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FCCE

Federação das Câmaras de Comércio Exterior


Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

2007
05 de março

Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
BRASIL AMÉRICA CENTRAL
Costa Rica – El Salvador – Guatemala – Honduras – Nicarágua
FCCE

Federação das Câmaras


de Comércio Exterior

Foreign Trade Chambers


Federation

Fédération des Chambres


de Commerce Extérieur

Federación de las Cámaras


de Comercio Exterior
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior

La FCCE es la más antigua Asociación de Clase de- En un pasado reciente, la FEDERACIÓN DE LAS CÁ-
dicada exclusivamente a las actividades de Comercio MARAS DE COMERCIO EXTERIOR – FCCE firmó Con-
Exterior. venio con el CONSEJO DE CÁMARAS DE COMERCIO
Fundada en el ano 1950, por el empresario João DE LAS AMÉRICAS, organismo que representa a las Cá-
Daudt de Oliveira (se debe a él la fundación de la Con- maras Bilaterales de Comercio de los siguientes países:
federación Nacional de Comercio – CNC, 5 años an- ARGENTINA, BOLIVIA, CANADÁ, CHILE, CUBA,
tes), la FCCE opera, ininterrumpidamente, desde hace ECUADOR, MÉXICO, PARAGUAY, SURINAME, URU-
más de 50 años, incentivando y apoyando el trabajo de GUAY, TRINIDAD Y TOBAGO y VENEZUELA.
las Cámaras Bilaterales de Comercio, Consulados Ex- Además de varias decenas de Cámaras Bilaterales de
tranjeros, Consejos Empresariales y Comisiones Mixtas Comercio afiliadas a la FCCE en todo Brasil, forman
a nivel federal. parte de la Directoria actual, los Presidentes de las Cá-
La FCCE, por fuerza de su Estatuto, tiene ámbito na- maras de Comercio: Brasil-Grecia, Brasil-Paraguay, Brasil-
cional y posee Vicepresidentes Regionales en diversos Rusia, Brasil-Eslovaquia, Brasil-República Checa, Bra-
Estados de la Federación, operando también en el plano sil-México, Brasil-Belarus, Brasil-Portugal, Brasil-Líba-
internacional, a través de “Convenios de Cooperación” no, Brasil-India, Brasil-China, Brasil-Tailandia, Brasil-Italia
firmados con diversos organismos de la más alta credibi- y Brasil-Indonesia, además del Presidente del Comité
lidad y tradición, a ejemplo de la International Chamber Brasileño de la Cámara de Comercio Internacional, el
of Commerce (Cámara de Comercio Internacional – Presidente de la Asociación Brasileña de las Empresas
CCI), fundada en 1919, con sede en París, y que posee Comerciales Exportadoras – ABECE, el Presidente de
más de 80 Comités Nacionales, en los 5 continentes, ade- Ia Asociación Brasileña de la Industria Ferroviaria –
más de operar la más importante “Corte Internacional de ABIFER, el Presidente de la Asociación Brasileña de los
Arbitraje” del mundo, fundada en el año 1923. Terminales de Contenedores, el Presidente del Sindi-
La FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS DE COMER- cato de las Industrias Mecánicas y Material Eléctrico,
CIO EXTERIOR tiene su sede en la Avenida General Jus- entre otros. Súmese aun, la presencia de diversos Cón-
to nº 307, Río de Janeiro, (Edifício de la Confederación sules y diplomáticos extranjeros, entre los cuales, el
Nacional de Comercio - CNC) y mantiene con esta enti- Cónsul General de la República de Gabón, el Cónsul de
dad, hace casi dos décadas, “Convenio de Respaldo Admi- Sri Lanka (antiguo “Ceilán”), y el Ministro Consejero
nistrativo y Protocolo de Cooperación Mutua”. Comercial de la Embajada de Portugal.
La Directoria
DIRECTORIA PARA EL TRIENIO 2006/2009
Presidente

JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA

1 st V i c e p r e s i d e n t e

PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ

Vicepresidentes Vicepresidente Europa


Arlindo Catoia Varela Jacinto Sebastião Rego de Almeida (Portugal)
Gilberto Ferreira Ramos Vicepresidente Nor te
Joaquim Ferreira Mângia Cláudio do Carmo Chaves
José Augusto de Castro
Vicepresidente Sudeste
Ricardo Vieira Ferreira Martins
Antonio Carlos Mourão Bonetti
Vicepresidente Sur
Arno Gleisner

Directores

Diana Vianna De Souza Luiz Oswaldo Aranha


Marie Christiane Meyers Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida
Alexander Zhebit Oswaldo Trigueiros Júnior
Alexandre Adriani Cardoso Raffaele Di Luca
Andre Baudru Ricardo Stern
Augusto Tasso Fragoso Pires Roberto Nobrega
Cassio José Monteiro França Roberto Cury
Cesar Moreira Roberto Habib
Charles Andrew T'Ang Roberto Kattán Arita
Daniel André Sauer Sergio Salomão
Eduardo Pereira De Oliveira Sizínio Pontes Nogueira
José Francisco Fonseca Marcondes Neto Sohaku Raimundo Cesar Bastos
Luis Cesario Amaro da Silveira Stefan Janczukowicz

Consejo Fiscal (Titulares)

Delio Urpia de Seixas


Elysio de Oliveira Belchior
Walter Xavier Sarmento
EDITORIAL

APOIO
Energia limpa e acesso






a novos mercados







FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR – FCCE



chegou ao seu 3º ano de seminários bilaterais. Nesse período, no que



tange ao comércio exterior brasileiro e aos investimentos realizados,



inúmeras foram as propostas lançadas; entraves identificados; oportunidades



sinalizadas; recordes atingidos. O fórum de discussão instituído pela FCCE


ganhou destaque por sua seriedade e interesse em acompanhar de perto as



metas instituídas pelo Governo Federal.



O Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-



América Central inovou, ao priorizar não somente um, mas cinco países.



Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua foram tema do



Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos, realizado no



auditório do edifício sede da CNC, na cidade do Rio de Janeiro, em 05 de


março de 2007.



Se a corrente de comércio daqueles países com o Brasil é, ainda, tímida,



que isso sirva para sinalizar oportunidades à vista. Mercados consumidores


CONSELHO DE


ainda mal explorados e acordos preferenciais de comércio são a senha para a

CÂMARAS DE COMÉRCIO


intensificação das exportações para aquela região, sobretudo quando ○

DAS AMÉRICAS

considerado o acesso facilitado ao mercado norte-americano. Nesse caso,



investimentos brasileiros em plantas produtivas devem priorizar aqueles países,


com o fito de fazer penetrar nos Estados Unidos produtos brasileiros a custos

aduaneiros reduzidos. Os cinco países sabem disso e têm acenado com



facilidades para a implantação de empresas estrangeiras em seu território.


Expediente

O maior interesse, porém, girou em torno da energia limpa. O mundo



Produção
finalmente parece ter-se dado conta dos perigos do aquecimento global. O

Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE


petróleo, recurso finito, considerado como poluidor em sua queima, é, ainda, Av. General Justo, 307/6o andar

Tel.: 55 21 3804 9289


o motor das economias. Possui, entretanto, alternativas energéticas de grande e-mail: fcce@cnc.com.br

aceitação, entre elas o etanol. A experiência brasileira com os veículos flex


Editor

O coordenador da FCCE
fuel e com a mistura e estabilização do álcool como combustível foi tema

Textos e Repor tagens


relevante no seminário com os países centro-americanos. A experiência da Elias Fajardo



Fernanda Pereira Ferreira


Petrobras, amplamente debatida, indica que uma nova revolução industrial se

José Antonio Nonato


aproxima, levando-se em conta a substituição, a contento, é claro, da matriz Projeto Gráfico, Edição e Ar te

Estopim Comunicação

energética mundial. A América Central mostrou-se ávida por esta tecnologia.


Tel.: 55 21 2518 7715


O leitor encontrará neste número a cobertura completa do seminário que e-mail: estopim@estopim.com

Revisão
privilegiou uma região até bem pouco tempo não priorizada pelo Brasil, mas que,

Maria Virgínia Villela de Castro


recentemente, retomou seu lugar de destaque, apresentando boas oportunidades


Fotografia

Christina Bocayuva
aos investimentos e ao comércio exterior brasileiro: a América Central

Secretaria

Maria Conceição Coelho de Souza


Boa leitura. Sérgio Rodrigo Dias Julio



As opiniões emitidas nesta revista são de


responsabilidade de seus autores. É permitida a


O EDITOR reprodução dos textos, desde que citada a fonte.




SUMÁRIO

6 E N T R E V I S TA 48 E M P AU TA
Suyapa Indiana Padilla Tercero
Victor Manuel Lozano Urbina
Amazônia: crescer e
Em busca da integração preservar
um patrimônio da
Gonçalo de Barros Carvalho e Mello humanidade
Mourão
“A política brasileira
objetiva uma aproximação intensa e 50 I N T E R C Â M B I O
produtiva com a América Central”
“Brasil tem muito a lucrar na parceria com

1 7 A B E RT U R A Honduras”
“Brasil procura integrar-se com os países da
Brasileiros podem alcançar o mercado Norte- América Central”
americano passando pela América Central “Queremos saudar o povo

23 P A I N E L I e os empresários do Brasil”

Exportação de serviços 53 P R O D U T O
inclui diferentes setores
da economia Honduras e seus
ótimos charutos
28 P A I N E L I I 55 E N E R G I A
Energia, turismo e transportes
Pioneira em combustível
34 P A I N E L I I I limpo
“Uma boa política
As exportações energética é essencial
brasileiras de para o desenvolvimento”
manufaturados e bens
de capital
58 T R Â N S I T O
38 E N C E R R A M E N T O Um sinal que significa vida
Brasil vive, hoje, círculo virtuoso
no comércio exterior 61 E N G E N H A R I A
41 F I N A N C I A M E N T O S Sustentabilidade na ordem do dia

Desenvolvimento e mudança
da realidade social
62 C U LT U R A
Música e dança na
42 T U R I S M O Nicarágua

Costa Rica e bela por


natureza 63 AVIAÇÃO
Três mundos num só país Nova rota une Rio e Panamá

45 C I DA D A N I A 65 R E L A Ç Õ E S B I L AT E R A I S
“Meu país aposta na educação como fator de
desenvolvimento” 70 C U RTA S
ENTREVISTA

Suyapa Indiana Padilla Tercero afirma que a Nicarágua pretende exportar e se aproximar de todos os centros de comércio do continente americano.

Em busca da integração
Embaixadores de Nicarágua e Honduras acreditam no potencial das
relações comerciais do mercado centro-americano com o Brasil
O Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investi- seu turno, revelou um perfil de empresário e esboçou uma
mentos Brasil-América Central reuniu os embaixadores visão pragmática, voltada para os negócios e para um estímu-
plenipotenciários da Nicarágua, Suyapa Indiana Padilla lo intenso aos investimentos. Ambos os embaixadores de-
Tercero, e de Honduras, Victor Manuel Lozano Urbina. monstraram competência e interesse numa maior aproxi-
A Embaixadora da Nicarágua, durante sua exposição, mação com o governo e com os empresários brasileiros.
analisou o potencial do relacionamento bilateral com o Bra- Confira, ao longo da entrevista, o que pensam estes dois
sil, mostrando-se preocupada com questões sociais e de de- embaixadores sobre comércio, investimentos e sobre o
senvolvimento regional. O Embaixador de Honduras, por relacionamento com o Brasil.

6 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


Como seu país se insere no esforço
pela criação de uma mentalidade
expor tadora, que vem percor-
rendo todas as nações latino-ame-
ricanas?
SP – A Nicarágua está se voltando para a
exportação e para a integração com to-
dos os centros de comércio, porque con-
sideramos que países pequenos, como
os nossos, necessitam de apoio dos ir-
mãos centro-americanos e, também, de
nações grandes, como o Brasil, que nos
ajudem a agregar recursos em campos
como os da bioenergia e do etanol, por
exemplo.
VU – Estamos vivendo um momento es-
pecial, depois de assinar um tratado de li-
vre comércio com os Estados Unidos. Isto
dá a nosso país a possibilidade de expor-
tar, sem pagar nenhum centavo de taxas.
Tudo aquilo que o país produz atualmen-
te, exporta para os Estados Unidos. As-
sim, Honduras tem a possibilidade de ofe-
recer aos empresários oportunidades de
investimentos, produção em nosso terri-
tório e, ainda, exportação para os Estados
Unidos.

Que itens se destacam na produção


de seus países e como se caracteriza
a corrente comercial com o Brasil?
Quais os setores agrícolas e indus-
triais que poderiam ser incremen-
tados?
SP – No campo agro-comercial, o único
forte na Nicarágua, a balança comercial
com o Brasil é muito baixa. Nesse mo-
mento, estamos fazendo um esforço para
levar um grupo de nicaragüenses a
Brasília para discutir, com o Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, algumas
melhorias relativas a nossas exportações
para o Brasil. Já temos estudos sobre as
áreas mais propícias para esse incremen-
to, no sentido de alcançarmos maior
nivelação e harmonia, permitindo-nos
superar a assimetria que existe na balan-
ça comercial dos dois países.
VU – Honduras destaca-se pelos seus
produtos naturais como café, melancia,
melão e camarão. Além disso, temos
muitas maquilas que produzem, sobre- Segundo o Embaixador Victor Lozano Urbina, Honduras vive um momento bastante
tudo, tecidos que exportamos para os produtivo em todos os setores da sua economia.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 7


ENTREVISTA

Estados Unidos. Somos o terceiro ex- SP – Claro que sim. Nós necessitamos
portador (por meio da maquila) para os de investimentos, principalmente em se-
americanos. Estamos procurando, no tores que dependem de tecnologia. Com
momento atual, um relacionamento mai- o aporte tecnológico que vem desenvol-
or com o Brasil que tem acenado com a vendo na produção do etanol, o Brasil
possibilidade de investimentos brasilei- poderia nos ajudar muito. Na Nicarágua
ros em Honduras. Nós proporcionamos temos um consórcio que cultiva cana-
muitas oportunidades para a fixação das de-açúcar, produz etanol e já realizou suas
empresas, como redução de impostos primeiras exportações. Necessitamos, no
para importação de maquinaria e maté- entanto, necessitamos de apoio para am-
ria-prima. Honduras, há muito tempo, pliar nossa escala de produção. Esse se-
abriu suas fronteiras para os produtos minário pode chamar a atenção dos em-
brasileiros, mas ainda temos uma balan- presários brasileiros que se disponham a
ça comercial muito deficitária. Compra- investir em nosso país.
mos do Brasil mais ou menos US$ 140 VU – Sim. Ainda estamos trabalhando
milhões e o Brasil compra cerca de US$ nisso. Em 2006, foram para Honduras
600 mil de Honduras. Acredito, no en- cinqüenta investidores, numa missão


tanto, que, dentro de pouco tempo, va- especial à América Central, chefiada
Há paz no continente e mos melhorar essa balança. pelo Ministro do Desenvolvimento, In-
boa vontade por dústria e Comércio Exterior, Luiz
parte da maioria dos países Neste cenário, que importância têm Fernando Furlan. Estamos abrindo as


os investimentos? Os seus países es- portas do país, e acho que dentro de
centro-americanos tão interessados em atrair capitais pouco tempo vamos ter empresas,
S U YA PA P A D I L L A N brasileiros? como a Santista, fazendo investimentos
muito importantes.
A trajetória da senhora embaixadora
A cidade do embaixador
Suyapa Indiana Padilla Tercero nasceu em Somoto, na Nicaragua.
A senhora e o senhor são otimistas
ou pessimistas com relação ao futu-
Desde
Naturalnovembro
da cidadedede2005 vem desempenhando
Olanchito, no Norte do país,asofunções
Embaixadorde embaixadora
de Hondurasde ro das relações comerciais entre a
seunopaís no Victor
Brasil, Brasil. Manuel
Entre 1997 e 2004,
Lozano Urbina,exerceu importantes
é licenciado cargos diplomáticos
em Ciências Jurídicas e América Central e o resto do conti-
emSociais
váriospela
países, tendo sidoNacional
Universidad embaixadora
Autónomaem Honduras,
de Honduras embaixadora
e Doutorna emAlemanha
Direi- nente? Existem boas perspectivas?
com extensão para a Suíça e embaixadora na Áustria com extensão
to Agrário pela Universidad Complutense de Madrid. Foi advogado da Corte para os seguintes SP– Sim, vejo ótimas perspectivas, por-
países do Leste
Suprema Europeu:
de Justiça República Tcheca,
de Tegucigalpa, Honduras.Eslováquia, Hungria, Bulgária, Polônia que todos os países da América Latina
e Eslovênia.
O município de Olanchito, sua terra natal, é conhecido como a “Cidade Cívica estão vivendo a democracia. Há paz no
DeHonduras”.
de 1991 a 1996, foi conselheira
Ele pertence ao Estadoedecônsul-geral
Yoro, que ficadanoEmbaixada da Nicarágua
coração do Vale Aguán. continente e, também, boas intenções das
também em Viena.
A região é caracterizada pela hospitalidade com que recebe seus visitantes e por partes. Cada um dos países está fazendo
Seu curiosas
suas ingressotradições
no corpoediplomático de seu país éseuma
costumes. Atualmente, deudasemcidades
agosto mais
de 1990 e sua
impor- um grande esforço para que o comércio
primeira
tantes do missão
país, foi a de conselheira
contando com educação da embaixada
formal emdatodosNicarágua em desde
os níveis, Berlim.o pré- internacional funcione. Como vivemos
Do início
escolar dos anos 70Impulsionada
à universidade. até 1988, desenvolveu
pelo Vale Aguán, uma ascarreira como
atividades professora
econômicas num mundo globalizado, não podemos
emmais
seuimportantes
país, tendo sãosidoa fundadora e diretora da Escola de Comércio
agricultura e a pecuária, nas quais se destacam a produção San José, no nos isolar. Temos de procurar criar um
Norte
de leite e as cooperativas de fazendeiros, em geral produtoras de grãos. É possívelem
da Nicarágua, e professora de Literatura e Artes no Instituto Nacional tratado de livre comércio para nos forta-
Somoto.
mencionar, ainda, o cultivo de bananas, sendo a maior cidade produtora de lecermos mais e, também, para que nos-
Foi, ainda,
Honduras professora
e uma das quedeproduz
História e Letras
frutos na Universidade
de melhor qualidade noCentro-Americana
mundo. Conta, sos produtos possam chegar aos países
daainda,
Nicarágua e tem pós-graduação em administração
com comércio, algumas indústrias e serviços. funcional de empresas na mais ricos.
especialidade de gerência para o desenvolvimento, cursada
Muitos são os atrativos de Olanchito, que vão desde suas comidas típicasno Instituto Centro-
até VU – Nós vivemos, como o resto dos
Americano
a celebração de da
Administração
Semana Cívica. de AEmpresas,
cidade conta em com
Manágua.
várias instituições culturais países centro-americanos, um momento
eAturísticas,
Embaixadora Suyapa
entre elas Indiana
a Casa PadillaoTercero
de Cultura, tem a Ordem
Museu Municipal da Estrela
e o Palácio Muni-do de mercado produtivo. Com esse tratado
Grau de Cavaleiro Grã-Cruz, que lhe foi outorgada pelo
cipal. Pode-se fazer uma caminhada longa até o alto do Monte Pacura ou do Governo da República de livre comércio que assinamos com os
Federal
CampodaEscola;
Alemanha porassuas
escalar atividades
Cavernas diplomáticas
do Naranjo; naquele
ir a centros país. Em
turísticos comodezem-
El Estados Unidos, estamos abrindo nossas
broConquistador,
de 2003, foi eleita
La Mora,a diplomata
e a outrosdobalneários.
mês pela Associação
Os turistasDiplomática
não podem deixarde Leipzig.
de fronteiras e criando possibilidades de im-
É casada,
visitar tem duas
o Parque filhas
Central e gosta de
e degustar as fazer pinturaChuletas
tradicionais a óleo edeem“Chilo”
porcelana, além
(a carne portar e exportar. Entendemos, também,
deassada)
trabalhos
ou, se tiverem oportunidade, saborear o Jamo en Coco, a mais famosa e
manuais com diferentes técnicas. Fala espanhol, alemão, inglês que nossos empresários devem ser mais
português.
comida típica de Olanchito. agressivos, aumentando sua produção e

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oferecendo boa qualidade e preços atra- VU – Eu acho que nenhum país, nem os
entes. Sabemos que, num mercado pro- pequenos nem os grandes, podem se opor
dutivo, é possível alcançar melhores ní- à globalização, nem à econômica nem a
veis de preços, e o preço que se pratica, dos próprios produtos. Atualmente, não
em geral, é aquele que o comprador acei- é possível fechar as fronteiras aos produ-
ta. No momento, posso dizer que busca- tos exteriores.
mos competitividade em qualidade, ser-
viço e preço. Em relação ao trabalho que a senho-
ra e o senhor vêm desenvolvendo
O Brasil tem uma tradição de rela- nas suas respectivas embaixadas, o
ções comerciais com os seus países que poderia ser dito?
ou este comércio é algo recente? SP – Temos ensejado esforços no sentido
SP – A história de nossas relações co- de incrementar as relações comerciais e
merciais vem de antes dos anos 1970, culturais.
mas não foi implementada, pois, há al- VM – É minha primeira experiência
guns anos, o Brasil não olhava muito de como embaixador, e já dura quatro anos
perto para a América Central, já que es- e meio. Eu sou um embaixador político.


