. Há mais de 12 anos, te-
mos apresentando as produções brasilei-
ras lá, o que proporciona uma maior visi-
bilidade de nossa cultura e, também, te-
mos trazido produções chinesas para se-
rem exibidas aqui. A intenção é fomentar
este intercâmbio cultural, pois ele, ao pos-
sibilitar maior conhecimento da realidade
Uta Schwietzer presidiu o painel que teve como moderador Carlos Tavares de Oliveira. de cada país e de suas necessidades, facili-
ta as trocas comerciais e a realização de
Para compor a mesa do painel I do do Comércio Exterior do Ministé- negócios.”
Mão-de-obra
Pilotos
made in Brazil
China contrata brasileiros que a crise
do setor aéreo deixou sem emprego
Com esse gigantesco ritmo de crescimento em especial para a China, país de popula-
econômico, sustentado por quase um quar- ção gigantesca que possui apenas 16% de
to de século, os engenheiros e outros pro- seu território, agricultável. “O agrone-
fissionais especializados têm obtido aumen- gócio é responsável, em grande parte, pe-
tos salariais significativos”.
”
leira em relação a diversos países. O pro-
Na visão do Delegado Federal do Mi- duto com maior destaque nas exporta- relações bilaterais brasileiras
nistério da Agricultura, Pecuária e Abaste- ções de alimentos para a China é a soja.” PEDRO CABRALN
cimento, Pedro Cabral, o Brasil é um gran- Para Pedro Cabral, o Brasil precisa
de celeiro de alimentos para o mundo, competir no exterior com base nos cus- cional. Haverá lá, portanto, uma forte de-
tos reais dos produtos e não nos subsídi- manda de produtos alimentícios, e o Bra-
os, que ele considera um entrave. Além sil é um grande produtor e fornecedor de
disso, é de opinião que a abertura e a com- alimentos. O crescimento da demanda
Analistas econômicos consideram que petição são saudáveis, desde que não pre- chinesa influencia, sem dúvida, a produ-
é justamente a mão-de-obra um dos prin- judiquem os produtores nacionais. ção brasileira”, concluiu o representante
cipais motivos do rápido crescimento eco- “A demanda interna da China é cres- do Ministério da Agricultura, Pecuária e
nômico da nova potência, pois essa mão- cente devido ao seu contingente popula- Abastecimento.
de-obra, uma das mais baratas do mundo.
Com força de trabalho abundante e barata, Crescimento das exportações do agronegócio
produção em larga escala destinada a suprir US$ 1.000 FOB
as necessidades de um mercado gigantesco 2005 2004 2003 2002
e, voltada, também, para o mercado exter-
Farelo de Soja 2.865.042 3.270.889 2.602.374 2.198.860
no, a indústria local se desenvolve e tem
lucros expressivos. Soja em Grão 5.345.047 5.394.907 4.290.443 3.031.984
Por conta da corrida pelo primeiro Óleo de Soja 1.266.638 1.382.095 1.232.550 778.058
local no ranking de país mais desenvol-
Complexo Soja 9.476.727 10.047.891 8.125.367 6.008.902
vido do mundo, a população trabalha
cerca de seis dias por semana, até doze Carne Bovina 3.032.821 2.457.268 1.509.733 1.086.476
horas por dia, por salários reduzidos. Carne de Frango 3.508.548 2.594.883 1.798.952 1.392.816
Isto é visto como algo, até certo ponto, Carne Suína 1.123.151 744.278 526.576 469.409
natural. Essa lógica baseia-se no fato de
ser a China um país super povoado, com Carne de Peru 168.251 212.432 152.316 104.009
uma cultura híbrida, e que possui um Outras Carnes 143.790 134.979 97.808 66.435
governo de partido único, acostumado Total Carnes 7.976.561 6.143.840 4.085.385 3.119.145
a atender demandas tanto do capital
Milho 120.862 597.336 375.136 267.597
quanto do trabalho. Na realidade, não
apenas o governo, mas também o povo, Açúcar 3.918.793 2.640.227 2.140.002 2.093.636
almejam ser, em pouco tempo, a maior Pescados 404.669 426.528 419.005 342.813
potência mundial. Por isso, trabalham
Algodão 449.733 406.070 189.856 94.343
tanto. Fonte: MAPA e MDIC
de Gestão e Relações com o Merca- cado, depois Guarulhos e, em terceiro lu- lugar estão os aeroportos de Guarulhos e
do da Infraero e Lou Hongzhi,Vice- gar, Brasília. Depois vêm os dois aeroportos Campinas, seguidos por Manaus e Galeão
do Rio de Janeiro: Galeão e Santos Dumont. que, juntos, representam 98% do total
Diretor da SINOPEC. Em 2005, foram movimentadas 1,3 milhão movimentado pelos terminais de carga de
de toneladas de carga. O período compre- todo o Brasil.
dnaldo Pinheiro dos Santos iniciou endido entre 2004 e 2007 está sendo mar- “Os nossos principais destinos são Eu-
”
corresponde a 68,19%. Isto mostra que Segundo o representante da Infraero
quem utiliza o transporte aéreo é um se- da Infraero no seminário, a empresa tem investido em
tor específico: são indústrias que realizam EDNALDO PINHEIRO SANTOSN transelevadores e no armazenamento da
transporte de alto valor agregado, exigin- carga vertical, por meio de robôs, num
do, portanto, agilidade e segurança.” houver um entrosamento entre a Receita processo altamente automatizado. A idéia
A Infraero pratica uma tarifa relativa- Federal, a Infraero, a Anvisa, os agentes de é eliminar os problemas de espaço para
mente mais alta do que aquela praticada cargas e os operadores logísticos, nós não armazenamento, ganhando em automa-
pelos portos, mas procura oferecer o di- temos como conseguir estes resultados. tização, agilidade e segurança.
ferencial de segurança, qualidade, tecno- A Linha Azul, por exemplo, é um regime “Trabalhamos, também, com centrais de
logia e modernidade. baseado numa parceria com a Receita Fe- atendimento aos clientes. Para que não fi-
“Este é justamente o nosso foco: agili- deral, que permite desembaraçar a carga que perdido no terminal de cargas, o clien-
dade para os nossos empresários no de- em até 6 horas, seja qual for o conteúdo te vai à central e recebe toda a orientação
sembaraço de sua carga, e segurança, tan- ou o volume da mesma. Hoje, a Infraero do Ministério da Agricultura, da Receita Fe-
to na armazenagem quanto na liberação tem condições de disponibilizar uma deral e da Anvisa, além de obter alguns ser-
das cargas em nossos terminais. Se não tecnologia moderna e adequada para os viços disponíveis.”
“
A Sinopec é a
26 empresa da área em
a
Projeto Gascav
Possibilidades e entraves no
comércio bilateral
O painel III do Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
Brasil-China intitulado “Cooperação
e novas oportunidades de comércio
e investimentos bilaterais. O setor
têxtil”, teve como presidente o Se-
cretário de Comércio Exterior do
Ministério do Desenvolvimento, In-
dústria e Comércio Exterior –
MDIC, Armando Meziat. Para o pro-
nunciamento especial foi convidada
a Gerente do Departamento de Pla-
nejamento do Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e So-
cial – BNDES, Cláudia Nessi Zo-
nenschain. O Presidente do Institu-
to Brasileiro de Estudos da China e
Ásia-Pacífico, Professor Severino
Cabral, e o Superintendente da As-
sociação Brasileira de Indústria Têx-
Armando Meziat comentou o bom desempenho apresentado pelas exportações brasileiras.
til — ABIT, Fernando Pimentel, fo-
“Em primeiro lugar, o momento atual de a adquirir características cada vez
ram os expositores convidados. é de desenvolvimento pleno da tecnologia mais marcantes de uma economia de
da informação; em segundo, já existe uma mercado.