tava crescendo e buscando parceiros co- Acredito que o brasileiro é o maior te-
merciais em outras regiões. Hoje em dia, souro que o Brasil tem. É uma gente Oferecemos redução de
o panorama é outro: os brasileiros estão muito amável, muito gentil, muito ani- impostos para importação
levando em conta, em termos de comér- mada. Morando aqui, me senti como se de maquinaria e


cio e investimentos, os países centro- tivesse nascido no Brasil. É muito fácil,
americanos e creio que nossas relações para qualquer pessoa, adorar o Brasil e matéria-prima em Honduras
vão se fortalecer. os brasileiros. VICTOR URBINAN
VU – Queremos estreitar cada vez mais o
nosso comércio com os brasileiros. A cidade do embaixador
Na atividade comercial, que é cada Natural da cidade de Olanchito, no Norte do país, o Embaixador de Honduras
vez mais internacionalizada, é pos- no Brasil, Victor Manuel Lozano Urbina, é licenciado em Ciências Jurídicas e
sível manter o sentido de nacionali- Sociais pela Universidad Nacional Autónoma de Honduras e Doutor em Direi-
dade e de identidade cultural de to Agrário pela Universidad Complutense de Madrid. Foi advogado da Corte
cada país? Como preservar a perso- Suprema de Justiça de Tegucigalpa, Honduras.
nalidade nacional num mundo O município de Olanchito, sua terra natal, é conhecido como a “Cidade
globalizado pela informação e pela Cívica de Honduras”. Ele pertence ao Estado de Yoro, que fica no coração do
tecnologia? Seu país está tentando Vale Aguán. A região é caracterizada pela hospitalidade com que recebe seus
criar uma marca nacional para seus visitantes e por suas curiosas tradições e costumes. Atualmente, é uma das
produtos? cidades mais importantes do país, contando com educação formal em todos
SP – Creio que seria muito triste se per- os níveis, desde o pré-escolar à universidade. Impulsionada pelo Vale Aguán,
dêssemos nossa identidade como país; as atividades econômicas mais importantes são a agricultura e a pecuária, nas
por isso procuramos estabelecer uma quais se destacam a produção de leite e as cooperativas de fazendeiros, em
marca que nos identifique. Um exemplo geral produtoras de grãos. É possível mencionar, ainda, o cultivo de bananas,
a ser citado são as pequenas nações eu- sendo a maior cidade produtora de Honduras e uma das que produz frutos de
ropéias. A Áustria tem a marca “A”, e to- melhor qualidade no mundo. Conta, ainda, com comércio, algumas indústri-
dos os produtos que saem daquele país as e serviços.
têm essa identificação. Na Nicarágua, te- Muitos são os atrativos de Olanchito, que vão desde suas comidas típicas até
mos produtos excelentes, como o rum a celebração da Semana Cívica. A cidade conta com várias instituições culturais
Flor de Caña, o tabaco e os charutos, que e turísticas, entre elas a Casa de Cultura, o Museu Municipal e o Palácio Muni-
são excelentes. Trata-se, então, de esta- cipal. Pode-se fazer uma caminhada longa até o alto do Monte Pacura ou do
belecer uma marca que identifique os Campo Escola; escalar as Cavernas do Naranjo; ir a centros turísticos como El
produtos nicaragüenses e que, ao mes- Conquistador, La Mora, e a outros balneários. Os turistas não podem deixar de
mo tempo, sinalize que somos centro- visitar o Parque Central e degustar as tradicionais Chuletas de “Chilo” (a carne
americanos. Não podemos, nunca, per- assada) ou, se tiverem oportunidade, saborear o Jamo en Coco, a mais famosa
der a própria identidade. comida típica de Olanchito.

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ENTREVISTA

“A política brasileira
objetiva uma
aproximação intensa
e produtiva com a
América Central”
O Embaixador Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão, Diretor
do Departamento do México, América Central e Caribe, do Ministério
das Relações Exteriores, entende que, o clima geral de globalização da
economia convive com o ambiente onde há interesses específicos de
cada país. Há, portanto, que se identificar as necessidades, de modo a
se concretizar acordos. Com relação à América Central, o embaixador
defende a idéia de que é necessário um relacionamento que seja cons-
tante e permanente.

Qual a política atual do governo Este desejo de aproximação já está


brasileiro para a América Central? produzindo resultados objetivos em
GMM – A política brasileira é de apro- algum país da América Central?
ximação mais intensa e mais constante GMM – Posso dizer que ele já começou
com relação a todos os governos da re- a ser perceptível em todos os países. Um
gião. Nós temos tido, nos últimos anos, bom exemplo é a missão chefiada pelo
demonstrações bastante claras dessa ten- Ministro Luiz Fernando Furlan, que acon-
dência. No seu primeiro mandato, o Pre- teceu em 2006, reunindo os ministérios
sidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a do Desenvolvimento, Indústria e Co-
América Central e realizou um encon- mércio Exterior, e das Relações Exteri-
tro de cúpula na Guatemala. Naquela ores. Essa missão realizou visitas e en-
ocasião, pela primeira vez na história do contros em todos os países da região, à
Brasil, um presidente da república reu- exceção da Nicarágua. Isso já pode ser
niu-se com todos os presidentes dos pa- considerado um resultado concreto: o
íses da América Central. Foram firma- ministro foi acompanhado de uma comi-
dos acordos, com vários países, referen- tiva bastante significativa e numerosa de
tes à cooperação no campo do etanol. empresários brasileiros, que se reuniram
Além disso, ao longo dos últimos anos, com representantes da indústria, do co-
o Brasil tem recebido a visita de vários mércio e dos investimentos dos países
presidentes centro-americanos. Pode- da América Central.
mos afirmar, então, que a intensidade do
desejo de aproximação de ambas as par- As perspectivas de aproximação,
tes é grande. neste momento, são mais efetivas em

10 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 11
ENTREVISTA

comércio duplique, como de que venha


a quadruplicar ou quintuplicar. Tudo de-
pende de um esforço nosso, deles e até
da Federação das Câmaras de Comércio
Exterior, apoiando iniciativas que esta-
mos desenvolvendo de lado a lado.

O senhor acha possível que, num


mundo globalizado, as nações e os
blocos regionais consigam manter
suas marcas específicas nas relações
que envolvem o comércio exterior?
GMM – Eu considero que é possível
mantermos marcas específicas e regio-
nais. Nesse sentido, podemos citar nossa
experiência com o Mercosul, que tem
buscado consolidar um mercado regio-
nal, valorizando os produtos locais. Atu-
almente, os países da América Central
O Embaixador Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão ao lado do Embaixador de estão fazendo um esforço semelhante
Honduras, Victor Manuel Lozano Urbina. por meio do Sistema de Integração Eco-
nômico – SICA, um mecanismo muito
que setores da economia e do co- mente, mas não posso deixar de ser oti- semelhante ao Mercosul e a todos os ou-
mércio? mista por dois motivos. Em primeiro lu- tros sistemas de integração que existem
GMM – Estamos, naturalmente, dando gar, por dever de oficio, pois chefio um hoje no mundo. Nós poderíamos até di-
ênfase ao diálogo sobre possibilidades de departamento do Ministério das Rela- zer que o SICA é o “Mercacentral”, uma
produção de etanol e biodiesel em dife- ções Exteriores que cuida disto. Se eu espécie de Mercosul na América Cen-
rentes países da América Central. A não fosse otimista não poderia exercer tral. Isso tudo facilita os contatos entre
implementação de energias limpas cons- corretamente esta missão. Em segundo grupos econômicos e nações, mas tam-
titui-se, hoje, num desafio para o mundo, lugar, nós tivemos a oportunidade de bém possui, ao mesmo tempo, um cará-
e o Brasil manifesta um interesse muito constatar que, de 2002 a 2006, houve ter individual, ou melhor, bilateral.
grande por divulgar a tecnologia que de- uma triplicação no valor das importações Estamos abertos a novas iniciativas, e
senvolveu nessa área. Estamos, pois, aber- vários países da América Central já se ma-
tos a uma cooperação ampla e acredita-
mos, também, que há interesse de mui-
tos países pela complementação econô-
“A substituição do
petróleo por energias
renováveis interessa ao
nifestaram interessados em se aproximar
do Mercosul para fazer acordos em se-
parado, já que, no momento, não há pos-
mica e pela substituição de gastos, visto sibilidades de acordo imediato entre o
que muitas nações centro-americanas são
importadoras de petróleo. A substituição
do petróleo por energias renováveis pos-
Brasil e à América Central
GONÇALO MELLO MOURÃON ” Mercosul e o SICA. Isso não significa que
o SICA não queira essa aproximação e
essa interação, mas há países mais adian-
sibilita a esses países não só diminuir o tados em matéria de diálogo nas áreas de
custeio do insumo energético, como tam- brasileiras da América Central e uma comércio e de investimentos. Gostaria
bém ampliar a mão-de-obra e revigorar triplicação, também, no valor das expor- de dizer que esse cenário tem possibili-
lavouras com problemas por motivos li- tações do Brasil para esta região. É claro tado um clima de globalização e, ao mes-
gados ao comércio internacional. que ainda são quantias consideradas não mo tempo, de manutenção das diferen-
muito expressivas, se comparadas ao nos- tes personalidades nacionais. Cada um
Os analistas da corrente comercial so comércio com outras regiões do mun- dos países da América Central tem inte-
brasileira com a América Central do. Se pensarmos, especificamente, no resses específicos e, nós, brasileiros, tam-
consideram-na bastante modesta. volume da corrente comercial que bém temos interesses especiais. O Pana-
Como o senhor vê nosso comércio estamos mantendo com estes países, os má, por exemplo, é um campo aberto
com os centro-americanos? números começam a ser vistos como para a cooperação nos setores de trans-
GMM – A corrente comercial do Brasil expressivos, e torna-se possível vislum- portes marítimos e de infra-estrutura.
com a América Central é pequena, atual- brar a tendência não só de que o nosso Outros países, como a Nicarágua, que

12 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


têm uma vocação agrícola mais pronun- namento que seja constante e permanen- O senhor gostaria de dizer mais al-
ciada, colocam-se mais abertos a coope- te. Isso, através dos tempos, só o fator cul- guma coisa?
rar no campo do biodiesel. tural vai possibilitar. GMM – Eu gostaria de agradecer à FCCE
a realização desse seminário, uma iniciati-
O senhor diria que o conhecimen- A troca comercial, entre esses paí- va que reúne profissionais de diferentes
to é uma ferramenta importante ses, é mais promissora que os inves- setores em torno de uma finalidade co-
para o desenvolvimento de rela- timentos de um lado e de outro? mum, que é o desenvolvimento do co-
ções comerciais e de investimentos? GMM – No começo, o mais forte é qua- mércio, e, naturalmente, da amizade en-
GMM – Sem dúvida. Entre as grandes se sempre a troca comercial. É ela que tre os povos.
vertentes de ajuda internacional que vai levar a um conhecimento maior dos
nós temos desenvolvido, por intermé- mercados e a um entendimento mais
dio da Agência Brasileira de Coopera- amplo das possibilidades de investimen-
ção – ABC, estão as parcerias e iniciati- tos. É claro que, ao lado disso tudo, e Uma trajetória
vas conjuntas que se fundamentam mui- com personalidade muito peculiar, está
to no conhecimento. As trocas e a ajuda colocada a questão do biodiesel e dos in- diplomática
brasileira a vários países no terreno do vestimentos necessários à produção do
combate à AIDS é o exemplo de uma biodiesesl nesses países, mas esse é um Gonçalo de Barros Carvalho
dessas parcerias. Elas se baseiam nas caso à parte. e Mello Mourão nasceu em 18
descobertas e nas experiências desen- de agosto de 1950 em Ipueiras,
volvidas pelo Brasil nesse setor. Eu po- O senhor poderia falar um pouco no Ceará, filho do escritor e po-
deria citar, também, a cooperação em mais sobre esse tema? eta Gerardo de Mello Mourão.
educação, em informação e em muitas GMM – A questão do biodiesel, assim Realizou estudos universitários
outras áreas. como os investimentos necessários a sua de Letras e Direito. Ingressou no
produção, trazem à tona uma caracte- Ministério das Relações Exteri-

“ Com o Panamá podemos


cooperar em transportes
marítimos, já a Nicarágua
rística comum a esses países: eles apre-
sentam sua atividade agrícola mais tra-
dicional (em geral, o cultivo da cana-
ores, por concurso direto, em
1976. Foi promovido a embai-
xador em 2005.
de-açúcar) em decadência. Com um tipo Na Secretaria de Estado, foi
pede uma aproximação específico de investimento, essa ativi- assistente do chefe da divisão de
com o agronegócio
GONÇALO MELLO MOURÃON ” dade pode ser resgatada. Nós temos a
tecnologia necessária para incrementar
esse processo e vontade de cooperar
nesse setor.
transportes e comunicações; co-
ordenador de ensino e vice-di-
retor do Instituto Rio Branco; as-
sessor especial do secretário-ge-
O senhor acredita que a cultura de- ral das relações exteriores para
sempenha papel importante neste Não podemos esquecer, também, assuntos do Haiti. Atualmente é
cenário? Ela também pode ser con- que o Protocolo de Quioto prevê o Diretor do Departamento das
siderada uma moeda de troca? reduções na emissão de poluentes Américas do Norte, Central e
GMM – A cultura é um elemento fun- na atmosfera, de modo geral causa- Caribe.
damental para o relacionamento entre to- das pelo uso intenso do petróleo nos No exterior, serviu como se-
dos os países, especialmente com relação veículos e nas indústrias. Isso signi- cretário de embaixada em Roma,
aos centro-americanos, pois é um fator fica, necessariamente, um estímulo Argel e Londres; como conse-
que muito nos aproxima. Nós temos al- ao uso de tecnologias renováveis e lheiro em Londres e Assunção;
gumas identidades, algumas formas de consideradas limpas. como ministro-conselheiro em
expressão comuns que nos fazem sentir, GMM – Sem dúvida. Inclusive, pode- Assunção, Paris e Lisboa; e como
mesmo diante de tantas diversidades, par- mos lembrar que, em visita recente ao encarregado de negócios em Por-
te de uma mesma história. Este sentimen- nosso país, o Presidente George Bush to Príncipe, entre 2004 e 2005.
to impulsiona qualquer contato e torna considerou a possibilidade de coopera- Publicou um estudo de história
qualquer relação mais intensa e durável. ção entre Brasil e Estados Unidos na pro- diplomática intitulado “A Revolu-
Não se trata, apenas, de uma relação co- dução de biodiesel em outro países. Na- ção de 1817 e a História Diplo-
mercial de troca ou de venda eventual de turalmente, a América Central é uma das mática do Brasil”. Muito se orgu-
um lote de tesouras, ou uma compra de regiões que mais tem vocação para parti- lha de dizer que é irmão do artista
tecidos ou de camisetas. Nós queremos cipar dessa cooperação, que viria a ser, plástico contemporâneo Tunga.
isso, mas também desejamos um relacio- então,trilateral.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 13


Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos BRASIL AMÉRICA CENTRAL
Av. General Justo nº 307 – Centro, Rio de Janeiro – RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC

Progrrama do Seminário : 05 de março de 2007


Prog
14:00h Abertura dos Trabalhos Moderador:
João Augusto de Souza Lima – Presidente da Federação das Câmaras de Arthur Pimentel - Diretor de Comércio Exterior do MDIC
Comércio Exterior – FCCE Expositores:
Sessão Solene de Abertura Maria Amelia Hidalgo – Cônsul-Geral da Costa Rica
Presidente da Sessão: Samir Passos Awad–Gerente Executivo Américas, África e Eurasia da PETROBRAS
Marcio Fortes de Almeida – Ministro de Estado das Cidades Alexandre Camargo – Diretor Internacional da COPA Airlines
Pronunciamentos: Debates com o Plenário
Adolfo Facussé – Presidente da Associação Nacional de Indústrias de Honduras – ANDI
“A utilização das facilidades decorrentes do Tratado de Livre Comércio América 17:00h Painel III: Exportações brasileiras de produtos Manufaturados e Bens de
Central -Estados Unidos pelos investidores brasileiros” Capital
Componentes da Mesa: Presidente do Painel:
Dra. Paula Bonilla – Vice-Ministro de Estado do Turismo de Honduras Luiz Oswaldo Aranha – Presidente da Câmara de Comércio e Industria
Brasil- HONDURAS
Victor Manuel Lozano Urbina – Embaixador Plenipotenciário de Honduras
Moderador:
Suyapa Indiana Padilla Tercero – Embaixadora Plenipotenciária da Nicarágua Lucia Maldonado – Vice-Presidente executiva da Associação de Comércio
Embaixador Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão – Diretor do Exterior do Brasil - AEB
Departamento do México, América Central e Caribe do MRE Expositores:
Gustavo Affonso Capanema – Membro do Conselho Superior da FCCE Luciene Ferreira M.Machado – Chefe do Departamento de Comércio Exterior
José Isaías Aguilar – Presidente da Comissão Nacional de Energia de Honduras do BNDES
Roberto Kattán Arita – Agregado Comercial de Honduras Fabio Martins Faria – Diretor de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio
Luiz Oswaldo Aranha – Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Honduras Exterior - MDIC
Debates com o Plenário
14:30h PAINEL I: Exportação de Serviços: Infra-Estrutura na América Central
(rodovias; aeroportos; hidrelétricas; termelétricas) 18:00h Sessão Solene de Encerramento
Exportação de equipamentos de sinalização viária Presidente da Sessão:
Presidente do Painel e Pronunciamento: Embaixador Gonçalo Mello Mourão – Diretor-Geral do Departamento do México,
Marcio Fortes de Almeida – Ministro de Estado das Cidades América Central e Caribe do MRE
Moderador: Pronunciamento Especial:
Jorge Cunha – Superintendente de Projetos Estruturantes da Secretaria de Armando Meziat – Secretario de Comércio Exterior do MDIC
Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Industria e Serviços do Rio de Janeiro Componentes da Mesa:
Expositores: Dra. Paula Bonilla – Vice-Ministro de Estado do Turismo de Honduras
Ricardo Antonio Mello Castanheira – Diretor da Área Internacional da Luiz Oswaldo Aranha – Presidente da Câmara de Comércio e Industria
Construtora Andrade Gutierrez Brasil-Honduras
Embaixador Luis Maria Riccheri – Diretor Comercial Internacional da Adolfo Facussé – Presidente da Associação Nacional de Indústrias de Honduras – ANDI
“Pró Sinalização Viária” José Isaias Aguilar – Presidente da Comissão Nacional de Energia de Honduras
Debates com o Plenário
COQUETEL: Em homenagem aos Srs. Embaixadores Plenipotenciários de
15:30h
15:3 0h PAINEL II: Parcerias bilaterais nos setores de: Bioenergia e Energia Turismo Honduras e Nicarágua.
(Transporte aéreo e Hotelaria)
Presidente do Painel e Pronunciamento Especial:
Dra. Paula Bonilla – Vice–Ministro de Estado do Turismo de Honduras
José Isaías Aguilar – Presidente da Comissão Nacional de Energia de Honduras
ABERTURA

Brasileiros podem alcançar o


mercado norte-americano
passando pela América Central
Facilidades decorrentes de acordo de livre comércio com os Estados Unidos
estão à disposição de empresários e investidores do Brasil
A sessão solene de abertura do Se-
minário Bilateral de Comércio Ex-
terior e Investimentos Brasil-Améri-
ca Central iniciou-se com a palavra
do Presidente da Federação das Câ-
maras de Comércio Exterior –
FCCE, e anfitrião desse encontro,
João Augusto de Souza Lima.

a pauta de abertura fez parte um

D pronunciamento especial do Pre-


sidente da Associação Nacional de
Indústrias de Honduras – ANDI, Adolfo
Facussé, cujo tema foi “a utilização das fa-
cilidades decorrentes do Tratdo de Livre João Augusto de Souza Lima comemorou a realização do vigésimo quarto seminário da FCCE.
Comércio América Central-Estados Uni-
dos, pelos dos investidores brasileiros”. res foram realizados com plenários Kattán Arita, a quem fez um especial agra-
Ao abrir os trabalhos, o Presidente João lotados, e contaram com presenças signi- decimento pelo apoio e pela co-respon-
Augusto de Souza Lima lembrou que o ficativas de autoridades não só nacionais sabilidade no sucesso do evento; o Presi-
Seminário Bilateral de Comércio Exteri- como estrangeiras, e que, praticamente na dente da Câmara de Comércio e Indústria
or e Investimentos Brasil-América Cen- totalidade desses eventos, todos os em- Brasil-Honduras, Luiz Oswaldo Aranha;
tral, reunindo Costa Rica, El Salvador, baixadores plenipotenciários estiveram o Diretor do Departamento de Comér-
Honduras, Guatemala e Nicarágua, é o vi- presentes. Quando não estiveram, foi por- cio Exterior do MDIC, Arthur Pimentel;
gésimo quarto evento que a FCCE reali- que ou não tinham ainda apresentado suas o Presidente da Comissão Nacional de
za, com o apoio do Governo Federal, prin- credenciais ao Presidente da República, Energia de Honduras, José Isaías Aguilar;
cipalmente do Ministério do Desenvolvi- ou a embaixada de seu país estava a cargo o Diretor do Departamento do México,
mento, Indústria e Comércio Exterior – de um encarregado de negócios. América Central e Caribe do Ministério
MDIC e do Ministério das Relações Ex- João Augusto de Souza Lima passou, das Relações Exteriores – MRE, Embai-
teriores – MRE, além da Secretaria de De- em seguida, a compor a mesa e chamou xador Gonçalo de Barros Carvalho e
senvolvimento Econômico do Estado do para dela fazer parte: o Vice-Presidente Mello Mourão; a Vice-Ministra de Estado
Rio de Janeiro. do Conselho Superior da FCCE, Gustavo do Turismo de Honduras, Paula Bonilla; o
O presidente manifestou seu orgulho Affonso Capanema; o Agregado Comer- Embaixador Plenipotenciário de Hondu-
ao lembrar que os 23 seminários anterio- cial do Consulado de Honduras, Roberto ras, Victor Lozano Urbina e a Embaixado-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 17


ABERTURA

ra Plenipotenciária da Nicarágua, Suyapa tral e o dos produtos brasileiros nos Esta-


Indiana Padilla Tercero. dos Unidos. “O tema está na moda”, disse o
“Para presidir a esta sessão solene de ministro. “Fala-se muito do acesso às refi-
abertura”, acrescentou o presidente, “é com narias, da exportação de produtos brasilei-
o maior prazer e alegria que convido Sua ros ao mercado americano, da questão de
Excelência, o Ministro de Estado das Cida- manufaturados e até da dos calçados. Eu
des, Marcio Fortes de Almeida, a quem acho que este seminário representa uma
passo a palavra”. oportunidade única de que dispomos para
nos integrarmos e termos uma ação pró-
Oportunidades ativa no sentido de ajudar a industrialização
O Ministro das Cidades cumprimen- da América Central, mas, sobretudo, de fa-
tou a todos e expressou seu prazer em cilitar o comércio entre a América do Sul e
abrir a rodada inicial de um novo seminá- a América do Norte, detectando oportuni-
rio bilateral de comércio exterior e inves- dades que podem desenvolver emprego e
timentos, em sua versão 2007. renda para os nossos amigos centro- ame-
“Temos a oportunidade de dedicar uma
tarde para tratar de alguns temas relativos
às nossas relações com os países da Amé-
“ Esse seminário é uma
oportunidade para uma
ação pró-ativa de ajuda à
ricanos.”
Finalmente, o ministro reafirmou o pra-
zer de sentar-se à mesa de abertura com
rica Central, discutindo itens de interesse representantes tão importantes dos gover-
comercial, ligados à exportação de servi- industrialização da nos já citados, entre ministros e embaixa-
ços e à área de energia. Iremos analisar,
também, oportunidades de acesso ao
mercado norte-americano.”
Marcio Fortes de Almeida explicou que
América Central
M A R C I O F O RT E S DE ”
A L M E I DA N

tou, ainda, tratar-se de uma oportunidade


dores. Em seguida, passou a palavra ao Pre-
sidente da Associação Nacional de Indús-
trias de Honduras – ANDI, para um pro-
nunciamento especial sobre as facilidades
os painéis do seminário enfocariam desde para a discussão de questões ligadas à eco- que passaram a ser oferecidas aos empre-
o setor de bens à exportação de serviços , logia, turismo, bens manufaturados e mer- sários e investidores brasileiros pelo acor-
abordando itens como rodovias, aeropor- cado de capitais, além de temas como o do do de livre comércio assinado entre a Amé-
tos, hidrelétricas e termelétricas. Acrescen- livre comércio dos países da América Cen- rica Central e os Estados Unidos.

Perfil econômico de Honduras


dolfo Facussé, presidente da ANDI, Em seguida, ele relatou algumas expe-

A iniciou seu pronunciamento dizen-


do-se muito feliz de estar presente
a um evento importante para a América
riências que viveu na viagem de Tegucigal-
pa, capital de Honduras, ao Brasil.
“No trajeto de Tegucigalpa ao Panamá,
Central, segundo ele, fruto de um traba- conheci uma senhora colombiana que tra-
lho muito árduo e intenso que vem sendo balhava em uma companhia construtora em
empreendido pelo Presidente da FCCE, Medelín, na Colômbia. Essa companhia foi
João Augusto de Souza Lima. contratada em Honduras, por uma empre-
“Sentimo-nos honrados de estar aqui, sa mexicana que ganhara uma licitação para
como representantes das autoridades de fazer uma interconexão elétrica entre
Honduras. Gostaria, também, de desta- Honduras e Guatemala, e entre Guatemala
car que as autoridades brasileiras têm co- e El Salvador. A segunda experiência im-
laborado de maneira significativa para que portante que tive foi no dia seguinte ao da
os países da América Central estejam minha chegada ao Rio de Janeiro. Meu te-
mais próximos das oportunidades que lefone celular buscou, automaticamente, a Adolfo Facussé: Honduras quer estabelecer
se oferecem para o comércio com o Bra- companhia de serviços telefônicos que é acordos de livre comércio com muitas nações.
sil. Agradeço, finalmente, às autoridades equivalente à companhia telefônica que
presentes, aos ministros, aos senhores di- utilizo em Honduras: uma subsidiária da atendi a uma chamada de Honduras. O que
plomatas, presidentes das câmaras de Telmex, do México. Em poucos segundos, quero dizer com isso? Companhias colom-
comércio e à FCCE.” meu celular conectou-se à TIM do Brasil, e bianas instalando linhas elétricas entre

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Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 19
ABERTURA

Porto Cortez, o maior da região. Contêineres para exportação de autopeças.

estão atraindo investimentos de todas as


regiões do mundo. Existem dois gigantes
na América Latina: o México e o Brasil. O
México, por estar mais próximo da Améri-
ca Central, está aproveitando todas essas
oportunidades. O Brasil nos ajudou muito
nesse processo, principalmente por meio
do Pacto Interamericano de Desenvolvi-
mento. Os países centro-americanos têm-
Indústria de cinto de segurança. Partes da madeira para automóveis. se beneficiado desse boom de desenvolvi-
mento. Honduras, por exemplo, resolveu
Honduras e Guatemala e entre Guatemala a questão de sua dívida externa, o que faci-
O Porto de Cortez exporta
e El Salvador; uma empresa do México lita os investimentos externos. Além disso,
produtos de Honduras,
operando em Honduras, que tem conexão temos um milhão de hondurenhos viven-
com uma companhia de telefones brasilei-
El Salvador e Nicarágua. do nos Estados Unidos, e há uma grande
A indústria de acessórios
ra, e que pode até ser a mesma, dependen- remessa de dólares às famílias locais.”
do de onde se encontra. Quero perguntar:
automobilísticos é forte Adolfo Facussé mencionou, ainda, que
e Honduras é o segundo
são fenômenos isolados? Ou algo está acon- seu país, além da estabilidade política, ofe-
exportador mundial de
tecendo em nossos países? São casualida- rece uma economia aberta. O governo atua
des ou movimentos de enormes propor-
cintos de segurança favorecendo os investimentos das empre-
para os Estados Unidos.
ções que estão unindo os nossos países? sas privadas e procura integrar-se com os
Até onde os investidores brasileiros parti- outros países, aderindo e firmando trata-
cipam de oportunidades de investimentos panhias de celulares. Esse fato, ligado ao se- dos de livre comércio com outras nações.
e comércio na América Central? Carlos tor das comunicações, é um pequeno exem- “Podemos citar um grande número de
Slim, do México, o homem mais rico da plo das possibilidades de investimentos na empresários e de companhias que estão
América Latina, é o dono da Telmex e, há América Central, e em particular em chegando à região. Entre eles, destacam-se
algumas semanas, em Honduras, anunciou- Honduras, Adolfo Facussé lembrou, ainda, grupos de lojas e de fabricação de eletro-
se que, além de estar investindo um adicio- que, graças ao CAFTA (sigla, em inglês, para domésticos, auto-peças, agronegócio
nal de US$ 300 milhões em telefonia celu- Central America Free Trade Agreement and (principalmente produção de frutas tropi-
lar, estaria, também, ampliando as instala- Dominican Republic ou Acordo de Livre Co- cais), indústria farmacêutica etc. Há pouco
ções ao custo de US$ 150 milhões.” mércio da América Central e República tempo, um banco panamenho comprou o
Dominicana), institui-se uma Zona de Livre maior banco hondurenho. Há duas sema-
Perfil Comércio, que reduzirá e eliminará taxas al- nas, um grupo chinês comprou esse mes-
Segundo Adolfo Facussé, Honduras, um fandegárias entre os países membros. mo banco. Podemos dizer que esse tipo de
país pequenino, com sete milhões de habi- “Graças a este acordo, estamos experi- comércio não se realiza apenas entre atores
tantes, tem duas companhias de telefone, mentando um crescimento fenomenal na deste continente, pois, por exemplo, a South
além da empresa estatal, e mais quatro com- América Central, e nossos mercados locais African Jewelleries, uma grande companhia

20 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


Montadora de eletrodomésticos. Indústria têxtil.

da África do Sul, comprou cervejarias de que tem um mercado grande, pode fazê-
Honduras e El Salvador. Repito: nosso país
Um pólo de indústria lo, mas nós não podíamos. Por isso, aos
têxtil desenvolveu-se em poucos, fomos nos abrindo ao mundo e
é pequeno, mas tomamos bastante cerveja.
território hondurenho. O optamos por uma economia totalmente
Além disso, o Lehman Brothers, comprou
uma empresa em Honduras e está insta-
país oferece mão-de-obra desprotegida, mas com acesso aos grandes
barata e facilidades de mercados. Isso foi muito importante e,
lando uma planta para produzir algodão
para jeans. São cerca de US$ 100 milhões
exportação. Um grupo hoje, em Honduras, podemos importar e
brasileiro está se exportar sem nenhuma restrição e pagan-
em investimentos para produzir tecidos
instalando em Honduras. do poucos impostos. O Brasil pode enviar
destinados à exportação. Eu poderia citar,
ainda, muitos nomes de companhias que para nosso território o que quiser, e está
estão interessadas em investir na América América Central é um centro de cruza- exportando muitos veículos, e não há res-
Central. Por enquanto, o Brasil ainda não mentos histórico. Quando se descobriu trição a esse procedimento. Por exemplo,
está investindo em grande escala nessa re- ouro na Califórnia, por exemplo, foi cria- o imposto pago para matérias-primas,
gião, por isso viemos aqui.” da uma frota de barcos que ia de Nova maquinário e bens industriais, na Costa Rica,
Em seguida, Adolfo Facussé passou a Iorque até a América Central e, de lá, até à vai de zero a 15%, no máximo, para produ-
enumerar as vantagens para os investimen- Califórnia. Nossa região é muito bem lo- tos finais. No caso de têxteis, por exemplo,
tos na região centro-americana. calizada, e é a mais próxima dos Estados o algodão não é taxado; já quem quiser tra-
“A primeira delas é a posição privilegi- Unidos. Os países centro-americanos pro- balhar com malha, vai pagar 10% de im-
ada do nosso continente. Em 1932, o Ins- priamente ditos são, hoje, Guatemala, postos, e quem desejar lidar com roupas
tituto Geodésico dos Estados Unidos Honduras, El Salvador, Nicarágua e Cos- vai pagar 15% de impostos.“
concluiu que o meu país está no centro ta-Rica, mas podemos incluir, entre eles, Em seguida, Adolfo Facussé tratou das
geográfico e físico de toda a América Cen- Belize e Panamá, e, na costa do Caribe, a oportunidades que, segundo ele, o CAFTA
tral. O ponto exato recai em uma rodovia República Dominicana e Cuba. As nossas terá condições de criar, não só para os paí-
que liga a capital atual,Tegucigalpa, à antiga nações entenderam, há muito tempo, que ses centro-americanos, mas também para
capital. Nossos países também são privi- somos pequenos e precisamos associar- aqueles que desejarem estabelecer relações
legiados, porque dali saem muitos vôos nos para sobreviver.” comerciais mais próximas com eles.
internacionais e por ali cruzam mais bar- O presidente da ANDI enumerou, a “Se o Brasil quiser exportar têxtil ou
cos de diferentes nações do que em qual- seguir, os esforços feitos, historicamente, roupas para os Estados Unidos tem que
quer outra região do continente. O Pana- para criar um bloco centro-americano. pagar um grande imposto: se for algodão,
má está duplicando seu canal e oferecen- Hoje, já se pode, segundo ele, viajar de 17% de imposto; se for mescla ou poliés-
do obras a companhias de engenharia de um lado a outro da América Central, sem ter, 28%, mas, além das taxas normais,
vários países. Além disso, podemos desta- pagar taxas e sem passaporte. agregam-se as de confecção, o que quase
car a Taca Airlines, uma companhia aérea “Mesmo caminhando para a integração duplica os impostos, pois aplicam-se duas
centro-americana que voa para o Canadá, como mercado, nos demos conta que, ain- vezes, o que vai dar 52%. É claro que aos
para os Estados Unidos e para toda a Amé- da assim, somos pequenos, e buscamos brasileiros não interessa entrar, assim, nos
rica do Sul. A Copa Airlines, do Panamá, ampliar as parcerias. Inicialmente, tentamos Estados Unidos, mas nós podemos fazê-
voa também para toda a América do Sul. A a substituição das importações. O Brasil, lo, com 0% de taxas. Qual é a porta de

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 21


ABERTURA

acesso mais conveniente ao mercado têx- mos o Cortez, o único porto da região
til norte-americano? A América Central, centro-americana que é seguro, tem águas
é claro, que tem mão-de-obra barata e profundas e conta com a presença da al-
poucas taxas. Por isso, estamos atraindo fândega americana.”
tantas empresas importantes de vários Adolfo Facussé considerou, ainda, que
continentes. Algo está começando a sur- a relação especial mantida entre Honduras
gir. Um grande grupo brasileiro, a Santista, e os Estados Unidos não nasceu com o
já comprou o seu terreno e vai começar a CAFTA: ela tem raízes históricas e come-
produzir, em território hondurenho, çou há muitos anos, por conta do Acordo
como uma extensão do Brasil, para ter do Caribe. Por meio dele, os Estados Uni-
acesso ao mercado norte-americano. Qual dos, unilateralmente, deixaram que a pro-
é a lógica dessa operação na América Cen- dução hondurenha entrasse no seu mer-
tral? O empresário leva as máquinas e o cado, livre de impostos, com poucas ex-
tecido e instala fábricas de confecção em ceções: sapatos, por exemplo.
Honduras, El Salvador, Nicarágua etc. As- “Isso fez com que experimentássemos
sim, entra nos Estados Unidos sem taxas. um grande desenvolvimento industrial,
Se a confecção ficar mais barata na Nicará- com a presença das chamadas empresas
As madeiras nobres,
gua, ele a encaminha para a Nicarágua.” maquiladoras. As iniciativas resultantes do
abundantes no país,
Acordo do Caribe terminariam em 2008
Energia e portos permitiram o
e, por isso, firmamos esse novo tratado
desenvolvimento da
O presidente da ANDI enfatizou, em do CAFTA. Não se trata mais de um ato
indústria moveleira.
seguida, que esse movimento de integra- unilateral que possa ser cancelado. Além
Honduras é o terceiro
ção gera oportunidades valiosas para os disso, mantemos tratados de livre comér-
exportador de móveis de
investidores, unindo os países, criando cio com outros países. Estamos negoci-
madeira processada para
rodovias entre eles e unificando, também, ando com a Colômbia, com Taiwan e com
os Estados Unidos.
o setor e os sistemas elétricos. a União Européia, e gostaríamos de firmar
“Há alguns meses, o presidente do meu um acordo com a Europa, mas isso só é
país anunciou que vamos construir a pri- Unidos, sendo o seu maior porto o de oferecido ao Brasil, pelo seu tamanho.”
meira hidrelétrica binacional da América Cortez. O porto de Cortez trabalha não O representante hondurenho menci-
Central: a usina de El Tigre, que é como a somente com a produção de Honduras, mas onou outros setores econômicos atraen-
Itaipu Binacional, ainda que em menor es- também com a de El Salvador e a da Nica- tes em seu país, como o madeireiro, com
cala. O Brasil, que tem esse tipo de experi- rágua, o que faz dele um mega porto. Esta- a presença de cedros, pinhos e outros ti-
ência, poderá executar esse projeto, pois o mos construindo, também, uma rodovia pos de madeira que se pode cultivar com
governo hondurenho não executa os pro- que vai ligá-lo a El Salvador. recursos privados. Honduras é, hoje, o ter-
jetos, ele apenas cria as condições favorá- Os hondurenhos costumam chamar essa ceiro exportador de móveis de madeira
veis para sua realização pela empresa priva- iniciativa de “um canal seco”, já que ela pode, processada para os Estados Unidos.
da. Além disso, Taiwan está construindo de certa maneira, ser comparada ao Canal de “Espero ter colaborado para demons-
uma outra represa hidrelétrica na América Panamá. Como o transporte, nesse caso, se trar o quanto será importante para os in-
Central, numa região só de montanhas, em fará por terra, trata-se de um canal sem água. vestidores brasileiros estabelecer um flu-
que se pode represar onde for necessário. Como funciona o complexo portuário? El xo de negócios mais amplo e aprofundado
Trata-se, portanto, de um negócio para pro- Salvador mantém a sua alfândega em Porto com os países da América Central. Isso re-
dução nacional e, também, para exporta- Cortez; os Estados Unidos também man- presentaria não apenas um grande impulso
ção de energia. As condições geográficas têm a deles e assim sucessivamente. Como no sentido de ajudar o desenvolvimento
de Honduras nos permitiram construir as alfândegas americanas costumam estar de nossos países, como, principalmente, o
pequenas hidrelétricas, que geram dois, lotadas de produtos e realizar muitas transa- aproveitamento de uma oportunidade única
cinco ou dez megawatts. Temos, ainda, um ções, um porto liberado é um fator de gran- e urgente de os investidores deste grande
projeto de instalação de 40 mini-hidrelé- de ajuda e praticidade.” país terem acesso privilegiado e barato ao
tricas e estamos eletrificando algumas áre- “Creio que também o porto de Santos, maior mercado mundial. Muito obrigado.”
as das grandes cidades. Acredito que o que no Brasil, e o do Rio da Prata, na Argenti- Após o pronunciamento do doutor
estamos fazendo em Honduras, é um fenô- na, estão qualificados pelos Estados Uni- Adolfo Facussé, o presidente da mesa,
meno muito especial, pois somos a única dos como seguros, porque têm os equi- Ministro Marcio Fortes de Almeida deu
região que tem desenvolvido a Costa Atlân- pamentos adequados para averiguar o que por encerrados os trabalhos da sessão de
tica, a mais diretamente ligada aos Estados é transportado nos contêineres. Nós te- abertura do seminário.

22 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


PAINEL I

Exportação de serviços inclui


diferentes setores da economia
O painel I do Seminário Bilateral
de Comércio Exterior e Investi-
mentos Brasil-América Central
teve como tema “A exportação de
serviços: infra-estrutura na Améri-
ca Central (rodovias, aeroportos,
hidrelétricas e termelétricas). Ex-
portação de equipamentos de sina-
lização viária.”

s trabalhos presididos pelo Minis-

O tro de Estado das Cidades, Marcio


Fortes de Almeida, tiveram como
moderador o Superintendente de Proje-
tos Estruturantes da Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Econômico, Ener- Dra. Paula Bonilla, Suyapa Indiana Padilla Tercero, Marcio Fortes de Almeida e Victor Manuel
gia, Indústria e Serviços do Rio de Janei- Lozano Urbina, durante a abertura do painel I.
ro, Jorge Cunha, e como expositores o
Diretor da Área Internacional da Cons- construção, Zagope, em 1988. Trabalha- tora Andrade Gutierrez propriamente dita
trutora Andrade Gutierrez, Ricardo An- mos em várias regiões, países e continen- e a Zagope. A primeira atua no mercado
tonio Mello Castanheira, e o Diretor Co- tes. Em 1993, ampliamos nossa esfera das américas. Com ela, já executamos 714
mercial Internacional da Pró Sinalização de ação ao nos inserirmos na área de te- projetos de construção no Brasil e 62 na
Viária, Embaixador Luis Maria Riccheri. lecomunicações, junto à Telemar e, hoje, América Latina. Possuímos todas as
também trabalhamos com telefonia ce- certificações exigidas para a prestação de
Experiência lular por intermédio da Oi. A partir de um bom serviço e ganhamos vários prê-
Ricardo Antonio Mello Castanheira 2000, entramos no setor de concessão mios de qualidade e capacitação em enge-
iniciou sua exposição agradecendo o con- rodoviária e, depois, expandimos para nharia. Na Europa, Ásia e África, somos
vite para participar do seminário da Fe- concessões de saneamento e energia.” representados pela nossa empresa portu-
deração das Câmaras de Comércio Ex- O Diretor da Área Internacional da guesa Zagope, que já executou 206 proje-
terior – FCCE e relatando a experiência Andrade Gutierrez destacou, em segui- tos espalhados por Portugal, Espanha,
do grupo empresarial a que pertence, da, a participação do grupo empresarial Grécia e vários países da África e da Ásia.”
não só no setor de construções pesadas, brasileiro em obras de grande porte,
mas também na exportação de serviços como a Itaipu Binacional, e em inúmeras Concessões e energia
de engenharia. iniciativas nas áreas de rodovias, petróleo A Andrade Gutierrez também partici-
“A Andrade Gutierrez foi fundada em e óleo diesel, participação esta que tem- pa do grupo controlador da Telemar e da
1948 e iniciou sua experiência internaci- se destacado pela qualidade dos serviços Oi, que hoje atende 106 milhões de habi-
onal em 1983, com um contrato na Áfri- de engenharia prestados, tanto no Brasil tantes, em 16 estados brasileiros. Ricardo
ca: uma estrada a ser construída no como no exterior. Antonio Mello Castanheira prosseguiu
Congo. A empresa evoluiu rapidamente, “Em termos de construção, o grupo seu pronunciamento tratando, mais espe-
adquirindo a companhia portuguesa de divide-se em duas empresas: a Constru- cificamente, de concessões de serviços.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 23


PAINEL I

Aeroporto de Quito, Equador. Rodonorte, Brasil.

mundo. Na área portuária, já construímos


82 mil m² de cais. No setor de aeroportos
atingimos a marca de 42.000 metros de pis-
tas de pouso. Além disso, construímos um
novo aeroporto na Ilha da Madeira.
Eu não poderia deixar de citar, neste
contexto, os vários prêmios que já rece-
bemos, e um em particular, equivalente
ao Oscar da engenharia mundial.”
O Diretor da Área Internacional da
Andrade Gutierrez destacou, também, a
forte atuação da empresa no setor de ge-
ração de energia, revelando que, em terri-
tório brasileiro, o grupo foi responsável
pela construção de usinas que geram, pra-
ticamente, um quinto de toda a energia
elétrica instalada no país.