o abrir os trabalhos do painel, Ar- difusão plena das relações político-eco- “Nesse período, no entanto, salvo as
“
presas chinesas estão começando a sair do firmemente a ele, acelerando os passos
país, e o Brasil tem empresas de padrão que levaram à situação de hoje. O Brasil andou muito,
internacional que já estão na China, mas “Atualmente, nós vivemos uma situa- mas minimamente em relação ao
temos outras que, com um pouco de aju- ção de estagnação no que diz respeito ao potencial de desenvolvimento
”
da, também podem chegar lá. Gostaria de crescimento, mas a China continua cres-
mencionar um material que recolhi de cendo e aumentando este ritmo. Ela de-
das relações Brasil-China
uma aluna de doutorado na Universidade verá tornar-se a maior economia e o mai- SEVERINO CABRALN
de Xinhua. Ela projetou um slide cuja or centro de poder do mundo. Temos que
imagem era a de um gato diante do espe- pensar qual o papel do Brasil nesse con- Em seguida, informou que “acertamos
lho, mas seu reflexo era o de um leão. Ela texto, pois somos uma grande potência. uma auto limitação das exportações da
comentou que a China era o gato, e o leão Temos extraordinária capacidade de pro- China para o Brasil em oito categorias de
era como o mundo via a China. O mundo duzir alimentos e energia e, por isso, te- produtos têxteis, que estão contingenciados
a vê como um leão, mas ela é apenas um mos que aumentar nossa influência no numa quantidade acordada entre os dois
gato e o que se discute por lá é como o mundo.” governos, de modo a não provocar prejuí-
gato pode transformar-se num leão. Em O professor relatou, em seguida, quais zos em nosso setor privado.”
minha opinião, a China já é um leão e acho são, a seu ver, as condições essenciais que o Ao assumir a palavra, Fernando
positivo que os chineses estejam vivendo Brasil deve possuir para alcançar esta meta. Pimentel, Superintendente da ABIT, afir-
como um gato. Nós, também, no Brasil, “O crescimento das grandes potênci- mou ter constatado que, para muitos se-
temos a possibilidade de sermos um leão as se dá com estabilidade. Podemos con- tores da economia brasileira, havia gran-
e, se nos olharmos no espelho de um tribuir, essencialmente, para a continui- des oportunidades de negócios entre os
modo diferente, acabaremos por nos tor- dade deste ciclo mundial, se enfrentar- dois países. No setor têxtil, entretanto, o
nar algo diferente.” mos o desafio de recuperar nosso pró- panorama se lhe afigurava como de 99%
US$
450 Bi
• 7°e filamentos.
maior produtor mundial de fios
200
”
indústria têxtil para a economia brasileira. ABIT, a indústria têxtil brasileira mostra-
“O setor têxtil constitui-se de uma for e custe o que custar se eficiente, moderna e produtiva.
grande quantidade de empresas, de em- FERNANDO PIMENTEL “O Brasil tem investido US$ 1 bilhão
pregos diretos, de exportação, de inves- por ano nas suas plantas, mas perde for-
timentos e de representatividade no PIB. fibra média é reputado como o de me- temente nos custos de capital, quando
O Brasil faturou, no ano passado, US$ lhor custo/qualidade no mundo e con- comparado com a China. Pagamos a
26 milhões na cadeia produtiva de têx- siderado imbatível, mesmo levando em mesma alta taxa de juros continuada-
teis e confeccionados, que gera empre- consideração o grande cultivo da Austrá- mente e, em 2006, vamos ter a atualiza-
go e renda para uma parcela expressiva lia e da China. Produzimos 7 bilhões de ção com base nos dados de 2005, o que
de sua população. Nosso país é o sexto peças de vestuário por ano. Somos o se- deve piorar a posição brasileira. Aqui, de-
produtor mundial de têxteis e tem auto- gundo maior produtor de tecido para preciamos o nosso câmbio de uma for-
suficiência em algodão. Nosso algodão de calças jeans.” ma desnecessária, enquanto a China man-
tém uma política cambial estável, que Comparativo de preços das importações de vestuário chinês
permite investimentos industriais de lon-
Fonte: ABIT
go prazo.”
20
Fernando Pimentel informou que a Brasil Argentina EUAA
EU Índia
China tem 57% de encargos, enquanto o 18 17,47
16,36
Brasil tem 103%. Os brasileiros têm 30 16,05
15,85
16
dias de férias e alguns mais, e os chineses 14,22
14,94 14,94
10
e equipamentos do setor oscilaram segun- 8,28
do os ciclos da economia. 8
6,05
“Tendo atingido o ápice em 1997,” ex- 5,72
6
plicou, “foram se reduzindo, de acordo 4,36
com as dificuldades que apareceram: 4
‘apagão’; crise argentina; e um período
2
muito conturbado, em que nossa eco-
nomia não cresceu. Ainda assim, a curva 0
2003 2004 2005 Jan-Abr / 2006
voltou a ser ascendente, mostrando que,
nesse setor, não se está desistindo nem
chorando, mas competindo. Enquanto uma base produtiva e inovadora, além de e que esclareçamos questões como o
isso, a China vem crescendo e é, atual- uma base de design absolutamente ne- fortalecimento do comércio, os certi-
mente, a maior produtora de máquinas cessária para enfrentar a concorrência do ficados de origem, entre outras. O Bra-
para confecção, com uma participação mercado mundial. sil importou vestuário da China, no ano
relevante da produção local em sua in- Ao encerrar sua participação, Fer- de 2005, a US$ 5,72 o quilo; a Argenti-
dústria.” nando Pimentel formulou as expectati- na a US$ 14,94; os Estados Unidos a
O representante da ABIT referiu-se, a vas alimentadas pelo setor têxtil em re- US$ 16,05; a Índia a US$ 12,59. Assim,
seguir, aos analistas que, no Brasil, pro- lação à corrente de comércio entre Bra- queremos fixar um acordo para chegar
põem à indústria têxtil o investimento sil e China. aos preços praticados pela Argentina,
no design e em seu aprimoramento e o “O primeiro ponto é alavancar o me- que não é mais rica do que o Brasil, ou,
abandono da manufatura. Segundo ele, a morando de entendimento, para que ele, ainda, ao preço pelo qual os Estados
China tem investido maciçamente no efetivamente, funcione. É importante Unidos, que são o shopping do mundo,
design de seus produtos têxteis, ou seja, que troquemos informações estatísticas, compram. Há muita coisa desequilibra-
há concorrência, também, nessa área. que abramos um canal de conversação da nessa relação.”
Resta ao Brasil fortalecer-se por inter- para os setores que não foram contem- Após a fala do expositor, o presidente
médio da criação e da manutenção de plados pelo acordo entre os dois países, do painel encerrou os trabalhos.
Ivan Ramalho, Marcio Fortes de Almeida e Chen Duqing na sessão solene de encerramento do seminário dedicado às relações Brasil-China.
Na sessão solene de encerramento disse esperar que tenham propicia- do MDIC; Fernando Pimentel, Superin-
tendente da Associação Brasileira da In-
do Seminário Bilateral de Comér- do a realização de bons negócios.
dústria Têxtil e de Confecção – ABIT;Yan
cio Exterior e Investimentos Brasil- Xiaomin, Cônsul-Geral da República Po-
China, João Augusto de Souza Lima pular da China no Rio de Janeiro; Charles
stiveram presentes à mesa Marcio A.Tang, Presidente da Câmara de Comér-
agradeceu o apoio do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Co-
mércio Exterior – MDIC e do Mi-
E Fortes de Almeida, Ministro de Es-
tado das Cidades, que presidiu a ses-
são solene; Ivan Ramalho, Ministro de Es-
cio e Indústria Brasil-China; Embaixador
Paulo Pires do Rio, Diretor-Conselheiro
do Conselho Superior da FCCE; Gustavo
tado, interino, do Desenvolvimento, In- Affonso Capanema, Vice-Presidente do
nistério das Relações Exteriores – dústria e Comércio Exterior, responsável Conselho Superior da FCCE; Armando
MRE. Ele ressaltou, a seguir, o fato pelo pronunciamento especial; Chen Meziat, Secretário de Comércio Exterior
Duqing, Embaixador Plenipotenciário da do MDIC e Giulite Coutinho, Presidente
de que os seminários têm tido, sem- República Popular da China; Arthur de Honra da Associação de Comércio Ex-
pre, grande afluência de público e Pimentel, Diretor de Comércio Exterior terior do Brasil – AEB.