Itaipu Binacional.
América Latina
“No continente latino-americano, te-
“Trabalhamos com vários órgãos da ad-
ministração pública, como concessioná-
rios de setores que envolvem estradas e
“ Não há nenhuma obra
sobre a qual não tenhamos
um bom conhecimento e que
mos atuado em países como Argentina,
Chile, Equador, Peru e Venezuela. Na
América Central, estamos trabalhando no
aeroportos, e como parte do grupo que Panamá, com muito sucesso, participan-
administra a Light, com inserção, inclusi- não possamos executar em do das obras de duplicação do Canal do
ve, em saneamento no Estado do Paraná,
por intermédio da Saneapa. Atuamos, tam-
bém, na maior empresa de construção ro-
doviária do Brasil, a CCR, que se respon-
qualquer lugar do mundo
R ICARDO A NTONIO M ELLO C ASTANHEIRAN ” Panamá, ao lado da Camargo Corrêa e da
Queiroz Galvão; parceria brasileira numa
das obras de engenharia de maior porte
no continente. Além disso, elaboramos
sabiliza por 1500 km de estradas, entre do que a construção representa cerca de uma proposta para construção de uma hi-
elas a Via Dutra, que atravessa os territóri- US$ 700 milhões desse total.” drelétrica em El Salvador. Estamos, natu-
os do Rio de Janeiro e de São Paulo; a Via “A nossa atividade é bastante intensa. Já ralmente, muito interessados na usina de
Anhanguera-Bandeirantes; a Via Lagos; a executamos cerca de 22 mil km de rodovi- El Tigre, uma hidrelétrica binacional en-
Rodonorte; e a própria Ponte Rio-Niterói. as; 120 km de metrô; 930 km de ferrovias; tre Honduras e El Salvador. Dentro de
Atuamos, ainda, na Nova Light, uma com- 30 km de túneis, tanto ferroviários quanto pouco tempo, os responsáveis por esse
panhia de energia que atende, no momen- rodoviários; 60 km de pontes; 1000 km de projeto vão fazer uma visita técnica à Itaipu
to atual, uma área de 11 mil km². gasodutos. Essas experiências tão vastas am- Binacional, de cuja construção participa-
O faturamento do grupo gira, atual- pliam nossos conhecimentos e nos capaci- mos. Estamos iniciando a atualização da
mente, em torno de US$ 2,2 bilhões, sen- tam a executar obras em qualquer lugar do reforma do aeroporto de Antigua, uma

24 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


Aeroporto de Nassau, Bahamas.

Ricardo Castanheira: “Andrade Gutierrez, engenharia brasileira com parcerias internacionais.”

portuguesa, contando com tecnologia de senvolvido pelo Governo Federal, vai per-
Via Lagos, Rio de Janeiro, Brasil. engenharia brasileira, executou diversos mitir a criação de muitas outras oportunida-
trabalhos em território português e afri- des de obras e de negócios.
nação centro-americana. Temos um pro- cano. Fomos responsáveis pelas obras do
jeto, desenvolvido por nosso escritório na metrô de Lisboa; fizemos o aeroporto da Sinalização
capital mexicana, para a construção de uma Ilha da Madeira; o pavilhão da Expo 98, Em seguida, a palavra foi passada ao
barragem naquele país. Nosso interesse é em Lisboa, executamos várias rodovias e Embaixador Luis Maria Riccheri, Diretor
ver crescer, cada vez mais, nossas ativida- portos em território português.” Comercial Internacional da Pró Sinaliza-
des nos países da América Central.” Finalmente, o representante da Andra- ção Viária.
de Gutierrez encerrou a exposição reafir- “A nossa empresa está há 35 anos no
Diversificação mando suas intenções de apoiar o cresci- Brasil, estabelecida no Estado de São Pau-
Para viabilizar estas iniciativas, a Andra- mento e o desenvolvimento dos países lo. Ela tem atuado na implantação de sis-
de Gutierrez trabalha com financiamentos centro-americanos. temas de sinalização em áreas urbanas das
do governo brasileiro, principalmente por “São nações com as quais temos total principais cidades brasileiras. Também
meio do BNDES, aos quais se juntam re- entendimento e sinergia, o que facilita convém mencionar que trabalhamos na
cursos obtidos no exterior. nosso trabalho com empresas locais. Nos- República Dominicana. Nossos projetos
“Nosso projeto, na República Domi- so objetivo é difundir a engenharia brasi- nesse país estão sendo bem sucedidos e
nicana, conta com financiamentos brasi- leira, sempre com parcerias, no sentido isso nos faz crer que também possamos
leiros, portugueses e noruegueses. A di- não só de ajudar, mas de interagir com ser úteis em outras nações. Temos, in-
versificação é nosso lema. Já executamos outras instituições e empresas, usando clusive, o objetivo de nos instalarmos
uma ponte sobre o Rio Guayaquil, no recursos locais. Isso tem levado, muitas para atuar no Peru, no Equador e na Ar-
Equador; uma auto-estrada na Mauritânia, vezes, à expansão do comércio e à afinida- gentina.”
África; um duto de águas no México; e o de entre as empresas.” A Pró Sinalização Viária é uma empresa
aqueduto Noroeste na República Domini- O presidente do painel I, Ministro Márcio que executa projetos e oferece todos os
cana. Construímos, também, escolas se- Fortes de Almeida, agradeceu a participação tipos de serviços e de materiais para sina-
cundárias em Miami, Estados Unidos; de Ricardo Antonio Mello Castanheira e in- lização horizontal, vertical e de semáfo-
executamos o sistema de drenagem na ci- formou que seu ministério, encarregado do ros, além de canalização e iluminação pú-
dade de Teerã, no Irã; um viaduto na Co- saneamento em todo o território nacional, blica em cidades e zonas rurais, com siste-
lômbia; um oleoduto no Equador; o Ae- considera de grande importância o incre- mas eletrônicos de segurança e centrais
roporto de Nassau, nas Bahamas; um ressort mento desse setor para o avanço do país. inteligentes de trânsito.
no Caribe; e um terminal de carga livre Destacou, ainda, que o Plano de Aceleração Segundo seu diretor, a companhia tem
num porto peruano. A nossa empresa do Crescimento – PAC, que vem sendo de- participado, nos últimos anos, da maioria

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 25


PAINEL I

dos projetos de sinalização executados nas realizada uma assessoria de segurança de


principais cidades e estradas brasileiras. A A sinalização horizontal trânsito para o sistema de semáforos inteli-
Pró Sinalização Viária também desenvolve e avertical, assim como gentes. Também para a Prefeitura de
e fabrica placas de sinalização de trânsito e Florianópolis (SC), foi prestada essa mes-
materiais termoplásticos, além de empre- os sistemas eletrônicos ma assessoria. Ainda em Florianópolis, fo-
gar avançada tecnologia eletrônica e de sis- ajudam motoristas e ram instalados sistemas de informática com
temas para monitoramento e controle de pedestres a se ênfase na Web para o desenvolvimento de
trânsito. Seus objetivos são estabelecer par- sítio de trânsito em tempo real.”
orientarem e promovem
cerias com instituições ligadas à engenharia O Embaixador Luis Maria Riccheri
de trânsito e transportes, engenharia civil, uma maior segurança continuou sua exposição mencionando
informática, arquitetura e urbanismo, pres- tanto nas estradas como outros serviços prestados no Brasil.
tando serviços de engenharia consultiva e “Não poderíamos deixar de mencionar
as áreas urbanas.
assessoria técnica que compreendem, prin- Juiz de Fora, a cidade industrial mineira, e a
cipalmente: a) planificação e pesquisas: en- Prefeitura de Campo Grande (MS) para as
volvem estudo e análise de possibilidades Clientes quais também desenvolvemos uma audito-
de empreendimento; elaboração de editais; Luis Maria Riccheri destacou, em sua ria de segurança de trânsito para o sistema de
e propostas de investigações sobre o trân- exposição, que, na área de projetos inter- semáforos inteligentes. Para a Companhia
sito e sobre os transportes de uma deter- nacionais, um dos principais clientes da de Engenharia de Tráfego de São Paulo, de-
minada região; b) elaboração de projetos: ati- Pró Sinalização Viária é a Secretaria de Es- senvolvemos projetos de sinalização hori-
vidade que envolve sistemas inteligentes de tado de Obras Públicas e Comunicações zontal e vertical e por semáforos para os
transporte e trânsito; engenharia e segu- da República Dominicana, e que é políti- corredores regionais dos bairros de Butantã
rança de trânsito; estudo de pólos gerado- ca da empresa expandir-se em direção a e Vila Mariana, na capital paulista.”
res; estacionamentos, terminais e estações; outros países da América Central.
transporte coletivo; e desenvolvimento de No Brasil, a companhia tem trabalhado Obras
sistemas de informática, com ênfase na Web; com sistemas inteligentes de transportes No campo de projetos e obras propri-
c) administração de projetos e obras: inclui su- e trânsito para o Departamento de Estra- amente ditas, os destaques são a coorde-
pervisão, acompanhamento e fiscalização das de Rodagens de São Paulo – DER, nação, a planificação e a implantação de
de contratos; avaliação de adequação e de- numa iniciativa com Sistema ITS para sistemas inteligentes de centralização com
sempenho de equipamentos e sistemas; monitoramento e controle das estradas semáforos para trânsito urbano destina-
administração e coordenação de projetos e estaduais. dos às prefeituras de Campo Grande, Juiz
obras; e) organização, métodos e treinamento: “São inúmeras as prefeituras brasileiras de Fora, Uberlândia e Florianópolis.
setor que engloba assessoria para desen- para as quais a empresa tem desenvolvido No que se refere a sistemas de con-
volvimento de estruturas organizativas pú- sistemas de engenharia de trânsito e de se- trole e monitoramento rodoviário, foram
blicas e privadas, manuais e treinamentos. gurança. Entre elas, destacam-se a Prefei- executadas a coordenação, planificação
tura de Urberlândia (MG), para a qual foi e as respectivas obras do sistema de trân-

26 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


que oferecem as seguintes funções: locali-
zação automática das cabines, tratamento
das prioridades, controle de atenção e
detecção automática de defeitos;
4. um sistema meteorológico no qual
sensores podem ser integrados às estações
de análise de trânsito para coletar dados
relativos à pluviometria, velocidade e di-
reção do vento, temperatura e visibilida-
de. Ter esses dados à disposição permite
informar ao usuário a ocorrência de chu-
vas, neblina e ventos fortes, assim como
mudanças de temperatura;
5. um sistema de pesagem de veículos
que utiliza equipamento com balança
móvel, fixo e dinâmico, além de software
para gestão de peso, com equipamento
de alta precisão, homologado pelo Insti-
tuto Nacional de Metrologia, Normali-
zação e Qualidade Industrial – INMETRO,
para emitir multas em caso de excesso
de peso;
“ A Pró Sinalização Viária
atua na área de trânsito,
executando projetos
6. um circuito fechado de televisão para
trânsito e/ou segurança pública. São e implantando todos
sito inteligente em estradas, com as se-
guintes concessionárias: Autovia, Via
Norte e Auto Ban. Tais iniciativas com-
preenderam:
câmeras que, posicionadas conforme a
necessidade do local, transmitem imagens
para um ou vários monitores de TV. Trata-
se de um sistema de vigilância eletrônica
os tipos de serviços
EMBAIXADOR LUI S MARIA RICCHERIN ”
1. um sistema de informação ao usuá- que permite a observação contínua, em nharia de Tráfego – CET/RJ; Linha Ama-
rio, formado por painéis de mensagens tempo real, do movimento de pessoas e rela S/A – Lamsa; Companhia de Enge-
variáveis, que usam tecnologia de emis- veículos, gravando imagens que possibili- nharia de Tráfego – CET/SP.
sões luminosas de alta intensidade ou de tam, de imediato, acionar os meios neces- Após o pronunciamento do embai-
fibras óticas, específico para promover a sários para combater atos ilícitos; xador, a palavra foi concedida ao Supe-
segurança nas estradas; 7. detectores eletrônicos para infra- rintendente de Projetos Estruturantes da
2. um sistema de análise de trânsito em tor de trânsito, compostos por equipa- Secretaria de Estado de Desenvolvimen-
que as estações coletam, em tempo real, mento capaz de detectar excesso de ve- to Econômico, Energia, Indústria e Ser-
dados relacionados ao volume classifica- locidade, radar estático e fixo e lombada viços do Rio de Janeiro, Jorge Cunha,
do, à velocidade classificada e à taxa de eletrônica. Um equipamento modular que fez uma ligeira explanação sobre os
ocupação das vias públicas. Tais estações identifica a ocorrência de excesso de ve- progressos do desenvolvimento econô-
estão interconectadas a um software que locidade por meio do registro fotográfi- mico e social do Estado do Rio de Janei-
informa, também em tempo real, o esta- co do veículo infrator. A tecnologia em- ro e do interesse do governo atual em
do da circulação nas vias controladas. A pregada é à base de raios laser, o que o estreitar laços mais próximos com os
interconexão possibilitará a geração auto- torna mais preciso e confiável do que os diferentes países da América Central.
mática de mensagens referentes aos se- sistemas comuns. “O Estado do Rio de Janeiro tem apre-
guintes fatores: estado da circulação, tem- Finalmente, o Embaixador Luis Maria sentado ótimos índices de crescimento e
po percorrido, itinerários alternativos e Riccheri informou aos presentes a implan- de desenvolvimento econômico. Dispo-
velocidade recomendada; tação e a conservação de sinalização hori- mos de uma boa infra-estrutura e temos
3. um sistema de chamadas de emer- zontal e vertical para as seguintes institui- condições de oferecer possibilidades de
gência (call box) instalado ao longo das es- ções: Departamento de Estradas de Ro- negócios nos mais diferentes setores da
tradas que permite aos usuários comunica- dagem de São Paulo – DER; Departamen- economia.”
ção gratuita em caso de defeitos mecâni- to Nacional de Infra-estrutura e Transpor- Em seguida, o Ministro de Estado das
cos, incidentes, acidentes etc. Essa rede é tes – DNIT; Desenvolvimento Rodoviá- Cidades, Marcio Fortes de Almeida, en-
administrada por equipamentos e softwares rio S/A – DERSA; Companhia de Enge- cerrou os trabalhos.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 27


P A I N E L II

Temas que interessam a toda a sociedade são analisados e discutidos

Energia, turismo e transportes


O painel II do Seminário Bilateral
de Comércio Exterior e Investi-
mentos Brasil-América Central, sob
o título “Parcerias bilaterais nos se-
tores de bioenergia, energia e tu-
rismo (transporte aéreo e hote-
laria)”, foi aberto pelo Presidente
da Federação das Câmaras de Co-
mércio Exterior, João Augusto de
Souza Lima que convidou a Vice-
Ministra de Estado do Turismo de
Honduras, Dra. Paula Bonilla, para
presidir o painel e realizar um pro- Paula Bonilla disse que Honduras oferece atrações históricas e atividades de ecoturismo.
nunciamento especial. O Diretor
ompuseram, ainda, a mesa do pai- termos de cifras, a Vice-Ministra informou
de Comércio Exterior do MDIC,
Arthur Pimentel, compôs a mesa
C nel II os Embaixadores Plenipo-
tenciários de Honduras e da Nica-
rágua, Victor Lozano Urbina e Suyapá
que o turista dispende, em média, US$
667,7 por 9 dias de estadia, gerando um
total de US$ 484,4 milhões, equivalente
na qualidade de moderador. Os ex- Padilla; o Embaixador Gonçalo Mello a 6,5% do PIB hondurenho.
Mourão, representando o Ministério das “Para nós, a atividade turística reveste-
positores foram a Cônsul-Geral e Relações Exteriores; e o Presidente da se da maior importância. Nós atuamos para
associação Nacional de Indústrias de conseguir bons resultados em todos os sen-
representante do governo da Cos- Honduras, Adolfo Facussé. tidos. Atualmente, a indústria do turismo
ta Rica, Maria Amelia Hidalgo; o Paula Bonilla iniciou seu pronuncia- local que tem como clientes principais os
mento especial observando que há algo centro-americanos, tem recebido cada vez
Gerente Executivo da Petrobras singular entre o Rio de Janeiro e Hon- mais turistas provenientes dos Estados
duras: o fato de que cada um deles tem Unidos. Eventualmente, registramos a pre-
para as Américas, África e Eurásia,
cerca de 7 milhões de habitantes. Em se- sença de visitantes europeus. Estamos ten-
Samir Passos Awad; e o Diretor In- guida, apresentou os atrativos de seu país tando desenvolver um trabalho de marke-
no setor de turismo, explicando que ting para atrair mais turistas, e, nesse senti-
ternacional da Copa Airlines, Ale- Honduras pretende promover o turismo do, temos a oferecer não apenas praias,
xandre Camargo. O Presidente da como atividade econômica, por meio da como também atrações antropológicas, his-
proteção e do aproveitamento de seus re- tóricas e arqueológicas, além de atividades
Comissão Nacional de Energia de cursos naturais. Ela mencionou que, em de ecoturismo.”
comparação ao ano passado, houve um
Honduras, José Isaías Aguilar reali- acréscimo no número de visitantes equi- Estabilidade
zou, também, um pronunciamen- valente a 9,7%, e manifestou a expectativa A seguir, o moderador Arthur Pimen-
de que, neste ano, o movimento continue tel passou a palavra à Cônsul-Geral e re-
to especial. a crescer no território hondurenho. Em presentante do Governo da Costa Rica,

28 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


Maria Amelia Hidalgo, que agradeceu a do, a expectativa de vida é de 78,7 anos.”
oportunidade de participar do seminário, “Por seu potencial, a Costa Rica foi cata-
e informou que o embaixador da Costa logada pela Foreign Investments Magazine
Rica, que encontrava-se fora do país. como o país do futuro na América Central,
“Por que convém escolher a Costa Rica ocupando, atualmente, o 5o lugar do mun-
para fazer negócios?”. Sua resposta foi a de do em exportações de alta tecnologia e o
que o país está em uma posição estratégica 35o em comércio e desenvolvimento, sen-
na América Latina, além de contar com es- do um dos países mais bem sucedidos em
tabilidade política, social e econômica; re- atração de investimentos estrangeiros.”
cursos qualificados; incentivos fiscais; infra- A expositora disse que, entre os seto-
estrutura jurídica; economia competitiva; res prioritários está o eletrônico, que cres-
qualidade de vida; e potencial de desenvol- ceu 1,7 % no ano de 2006, com US$ 2,5
vimento em múltiplos setores. Além dis- bilhões em exportações, sendo respon-
so, acrescentou que o país possui litoral no sável por 12 mil empregos diretos. A área
Pacífico e no Caribe, e conta com três vôos de equipamentos médicos representou
diários de São Paulo até São José, dois de- US$ 521 milhões em exportações, em
les com a Copa Airlines. 2004, e cresceu 400%, gerando 5 mil
“Há 25 anos tivemos a última crise eco- empregos diretos. O setor de serviços
nômica e, agora, conseguimos manter o rit- responsabiliza-se por quase 60 mil em-
mo de crescimento real em uma média de pregos diretos.
7% anual. O resultado é que a Costa Rica
tem-se beneficiado com os capitais e o aces-
so a mercados mundiais, e possui um risco-
“ A Costa Rica ocupa o quinto
lugar no mundo
em exportação de produtos
Turismo e exportação
O turismo na Costa Rica cresce a uma
país moderado. A economia costarriquenha


taxa anual de 27%.
tem mantido um crescimento continuado, a de alta tecnologia “Recebemos 1,5 milhão de turistas por
despeito de crises internacionais que afeta- M A R I A A M E L I A H I DA L G O N ano e esse grande desenvolvimento faz com
ram países como o México, a Tailândia, a que os investidores fiquem muito interes-
Indonésia e a Venezuela.” o abacaxi, que cresceu 32%. É necessário sados. Há um grande território para inves-
A estratégia de promoção de investi- mencionar, também, os têxteis; os equi- timentos em projetos turísticos.”
mentos da Costa Rica tem sido bastante pamentos de infusão e transmissão de so- “No ano de 2006, a Costa Rica atingiu
focada na reexportação, em três setores ros; os medicamentos; e o café. um recorde nas exportações: US$ 8 bi-
bem específicos: alta tecnologia; equipa- A população era, até 2005, de 4 mi- lhões. Espera-se um crescimento de 22%
mentos médicos e serviços, que incluem lhões e 300 mil habitantes, com uma for- para 2007. A inflação, depois de vários anos
um centro de apoio para escritórios inter- ça trabalhadora de quase 2 milhões de ha- em 14%, chegou a 9,3% em 2006.”
nacionais, operações compartilhadas e bitantes. Atualmente, o país investe 6,5% “O governo estima que, nos próximos
centros de atendimentos internacionais li- do PIB em educação, e o governo preten- anos, haja o crescimento sustentado de 7%.
gados a engenharia, e a design. A vice-mi- de aprovar um projeto de lei que vai fazer Vamos modificar as leis de construção pú-
nistra esclareceu que um dos pilares da com que esse investimento seja de 8% do blica, pois, nos últimos anos, a Costa Rica
economia vem sendo a liberalização do PIB. praticamente ficou parada em matéria de
comércio, que tem permitido que as ex- “Como resultado desse investimento, desenvolvimento urbano e, com a nova lei,
portações saltassem de 30% do PIB, em na atualidade, a Costa Rica possui um dos pretende-se dar um impulso ao desenvol-
1990, para 60%, na atualidade. A Costa mais altos índices de desenvolvimento vimento de infra-estruturas. Quais são os
Rica tem acordos de livre comércio com humano entre os países da América Latina principais projetos? Aumentar em 30% a
os Estados Unidos, México, Canadá, Amé- e uma das taxas mais altas de alfabetização rede viária de todo o país e ampliar a infra-
rica Central, Chile, República Dominicana das Américas, com 98%”. estrutura dos portos. Além disso, já foi re-
e Panamá. “Na Costa Rica, os estrangeiros podem alizada a concessão do Porto do Pacífico,
A expositora informou que, entre os dirigir seus negócios, têm igualdade cons- que tem sido bastante bem sucedido.”
países que mais importam da Costa Rica, titucional de direitos e deveres e há livre
estão os Estados Unidos, com US$ 3,4 trânsito de capitais.” Etanol
bilhões e a China que já atingiu os US$ 1,1 “Desde a abolição do Exército, em “Pretende-se também”, relatou Maria
bilhão. Entre os principais produtos ex- 1949, vem sendo investido em educação Amelia Hidalgo, “modernizar a infra-estru-
portados, destacam-se os componentes e saúde os recursos anteriormente aplica- tura da empresa refinadora de petróleo, que
eletrônicos; a banana; que cresceu 22%; e dos nas Forças Armadas. Como resulta- tem um orçamento de US$ 503 milhões

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 29


P A I N E L II

preços do petróleo fez com que o pro-


grama de álcool do governo brasileiro ca-
minhasse sem que quase fosse percebida
a sua importância para a população. A al-
ternativa do álcool foi desenvolvida com
tecnologia nacional, com o apoio do go-
verno brasileiro e das empresas. Passamos
a assumir uma outra atitude, mais ou me-
nos no meio da década de 80, quando a
tecnologia do produto já era mais ou me-
nos dominada e os carros já eram mais
confiáveis. Houve um sentimento real da
população de como era mais barato diri-
gir um carro a álcool, em detrimento de
comprar um carro a gasolina, um produ-
to que não tem uma boa imagem em ter-
mos de conservação do meio ambiente.”

Samir Passos Awac informa que o Brasil produz etanol a um preço bem menor do que o do petróleo. “ Nossa expectativa é que
o Brasil se torne um
exportador de petróleo


O etanol na economia costarriquenha turar 7% de álcool à gasolina. Como no
país são consumidos três milhões de litros nos próximos anos
• O país exporta álcool para de gasolina por dia, serão, portanto, neces- S A M I R P A S S O S A WA D N
os Estados Unidos; sários cerca de 50 mil litros de álcool por
• importa 30 milhões de litros dia, só para consumo interno, fora o que vai Hoje, com o petróleo a preços entre
de álcool hidratado do Brasil para ser exportado. Ainda não existe uma políti- US$ 50 e 60 o barril, o etanol, é uma nova
exportá-lo desidratado; ca nacional definida para o biodiesel. O pla- realidade no cenário do desenvolvimento
no piloto, que vai começar em 2008, pre- energético.
• produz 400 mil toneladas tende misturar entre 1 e 2%, e só se conta, “Atualmente, conseguimos produzir e-
de açúcar por ano;
neste momento, com tecnologia argentina tanol a um preço consideravelmente mais
• tem projeto de misturar 7% de álcool para produzir biodiesel na Costa Rica. baixo que o do petróleo, aliado ao fato de
à gasolina em 2008;
A expositora terminou sua participa- que se trata de um produto renovável, en-
• oferece parcerias em suas usinas ção no painel colocando-se à disposição quanto o petróleo é um recurso finito. Sabe-
de cana-de-açúcar e álcool; para melhor esclarecimento dos temas se que o mundo, hoje, tem recursos de
• consome 3 milhões de litros de abordados, e o moderador passou a pala- petróleo e gás para os próximos 100, 150
gasolina por dia e 50 mil litros vra a Samir Passos Awad, Gerente Execu- anos, com as reservas que hoje estão des-
de álcool por dia tivo da Petrobras. cobertas. Bioenergia e energia, portanto,
viraram commodities, como o petróleo. Nos
para os próximos três anos. Isso faz com Histórico anos 70, tínhamos uma visão muito limita-
que muitas empresas brasileiras estejam na Samir Passos Awad iniciou sua exposição da. Produzíamos 400 mil barris de petró-
expectativa de que sejam abertas licitações, relatando uma história que muitos dos mais leo, por dia, na década de 70 e, hoje, pro-
e o consulado já se pôs às ordens para o jovens presentes ao plenário do seminário duzimos 2,2 milhões de barris. O Brasil
que precisarem.” não viveram era, na época, um país importador de pe-
Atualmente, a Costa Rica importa do “Os primeiros carros a álcool surgi- tróleo e, hoje, é auto-suficiente, e eu já diria
Brasil 30 milhões de toneladas de álcool ram no Brasil há trinta anos atrás e deram com grandes expectativas de ser exporta-
hidratado, produzidos no Rio Grande do um bocado de dor de cabeça para muitos dor de petróleo, nos próximos anos.”
Sul, para serem exportados aos Estados brasileiros. Naquele tempo, era uma al-
Unidos. A Costa Rica produz cerca de 400 ternativa que a Petrobras e o governo bra- Economia
mil toneladas de cana, ao ano e, em 2007, sileiro viam como possível para a sobrevi- O representante da Petrobras abordou
terá 50 mil hectares de área plantada, o que vência aos dois choques do petróleo ocor- também os carros flex-fuel.
significa 3,9 milhões de toneladas de cana. ridos na década de 70. Estabeleceu-se, “Junto com isso, junto com o agrone-
O plano nacional para 2008 pretende mis- então, um longo caminho. A gangorra de gócio, junto com as montadoras de carros

30 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


no Brasil, podemos produzir o milagre de
rodarmos com dois, três combustíveis
diferentes. Estamos não só exportando o
etanol, mas, ainda, a tecnologia de traba-
lho com etanol; quer dizer, a Petrobras,
detém o know how de produzir o etanol e
de estabilizar a mistura que se compra no
posto de gasolina. Entre 10 e 25% é o que
a lei brasileira permite, e podemos chegar
aí a misturas maiores. Já possuímos com-
bustíveis com muito mais etanol do que
gasolina. A Petrobras não só exporta esse
combustível renovável, mas alavanca ne-
gócios no segmento e trabalha com o go-
verno brasileiro em acordos bilaterais
com vários países”.
A empresa brasileira de petróleo está
presente em muitos países.
“Temos celebrado acordos com seus
governos – com as companhias estatais José Isaías Aguilar: oportunidades de investimentos no potencial hidrelético de Honduras.
de petróleo, ou com os ministérios de
minas e energia desses países – e eu posso companhia de energia, que é estatal, mas Diretor de Comércio Exterior do
elencar países na África, como Nigéria, tem um grande componente de capital MDIC, passou a palavra a José Isaias
Angola e África do Sul; no Oriente dis- privado. Nossa aposta é numa diversifica- Aguilar para um pronunciamento espe-
tante, como Japão e China; e, também, na ção das atividades e das parcerias”. cial. O Presidente da Comissão Nacio-
América Central, como Guatemala e Re- nal de Energia de Honduras ressaltou
pública Dominicana, que visitaremos do- Hondurenho que seu país possui recursos hídricos
mingo que vem, para onde levaremos não Após a exposição de Samir Passos com os quais é possível gerar eletrici-
somente a companhia de petróleo, mas a Awad, o moderador Arthur Pimentel, dade, destacando oportunidades de in-
vestimentos no setor.
Projeto Siepac “No mercado de eletricidade, temos
um projeto intercontinental; linhas de
transmissões elétricas que cobrem as prin-
cipais regiões do país, e que, além disso,
estão conectadas com o sistema centro-
americano. O mercado regional continua
utilizando as conexões interamericanas,
mas está sendo construída uma linha de
interconexão entre esses países, para
sacramentar a conexão entre eles. É espe-
rado o aparecimento de uma lei que vai
regulamentar a geração de energia, que
agora está no congresso para a sua última
etapa de aprovação, e que estimula o in-
vestimento de todos os projetos de ener-
gia privada.”
“Temos funções como análises das ta-
rifas e promoção do acesso da população
à energia elétrica, com diversas opções. O
compromisso do Estado é o de assegurar
o posicionamento do setor energético, e
temos, além de um plano nacional
energético de curto e médio prazo, a pro-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 31


P A I N E L II

jeção nacional da política de Estado em


cinco anos para a formulação do projeto
energético e a implementação do pólo de
opções energéticas. As oportunidades que
visualizamos em matéria de investimen-
tos contam com o amplo potencial hidre-
létrico e de outras fontes, com uma polí-
tica estatal de promoção de investimen-
tos, e com a simplicidade dos trâmites.
Espero que tenhamos conseguido dar a
vocês uma imagem do país.”

Economia
O moderador Arthur Pimentel passou,
então, a palavra a Alexandre Camargo,
Diretor Internacional da Copa Airlines,
que começou sua exposição lembrando
que, quando se fala de oportunidades de
negócios na América Central, é preciso
pensar inicialmente em como se chega lá.
“A Copa Airlines chegou ao Rio de Ja-
neiro em 8 de dezembro do ano passado e Alexandre Camargo demonstrou que voar pela Copa Airlines, hoje, é mais prático e mais barato.
hoje dispõe de cinco vôos semanais sain-
do do Rio para o Panamá, e do Panamá, Atuação da Copa Airlines e proporcionamos US$ 500 dólares de
com uma hora de conexão, para 37 países no Rio de Janeiro economia. Além de todos esses descon-
da América Latina, entre eles os países que tos, a companhia também oferece um
estão representados aqui, hoje.” • Desde 8 de Dezembro de 2006 oferece programa corporativo: qualquer empresa
5 vôos semanais direto do Galeão ao que, hoje, tenha um movimento anual de

“ Oferecemos 115 opções


de vôos semanais para os
países que participam
Panamá e de lá para 37 destinos
nas Américas.

• Vantagens dos vôos diretos Copa:


US$ 25 mil, pode fazer um convênio
corporativo com a Copa Airlines. Nesse
caso, além de economizar os valores que
eu mencionei, ainda pode dispor de des-


Economia de Tempo
desse seminário Conexões imediatas com contos de 5 a 25%. Para as que não atin-
ALEXANDRE CAMARGON tempo médio de 1 hora. gem esse faturamento anual, temos um
Sem necessidade de Imigração e programa de milhas para empresas, em
O expositor lembrou que, do Brasil, a visto americano nas conexões. que, a cada viagem economizam-se pon-
Copa Airlines está operando a partir de tos. A cada 18 pontos que uma empresa
São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus e, que, zemos uma comparação das nossas co- acumula, há uma passagem gratuita em
para os países que participam desse semi- nexões com as conexões por Miami, e classe econômica e a cada 40 pontos, uma
nário, há 115 vôos semanais, o que cria constatamos que a Copa Airlines vai do em classe executiva. Nesses casos, faze-
um leque de opções muito interessante Rio de Janeiro a São José em apenas 9 mos uma simulação de pontos e, pratica-
para os negócios. horas, com preço a partir de US$ 759, o mente, com 11 viagens Rio de Janeiro-
“As grandes vantagens de voar, hoje, que representa uma economia de 6 ho- Guatemala, em classe econômica, já se tem
pela Copa Airlines repousam, principal- ras, no tempo, e uma economia média uma grátis.”
mente, na enorme economia de tempo; de US$ 600 na tarifa.” Alexandre Camargo terminou sua
na economia substancial em relação ao “Para a Guatemala o tempo de viagem, participação no painel II manifestando
preço das passagens aéreas; e, basica- saindo do Rio de Janeiro, é de apenas 10 a certeza de que os participantes do en-
mente, na facilidade que nós temos de horas, o que significa sete horas e meia de contro têm na Copa Airlines a melhor
conexões no Panamá, onde não se exi- economia de tempo – e quem viaja muito opção de viagem para a América Cen-
ge visto americano para suas conexões, sabe o que é stress de aeroporto – e, tam- tral e agradeceu a todos pela atenção.
o que facilita muito o intercâmbio co- bém, uma economia de US$ 300 dólares.” Em seguida, o moderador Ar thur
mercial e cultural com esses países. “Para ir a Honduras, somos quatro ho- Pimentel deu por encerrado os traba-
Para a Costa Rica, por exemplo, nós fi- ras mais rápidos, saindo do Rio de Janeiro, lhos do painel.

32 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


P A I N E L III

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 33


P A I N E L III

As exportações brasileiras de
manufaturados e bens de capital
Maior valor agregado garante presença sólida no cenário internacional

Ao presidir o painel III, Luiz Oswaldo Aranha destacou o esforço da indústria brasileira em exportar produtos de maior valor agregado.

o abrir os trabalhos, Luiz Oswaldo


O painel III do Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
Brasil-América Central foi presidido
Chefe do Departamento de Comér-
cio Exterior do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e So-
A Aranha destacou a relevância das
exportações com maior valor agre-
gado, cujo incremento é um dos objetivos
da política brasileira de comércio exterior.
por Luiz Oswaldo Aranha, Presiden- cial – BNDES, e Fábio Martins Faria, “Esse tipo de preocupação é comum em
todos os países, em particular aqui no Brasil,
te da Câmara de Comércio e Indús- Diretor de Planejamento e Desenvol- e muito esforço tem sido feito nessa direção.
tria Brasil-Honduras. Como de mo- vimento do Comércio Exterior do Alguns aspectos relevantes destas exporta-
ções vão ser apresentados aqui, no painel I,
deradora, Lucia Maldonado, Vice- Ministério do Desenvolvimento, In- bem como as oportunidades de associações
Presidente Executiva da Associação dústria e Comércio Exterior – com países da América Central.”

de Comércio Exterior do Brasil – MDIC. Este painel analisou as expor- Parceria


AEB. Como expositores, atuaram tações brasileiras de produtos manu- Luciene Ferreira Monteiro Machado,
Chefe do Departamento de Comércio
Luciene Ferreira Monteiro Machado, faturados e bens de capital. Exterior do BNDES, iniciou sua exposi-

34 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


ção exaltando o relacionamento de pro-
ximidade e entendimento que a institui-
ção vem mantendo com a Federação das
Câmaras de Comércio Exterior – FCCE.
“O Banco tem sido parceiro nessa ini-
ciativa da Federação de criar e promover
os seminários, qualificada por nós como
muito bem sucedida. O BNDES tem mais
de 50 anos de participação na vida brasi-
leira; no entanto, sua atividade exporta-
dora nasceu recentemente, há cerca de 16
anos, apenas. Uma das formas de atuação
da instituição, nesse campo, é trabalhar,
por exemplo, junto a empresas brasilei-
ras com iniciativas na região centro-ame-
ricana, priorizando o incremento de suas
exportações, já que o próprio banco não
exporta bens e serviços. Nesse processo,
temos aprendido bastante e, hoje, o
BNDES contribui para os resultados ex-
pressivos que o Brasil tem alcançado nes- Luciene Ferreira M. Machado: BNDES tem carteira de US$ 5,5 bilhões para a América do Sul.
te segmento.”
Segundo Luciene Ferreira Monteiro Cenário Dispomos de uma frente que disponibiliza
Machado, a atuação do BNDES no setor A representante do BNDES destacou, recursos para produção de capital de giro,
de comércio exterior se desdobrou em em sua exposição, a importância dessa ins- e de uma outra frente que atende ao im-
duas vertentes. Uma delas é a mais clássi- tituição na integração continental, que se portador lá fora. Temos, então, diferentes
ca, que apóia as linhas de bens e serviços, reveste de um caráter, simultaneamente, linhas de crédito. A primeira diz respeito
ou seja, as linhas de comércio exterior em político e econômico. A política externa ao pré-embarque, que inclui demandas
geral. Uma outra vertente, mais recente, do governo do Presidente Luiz Inácio Lula como capital de giro e recursos para a pro-
e que tem merecido muita atenção, é a da Silva possui um viés bastante orientado dução. Esses empréstimos, normalmen-
que fornece apoio às internacionalizações. para a integração do país com a América te, são concedidos em reais. Isto evita que
“Além do papel tradicional de finan- do Sul. Nesse cenário, o Banco tem de- a empresa corra riscos decorrentes da os-
ciador da produção de bens para exporta- sempenhado um importante papel . cilação do câmbio, mantendo-a em con-
ção e de custeio da comercialização de dições bastante competitivas. A segunda
bens e serviços, o banco tem apoiado esse
movimento atual em direção à interna-
cionalização de empresas brasileiras. Tra-
“ O BNDES foi convocado a
fazer parte do esforço
exportador e contribuímos
linha de crédito diz respeito ao pós-em-
barque, e é concedida diretamente ao im-
portador. Pode ser realizada em moeda
ta-se de uma lógica bastante específica, que estrangeira, ou vinculada à moeda estran-
deve ser analisada caso a caso, levando em com os resultados geira, com taxas também de mercado, e
consideração o funcionamento e a situa-
ção de cada empresa. Apoiamos empresas
brasileiras para que se instalem no exteri-
or e para que se associem a companhias
que o Brasil tem alcançado
L UCIENE F ERREIRA M ONTEIRO M ACHADON ” prazos longos, de cerca de 12 anos, como
fazem as demais empresas de crédito.”
Luciene Ferreira Monteiro Machado
referiu-se, ainda, a uma missão realizada
locais. Nosso objetivo é ajudá-las a serem “A exportação de itens de maior valor em 2006, capitaneada pelo Ministro do
mais competitivas, para que possam dar agregado condiz, perfeitamente, com a Desenvolvimento, Indústria e Comércio
maior visibilidade às suas marcas e, em atuação do BNDES, imaginando que, para Exterior, Luiz Fernando Furlan. Essa ini-
última instância, à Marca Brasil. Quere- itens de menor valor agregado, existam ciativa reuniu empresários e represen-
mos que a exportação nacional ofereça alternativas de mercado interno. Além dis- tantes do Governo Federal que percor-
um leque maior de produtos, para pro- so, é natural que o Estado apóie a expor- reram vários países centro-americanos,
mover todos aqueles efeitos multi- tação de bens de capital, de máquinas e analisando as possibilidades brasileiras de
plicadores, como a geração de empregos, equipamentos, de conteúdos de alto va- atuação na região. Os resultados indica-
e a transformação das pequenas e médias lor tecnológico e de inteligência, e que ram perspectivas interessantes a curto e
empresas em exportadoras.” estes sejam os itens eleitos pelo banco. longo prazo.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 35


P A I N E L III

to facilitado quando há uma boa inter-


O BNDES e a integração sul-americana
locução regional.”
A chefe do departamento de comér-
Linhas 3 e 4 do Metrô de Caracas
cio exterior do BNDES informou, em se-
UHE La Vueltosa guida, que o banco não mantém escritóri-
Venezuela Guia
na os no exterior, mas, mesmo assim, tem
ame sa
Surin ance podido conduzir bem esse apoio às ex-
Transmilênio Colombia na Fr
Guia
Transporte Urbano portações brasileiras, graças, principal-
Equador mente, às parcerias que tem desenvolvido
Aeroporto de Tena
em todas as regiões onde atua.
Peru Brasil “As empresas brasileiras que trabalham
UHE San Francisco
no setor representam, para nós, um canal
Bolívia importante, mas contamos, também, com
Rota 10
bancos que atuam no comércio exterior
Paraguai de maneira multilateral.”
Chile
Comércio
Ampliação do Metrô de Santigo
Uruguai Águas de Maldonado Em sua exposição, que se seguiu à da
representante do BNDES, o Diretor de
Argentina
Ampliação do Gasoduto Planejamento e Desenvolvimento do Co-
Norte/TGN Linha de Transmissão mércio Exterior do Ministério do Desen-
UTE Punta del Tigre
volvimento, Indústria e Comércio Exte-
Ampliação do Gasoduto rior – MDIC, Fábio Martins Faria, anali-
S. Martin/TGS
Nova ampliação de gasodutos sou dados e números referentes ao co-
mércio exterior brasileiro de um modo
geral e, mais especificamente, àquele de-
senvolvido pelo Brasil com os países da
Fonte: BNDES América Central.
“O comércio brasileiro teve uma gran-
“Uma das possibilidades diz respeito a passo em direção à América Central, e de expansão em 2006, quando apresentou
investimentos brasileiros em infra-estru- o Panamá e Honduras, onde estamos um aumento mais expressivo das exporta-
tura, seja ela viária, de geração e transmis- estudando financiamentos para cons- ções e, também, um crescimento mais sig-
são de energia, de modernização dos sis- trução de duas usinas e para a amplia- nificativo das importações, fenômeno que
temas elétricos de diferentes países e, in- ção de rede elétrica. Desenvolver par- continua esse ano com o mesmo ritmo. A
clusive, de projetos de abastecimento e cerias na região é fundamental para tor- exportação brasileira é composta por 54%
saneamento. O BNDES e as empresas bra- de produtos manufaturados. O Brasil vem
sileiras têm condição de atuar nesse mer-
cado. Além disso, o Brasil domina a tec-
nologia dos biocombustíveis e conta com
“ Queremos que a atividade
exportadora ofereça
um leque maior de produtos
se tornando um fornecedor de produtos
de maior valor agregado, sobretudo para a
América Latina. Dentre os principais itens
fabricantes que são clientes do BNDES e que compõem a pauta exportadora brasi-
que podem, perfeitamente, realizar expor- para realizar os seus leira, temos o grupo de material de trans-
tações para esses países, apoiados pelas
nossas linhas de crédito. Atualmente, nossa
carteira para a América do Sul é bastante
expressiva: gira em torno de US$ 5,5 bi-
efeitos multiplicadores
L UCIENE F ERREIRA M ONTEIRO M ACHADON ” portes; em seguida, vêm os produtos
metalúrgicos, o petróleo, os minérios, a soja,
os químicos, o álcool, o açúcar, além de
máquinas e equipamentos, equipamentos
lhões. Para a América Central, ela ainda nar aquela carteira de US$ 830 milhões elétricos, papel, celulose, calçados e cou-
pode ser considerada modesta: são US$ ainda mais expressiva. Como se chega ro. A América Latina tornou-se o principal
833 milhões, mas temos operações da- lá? A nossa inserção no país, nos dando destino das nossas vendas, mas o Brasil apre-
quela ordem em análise, aprovadas e con- condições para realizar diagnósticos, senta um comércio bastante equilibrado
tratadas em desembolso. obter acesso à informação sobre ope- com o mundo.”
Dentre os países da região, desta- rações financeiras, perceber a impor- Em seguida, Fábio Martins Faria pas-
cam-se a República Dominicana, que tância que os governos dão a determi- sou a analisar o comércio com outros
representou, talvez, o nosso primeiro nados projetos, tudo isso se torna mui- continentes e regiões.