A oficina do mundo
“Nos últimos anos, a China demonstrou sua enorme capacidade
de produção no campo da manufatura. No futuro, vai mostrar
ao mundo o poder da mente, em lugar de realçar apenas o
poder da mão.”
Crescimento espantoso
A República Popular da China tem crescido em torno de 9,5%
ao ano, nos últimos 25 anos. No primeiro semestre de 2006, a
economia cresceu 10,9%, passando a ser considerada a mais
vigorosa de todas as economias do planeta.
Em 2005, os chineses fabricaram ou montaram algo em torno
de US$ 400 bilhões em produtos de alta tecnologia. Entre dez
aparelhos das marcas mais conceituadas de DVDs que estão sen-
do vendidos hoje no mundo, sete vêm da China.
A oficina do planeta é uma máquina de produzir como a hu-
manidade nunca conheceu igual. Alimentada continuamente por
um fluxo de mão-de-obra que migra do campo para a cidade (só
a região de Xangai recebe, por dia, 28.000 trabalhadores a procu-
ra de emprego), a China não se descuida da formação de mão-de-
obra especializada. Chegam ao mercado de trabalho chinês cerca
de 500.000 cientistas e engenheiros, por ano.
Nos Estados Unidos, uma hora de tra- cebe pouco por sua força de trabalho. mentos estrangeiros e, também, uma apos-
balho de um operário custa US$ 37; já na Os especialistas consideram que a má- ta na educação e na qualificação de seus
indústria automobilística chinesa, por quina chinesa está sendo montada a partir recursos humanos. É bom lembrar, ain-
exemplo, ela vale menos de US$ 2. Os de uma alquimia bem sucedida de baixos da, que a locomotiva chinesa tem, à sua
altamente qualificados ganham muito salários, um partido único, busca deses- disposição, o maior mercado interno do
bem, o que gera uma enorme quantidade perada pela produtividade, muito capital, mundo e desperta para a notoriedade num
de milionários, mas a grande maioria re- atração quase irresistível para os investi- momento em que as relações comerciais
estão cada vez mais globalizadas.
Isto significa, entre outras coisas, que a
A China está investindo China exerce uma enorme atração sobre
em hidrelétricas os investidores estrangeiros. Seus dirigen-
gigantes como a de Três tes, acostumados a usar os conceitos prag-
Gargantas (abaixo) e nas máticos e filosóficos de Confúcio (filósofo
mais diferentes formas nascido em 551 a.c. que esboçou uma éti-
de gerar energia para ca humanista e social, opondo-se às guer-
sustentar seu desenvol- ras e pregando a negociação), inauguraram
vimento (ao lado um estilo no qual está prevista,
e abaixo, à também, a transferência de
direita). tecnologia. A Gene-
ral Motors, por
exemplo, con-
seguiu permis-
são para instalar
uma fábrica em
Xangai, porque
aceitou construir,
na região, um cen-
tro de pesquisa e de-
senvolvimento. Hoje, as empresas au-
tomobilísticas chinesas buscam fazer
parcerias com suas concorrentes inter-
nacionais, o que pode significar certo
acesso aos segredos industriais de seus
sócios. Mesmo diante destas condições,
que podem ser, no mínimo, considera-
das dúbias, existem mais de 250.000 em-
presas estrangeiras tentando se instalar
em território chinês ou fazer parcerias
com a República Popular da China.
O setor público
A presença do setor público na vida
chinesa é bastante significativa. Calcula-se
que ela representa cerca de 40% a 50%
do PIB do país. A liberalização já cami-
nhou o suficiente para permitir ótimos ne-
gócios aos empresários locais e a seus só-
cios estrangeiros, mas o Estado continua
lá, vigilante e disposto a defender seus in-
teresses. Neste contexto, se gera o guanxi,
uma expressão chinesa que significa po-
der de influência e jogo de interesses, mas
que pode significar ajuda àqueles que são
considerados amigos. Em alguns setores,
o Estado se faz mais presente do que em
outros. Na aviação comercial, por exem-
plo, o Partido Comunista controla e apro-
va desde as novas rotas aéreas até a com-
pra de aviões pelas empresas.
É a partir daí que talvez seja mais fácil
entender o chamado “milagre chinês” –
o Estado procura garantir o crescimento
da iniciativa privada. Há dois anos, as mi-
lhões de estatais que participavam da vida
econômica, antes da abertura, foram di- nesa precisa muito dela. O governo autori- A pirataria é condenável e empana o bri-
minuídas para cerca de 170.000. Além zou que os fundos de pensões estatais invis- lho da nova imagem chinesa, mas ela gera
disso, o governo já deixou bem claro que tam, fora da China, cerca de US$ 1,1 bilhão, muitos empregos no mercado interno.
pretende manter apenas 189 grupos esta- em 2006, o que significa negócios nos mais Neste cenário, é preciso considerar –
tais com atuação em setores estratégicos. diversos setores econômicos. lembram os setores ligados à pesquisa
Na cola da enorme expansão econô- de soluções tecnológicas – que, hoje em
mica, os chineses dão passos de gigante A pirataria dia, os custos de desenvolvimento de
em direção ao exterior. Atualmente, o Para poder desempenhar o papel que novos produtos são altíssimos, principal-
China Construction Bank, o terceiro mai- espera ter no mundo contemporâneo, a mente na área de fármacos e no setor au-
or grupo do setor no país, está negocian- China precisa, no entanto, mudar sua atitu- tomobilístico. A Organização Mundial de
do a compra de 20% do banco de investi- de com relação à pirataria e à falsificação. O Comércio – OMC é o fórum mais indi-
mentos americano Bear Stearns. governo chinês estima que estas atividades cado para resolver conflitos comerciais
Uma outra área que se expande além das ilegais geram cerca de US$ 24 bilhões anu- e o que ela propõe é justamente uma das
fronteiras (e isto interessa diretamente ao almente. As empresas estrangeiras afirmam medidas que pregava Confúcio: enten-
Brasil) é a de energia, pois a locomotiva chi- que esta é uma estimativa muito modesta. dimento e negociação.
Parceria americana
Um dos pontos mais surpreendentes do Os contrastes
boom chinês, atual, é o país com o qual foi entre o meio rural,
buscar uma de suas mais sólidas alianças: agrícola e tradicional,
os Estados Unidos. Dizem, alguns analis- e os grandes centros urbanos, ultra
tas, que um dos motivos desta aliança vem modernos, são evidentes.
do fato de que, no século XIX, os Estados Investimentos em educação tentam
Unidos foram um grande pirata de paten- equilibrar as diferenças e mudar
tes mundiais para alavancar seu desenvol-
esse quadro.
vimento, e as raízes da parceria viriam daí.
Ironias à parte, ninguém pode negar que as
grandes cadeias de lojas americanas conti- Enquanto isto, o Japão parece ter parte
nuam cheias de produtos chineses e, isto, da sua economia estagnada por conta do
sem dúvida, ajuda a manter a inflação dos crescimento chinês que, segundo alguns
Estados Unidos sob controle. Segundo os tos. A China, por sua vez, necessita ver os economistas, com seus produtos baratos,
especialistas, uma grande parte da riqueza Estados Unidos fortes, investindo em ter- ajuda a manter a inflação de uma parte sig-
gerada na China fica com os intermediários ritório chinês e importando os seus pro- nificativa dos países ocidentais sob contro-
americanos, por isso a metade do aumento dutos. Cálculos indicam que as famílias le. Os chineses vão mais longe: já têm um
da produtividade americana se deve, de um americanas economizaram US$ 600 bi- olho na África, desprezada por muitos se-
modo ou de outro, ao suor dos trabalha- lhões nos últimos dez anos, importando tores do capitalismo de ponta. Já imagina-
dores chineses. produtos chineses baratos. Os chineses ram quando o gigante africano despertar,
Chegamos, pois, a um ponto chave: os retribuem, comprando US$ 6 de cada US$ tendo como parceiro o dragão chinês?