36 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


“Em matéria de corrente comercial
mundial, a União Européia vem em se-
gundo lugar, também com um volume
bastante expressivo, seguida pelos Esta-
dos Unidos e por diferentes países da Ásia,
da África e do Oriente Médio. As expor-
tações têm se mantido próximas de 15%
do Produto Interno Bruto – PIB, e a cor-
rente de comércio, como um todo, en-
contra-se na faixa de 25% do PIB brasilei-
ro, ou seja, o comércio está participando,
cada vez mais, do processo de geração de
riqueza do país. Em termos de participa-
ção no comércio mundial, nós ultrapas-
samos a faixa de 1%, com um ligeiro cres-
cimento em 2006. O Brasil vem aumen-
tando as suas vendas no exterior a uma
taxa superior àquela do crescimento das
exportações mundiais. No que se refere Fábio Martins Faria: “o principal parceiro do Brasil no MCCA é a Costa Rica.”
às importações brasileiras, tivemos um
crescimento na faixa dos 25%. A pauta é vêm apresentando taxa de expansão bem oriundos da Costa Rica, com crescimento
basicamente composta por matérias-pri- elevada.” de 91%, o que significou um salto bastante
mas e produtos intermediários, mas o se- Fábio Martins Faria destacou que, em significativo. Os principais produtos adqui-
gundo bloco de produtos mais importan- termos de comércio com o mundo, em- ridos nesta corrente são os circuitos inte-
tes são os bens de capital. O Brasil tam- bora o principal bloco regional de forne- grados costariquenhos. Em seguida, vêm
bém importa petróleo e combustíveis e, cimento para o Brasil tenha sido o asiáti- alumínio para reciclagem e outros produ-
em menor escala, bens de consumo que co, o que teve a maior expansão foi o da tos com menor participação.
América Latina, especialmente os países

O que é o NAFTA
O Tratado Norte-Americano
que não participam do Mercosul, com
uma taxa de expansão de 62% nas vendas
ao Brasil. Isso significa que o nosso país
“ Embora o principal bloco
de fornecimento para o Brasil
seja o asiático, o que teve
de Livre Comércio (North Ame- está fazendo negócios com a América La-
rican Free Trade Agreement) ou tina nas duas mãos: tanto na importação a maior expansão foi
NAFTA, envolve o Canadá, o Méxi-
co e os Estados Unidos numa inicia-
tiva de livre comércio, com custo
reduzido para troca de mercadorias
quanto na exportação, sendo que e a im-
portação tem apresentado taxas de cres-
cimento mais aceleradas.
“O principal parceiro do Brasil, consi-
o da América Latina
FÁBIO MARTINS FARIAN ”
entre os três países. O NAFTA en- derando-se o bloco de países integrantes Há um grande espaço para a ampliação
trou em funcionamento em 1º de ja- do Mercado Comum Centro-Americano dos negócios, e acredito que esse traba-
neiro de 1994. – MCCA, foi a Costa Rica, seguida da Gua- lho, iniciado com a missão brasileira lide-
Em 1988, os Estados Unidos e o temala, de El Salvador, de Honduras e da rada pelo Ministro Luiz Fernando Furlan,
Canadá assinaram um Acordo de Nicarágua. Esse comércio é composto, so- em 2006, na América Central, deva ser
Liberalização Econômica, formalizan- bretudo, por produtos manufaturados e, complementado com missões empresa-
do o relacionamento comercial en- dentre estes produtos, o principal foi o ál- riais. Muito comtribuirá o trabalho que
tre os dois países. Em agosto de 1992, cool, destacando-se sua recolocação no vem sendo feito pelo Ministério das Re-
o bloco recebeu a adesão dos mexi- mercado do NAFTA. Em seguida, temos o lações Exteriores – MRE, que visa à subs-
canos. O atual NAFTA entrou em vi- semi-manufaturado de ferro e aço, a gaso- tituição de importações brasileiras e ao
gor em 1994, com um prazo de 15 lina, fios e máquinas, chassis, automotores, redirecionamento dessas importações
anos para implementar a total elimi- automóveis, papel cartão, máquinas e apa- para países da América Latina.”
nação das barreiras alfandegárias en- relhos para terraplanagens, ligas de alumí- Após a exposição de Fábio Martins Fa-
tre os três países, estando aberto a nio e laminados planos de ferro e aço. Com ria, o Presidente do Painel III, Luiz
todas as nações da América Central e relação às importações, apresentaram cres- Oswaldo Aranha, considerou encerrados
do Sul. cimento, sobretudo, aquelas de produtos os trabalhos.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 37


ENCERRAMENTO

Brasil vive, hoje, círculo virtuoso


no comércio exterior
Crescimento das importações não é necessariamente um fenômeno negativo
A sessão solene de encerramento do
24º seminário promovido pela Fede-
ração das Câmaras de Comércio Ex-
terior – FCCE teve como presiden-
te o Diretor-Geral do Departamen-
to do México, América Central e
Caribe do Ministério das Relações
Exteriores, Embaixador Gonçalo de
Barros Carvalho e Mello Mourão.
Para realizar um pronunciamento es-
pecial, foi convidado o Secretário de
Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Co-
mércio Exterior – MDIC, Armando
Meziat. A mesa foi composta, ainda,
pela Vice-Ministro de Estado do Tu- Armando Meziat: “aumento das exportações dá mais segurança ao Brasil no mercado internacional.”

rismo de Honduras, Paula Bonilla; Embaixador Gonçalo de Barros reu um desenvolvimento extraordinário.
pelo Presidente da Câmara de Co-
mércio e Indústria Brasil-Honduras,
O Carvalho e Mello Mourão desta-
cou o nome do departamento que
dirige no Ministério das Relações Exterio-
Isso tudo se deve não só a um esforço
nosso, mas também a uma manifestação
de vontades da região. Assim como nós
Luiz Oswaldo Aranha; pelo Presiden- res – Departamento do México, América estamos procurando a América Central,
Central e Caribe – como uma sinalização aquela região está nos procurando. Nos
te da Associação Nacional de Indús- da importância dada pelo Governo Federal últimos três ou quatro anos, não só tive-
trias de Honduras – ANDI, Adolfo ao seu relacionamento com a América Cen- mos a visita do Presidente Luiz Inácio Lula
tral. O departamento, que antes se dire- da Silva à Guatemala, como também uma
Facussé; pelo Presidente da Comis- cionava, também, para os Estados Unidos e expressiva quantidade de visitas de presi-
são Nacional de Energia de Honduras, o Canadá, acabou sendo desmembrado de- dentes centro-americanos ao Brasil. De
vido à importância crescente da região cen- uma maneira metafórica, o que nós esta-
José Isaias Aguillar; pela Embaixado- tro-americana para o Brasil. mos fazendo aqui, hoje, é, realmente, si-
ra Plenipotenciária da Nicarágua, “Temos verificado que o intercâmbio nalizar e mostrar mais claramente os ca-
com a América Central, embora ainda não minhos possíveis para o desenvolvimen-
Suyapa Padilla; e pelo Embaixador muito expressivo em termos financeiros, to do comércio exterior; indicar a manei-
Plenipotenciário de Honduras, apresentou, de 2002 a 2006, uma tripli- ra de não serem obstruídas as passagens
cação das exportações e uma quadru- para novas possibilidades de relaciona-
Victor Lozano Urbina. plicação das importações, ou seja, ocor- mentos e evitar acidentes de percurso.”

38 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


Em seguida, o Embaixador Gonçalo de tém um pouco a entrada da moeda no país
Barros Carvalho e Mello Mourão passou por conta das exportações, e, certamente,
a analisar o esforço que o Ministério das isso tenderá a ter um reflexo positivo na
Relações Exteriores tem realizado, em taxa de câmbio, que, uma vez melhorada,
suas unidades, para apoiar a política de vai estimular mais ainda as exportações. Por
desenvolvimento do comércio com os isso chamamos esse fenômeno de circulo
mais diferentes países. virtuoso. Isso tudo é fruto de um grande
“Embora a atuação do Ministério seja trabalho e de um grande esforço que vem
marcada por preocupações de caráter polí- sendo feito ao longo dos anos. O setor pri-
tico, ele também mantém um departamen- vado é o grande líder desse movimento.”
to de promoção comercial, especificamen-
te voltado para esse setor, e tem trabalhado Tendência
em conjunto com empresas, câmaras de Segundo Armando Meziat, o Brasil é
comércio, e instituições ligadas ao Governo um país de grande mercado interno que
Federal, e, sobretudo, tem atuado por inter- sempre teve a tendência de voltar-se para
médio do Banco Nacional de Desenvolvi- dentro, mas, ultimamente, tem consegui-
mento Econômico e Social – BNDES. Nes- do aumentar expressivamente sua corren-
se sentido, o depoimento da representante te de comércio externa.
do BNDES aqui, nesse seminário, foi muito
importante, porque nos mostrou que aque-
la instituição tem desenvolvido muitas ações
“ De 2002 a 2006,
houve uma triplicação
das exportações
“O volume de comércio exterior vem
crescendo nos últimos anos de forma a
superar, hoje, a faixa de 25 a 30% do co-
na América do Sul, e agora chegou o mo- mércio no Produto Interno Bruto – PIB
mento de se voltar um pouco mais para a e uma quadruplicação brasileiro. O trabalho que tem sido feito
América Central. É necessário que isso seja
realizado de uma maneira muito sólida, fe-
cunda e promissora, tanto que está prevista,
para esse primeiro semestre de 2007, a vin-
das importações
GONÇALO MELLO MOURÃON ” para ampliar as exportações começa pela
nossa tentativa de criar, no meio empresa-
rial, uma mentalidade específica, ou seja,
uma cultura exportadora, por meio de uma
da do Presidente da República Dominicana ções estão firmes, gerando emprego, tra- capacitação generalizada e da disseminação
ao Brasil. Essa visita é exatamente uma con- balhando com a demanda externa, geran- da informação. O MDIC criou, inclusive, a
seqüência da atuação brasileira naquela re- do produção e renda e permitindo, com Rede de Agentes, um sistema de multipli-
gião. Naturalmente, o presidente não virá so- isso, que as nossas reservas cresçam e cação de instrutores na área de comércio
zinho, mas com empresários e investidores dêem ao Brasil a estabilidade e a tranqüili- exterior que ensina as artes dessa atividade
que vão ajudar a incrementar esse relaciona- dade necessárias para enfrentar eventuais não só a jovens que já trabalham no setor,
mento bilateral.” turbulências no mercado internacional.” mas também a todos aqueles que estão sa-
Armando Meziat informou, também, na indo das faculdades. Além disso, estão sen-
Previsões seqüência de seu pronunciamento, que o do realizados vários eventos voltados, es-
Após as palavras iniciais do embaixa- Brasil está se preparando para conseguir, pecificamente, para o comércio exterior.
dor, o Secretário de Comércio Exterior dentro de cerca de dois anos, um Investment Um deles é o INCOMEX, uma série de
do MDIC, Armando Meziat, iniciou seu Grade, em função do crescimento das nos- palestras que, no mês de março de 2007,
pronunciamento especial dizendo ter um sas reservas que, hoje, já estão sendo avali- completa a 115ª edição em dez anos.”
grande prazer em falar sobre o setor, que adas em US$ 102 bilhões. Ele comentou, Em seguida, o Secretário de Comércio
ele considerou estar em plena evolução, ainda, o crescimento das importações bra- Exterior do MDIC afirmou que, com a
com números cada vez mais expressivos. sileiras, visto por alguns analistas do co- capacitação de pessoal especializado em
“Em 2006, as exportações cresceram mércio exterior como preocupante, mas relações comerciais com os países parcei-
17%, chegando a US$ 137,5 bilhões. As entendido por outros como um fenôme- ros do Brasil, fica mais fácil criar uma men-
importações cresceram 25% e chegaram no que pode ter aspectos positivos. talidade exportadora dentro das empresas
a US$ 91,4 bilhões, apresentando, pois, “As importações crescentes possuem que desenvolvem negócios no setor.
um saldo de US$ 46 bilhões. No primei- um perfil muito bom, já que 70% das im- “Hoje, no país, um maior número de pes-
ro bimestre de 2007, contrariando nossas portações brasileiras são feitas pela própria soas sabe o que é taxa de câmbio, entende
próprias previsões, as importações insis- indústria, sendo que, desse total, 20% porque o câmbio sobe e desce, porque a ex-
tem em continuar crescendo e batendo correspondem a bens de capital e 50% a portação em excesso deprime o preço do
recordes. Vivemos, hoje, um cenário vir- insumos. Na verdade, essa importação, que dólar, porque a importação crescente vai re-
tuoso no comércio exterior. As exporta- significa uma demanda por dólares, con- duzir a pressão sobre o preço do dólar e vai

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 39


ENCERRAMENTO

ções brasileiras, em sua grande maioria, se


concentrando em bens de capital e
insumos, abre-se espaço para que sejam
produzidos, no Brasil, produtos mais
competitivos, seja para exportação, seja
para o próprio mercado interno.
“Se, por um lado, a taxa de câmbio preju-
dica a exportação em alguns setores, que têm
seus custos em real e operam com mão-de-
obra intensiva (como têxteis e calçados), por
outro lado, as importações de insumos tam-
bém ficam mais baratas e os empresários po-
dem neutralizar este câmbio ruim utilizando a
própria importação. Considero importante
abordar esses aspectos porque, nesse momen-
to (no primeiro semestre de 2007) em que as
importações estão crescendo a taxas maiores
que as exportações e a tendência é que conti-
Suyapa Indiana Padilla Tercero, João Augusto de Souza Lima e Victor Manuel Lozano Urbina. nuem aumentando, não se pode pensar em
qualquer tipo de limitação ou de preocupa-
fazer com que a taxa de câmbio suba. A ques- “Muito pelo contrário, ele só traz benefí- ção. Se algum setor sentir-se prejudicado pe-
tão do comércio exterior está se tornando cios. Mesmo que aparentemente esse cres- las importações, existem mecanismos de de-
algo corriqueiro nos meios empresariais.” cimento possa causar, em algum momento, fesa comercial aos quais pode recorrer.”
num determinado setor, a substituição de Armando Meziat concluiu seu pronun-
Novos rumos produtos nacionais por produtos importa- ciamento afirmando que o MDIC estimula
Armando Meziat destacou, também, o dos, em um segundo momento, vai forçar a iniciativas como os seminários da FCCE,
fato de que o Brasil, até há alguns anos, indústria brasileira a produzir com menor pois elas criam uma tradição e vão sedimen-
vendia prioritariamente para Estados Uni- custo, com maior inovação tecnológica, com tando, cada vez mais, a idéia de que o co-
dos e para Europa e, hoje, seu principal menor preço. Assim, dentro de algum tem- mércio exterior é a grande saída para o Bra-
mercado passou a ser a América Latina. po, a nossa economia pode retomar o espa- sil. Em seguida, o presidente da sessão so-
“Além de trabalhar a capacitação, lança- ço que, eventualmente, possa ter perdido.” lene de encerramento, Embaixador Gon-
mos a idéia de ações no sentido da diversifi- O raciocínio desenvolvido por Arman- çalo de Barros Carvalho e Mello Mourão,
cação do comércio exterior, não só quanto do Meziat é o seguinte: com as importa- declarou encerrados os trabalhos.
aos produtos, mas também no que diz res-
peito aos mercados. Seminários como esses,
promovidos pela FCCE, têm justamente este
objetivo: lançar as bases para que o comér-
cio com novos mercados, ainda pouco re-
presentativo em termos financeiros para o
Brasil, possa crescer. Em 2006, o primeiro
país a refletir essa tendência foi a Letônia,
com taxas em torno de 260%. Além disso,
Turcomenistão, Vietnã, Guadalupe, Sri-
Lanka, Moldávia, Bangladesh, Chipre, Irã e
Angola são os países que tiveram os maiores
índices de crescimento. Isso porque, hoje, a
nossa visão de comércio exterior não se di-
rige apenas aos grandes mercados compra-
dores e fornecedores.”
Finalmente, o Secretário de Comércio
Exterior do MDIC reafirmou que o cresci-
mento das importações não deve ser consi-
derado algo prejudicial à economia brasileira. Plenário lotado no seminário dedicado ao Brasil e à América Central.

40 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


F INANCIAMENTOS

Desenvolvimento e mudança da
realidade social
Luciene Ferreira Monteiro Machado, Essas iniciativas, pelo que a senhora
está dizendo, têm um enfoque
Chefe do Departamento de Comér- marcadamente social. Por que?
cio Exterior do Banco Nacional de LM – Eu diria que, por parte dos países
da região centro americana, existe uma
Desenvolvimento Econômico e So- necessidade que se repete em toda a Amé-
cial – BNDES, representou a insti- rica Latina. A infra-estrutura local precisa
ser melhorada e estes paises estão também
tuição no Seminário Bilateral de Co- tentando saldar parte de sua dívida social.
mércio Exterior e Investimentos Bra- Por isso, a característica desses projetos tem
a natureza que eu citei anteriormente.
sil-América Central. Nesta entrevis-
ta, ela analisa as possibilidades de ope- Há alguns anos, o Brasil se voltou
para a Ásia, procurou criar novas
rações nos países centro americanos. fronteiras para suas exportações, e,
no momento, está trabalhando em


Enquanto financiador de ativida- países que também se dizem interes-
des ligadas ao comércio internaci- Estamos analisando sados em resgatar suas carências so-
onal, o BNDES tem uma política es- o mercado centro-americano ciais. Segundo o BNDES, os resulta-
pecífica para a América Central? para saber como o BNDES dos dessa política têm sido positivos?


LM – Não. Não temos uma política espe- LM – São muito positivos. Para o BNDES,
cífica voltada para a América Central. Du- pode inserir-se nele apoiar empresas que se dediquem a novos
rante os primeiros anos da área de comér- L UCIENE F ERREIRA M ONTEIRO M ACHADOM mercados é uma das prioridades, princi-
cio exterior, até como um desdobramen- palmente quando este apoio vai se materi-
to natural de nossas atividades, nós nos tral. Hoje, portanto, também estamos nos alizar no país de destino como um projeto
concentramos pesadamente na América dedicando mais fortemente ao espaço que tem mais visibilidade, e que, certamen-
do Sul, que é um mercado natural para os centro americano. te, terá um efeito multiplicador maior. Ou
exportadores brasileiros, entre outros seja, a empresa brasileira que se insere nes-
motivos pela proximidade geográfica. Que iniciativas podem ser aponta- sas regiões leva com ela, durante a realiza-
Além disso, a política externa do Governo das entre os projetos de infra-estru- ção destes projetos, um sem numero de
Federal tem na integração com a América tura? São portos, estradas, sanea- empresas contratadas e abre o caminho para
do Sul um de seus principais objetivos. mento básico? uma série de outras firmas que talvez, atu-
Num segundo momento, que já se ini- LM – Hoje, entre operações em análise, ando diretamente e isoladamente, não ti-
ciou há cerca de dois anos, estamos contratadas e em curso, a nossa carteira vessem esse acesso facilitado. Para nós, não
focando e tentando entender melhor o soma cerca de US$ 830 milhões. São ope- seria possível imaginar resultados melho-
mercado centro-americano, e analisando rações de financiamentos para projetos en- res que esses num curto espaço de tempo.
como o BNDES poderia se inserir-se nele. tre os quais se destacam infra-estrutura
Nessa prospecção que nós fizemos, con- viária, estradas, geração e transmissão de A senhora gostaria de fazer alguma
cluímos que existem também oportuni- energia elétrica. Normalmente, trata-se de outra colocação?
dades relacionadas com a infra-estrutura geração hidráulica, pois esses paises têm LM – Gostaria de agradecer à FCCE a opor-
na região, em projetos parecidos com um potencial hidrelétrico muito grande e tunidade de participar desse evento e dizer
aqueles que nós já financiamos em alguns ainda pouco explorado. Podem, também, que esperamos que, dentro de alguns anos,
paises da América do Sul. Nesse sentido, ser mencionados projetos de abastecimen- voltemos a realizar um outro seminário de-
entendemos como muito natural este to de água e saneamento básico. Este últi- dicado à América Central e que verifique-
nosso apoio não só aos países da América mo item tem sido muito relevante nós mos, então, que a nossa carteira de US$ 830
do Sul como às nações da América Cen- últimos anos. milhões se expandiu consideravelmente.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 41


TURISMO

Puerto Jimenez é uma jóia costarriquenha, cujo equilíbrio entre o uso e a preservação dos recursos naturais chama a atenção dos visitantes.

Costa Rica e bela por natureza


Turismo sustentável, proteção ambiental e desenvolvimento humano
Costa Rica recebe mais de um mi- Unidas, já que a educação é extensiva à haja aporte de recursos às populações tra-

A lhão de visitantes por ano. Abriga,


aproximadamente, 6% da biodi-
versidade mundial e tornou-se uma refe-
maioria absoluta dos habitantes. O país
não tem forças armadas, e os recursos
são direcionados mais intensamente para
dicionais que ajudarem estas pesquisas
com o seu conhecimento.
Em seu interior, há muitas montanhas
rência em preservação e turismo respon- a área social. Além disso, a proximidade e cordilheiras, e o ponto culminante é o
sável. Seu território tem 51 mil km2, é política e geográfica com os Estados Uni- Cerro Chirripó, com 3.819 metros. Uma
banhado pelos oceanos Atlântico e Pacífi- dos fez com que os americanos investis- outra presença expressiva são os vulcões,
co e conta com 120 km de litoral. sem em conservação, comprando fazen- entre os quais destacam-se o Arenal, o
Os costarriquenhos orgulham-se da das e reservas no território costarri- Irazú, o Rincon de la Vieja e o Turrialba.
beleza natural de suas paisagens, do sis- quenho. O país foi pioneiro ao assinar, na O prato básico da cozinha costar-
tema de áreas protegidas (cerca de 30% década de 1990, acordos internacionais riquenha é o Gallo Pinto, o feijão com
do território são unidades de conserva- que permitem à indústria farmacêutica arroz tão conhecido e festejado pelos bra-
ção), e, também, em igual medida, da es- internacional realizar pesquisas de biodi- sileiros. A culinária regional conta com vá-
tabilidade social e política e da qualidade versidade em seu território, desde que rios ingredientes igualmente presentes na
de seus serviços. A Costa Rica tem re- respeitados os direitos das instituições ci- mesa mexicana, entre eles o abacate, as
sultados expressivos no Índice de De- entíficas nacionais de participar dessas tortillas e o coentro. Quanto à doçaria,
senvolvimento Humano das Nações pesquisas e, principalmente, desde que nela são encontradas iguarias à base de

42 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


banana e de café, que são, hoje, os princi-
pais produtos alimentícios exportados
pelo país.

Praias e turismo
O litoral costarriquenho fica no cora-
ção da América Central, e a distância entre
as praias banhadas pelo Atlântico e pelo
Pacífico é percorrida em apenas três ho-
ras de carro ou em 45 minutos de avião.
A costa das praias caribenhas destaca-
se pela biodiversidade maninha, areias
brancas ou escuras, e por serem propíci-
as à prática de atividades como pesca es-
portiva e mergulho em águas claras. Já o
litoral do Pacífico concentra os grandes
centros turísticos e oferece praias ade-
quadas para o surf.
O território conta com 20 parques na-
turais, oito reservas biológicas e uma sé- Floresta tropical no entorno do Cerro Chirripó, o ponto culminante do país, a 3.819 metros.
rie de áreas protegidas, administradas pelo
governo ou por particulares, que colo-
cam à disposição dos visitantes passeios e
atividades variadas ao ar livre.

Aspectos regionais
Em 2003, a população foi calculada em
4.200.000 habitantes que vivem em pro-
víncias – uma divisão administrativa que
corresponde aos estados brasileiros. São
elas: San José, Heredia, Guanacaste,
Puntarenas, Cartago, Alajuela e Limón.
San José, a área mais populosa, fica no
centro, na Cordilheira Central, onde situ-
am-se vários parques nacionais, reservas
florestais e muitas terras férteis. A capital,
San José, localiza-se numa extensa planí-
cie, rodeada por vulcões e florestas. A ci-
dade tem uma arquitetura eclética e ofe-
rece museus, teatros, hotéis, restaurantes
e edifícios antigos de estilo europeu. A Costa Rica tem muitas manifestações vulcânicas, entre as quais se destaca o Vulcão
Com um território de 2.656 km2 Poas, a 2.760 metros de altitude.
e uma população de 75 mil habi-
tantes, Heredia é a menor pro- tradição cultural e pela arquitetura. Carrillo, que representa a maior riqueza
víncia, muito valorizada pela O centro urbano de Heredia, natural do Vale Central, com floresta chu-
conhecida como a cidade vosa, centenas de espécies de plantas e
das flores, foi funda- animais; um local ideal para observação
do em 1762. Na re- de aves. As cachoeiras permitem praticar
gião podem-se apreciar casas de adobe, atividades de aventura e ecoturismo.
feitas de barro, nas comunidades Barva Conhecida pela qualidade de suas prai-
e Santo Domingo. Esta é também a pro- as, Guanacaste é a região mais seca da Costa
víncia do vulcão Barva, situado na parte Rica e abriga alguns dos melhores hotéis
Oeste do Parque Nacional Bráulio de praia do país.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 43


TURISMO

Chamada carinhosamente de “a pérola


do Pacífico”, Puntarenas é a maior provín-
cia e suas principais atrações estão nas mar-
gens do Pacífico. Oferece uma variedade
de praias, parques nacionais e reservas na-
turais em uma zona de transição entre os
trópicos propriamente ditos e os verdes
bosques do Pacífico Central. Ali fica o Par-
que Nacional Manuel Antônio, um dos
mais procurados, com praias de areia bran-
ca, águas azuis, centenas de hectares de flo-
resta chuvosa com mais de 100 espécies de
mamíferos e igual número de espécies de
aves. Ainda em Puntarenas merecem ser
citados o Parque Nacional Corcovado e a
Reserva Biológica de Carara.

Três mundos A Baía de Utila e sua ilhas, no litoral hondurenho, caracterizado por suas águas transparentes.
num só país com a presença de visitantes europeus. nosso mercado e dar mais atenção a essa
Natureza tropical, Procuramos desenvolver um trabalho de área, estimulando, também, os investimen-
marketing para atrair mais turistas, por- tos e o setor manufatureiro. Precisamos
arqueologia e praias são os que estamos oferecendo não somente criar oportunidades para atrair os investi-
principais atrativos de praias, como também antropologia, his- mentos, tanto da empresa privada quanto
tória, arqueologia e ecoturismo. Em geral, das instituições públicas e esperamos que,
Honduras muitos brasileiros visitam a costa Norte, dentro de alguns anos, possamos melho-
o setor praia e o setor de cruzeiro.” rar ainda mais os números do turismo de
No coração da América Central – fazen- nosso país, pois trabalhamos baseados
do fronteira com Guatemala, El Salvador e
Nicarágua – Honduras oferece, como prin-
cipais atrações turísticas, as praias do mar do
“ Estamos criando um programa
de turismo sustentado para que
as comunidades desenvolvam
numa estratégia nacional.”

Atrativos
Caribe, ao Norte do país; sua história arque- Indagada a respeito de como o país é
ológica, na qual se destaca a presença da Ci-
vilização Maia; e uma exuberante natureza
em todo o território.As ruínas de Copán e as
seus talentos
PAULA BONILLAN ” visto e conhecido mundialmente, Paula
Bonilla apontou duas realidades distintas:
a praia e arqueologia.
ilhas das baías hondurenhas comprovam seu Segundo a Vice-Ministra de Estado do “Temos Copán, o corredor Maia e a Cos-
potencial turístico. Como aponta o slogan do Turismo, esse trabalho de marketing, que ta Norte, com as praias e ilhas. Nossa estra-
site oficial do governo no setor (www.lets vem sendo feito pelo governo e pela inici- tégia de marketing é divulgar mais essas três
gohonduras.com), trata-se de “um país pe- ativa privada, tem obtido resultados ao zonas para que possamos, dentro de um pe-
queno, e três grandes mundos”. longo dos anos, e conta, também, com o ríodo determinado, nos dedicar a diferentes
Conversamos com a Vice-Ministra de mercado de cruzeiros, formado por tran- áreas como o turismo cultural, o turismo
Estado do Turismo de Honduras, Senhora satlânticos que vêm em busca de águas rural e o histórico, pois temos muitos episó-
Paula Bonilla, sobre como tem sido de- tropicais e de cidades acolhedoras. dios e sítios coloniais. Estamos também tra-
senvolvido o turismo hondurenho e o que “Como qualquer outro país, claro que balhando em comunidades, com um pro-
o país tem a oferecer neste setor. aspiramos a que Honduras venha a estar grama de turismo sustentável constituído de
“Para nós, hondurenhos, o turismo é em primeiro lugar em matéria de ingresso pequenos fundos de micro-empresas para
uma indústria. Nós desejamos alcançar os de turistas. O governo hondurenho e o pró- que os habitantes locais possam desenvol-
melhores resultados possíveis. Nosso prio presidente estão empenhados em pro- ver seus talentos. Com isso, acompanhamos
mercado mais forte é o centro-america- mover leis novas dentro dessa área. e estimulamos uma maior preparação e capa-
no, seguido de perto pelo mercado nor- Estamos elaborando uma Lei da Zona Li- citação da infra-estrutura e dos profissionais
te-americano e, eventualmente, contamos vre Turística, o que significa promover o do setor.”

44 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


CIDADANIA

“Meu país aposta na educação


como fator de desenvolvimento”
Cônsul-Geral da Costa Rica destaca os avanços nas áreas de cidadania

Cerca de 6,5% do PIB costarriquenho é investido em educação, o que garante um ensino qualidade a todos e a preservação das tradições culturais.

Há três anos residindo e trabalhan- Costa Rica encara a conservação de MAH – Sempre tivemos muito orgulho
da natureza com que fomos agraciados.
do em São Paulo, a Cônsul-Geral da seu riquíssimo meio ambiente e de Como em todo o mundo, entretanto, data
Costa Rica, Maria Amelia Hidalgo, como o país valoriza a educação de dos anos 1970 a percepção mais aguda da
necessidade de sua preservação, a chama-
veio ao Rio de Janeiro especialmen- seus cidadãos. da consciência ecológica, que nos chegou
te para e representar seu país no quando começaram a existir ameaças mais
A Costa Rica recebeu esse nome por sérias ao ambiente, inevitavelmente
Seminário Bilateral de Comércio causa da admiração que a exuberan- trazidas pelo desenvolvimento socio-eco-
Exterior e Investimentos Brasil- te beleza de sua natureza despertou nômico do país. Um outro fator que
nos conquistadores espanhóis. O go- incrementou essa atitude cultural de de-
América Central. verno e os habitantes do país têm fesa do meio ambiente foi a percepção do
tido, desde então, consciência dessa quanto é importante para o nosso cresci-
Nesta entrevista, ela fala um pouco
riqueza e da necessidade de traba- mento e enriquecimento a indústria do
do tradicional respeito com que a lhar por sua preservação? turismo. É claro que a exuberância da flo-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 45


CIDADANIA

ra e da fauna, ao lado do clima excepcio-


nal e das maravilhosas praias de que dis-
pomos nos dois oceanos, são importantes
fatores de atração para os visitantes de ou-
tros países. Não podemos, portanto, des-
cuidar de manter sua integridade e beleza.

Em que resultou a aquisição dessa


consciência?
MAH – Vinte e cinco por cento do terri-
tório costarriquenho, atualmente, é cons-
tituído por áreas protegidas. Além de nos-
sas grandes reservas naturais, que são pú-
blicas, o governo passou a subsidiar e fi-
nanciar os proprietários privados, a fim de
que mantenham as características naturais
dos terrenos e de sítios considerados ex-
cepcionais ou que desenvolvam projetos
ecoturísticos de ocupação não predatória,
devidamente submetidos às agências do Além de áreas públicas protegidas, o governo estimula a criação de reservas particulares.
governo que cuidam do meio ambiente.
nossos veículos, proporção que deverá cres-
América Central foi marcada por cer, já que é uma tendência mundial a de se
períodos de instabilidade política. procurar alternativas que livrem todos os
Pode-se dizer que a Costa Rica é países da dependência exclusiva do petró-
um oásis de paz e estabilidade na leo, fonte de energia não renovável. Além
região? disso, vejo enormes possibilidades de inter-
MAH – Na verdade, essa visão marcada câmbio turístico – há vôos para a Costa Rica
pela instabilidade política corresponde que saem diariamente de São Paulo – e de
ao pouco conhecimento que as pessoas, comercialização de serviços, equipamentos
de um modo geral, têm da América Cen- médicos, componentes eletrônicos e pro-
tral. Não se pode negar que ocorreram dutos manufaturados, de um modo geral.
grandes convulsões na região, mas, em Finalmente, lembro que também podemos
nossos dias, estamos atravessando, já faz vir a ser um degrau de acesso para a penetra-
algum tempo, um período de estabilida- ção mais fácil e barata de produtos brasilei-
de, democracia e concórdia na imensa ros no mercado americano.
maioria dos países centro-americanos e
caribenhos.
Particularmente em relação à Costa
Rica, a estabilidade é uma constante em
“25% do território
costarriquenho é constituído
Uma mensagem final para os nossos
leitores.
MAH – Quero agradecer ao convite para
nossa política e, já faz vinte anos, experi-
mentamos, também, as vantagens da esta-
bilidade econômica. Prova disso é que, des-
por áreas protegidas

M A R I A A M E L I A H I DA L G O N
participar dos trabalhos deste seminário
consagrado às relações econômicas entre
essas duas partes das américas, e dar para-
de 1949, abolimos o exército nacional, que Qual é a sua expectativa em relação béns a seus organizadores por terem con-
não nos faz nenhuma falta. Livres do ônus aos resultados favoráveis ao comér- tribuído para que Brasil e América Cen-
da sua manutenção, podemos 6,5% do cio bilateral entre Brasil e Costa Rica tral se conheçam melhor e mais profun-
nosso Produto Interno Bruto em educa- a serem obtidos neste seminário? damente. Reitero o convite aos empresá-
ção, fator que certamente tem a ver com a MAH – Em primeiro lugar, vejo amplas rios brasileiros para que invistam em meu
alta taxa de crescimento do país, que é de possibilidades de comerciarmos o etanol e a país, o que, certamente, lhes trará gran-
7% ao ano. A progressiva liberalização da tecnologia de sua obtenção, que o Brasil de- des vantagens econômicas. Aos brasilei-
economia contribuiu para o bem estar ge- tém. O governo de meu país já determinou ros, em geral, renovo o convite para que
ral e progressivo de que desfrutam os que, a partir de 2008, seja adicionado cerca visitem e conheçam de perto um dos pa-
costarriquenhos nos dias de hoje. de 7% de etanol à gasolina empregada em íses mais belos do nosso continente.

46 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 47
EM PAUTA

Amazônia: crescer e preservar


um patrimônio da humanidade
A Federação das Câmaras de Comér- “O problema maior é a dependência
cio Exterior – FCCE tem agora uma re- umbilical da Zona Franca de Manaus, que
presentação na Amazônia. O Vice-Presi- tem como carro chefe o Pólo Industrial
dente Norte da FCCE, Cláudio Chaves, de Manaus. Como ele está sob o domí-
que representa a instituição nesta região, nio de grandes empresas de capital es-
considerada uma das mais significativas do trangeiro, e como o comando nacional
país, falou à revista do seminário sobre esta está fora de Manaus (em São Paulo, na
iniciativa e seus desdobramentos. sua quase totalidade) por inexistirem as
Segundo Cláudio Chaves, por ser uma Câmaras Bilaterais de Comércio Exteri-
importante entidade de promoção e dis- or (não obstante o esforço hercúleo da
cussão sobre o comércio exterior brasi- FCCE Norte para as suas implantações),
leiro, a FCCE precisa estar presente em isso tem dificultado a entrada no sistema
todo o território nacional. de um maior número de empresas, in-
“Assim, considerando, entre outros clusive as de capital regional. Isto difi-
motivos, a pujança da indústria e do co- culta, também, o conhecimento pleno
mércio da Zona Franca de Manaus, o Pre- sobre a circulação de moedas pelos go-
sidente João Augusto de Souza Lima, de vernos federal, estadual e municipais para
forma muito lúcida, escolheu a Amazônia Cláudio Chaves o cálculo preciso dos tributos devidos
(mais precisamente Manaus) para sediar ao erário, e para o perfeito discernimento
essa entidade no Norte do país. Como mundo que é capaz de cuidar bem desse da existência ou não de sub ou super fa-
resposta, foi lhe conferido, por mereci- importante território, fundamental para a turamento nos insumos adquiridos e nos
mento, o título de Cidadão do Amazonas.” vida no Planeta Terra.” produtos exportados. Uma vez que as
Câmaras Bilaterais de Comércio Exteri-
Importância Zona Franca or da região estiverem instaladas e funci-
Antigamente, a Amazônia costumava O Vice-Presidente Norte da FCCE onando plenamente (o que só depende
ser vista pelos brasileiros como uma re- destaca também, em sua entrevista, a im- de vontade política das autoridades lo-
gião distante e de difícil acesso. Hoje, ela portância da Zona Franca de Manaus. cais e dos empresários), poderá advir o
está no centro das atenções nacionais, e o “Criada pelo presidente Castelo Branco conhecimento real da situação, tanto para
crescimento do comércio e da infra-es- nos anos de 1960 e continuada pelas mãos os novos empresários que querem se ins-
trutura locais são considerados estratégi- de Bernardo Cabral, quando relator da talar na Amazônia, quanto para as autori-
cos pelo governo. Segundo Cláudio Cha- Constituição de 1988, ela é o modelo que dades do governo.”
ves, trata-se de uma das áreas mais impor- permitiu à Amazônia Brasileira sair do ma- Cláudio Chaves considera, ainda, que a
tantes no cenário mundial e que vem, his- rasmo em que se encontrava até a metade condição número um para que os investi-
toricamente, despertando a cobiça inter- do século XX. Isso é importante enfatizar, mentos na Amazônia sejam viáveis é o
nacional. tanto para conceder o mérito aos que, de
“Na realidade, é um verdadeiro patri- fato, fazem por conquistar os louros dessa
mônio da humanidade, porém, de domí- vitória, quanto para evitar a criação de pais
nio brasileiro. Por isso são necessários in- adotivos ou engenheiros de obras feitas
vestimentos de toda ordem, tanto para o dessa tomada de decisão de grande valor.”
Brasil manter a sua soberania sobre a re- Hoje, a Zona Franca é considerada um
gião, quanto para desenvolver, de forma dos motores do desenvolvimento do co-
sustentável, suas potencialidades e con- mércio e da indústria locais e contribui,
tribuir para o crescimento do país e para a inclusive, para a capacitação de mão-de-
melhoria da qualidade de vida dos milhões obra destinada a estes setores. No entan-
de brasileiros que nela habitam. Fazendo to, ela também tem questões e proble-
isso, o governo brasileiro ratificará ao mas a serem resolvidos.