americanos dependem dos chineses para 100 de títulos da dívida pública americana FONTES: REVISTAVEJA E JORNAIS FOLHA DE SÃO PAULO E
produzir barato e para financiar seus gas- que são colocados no mercado. ESTADO DE SÃO PAULO
MELHOR IDADE
recárias condições culturais propicia mais autonomia. Os resultados de assessorias técnicas, formação de pes-
imenso que tem uma enorme necessida- como eu, apaixonavam-se pelo país e aqui
de de energia. A maior hidrelétrica do iam ficando. Quando chegava a hora de
mundo – Três Gargantas, estará sendo serem transferidos para outro país, prefe-
inaugurada brevemente. Para construí-la, riam pedir demissão e permanecer aqui,
foi necessário inundar uma enorme área nesse país tão amável. Hoje, as condições
onde havia, inclusive, cidades. Repito, con- são diferentes. Naquele tempo, as taxas
tudo, que, na China, a visão predominante de crescimento do Brasil eram maiores
é a de que melhorar o nível econômico e do que as da China de hoje, que espantam
social do povo – o que fatalmente ocor- o mundo. Podia-se dizer, então, que a Chi-
rerá com a chegada da energia – é o mais na era um país pobre, até primitivo, do
importante. ponto de vista da sociedade civil, embora,
Finalmente, para falar a verdade, nunca a do ponto de vista militar, já dispusesse de
China, em seus oito mil anos de civilização, armamento atômico de primeira linha e
proporcionou ao seu povo um nível de de- de foguetes balísticos.
senvolvimento econômico e social como o
atual. O governo chinês conseguiu, nestas O senhor considera, então, que é tí-
duas últimas décadas, a maior conquista de pico das economias dirigidas con-
direitos humanos jamais vista na história centrar recursos nos armamentos
mundial: tirou 400.000.000 de pessoas da em detrimento do desenvolvimen-
pobreza (o país tem uma população calcu- Um dos maiores desafios to social?
lada em cerca de 1,3 bilhão de habitantes, a chineses é enfrentar o CAT – Claro, mas hoje é diferente, e a
maior do planeta) e as inseriu num patamar opção pela economia aberta tem tudo a
êxodo rural que compromete
social mais alto, o que lhes permitiu tomar ver com a diferença. Atualmente, as for-
parte, com dignidade, no crescimento e no a qualidade de habitação e ças armadas consomem uma parcela pe-
sucesso econômico do país. de vida nas grandes quena dos recursos do país, principalmen-
metrópoles. te depois que o Presidente Hu Jintao re-
Em sua opinião, a opção que a Chi- solveu concentrar esforços para melho-
na fez pelo mercado ajudou a con- rar o nível econômico e social dos 850
secução dessa conquista? brasileiro por opção e, como já disse, quan- milhões de camponeses que ainda não
CAT – Sem dúvida alguma. A economia do cheguei ao Brasil, o país crescia, sem participam plenamente do crescimento,
chinesa, embora pouco se fale disso, é violência, mais do que a China. Executi- embora suas rendas hajam quintuplicado
muito mais aberta do que a nossa. Eu sou vos internacionais que aqui chegavam, nas últimas décadas.
“
anos, nós consumimos um PIB inteiro de De repente, passou a ser proibido ter
A China precisa alimentar recursos que não possuíamos para man- cachorro e, agora, voltam os animais
sua população e ter essa política ilusória de estabilidade, à de estimação. Em sua opinião, a reli-
é um ótimo mercado para custa de juros exorbitantes. O Presidente gião, que também foi tão combatida,
”
Fernando Collor de Mello deixou o go- voltará à cultura chinesa?
produtos agrícolas brasileiros verno com R$ 30 bilhões de dívida inter- CAT – A China não proíbe a religião. Há
CHARLES A. TANGN na líquida, que, hoje, passa de R$ 1 trilhão. muitos templos em todo o país, princi-
palmente budistas, e a filosofia de Confú-
leira? Poderá ocorrer um equilíbrio Em termos de produtos, o que a Chi- cio, por exemplo, é respeitada e até mes-
que seja satisfatório para os dois na e o Brasil têm a oferecer um ao mo difundida pelo governo chinês. O que
países na sua corrente de comércio? outro? a China não admite é o uso da religião
CAT – Acredito que nós, brasileiros, te- CAT – O etanol, por exemplo, será um como forma de contestação política.
mos muito mais a oferecer à China do que produto de larga exportação do Brasil para
o contrário. Atualmente, por exemplo, te- a China, pois ela necessita de energia que Nos tempos de Mao Tse Tung, dizia-
mos podido oferecer commodities, mas eu não gere poluição. Nada como a energia se que a filosofia de Confúcio era
acho – e o disse claramente, em meu últi- limpa. Nossa Câmara de Comércio e In- conformista, respeitadora do status
mo artigo publicado na Folha de São Pau- dústria Brasil-China está ajudando cerca quo e anti-revolucionária.
lo – que o Brasil reúne muito mais condi- de 100 indústrias brasileiras a comprarem CAT – Isso foi antigamente. Hoje em
ções do que a China ou o Japão de ser o fábricas na China e muitas empresas chi- dia, o governo chinês, talvez mesmo por
maior pólo exportador e a maior super- nesas a abrirem negócios aqui no Brasil. essas características, a admira bastante.
potência econômica mundial. Nós só não
o somos, hoje, por falta de uma visão po- Seria viável plantar cana-de-açúcar Por favor, dê uma última mensagem
lítica e pela omissão na criação de um pla- na China? para os nossos leitores.
no de prosperidade para a nação. Em go- CAT – A China já planta cana, só que de CAT – Eu quero dizer que considero bri-
vernos anteriores, como o de Juscelino uma espécie diferente. O grande problema lhante o trabalho que o Presidente João
Kubitschek e em alguns governos milita- da China, no entanto, é que, por um lado, Augusto de Sousa Lima vem desenvol-
res, o planejamento embasava a adminis- menos de 18% de sua área territorial é vendo com a realização de seminários de-
tração pública e o crescimento do país. agriculturável ,e, por outro, o país deve sus- dicados a tantos países. Eu me congratulo
Eu acredito que o Brasil seria outro se tentar uma população imensa. Há deser- com ele por esse sucesso.
mica de crescimento da China, ou seja, Voltando à questão chinesa, o nos- problemas, mas, tal como nós fizemos
a nossa economia poderia vir a ser so grande desafio é nos adaptarmos a no passado, com os Estados Unidos, que
vulnerabilizada pela presença maciça da essa “tsunami” econômica oriental. Se ainda hoje são o nosso maior parceiro co-
indústria chinesa na América do Sul. É não soubermos surfar nesta nova onda mercial, temos de encarar os desafios.
preciso ver esta situação com outros chinesa, não sobreviveremos como Dentro de alguns anos, os chineses po-
olhos, pois, ao mesmo tempo, o Brasil grande potência industrial e econômi- derão se transformar nos nossos maio-
está trabalhando com outros parceiros ca a que todos aspiramos ser. O teste res parceiros de comércio e vamos ter
para abrir novas frentes comerciais e, que estamos tendo agora com os chi- de conviver com eles por um longo tem-
também, para reformular as regras in- neses é exemplar. Temos complemen- po. Precisamos desenvolver nossas rela-
ternacionais que regulam a atividade taridade com eles em vários setores e ções, sempre tendo em mente que a épo-
comercial. Nós estamos na liderança da precisamos nos revelar ainda mais ca do negócio da China já passou. Temos
reivindicação pela reforma do comér- competentes, não só para competir de fazer negócios com a China. Hoje,
cio mundial, e o que nós queremos é com eles, mas, também, para intervir aquele país não é mais uma semi-colônia
aumentar o fluxo no sentido de vender junto com eles em outros mercados. do mundo industrializado, da qual a mai-
e de comprar. Nesse momento, o cha- Essa é uma lógica que pode ser aplica- oria das nações desenvolvidas se aproxi-
mado Grupo dos Oito – G8, que reúne da em vários mercados específicos. De mava apenas para ganhar dinheiro. Hoje,
as potências mais desenvolvidas do qualquer maneira, volto a insistir que a China é um gigante econômico, indus-
mundo, acedeu ao nosso pedido de mais é preciso ter clareza de que a relação trial e financeiro. Nós precisamos culti-
abertura de negociações na Organiza- Brasil-China veio para ficar. Pontual- var uma inteligência estratégica para tirar
ção Mundial do Comércio – OMC. mente, ela pode ter aqui e ali alguns o melhor proveito desta relação.
uma terceira, por meio da qual vimos dos equipamentos e, ainda, dos serviços de CNZ – O tema deste encontro é extrema-
acompanhando a evolução econômica da engenharia. Vejo, também, possibilidades mente relevante e eu acho importante ou-
Índia e da China. Consideramos esses promissoras em alguns setores de infor- vir os diversos pronunciamentos e conhe-
países dois atores de grande importância mática e acredito que, em breve, os chineses cer as dúvidas que necessariamente vão sur-
no atual panorama mundial. Julgamos terão uma demanda muito grande em rela- gir dos debates entre os especialistas dos
essencial conhecer seus movimentos, ção a carros populares. diferentes setores. Acho que nós temos que
inclusive para estabelecermos determi- construir uma forma de olhar a China, não
nadas correlações com os nossos, razão Quais são as suas expectativas em com medo, mas com esperança de desfru-
pela qual, há cerca de um ano e meio, relação a este seminário? tar de uma grande oportunidade.
nos dedicamos a estudá-los.
20 de fevereiro RÚSSIA
24 de abril FRANÇA
22 de maio PERU
19 de junho PORTUGAL
17 de julho CHINA
21 de agosto PANAMÁ
18 de setembro SUÉCIA
23 de outubro ESPANHA
13 de novembro FINLÂNDIA
11 de dezembro ALEMANHA
desde que ele era prefeito de Xangai, que tos, no Ocidente, confundem o chinês com lhadores braçais e 35% das atividades agrí-
me explicasse essa sua democracia e ele o japonês. Na realidade, eles são completa- colas são mecanizadas. Um país com 1 mi-
disse que a democracia deles não pode ser mente diferentes. Ao receber um estran- lhão de quilômetros quadrados a mais que
igual à dos brasileiros nem dos americanos. geiro, o japonês o coloca num hotel seis o Brasil, mas que só tem 16% de suas ter-
A resposta dele foi que no Brasil há 180 estrelas com o melhor carro na porta, mas ras agricultáveis, alimenta 24% da popu-
milhões de pessoas; nos Estados Unidos, não lhe dá intimidade, não o convida para ir lação da Terra.
280 milhões; na China 1,350 bilhão. Então a sua casa. O chinês não: chama logo para a Eu mando esse pessoal para a China e
a democracia tem que ser diferente, e é. casa dele, para comer em sua mesa, como digo: ‘Se você encontrar alguém por lá des-
Eu mandei dez desembargadores para a os brasileiros também fazem. Por isso, digo calço, ou pedindo esmola, eu pago US$ 1
China. Os dez ficaram encantados. Viram que o chinês se parece com o matuto. para cada um’. Há pobreza no país, mas não
tudo, até as prisões. Eu disse a eles que muito há miseráveis. Aqui, temos 180 milhões de
do que se sabe, aqui, sobre a China, é de- Essa forma de aproximação facilita brasileiros e 35 milhões de miseráveis. O
turpado. Disse a eles que recomendassem a nossa relação comercial? sujeito vem do campo, chega aqui e não
as suas mulheres que levassem suas jóias, NM – Sim, a relação é como a nossa. O arruma emprego. A mulher cobra, e ele,
que aqui ficam guardadas no cofre. Meu que eu mais admiro no chinês é o seguinte: com vergonha, deixa a família. A mulher
amigo Marco Aurélio Melo, Ministro do ele é direto e se não gostar de você, ele diz. vira prostituta e o filho bandido. É o que
Supremo Tribunal Federal, foi a São Paulo Já com o japonês, nunca se sabe, pois, quan- está acontecendo no Brasil. Isso eu digo na
e, quando saltou lá, pegou um carro e os do ri, pode estar gostando ou ridicularizan- cara “desses cabra todinho”. Essa é a políti-
cabras tomaram o relógio Rolex dele. Eu do a pessoa. Dentro desse prisma, vamos ca do Brasil, de má fé.
disse, então, aos desembargadores, que po- considerar que o Brasil não sofreu um dé-
deriam usar seus Rolex na China, que lá cimo, um milésimo das humilhações que o Há quem diga que os preços baixos
ninguém mexeria com eles, porque lá exis- chinês sofreu por parte do japonês. Du- dos produtos chineses esmagam os
te ordem.Você pode sair que ninguém toca rante a Segunda Guerra Mundial, quando o concorrentes. Como o senhor anali-
em você, enquanto aqui você não sabe nem Japão invadiu a China, requisitou as moças sa isso?
se chega em casa. para serem concubinas do exército japo- NM – Cabe aos concorrentes dos chine-
O melhor regime, sem dúvida, é o de- nês. Na China, os médicos japoneses usa- ses fazerem o que o chinês está fazendo.
mocrático; mas tem que haver ordem. O vam os chineses para fazer experiências ci- O Brasil tem o maior estoque de água doce
grande responsável por isso é o Congres- entíficas. Xangai é uma cidade chinesa lin- do planeta e não tem vulcão nem terre-
so Nacional. da, de influência inglesa. Nos gradis da ci- moto, nada. Na China, vem um tremor de
dade, ainda se vê escrito: ‘nesse recinto é terra e mata 100.000 pessoas. Aqui, quem
Fale um pouco sobre a história da proibido entrar cachorro e chinês’. Outro morre é o cara que estava morando na
relação Brasil-China nesses últimos 20 exemplo: na Praça da Paz Celestial, em beira do rio, ou então na encosta, e que
anos e sobre o futuro dessa relação. Beijing, há jardins imensos, com monumen- não tem proteção. Tudo por falta de com-
NM – Eu tinha 24 anos quando fui depu- tos banhados a ouro. Neles, há placas onde petência da nossa elite dirigente.
tado federal pelo Rio de Janeiro, e o meu se lê “esse ouro foi levado por aqueles que Por isso, digo: em vez de temer o chinês,
guru foi o lendário General Flores da Cu- nos exploraram”. Os chineses fazem todas temos que cuidar de baixar os impostos
nha. Eu disse a ele que queria um lugar na essas coisas para o povo se lembrar sempre brasileiros. Temos 40% de impostos mal
política que me permitisse viajar, pois a gen- dessas humilhações, que não são aceitas. aplicados. Ao invés de ter Bolsa Família,
te só aprende viajando. O livro é uma coisa, A China é um país em que a grande massa devíamos ter escola para o menino estu-
mas viajar é outra. Eu conheci o mundo popular está no campo. Aqui no Brasil é o dar de manhã e de tarde, praticar esporte,
por meio dessas viagens oficiais. Quando contrário. Um estado como Chi Chuan tem e chegar em casa de noite, cansado, para
terminava o meu programa de trabalho, du- 87 milhões de habitantes, quase a metade do dormir. O que estão fazendo aqui chama-
rante as viagens, eu não fazia passeios e com- Brasil. Destes, 65 milhões estão no campo. se paternalismo puro.
pras. Eu queria conhecer o outro lado: ver Aqui é o contrário: vem todo mundo para a
o mercado popular da cidade, um bairro cidade, porque a nossa elite dirigente enca- O que o senhor acha de iniciativas
popular, a pobreza, porque assim podia ob- minhou as coisas nesse sentido. O povo bra- como esse seminário?
servar o bom e o ruim. O país que mais me sileiro é o melhor povo do mundo: canta, NM – Muito boas. Esses seminários são
chamou a atenção, no mundo todo, foi a assobia e chupa cana ao mesmo tempo, e é interessantes. A China é o maior país da
China. A China é muito parecida com a gen- inteligente. A maioria da elite, por sua vez, Ásia e tem a maior população da Terra. O
te, e o chinês tem muito a ver com nosso não tem vergonha. Uma coisa interessante: o Brasil é o maior país e tem a maior popu-
matuto lá do Nordeste. O matuto é o se- chinês não aceita esmola; como diz o ditado, lação da América do Sul. Os dois países
guinte: tendo confiança, leva a boiada. Não ele aceita a vara e o anzol e vai pegar o peixe. têm que caminhar juntos e vão liderar o
tendo confiança, leva cacete ou bala. Mui- Lá, 65% dos que vivem no campo são traba- mundo futuramente.
O novo presidente do
Conselho Superior
Desde o ano passado, a Federação das rante uma sessão plenária, ou se o cha-
Câmaras de Comércio Exterior — FCCE mam para compor uma mesa ou sessão
realizou, até o momento, 18 seminários solene, a mesa e a sessão se ilustram e
bilaterais. A cada um desses encontros, o engrandecem.
plenário fica mais cheio, os debates são Theóphilo de Azeredo Santos é advo-
mais substanciais, e a repercussão mais gado, professor, doutor em Direito pela
intensa. Universidade Estadual do Rio de Janeiro
Personalidades de peso têm compa- e especialista, entre outras modalidades,
recido, todo mês, à sede da Confedera- em Direito Comercial e Direito Compa-
ção Nacional de Comércio, onde se rea- rado. Entre seus muitos alunos, estiveram
lizam os seminários, para discutir as rela- vários ministros de Estado do governo
ções comerciais do Brasil com diferen- brasileiro. Theóphilo de Azeredo Santos.
tes países. Ele foi escolhido para presidir o Con-
Uma dessas personalidades, no entan- selho Superior da Federação das Câma- tal magnitude para presidir seu Conse-
to, mais que reconhecemos: admiramos ras de Comércio Exterior e, mais uma lho. Neste artigo, o professor declara
muito. Trata-se de um profissional que vez, modesto, se diz honrado com essa suas expectativas favoráveis ao cresci-
disfarça, na sua simplicidade, o saber que homenagem. Igualmente honrada, está mento da arbitragem em nossas relações
o notabilizou. Se lhe pedem a palavra du- a FCCE que conta com uma figura de comerciais.
A porcelana
chinesa no império
do Brasil
Peças do serviço do Conde de Ipanema, abaixo, e prato do serviço da Marquesa de Itamaraty, no canto superior.
C onhecida genericamente
como “Porcelana Compa-
nhia das Índias”, os serviços
de porcelana chinesa utili-
zados pela aristocracia e pela Casa Imperi-
al do Brasil são, relativamente, em peque-
no número, principalmente se compara-
dos com a quantidade de porcelana euro-
vidosa, já que, fabricada no Sul da China,
era feita quase que “por atacado” face a
grande quantidade de encomenda realiza-
da por clientes europeus, que geralmente
enviavam os “modelos”, inclusive de bra-
sões e monogramas, que deveriam ser “co-
piados” pelos chineses.
Dessa forma, é curioso notar que as
panhia das Índias” utilizados, praticamen-
te todos trazidos pela corte portuguesa (à
exceção do “serviço da Independência”)
quando de sua instalação no nosso país.
São eles:
1. O serviço do “Reino Unido”, apresen-
tando os brasões dos reinos de Portu-
gal, Brasil e Algarves; o mais antigo e,
péia importada na mesma época. representações heráldicas em peças de também, o mais raro.
Deve-se o nome “Companhia das Ín- serviços de porcelana chinesa normal- 2. Em seguida, em termos de raridade, po-
dias” às empresas de comércio e navega- mente apresentam erros básicos de inter- demos citar o “Serviço dos Correios”,
ção holandesas, criadas no Século XVII, pretação, face o desconhecimento dos com decoração ao gosto europeu,
encarregadas de fazer esse comercio en- “ceramistas” da arte e das regras da herál- apresentando um cavaleiro montado.
tre a Europa e a China. Essas “companhi- dica européia por parte dos “ceramistas”. 3. O “Serviço dos Galos”, considerado o
as” eram uma versão original das nossas O maior exemplo desses equívocos é de melhor qualidade, em matéria de
atuais trading companies, arcando seus pro- o Brasão do Império do Brasil reproduzi- porcelana, com borda de oito facetas
prietários e acionistas com os prejuízos e do no “serviço da Independência”, pre- representando os oito imortais da Chi-
auferindo os lucros decorrentes dessa ati- senteado ao Imperador D. Pedro I por pa- na, e, no centro, decoração com
vidade comercial. triotas para comemorar o feito. peônias, borboletas, e dois galos.
No que se refere a essa porcelana chi- Nos palácios e fazendas imperiais, po- 4. O “Serviço dos Pavões” deve ter sido o
nesa, especificamente denominada “Com- demos afirmar que existiram um total de maior deles, porquanto é o mais co-
panhia das Índias”, ela era de qualidade du- 10 serviços de porcelana chinesa “Com- mum, usado no Paço de São Cristó-
Araújo Góes; Barão do Fonseca; Barão de meros outros “serviços de porcelana chi-
Itamarandiba; Barão de Javary; Barão de nesa Companhia das Índias” conhecidos “verdadeira porcelana” (diferente dos pro-
Massambará (dois serviços); Barão de Nova no Brasil, mas que foram adquiridos por dutos de barro ou argila pura), aquele pro-
Friburgo (dois serviços); Barão de Ramalho; ricos empresários e comerciantes, porém duto que descrevemos como “produto
Barão do Rio Bonito; Barão de Sorocaba; sem qualquer título de nobreza. cerâmico de massa fina, vitrificado,
Barão de Soubará; Barão de Tietê; e as Apenas “burgueses endinheirados”, translúcido, normalmente recoberto de
Baronezas, do Bomfim e de Alemquer (este, como a eles se referiam os “nobres bra- esmalte incolor, transparente, branco, ou
um precioso serviço de chá que pertenceu sileiros”, os quais, somente se diferen- com desenhos e pinturas”, surgiu na Chi-
ao seu pai, o fidalgo Manoel Inácio Muniz ciavam dos primeiros, pelo fato de te- na, entre os anos 600 e 900 de nossa era,
Barreto de Aragão) e o Visconde de Cabo rem comprado, de S.M. O Imperador, durante a dinastia dos Imperadores T’Ang.
Frio (dois serviços); o Visconde da Cacho- algumas semanas antes, seus respecti- Durante muitos anos, os chineses con-
eira; O Visconde de Jaguaribe; o Visconde vos títulos... seguiram “esconder” os segredos para a
do Rio Comprido; e mais: o Conde de De qualquer forma, a China pode ser feitura da porcelana, tanto é que, somente
Ipanema (dois serviços); o Conde de Ita- considerada a “criadora” da porcelana e sua no Século XVII os japoneses começaram
maraty (três serviços); o Conde de Mes- inventora, já que aquilo que chamamos de a fabricar objetos em porcelana.
“
e do Ministério da Fazenda. Este regime Ásia, já é um fato comum que determina-
de entreposto aduaneiro industrial pode É uma iniciativa que das indústrias se instalem dentro dos ae-
ser utilizado tanto em aeroportos como depende do esforço conjunto roportos e nas proximidades deles; mas,
em portos ou estações aduaneiras. Segun- do Governo Federal, estadual e segundo Ednaldo Pinheiro Santos, o con-
”
do o Gerente de Gestão e Relações com ceito de aeroporto industrial utilizado no
o Mercado da Infraero, Ednaldo Pinheiro de todos os órgão envolvidos Brasil (que pressupõe incentivos fiscais e
Santos, trata-se de uma iniciativa nova, di- EDNALDO PINHEIRO SANTOSN isenção de impostos) é uma novidade. “A
ferente e pioneira. proposta, aqui, é diferente e é a primeira
Um exemplo: uma empresa que pos- Segundo Ednaldo Pinheiro Santos, al- deste tipo que conhecemos no mundo. É
sua sua fábrica de computadores no Bra- gumas empresas químico-farmacêuticas e algo inovador.”
sil, importa uma série de matérias-primas, de eletrodomésticos estão envolvidas nes- No aeroporto mineiro de Confins, foi
insumos e equipamentos. Estes chegam te processo. “O forte são os eletroe- desenvolvido um projeto piloto, não só
por via aérea, vindos da Ásia, dos Estados letrônicos, por conta da agilidade que esse porque há espaço disponível na região; há,
Unidos ou da Europa. Ao chegar ao aero- mercado exige e por causa da necessidade também, devido ao interesse do mercado
porto, inicia-se um processo que utiliza de usar o transporte aéreo, que proporci- e do governo locais, bem como da Recei-
operador logístico e os serviços de um ona maior segurança e agilidade.” ta Federal e da Receita Estadual.
despachante. Os insumos são levados para Os terminais aéreos em vista desde o “Temos que unir todos os esforços. Em
a fábrica por meio de uma transportado- início do projeto são o Aeroporto de Con- Confins, uma indústria já se instalou e
ra. Na fábrica, os computadores são mon- fins e o Aeroporto Tancredo Neves, em estamos em fase de testes finais. Todas as
tados, agregando-se, assim, valor ao pro- Minas Gerais; o Aeroporto Tom Jobim, partes envolvidas estarão aprimorando e
duto. Este, então, volta para o aeroporto também chamado de Aeroporto Interna- aperfeiçoando o processo, tanto nos pro-
de onde é encaminhado para o mercado cional do Galeão, no Rio de Janeiro; os cedimentos, quanto em relação aos equi-
internacional. Isso é o que normalmente aeroportos de São José dos Campos e de pamentos e operações logísticas. Estamos
acontece. Campinas, em São Paulo; e o Aeroporto afinando toda essa sistemática para, a partir
Já com o regime de entreposto adu- de Petrolina, em Pernambuco. de 2007, abrirmos licitação para a conces-
aneiro, a empresa teria uma filial dentro “A isenção dos impostos de importa- são de novas indústrias em Confins e em
do próprio aeroporto. Os equipamen- ção só é dada para produtos que serão ex- Viracopos, em São Paulo, que são os locais
tos e matérias-primas que chegariam ao portados. Este é, portanto, um programa, mais adiantados, com infra-estrutura dis-
terminal de cargas da Infraero iriam para tipicamente, de incentivo às exportações. ponível e um visível esforço conjunto para
o entreposto. O produto seria montado O produto direcionado para o mercado que esse regime tenha sucesso. Tudo indica
na filial da empresa dentro do aeropor- interno não tem isenção de impostos. Se, que o terceiro terminal, candidato a aero-
to. Nesse caso, quando um lote de pro- por exemplo, a indústria destinar 80% da porto industrial, seja o Galeão. Há, ainda,
dutos estivesse pronto, ele retornaria sua produção ao mercado externo e 20% São José dos Campos, mas estamos aguar-
para o entreposto da Infraero, iria para ao mercado nacional, a parte destinada ao dando aprovação do plano diretor do aero-
o armazém de exportação, de onde se- mercado nacional não recebe isenção de porto, onde não há, hoje, área disponível.”
guiria para seu destino final. Nessa ope- impostos e não pode usufruir dos benefí- Estamos bastante esperançosos e oti-
ração, todo o item que agrega valor ao cios do regime. Em alguns projetos em mistas com esse projeto e com a implan-
produto recebe a isenção do imposto andamento em Confins e em Campinas, tação em Viracopos e Confins a partir do
de importação. as indústrias estão exigindo, junto ao go- ano que vem.”
1.200
rada desde 1990, ano em que a corrente de comércio do País foi 900
de US$ 115,4 bilhões, cifra que em 2005, alcançou US$ 1,422 750
trilhão, o que representa uma aumento de 1.132%. No período, 600
a expanção foi de 18,7% em média ao ano. Entretanto, o aumen-
450
to se deu de forma mais expressiva nos seis anos mais recentes,
com taxa de 26,1% em média ao ano. 300
1991
2001
1992
2002
1993
1999
2003
1995
1997
2005
1990
2000
1994
1996
1998
2004
taxas semelhantes. Em 1990, as exportações chinesas – US$ 62,1
Fonte: OMC
bilhões – foram 16,4% superiores às importações – total de US$
53,3 bilhões, o que gerou um saldo de US$ 8,7 bilhões. Em 2005,
essa proporção foi de 15,4%, com exportações de US$ 762,0 Evolução da balança comercial da China
bilhões e importações de US$ 660,1 bilhões. Devido ao alto pata- 1990 – 2005 – US$ bilhões
mar alcançado, o saldo foi de US$ 101,9 bilhões.
800
No ranking dos maiores países exportadores mundiais, a Chi-
na foi o terceiro maior em 2005, atrás somete de Alemanha e 700
Exportação Importação Saldo
Estados Unidos. No ano, a China foi responsável por 7,3% das 600
2001
1992
2002
1993
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1998
2004
mentos mecânicos (US$ 96 bilhões, participação de 14,6%),
Fonte: OMC
combustíveis minerais (US$ 64 bilhões, 9,7%), instrumentos de
ótica e médicos (US$ 50 bilhões, 7,6%), plástico e obras (US$
33 bilhões, 5,0%), produtos químicos orgânicos (US$ 28 bi- 3,3%), móveis (US$ 22 bilhões, 2,9%), brinquedos e artigos
lhões, 4,2%), produtos siderúrgicos (US$ 26 bilhões, 4,0%), esportivos (US$ 19 bilhões, 2,5%), calçados (US$ 19 bilhões
minérios (US$ 26 bilhões, 3,9%), cobre e suas obras (US$ 13 2,5%), obras de ferro ou aço (US$ 19 bilhões, 2,5%) e artigos de
bilhões, 2,0%) e automóveis e autopeças (US$ 12 bilhões, 1,9%). plástico (US$ 18 bilhões, 2,3%).
A pauta exportadora chinesa também é concentrada pratica- O mais destacado país de origem das importações chinesas,
mente nos mesmos produtos que compõe a importação do país. em 2005, foi o Japão com uma participação de 15,2%, totalizando
Em 2005, o principal segmento foi o das máquinas e equipamen- US$ 100 bilhões. Em seguida, os principais fornecedores são:
tos elétricos, com US$ 172 bilhões, 22,6% do total. Os demais Coréia do Sul (US$ 77 bilhões, participação de 11,6%), Taiwan
destaques entre os componentes da pauta de exportação da Chi- (US$ 75 bilhões, 11,3%), Estados Unidos (US$ 49 bilhões,
na foram: máquinas e equipamentos mecânicos (US$ 150 bi- 7,4%), Alemanha (US$ 31 bilhões, 4,6%), Malásia (US$ 20 bi-
lhões, representando 20,0% do total), artigos de vestuário (US$ lhões, 3,0%), Cingapura (US$ 17 bilhões, 2,5%), Austrália (US$
35 bilhões, 4,6%), artigos de vestuário de malha (US$ 31 bi- 16 bilhões, 2,4%), Rússia (US$ 16 bilhões, 2,4%) e Tailândia
lhões, 4,1%), instrumentos de ótica e médicos (US$ 25 bilhões, (US$ 14 bilhões, 2,1%).
26,5 Fonte: Global Trade Atlas 22,6 Fonte: Global Trade Atlas
20,0
14,6
9,7
7,6
5,0 4,6 4,1
4,2 4,0 3,9 3,3 2,9 2,5 2,5 2,5 2,3
2,0 1,9
Máquinas e
Equipamentos
Elétricos
Máquinas e
Equipamentos
Mecânicos
Instrumentos
de Ótica e
Médicos
Máquinas e
Equipamentos
Elétricos
Máquinas e
Equipamentos
Mecânicos
Artigos de
Vestuário
de Malha
Instrumentos
de Ótica e
Médicos
Brinquedos
e Artigos
Esportivos
Combustíveis
Minerais
Plásticos
e Obras
Químicos
Orgânicos
Automóveis
e Autopeças
Artigos de
Vestuário
Obras de
Ferro ou Aço
Artigos de
Plástico
Siderúrgicos
Minérios
Cobre e Obras
Móveis
Calçados
Quanto aos países de destino das exportações chinesas, o prin- Importações da China
cipal são os Estados Unidos, com US$ 163 bilhões em 2005, o Principais países fornecedores – 2005 – participação %
equivalente a 21,4% do total, seguido dos seguintes principais
16,0
compradores de produtos chineses: Hong Kong (US$ 125 bi- 15,2 Fonte: Global Trade Atlas
lhões, participação de 16,3%), Japão (US$ 84 bilhões, 11,0%), 14,0
Coréia do Sul (US$ 35 bilhões, 4,6%), Alemanha (US$ 33 bi- 12,0 11,6 11,3
lhões, 4,3%), Países Baixos (US$ 26 bilhões, 3,4%), Reino Uni-
10,0
do (US$ 19 bilhões, 2,5%), Cingapura (US$ 17 bilhões, 2,2%),
Taiwan (US$ 17 bilhões, 2,2%) e Rússia (US$ 13 bilhões, 1,7%). 8,0 7,4
2000, o Brasil foi responsável por somente 0,5% das importa- 4,0 3,0
2,5 2,4 2,4 2,1
ções e 0,5% das exportações chinesas. Já, em 2005, o Brasil 2,0
forneceu 1,0% das importações da China, situando-se como o
0,0
14º maior fornecedor. Por outro lado, o mercado brasileiro foi o
ão
Sul
an
ra
ia
ásia
Uni stados
sia
ndia
anh
trál
apu
Jap
Taiw
Rús
do
Mal
dos
â
Alem
Tail
E
éia
Cor
tações chinesas.
0,5%
8,0
1,1%
4,6 4,3 1,0% 1,0%
3,4 0,8% 0,9%
4,0 2,5 2,2 2,2 1,7 0,5%
0,0
ng
ão
Sul
an
nido
Uni stados
sia
aixo
anh
r
apu
Jap
Taiw
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oU
Alem
es B
Cing
E
Hon
éia
Rein
ral entre os dois países, que a partir de 2000 registra uma taxa de
3.000
crescimento média anual de 41,1%.
A contribuição mais significativa para a ampliação da corrente 2.000
de comércio, que cresceu US$ 3,0 bilhões no comparativo janei-
ro-dezembro/2005-2004, adveio da elevação das importações 1.000
Ranking da China nas exportações brasileiras Ranking da China nas importações brasileiras
2005/2004 – US$ milhões FOB 2005/2004 – US$ milhões FOB
Ordem País Valor '% Part% Ordem País Valor '% Part%
A evolução nas vendas de produtos básicos, passando de US$ Exportações brasileiras para a China por fator agregado
3,232 bilhões para US$ 4,674 bilhões, decorreu, especialmente, 2005/2004 – US$ milhões FOB
dos expressivos crescimentos das exportações de algodão em bruto
(+370,5%, para US$ 90,2 milhões); petróleo (+157,8%, para 4.674 Variação % 2004/2005:
Básicos: + 44,6%
US$ 541,6 milhões), fumo em folhas (+144,3%, para US$ 248,8 Semimanfaturados: - 18,6%
milhões); carne de frango (+132,6%, para US$ 78,8 milhões); Manufaturados: + 18,1%
3.232
minério de manganês (+92,0%, para US$ 49,4 milhões) e miné-
rio de ferro (+60,1%, para US$ 1,78 bilhão).
Já o acréscimo de 18,1% nas vendas de produtos manufaturados,
passando de US$ 964,8 milhões para US$ 1,139 bilhão, resultou,
principalmente, dos avanços nas exportações de máquinas-ferra- 1.234
1.005 1.139
965
mentas para forjar metais (de US$ 203 mil para US$ 49,1 milhões);
fio-máquina e barras de ferro ou aço (+1.323,0%, para US$ 35,5
milhões); cobre em barras (+1.035,7%, para US$ 4,1 milhões),
ferramentas de uso manual (+994,5%, para US$ 14,1 milhões); Básicos Semimanufaturados Manufaturados
poliamidas em formas primárias (+870,9%, para US$ 9,0 milhões); 2004 2005 Fonte: MDIC/SECEX
polímeros de etileno (+344,2%, para US$ 69,5 milhões); tubos de
ferro fundido (+317,9%, para US$ 5,6 milhões); turbinas hidráuli-
cas (+250,4%, para US$ 16,6 milhões); compostos heterocíclicos sintéticas/artificiais (2,8%), compostos heterocíclicos (2,5%),
(+244,7%, para US$ 26,0 milhões); máquinas e aparelhos para aparelhos videofônicos (2,3%), aparelhos transmissores ou re-
terraplanagem (+229,0%, para US$ 13,5 milhões) e laminados pla- ceptores de telefonia celular (2,2%), partes e acessórios de apa-
nos (+54,1%, para US$ 333,7 milhões). relhos de som (1,8%), brinquedos (1,8%), pilhas e baterias
No que toca às importações brasileiras de produtos originári- (1,7%), calçados (1,5%), microfones e alto-falantes (1,5%), cir-
os da China, observa-se que a pauta foi formada preponderante- cuitos impressos (1,3%), aparelhos de rádio (1,1%) e partes e
mente por produtos manufaturados, de alto valor agregado, os acessórios de motocicletas e bicicletas (1,1%).
quais representaram 94,1% das compras totais efetuadas entre Entre os produtos que apresentaram maiores crescimentos re-
janeiro e dezembro de 2005. Os principais itens que compuse- lativos nas compras oriundas da China em 2005, destacam-se: apa-
ram as compras nacionais foram: partes de aparelhos transmis- relhos transmissores e receptores de telefonia celular (+282,9%,
sores e/ou receptores (principal item, com participação de para US$ 119,5 milhões), pneumáticos (+268,7%, para US$ 43,7
10,6% da pauta total), dispositivos de cristais líquidos (4,8%), milhões), circuito-impresso e outras partes para aparelhos de tele-
máquinas automáticas para processamento de dados (4,1%), cir- fonia (+206,9%, para US$ 42,8 milhões), alho fresco ou refrige-
cuitos integrados (4,0%), partes e acessórios de máquinas auto- rado (+180,1%, para US$ 31,1 milhões), aparelhos elétricos para
máticas para processamento de dados (3,9%), carvão mineral telecomunicações (+146,3%, para US$ 35,9 milhões), vídeo-cas-
(3,5%), motores e geradores elétricos (2,9%), tecidos de fibras sete (+133,3%, para US$ 121,4 milhões), outros aparelhos trans-
Laminados
Planos de
Ferro e Aço
Petróleo
em bruto
Fumo em
Folhas
Couros e
Peles
Óleo de Soja
em Bruto
Madeira
Serrada
Algodão
em Bruto
Soja em Grão
Celulose
Minério
de Ferro
ao mercado Chinês foram: São Paulo (participação de 11,6% no
total), Mato Grosso (11,2%), Rio de Janeiro (10,1%), Paraná (8,9%),
Rio Grande do Sul (7,7%), Espírito Santo (7,5%), Pará (6,4%),
Bahia (3,6%) e Goiás (2,9%). Os demais estados brasileiros foram
responsáveis por 7,9% das exportações nacionais para a China. Estados brasileiros que mais exportaram para a China
Apenas três unidades da federação são responsáveis pela mai- 2005 – US$ milhões FOB
oria – 72,9% – das importações de produtos Chineses: São Pau-
Fonte: MDIC/SECEX
lo, Amazonas e Espírito Santo. No ano, São Paulo foi responsável 1.509
Espírito
Santo
São Paulo
Mato Grosso
Bahia
Rio de
Janeiro
Minas
Gerais
Pará
Goiás
praram produtos chineses, ante 5.816, representando aumento
de 23,1% (+1.345 empresas), na comparação janeiro-dezem-
bro/2005-2004.
Principais produtos importados pelo Brasil da China Número de empresas brasileiras exportadoras e
2005/2004 – US$ milhões FOB importadoras no comércio com a China
1.953 1.835
256
218 213 211
164 154 149
133 121
Dispositivos de
Cristais Líquidos
Compostos
Heterocíclicos
Aparelhos
Videofônicos
Partes de Apars.
Transmissores
ou Receptores
Máqs. Automáts.
para Processa-
mento de Dados
Circ. Integrados
e Microconjun-
tos Eletrônicos
Partes/Peças de
Máqs. Autom. p/
Proces. Dados
Motores e Gera-
dores Elétricos
Tecidos de Fibras
Têxteis Sintéti-
cas ou Artificiais
Carvão Mineral
2004 2005
Exportadores Importadores