48 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


O porto de Manaus. Maloca Yanomami, em plena selva amazônica.

enfrentamento das dificuldades com a ambiental irreversível. Ou o Brasil cuida


geografia local e com o desenvolvimento depressa da Amazônia ou aparecerão na-
de mão-de-obra especializada, com ênfa- ções poderosas com discursos falaciosos
se na Zona Franca. para internacionalizá-la. Ou o Brasil dá esse
“A Zona Franca de Manaus é uma re- grito de independência, com políticas e
gião em processo de desenvolvimento e ações eficazes, ou os seus filhos vão la-
tem tudo para dar certo e se firmar, desde mentar, com tristeza, a perda deste terri-
que o modelo atual – que deu grande tório apenas repetindo: é tarde!.”
impulso ao desenvolvimento sócio-eco-
nômico da Amazônia nas últimas quatro
décadas – seja redimensionado e voltado Porto flutuante para soja, em Santarém.
ao aproveitamento racional dos recursos
naturais, tais como: a exploração de pe- Comando
tróleo; o aproveitamento do banco bioge- Como vários outros intelectuais da re-
nético; a exploração racional de minérios gião, Cláudio Chaves considera que o país
cada vez mais raros no planeta (cobalto, precisa se voltar, urgentemente, para as
diamante, manganês, mica, nióbio, ouro, grandes questões que envolvem o Norte.
platina e tântalo), assim como o incremen- “Se isto não ocorrer, o Brasil corre o
to ao turismo ecológico nesse paraíso de risco de perder o comando dessa impor-
imensa biodiversidade. Porém, se essa tante região. Deve-se investir, por exem-
nova realimentação do sistema não for feita plo, num maior efetivo das Forças Arma-
o mais breve possível, a indústria de mon- das, assim como em políticas direcionadas
tagem, como foi vaticinado pelo sábio e ao desenvolvimento sustentável da região,
festejado escritor amazonense Márcio com base em suas reais potencialidades. É preciso preservar a
Souza, pode vir a se transformar numa ‘ilu- Como já dissemos, é possível desenvol- Amazônia e sua
são com data marcada’.” ver a Amazônia sem provocar um impacto
biodiversidade com políticas
e ações eficazes, capazes de
estabelecer, para aquela
região, um modelo de
desenvolvimento sustentável.
Se isto não ocorrer, o Brasil
corre o risco de perder o
comando de uma importante
parcela do seu território.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 49


INTERCÂMBIO

“Brasil tem muito a lucrar na


parceria com Honduras”
Para Adolfo Facussé, desenvolvimento da economia e facilidade de acesso ao
mercado americano incentivam o crescimento das relações bilaterais

O Presidente da Associação Nacional sileiras que forem realizadas por nosso in-
termédio. Lembro, ainda, que os acordos
de Indústrias de Honduras – ANDI, internos assinados entre os países da Amé-
Adolfo Facussé, participou ativamen- rica Central e do Caribe também facilitam
e barateiam o comércio com qualquer um
te do Seminário Bilateral de Comér- deles a partir de Honduras.
cio Exterior e Investimentos Brasil-
O mercado local e as condições de
América Central. Na sessão solene de seu crescimento demonstram que
abertura, ele fez um pronunciamento Honduras é um país que busca a
todo custo a superação do subde-
especial sobre o tema: “A utilização das senvolvimento. Essa situação tende
facilidades decorrentes do Tratado de a ser transformada? Existem expec-
tativas de um progresso sócio-eco-
Livre-Comércio América Central – nômico mais consistente?
Estados Unidos pelos investidores bra- AF – Honduras ainda paga o preço de ter
sido administrada por governos ineficientes
sileiros”. Nesta entrevista, reitera as e que se sucediam sem dar continuidade
vantagens que, a seu ver, o incremen-
to da corrente comercial de nosso país “ Acordos internos entre os
países da América Central
facilitam o comércio com
ao trabalho desenvolvido pelos governos
anteriores. Uma série de reformas vem
sendo praticada de modo a tornar nossa
economia mais moderna e competitiva.
com Honduras pode trazer para a pe-
qualquer deles a partir Entre as boas medidas adotadas nos últi-


netração de produtos brasileiros no mos anos, posso apontar a privatização de
de Honduras grande parte da telefonia e da geração e
mercado americano. ADOLFO FACUSSÉN transmissão de energia, que vêm dinami-
zando a economia nacional.
sileiros a investirem em meu país. Para O acordo de livre comércio com os
Que tipo de atividade industrial o isso, valho-me de dois argumentos. O pri- Estados Unidos também resultou na en-
senhor desempenha em seu país? meiro diz respeito, propriamente, a trada de capitais necessários a essa dina-
AF – Atuo, principalmente, no setor de Honduras, cuja economia tem-se manti- mização, que vem ocorrendo ainda vagaro-
indústria têxtil e sou, também, Presiden- do estável e vem experimentando um sur- samente, mas de forma consistente e con-
te da Associação Nacional de Indústrias to de desenvolvimento. O segundo refe- tínua. Gostaria de mencionar, ainda, como
de Honduras. re-se às facilidades que podemos ofere- elemento de incentivo ao nosso crescimen-
cer para a entrada de produtos brasileiros to, o fato de que a dívida externa do país foi
Fale sobre sua participação no Se- no mercado norte-americano, pois, gra- zerada. Não era uma dívida volumosa, como
minário Bilateral de Comércio Ex- ças a nosso acordo de livre-comércio com a de algumas das grandes nações do mun-
terior e Investimentos Brasil-Amé- aquele país, o governo americano não co- do, mas representava um enorme peso para
rica Central? bra taxas nem impostos dos produtos a economia de uma nação pobre, cujos re-
AF – Estou aqui, naturalmente, para ten- oriundos de Honduras. Isso representa um cursos devem ser todos carreados para seu
tar seduzir empresários e industriais bra- grande incentivo para as exportações bra- crescimento e desenvolvimento.

50 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


Finalmente, registro, com alegria, que Balança comercial agrícola entre Estados Unidos e Honduras
o país vem se dando conta do enorme
potencial representado por suas belezas
600
naturais, o que determinou a elaboração
Exportação Importação Saldo
de uma lei de incentivos fiscais à indústria
500
do turismo, cujo crescimento tem obtido
dados expressivos, como poderemos

Milhões de Dólares
400
constatar pelos debates realizados duran-
te o painel II desse seminário.
300
De que maneira o pode Brasil cola-
borar para o crescimento da eco- 200
nomia hondurenha?
AF – Cada vez que venho ao Brasil, fico mais 100
admirado com o crescimento e a diversifica-
ção da sua economia Acredito que, para o 0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
mercado hondurenho, sejam infinitas as pos-
sibilidades de importação de produtos e da
tecnologia brasileiros. Atualmente, contu-
do, acredito que as melhores possibilidades
girem em torno da produção do etanol, já “Brasil procura integrar-se com
que o mundo está procurando desespera-
damente uma forma de livrar-se da depen- os países da América Central”
dência do petróleo, cujos preços oscilam vi- Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Honduras
olentamente, e cujos resquícios de poluição
e degradação ambientais atingiram níveis aplaude iniciativas em prol de maior aproximação entre os países
quase insuportáveis. Tenho acompanhado as
negociações relizadas entre Brasil e Estados O Presidente da Câmara de Comércio
Unidos para que o etanol brasileiro deixe de e Indústria Brasil-Honduras, Luiz Oswal-
ser taxado ao entrar no mercado americano. do Aranha, ocupa este cargo desde que a
Seria de grande interesse para ambas as par- instituição foi criada, em 2005. Em entre-
tes que esse etanol fosse produzido em vista para a revista da FCCE, relatou as prin-
Honduras com tecnologia brasileira, ou, pelo cipais atribuições da câmara e os diferen-
menos, ali armazenado. Assim, ele poderia tes caminhos desenvolvidos pelas relações
ser repassado ao mercado americano sem o comerciais entre os dois países.
ônus daquela sobretaxa, o que encarece a “A Câmara de Comércio e Indústria
exportação desse produto. O mesmo po- Brasil-Honduras tem como objetivo pro-
deria ocorrer com outros produtos, como mover o intercâmbio entre as empresas e
frutas tropicais, veículos automotivos, com- os governos dos dois países, incentivando
ponentes eletrônicos... enfim, não há limi- as relações comerciais entre ambos. A prin-
tes para que o Brasil lucre com uma parceria cipal realização da câmara, no momento
com meu país, com vistas ao mercado ame- atual, é o apoio que vem prestando à Fe-
ricano. deração das Câmaras de Comércio Exte-
Quanto ao nosso desenvolvimento, rior – FCCE na realização desse seminá-
propriamente dito, vejo grandes perspec- rio bilateral.”
tivas para a participação do capital e da tec-
nologia brasileiros. Constato, com gran-
de expectativa, que grandes empresas es-
tão voltando seus olhos para o meu país,
Luiz Oswaldo Aranha considera que as
principais dificuldades para a ampliação das
relações comerciais entre Brasil e Hon-
“ Esse seminário permite
aos representantes de governos
e de empresas expor
duras são a distância geográfica e a polari-
como é o caso da Andrade Gutierrez, que zação política e comercial, esta última de- e trocar idéias para deslanchar


tem demonstrado interesse em participar terminada por um contexto histórico.
da construção da hidrelétrica de El Tigre,
as relações comerciais
“Tanto a distância geográfica que nos se-
em nossa fronteira com El Salvador. para, quanto a polarização histórica que vive- L U I Z O S WA L D O A R A N H A N

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 51


INTERCÂMBIO

mos em relação à América do Norte são fa- tem procurado promover uma integração de Honduras, que aproveitou a oportuni-
tores que geram algumas dificuldades desses países em torno de interesses co- dade para considerar o Seminário Bilateral
logísticas para nosso comércio bilateral. Um muns, como acontece com a Comunida- de Comércio Exterior e Investimentos Bra-
seminário como este, porém, em que os re- de Européia. Certamente, ainda temos sil-América Central uma excelente opor-
presentantes dos governos, empresários e muito o que caminhar nesse sentido, mas tunidade para facilitar e intensificar as rela-
industriais dos dois países podem expor e podemos listar alguns passos já dados, ções internacionais e a abertura de novos
trocar idéias, representa uma grande opor- como o Mercosul, aqui, no Cone Sul, e o caminhos entre os dois países.
tunidade para descobrirmos novos cami- Pacto Andino, no Norte. É preciso dizer, “O Brasil, ultimamente, tem-se desta-
nhos, novas oportunidades e, com isso, também, que muito ainda precisa ser fei- cado, frente a alguns países latino-ameri-
deslanchar nossas relações comerciais.” to. Caminhar nessa direção, para esse ob- canos, devido à política do atual governo
Segundo o presidente da Câmara de jetivo, é meta que o governo brasileiro e na área do álcool e de combustíveis,
Comércio e Indústria Brasil-Honduras, o as empresas brasileiras têm procurado disponibilizando tecnologia para capacitar
governo brasileiro, no atual momento, tem atingir. Acho que a tendência é a de au- engenhos açucareiros centro-americanos
desenvolvido uma política clara no sentido mentar, cada vez mais, esse intercâmbio de forma que possam produzir etanol.”
de ampliar suas relações comerciais com entre o Brasil e os países da América Lati- Quanto ao fomento da corrente co-
os diferentes países da América Latina. na e, em particular, da América Central e mercial entre os dois países, o agregado
“Analisando esse tema de uma forma do Caribe, que são os mais afastados do comercial de Honduras é mais cauteloso.
mais positiva, podemos dizer que o Brasil Brasil em termos comerciais.” Mesmo assim, vê possibilidades de novas
iniciativas e realizações.
“O Brasil produz tudo que Honduras
produz e intensificar o comércio é algo a
ser pensado em profundidade. Os empre-
sários brasileiros podem investir em ter-
ritório hondurenho, baseando-se nas ga-
rantias que damos ao livre comércio. Por
exemplo, o Grupo Santista Têxtil está ins-
talando, atualmente, uma fábrica que pre-
vê investimentos de US$ 200 milhões em
São Pedro Sula e dará trabalho a cerca de
cinco mil operários. Nessa região, já estão
instaladas grandes indústrias dos Estados
Unidos, da Ásia e da Europa, onde são fa-
bricados componentes de automóveis e
de maquinarias de todos os tipos.”
Ao concluir sua entrevista, Roberto
Kattán Arita fez questão de agradecer à Fe-
Roberto Kattán Arita realçou as facilidades que seu país oferece aos empresários. deração de Câmaras de Comércio Exterior
a oportunidade de participar do seminário.
“Quero levar meus agradecimentos à
“Queremos saudar o povo e os FCCE, às autoridades do Brasil que ajuda-
ram a realizar esse evento e, sobretudo, ao
empresários do Brasil” povo brasileiro, que é muito amigo nosso.
Gostaríamos de ver concretizada uma par-
Agregado Comercial de Honduras diz que grupo têxtil brasileiro ceria não apenas com Honduras, mas com
está instalando fábrica de US$ 200 milhões em seu país toda a América Central. A América Central
pode ser vista, hoje, como um só país, por
“Temos a obrigação de saudar o Brasil como sobretudo nos setores de bens de capital e causa de sua união, e o Brasil tem designa-
país irmão e em pleno desenvolvimento, de bens de consumo. Naturalmente, os bra- do os seus melhores embaixadores para a
com taxas de importação altíssimas e inves- sileiros podem nos aportar investimentos nossa região, valorizando essas relações.”
timentos seguros. Honduras firmou um tra- que, inclusive, servirão para financiar obras Nossos elogios também se estendem
tado de livre comércio com os Estados Uni- públicas, como estradas, portos etc.” aos empresários e industriais por esse
dos e temos, hoje, a oportunidade de ampli- Essas palavras entusiasmadas são de acontecimento que se está celebrando no
ar nossas relações comerciais com o Brasil, Roberto Kattán Arita, Agregado Comercial Rio de Janeiro.

52 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


PRODUTO

Honduras e seus
ótimos charutos
Excelência dos produtos
hondurenhos rivaliza
com a dos famosos
“puros” cubanos os Estados Unidos passaram também a de-
sempenhar um importante papel no comér-
cio do fumo. Os charutos produzidos em
s charutos, cuja degustação era, ori- suas fábricas, localizadas na cidade deTampa,

O ginalmente, um prazer primitivo,


inventado e cultivado pelos índi-
os da América Central, evoluíram para
no Estado da Flórida, a partir de folhas
trazidas de Cuba, passaram a ser reconheci-
dos como dos melhores do mundo.
tornar-se, em todo o mundo, um símbo- No Brasil, foi no Recôncavo Baiano que,
lo que alia satisfação à sensação de riqueza a princípio, floresceu a cultura do fumo,
e poder. Honduras vem tendo parte im- exportado para todo o resto do país e, mais
portante nessa evolução. tarde, para o exterior. Até hoje, quem visita
as cidades de Cachoeira ou de São Félix, às
História margens do Rio Paraguaçu, pode encon-
Quando Cristóvão Colombo chegou à trar baianas que, nas suas calçadas e feiras,
América, no fim do Século XV, e come- fazem charutos à vista dos clientes, enro-
çou a explorar as terras descobertas, en- lando-os sobre as próprias coxas, o que lhes
controu, no que é hoje a Ilha de Cuba, dá – dizem os fumantes de lá – um blend
nativos que fumavam rolos constituídos muito especial. A cultura do tabaco tor-
por folhas de um vegetal da região, no- nou-se, bem cedo, uma importante fonte
meado pelos europeus de fumo, ou taba- de renda da produção agrícola brasileira, e
co. Essas folhas, enroladas de uma forma as folhas de fumo já figuravam na primeira
bastante primitiva, foram a matriz dos pri- bandeira do Império, desenhada pelo ar-
meiros charutos. tista francês Jean Baptiste Debret.
Apesar de, inicialmente, haver recebi- A tecnologia é cubana, mas o seu O Século XX assistiu à completa vul-
do a condenação da igreja e de ter sido, desenvolvimento em território hondurenho garização do hábito de fumar (embora sob
num primeiro momento, abominado pe- teve resultados surpreeendentes. a forma, preferencialmente, de cigarros)
los cultores do “bom gosto” europeu, o e, quando essa indústria assumiu, entre
hábito de fumar tornou-se popular e es- da Europa, o fumo passou a ser o produto nós, grandes proporções, as maiores ex-
palhou-se por todos os países do Velho mais importante da pauta de exportações tensões cutivadas, assim como o benefi-
Continente. A enorme produção, quase cubana, ultrapassando o café. Do ponto de ciamento da folha passaram a ocorrer no
sempre obtida na América Central e no vista dos fumantes europeus, o charuto, que Rio Grande do Sul, constituindo-se, pra-
Caribe, abastecia a Europa, e a exportação era apenas uma fonte de prazer, foi, pouco a ticamente, em uma monocultura em mui-
do fumo passou a ser, cada vez mais, uma pouco, transformando-se em um símbolo tos municípios do estado. A fama dos cha-
fonte de lucros para alguns dos pequenos inconteste de riqueza e poder, e esse status rutos baianos, no entanto, continua imba-
países da região, principalmente Cuba. passou a acompanhá-lo nas demais partes tível no mercado nacional.
A importância crescente do produto na do mundo.
economia dos países americanos pode ser Por volta de 1875, era a França o país que Fumo de Honduras
avaliada pelo fato de que, por volta da pas- mais produzia, a partir de folhas importadas, Para os ávidos amantes de charutos – e
sagem do Século XVIII para o XIX, graças à consumia e negociava charutos – cerca de são muitos – Honduras tem um lugar cer-
popularidade obtida na Espanha e no resto um bilhão por ano. Ao final do Século XIX, to e bem definido no mapa da América

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 53


PRODUTO

Central. O país tornou-se um dos maio- e o conhecimento repassado de geração


res produtores mundiais de tabaco e é em geração, esses produtores se habilita-
olhado pelos fumantes como um lugar ram a obter e fazer crescer sementes nati-
cuja qualidade dos charutos faz sonhar vas, que resultam, em alguns casos, em
com uma degustação prazerosa, embala- charutos cem por cento hondurenhos,
da pelo vento ameno que chega das águas embora persista, ainda, a prática de mistu-
muito azuis do Caribe. rar ao produto nativo o tabaco cubano.
O país tem uma história marcada por lu- Muitas companhias produtoras cuba-
tas de independência, por busca pela estabi- nas continuam a trabalhar em terras
lidade política, e pela passagem de furacões hondurenhas e outras, americanas, insta-
devastadores, mas, hoje, desfruta de paz e laram-se nas cidades de Danli e São Pedro
democracia. Honduras é muito rica em ter- Sula. Com o bloqueio comercial a Cuba,
mos de ingredientes que compõem um o charuto hondurenho conseguiu obter
bom charuto e, quando outros países preci- um importante papel no consumo dos
sam de tabaco, é lá que vão procurá-lo. americanos e apenas o charuto fabricado
O tabaco de Honduras tem raízes cu- na República Dominicana ainda é mais
banas, pois muitos de seus cultivadores popular do que ele nos Estados Unidos.
deixaram a ilha dominada pelo regime de Esse sucesso já transcendeu o nosso con-
Fidel Castro, levando e transplantando as tinente e, ultimamente, os consumidores
sementes. Em verdade, no início dos anos do Reino Unido, em particular, e da Eu-
60, com a aprovação do governo castrista, ropa, de um modo geral, vêm prestigiando
experts cubanos na fabricação de charutos o charuto hondurenho, que consideram
foram para Honduras ajudar o cultivo e um produto de excelente qualidade.
introduzir técnicas mais eficientes de cres- Até pouco tempo, os charutos cubanos
cimento e de seleção. Embora, inicialmen- não tinham competidores e eram vistos por
te, houvesse a intenção de que esses téc- muitos como os únicos que não podiam ser
nicos regressassem a Cuba, muitos deles rivalizados, mas os charutos de Honduras
resolveram permanecer em Honduras, Do plantio ao acabamento, uma produção vêm obtendo crescente reconhecimento
agregando seu conhecimento da excelên- que requer cuidados artesanais. mundial e estão impondo aos cubanos um
cia do produto cubano aos instrumentais desafio de qualidade. Com o aumento da
que, atualmente, resultam nos cada vez num fumo robusto, encorpado, condi- demanda por seus charutos, Honduras
mais famosos charutos hondurenhos. mentado e possuidor de um aroma pode- incrementa as extensões de plantio e cultivo
roso e muito característico. de tabaco e vê crescer os ganhos obti-
Condições ideais de cultivo Os produtores de charuto dos por sua exportação. A continuar
O clima do país é extremamente favo- do país esforçaram-se e assim, é provável que, algum dia
rável ao cultivo do tabaco e o ambiente conseguiram impor sua – e talvez bem proxima-
local se presta ao desenvolvimento de to- chancela de qualidade mente – Honduras se
das as variedades do produto, particular- ao produto, que é, hoje, torne tão rica quanto o
mente, os que resultam de sementes sistematicamente procu- charuto que produz.
oriundas de Cuba e de Connecticut, a gran- rado pelos connoisseurs.
de região produtora na América do Nor- Com a fertilidade da
te. Esse ambiente propício favoreceu a terra, a abundância
transformação do tabaco hondurenho dos recursos naturais

54 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


ENERGIA

Pioneira em combustível limpo


Petrobras desenvolve produção de etanol e biodiesel e exporta tecnologia
O Gerente Executivo Internacional
da Petrobras, Samir Passos Awad,
responsável pelas áreas das Améri-
cas, África e Eurásia, destacou, nes-
ta entrevista, as operações e as rea-
lizações da empresa que a caracteri-
zam como uma grande difusora de
tecnologias brasileiras no exterior.

Que função o senhor desempenha


dentro da Petrobrás?
SP – Respondo pelas operações e pelos
resultados de várias regiões do mundo,
com exceção do chamado Cone Sul, na
América do Sul. Samir Passos Awad: “Brasil exporta etanol para África do Sul, Japão, Estados Unidos, Nigéria e Jamaica.”

A que tipos de resultados o senhor associarmos a refinarias no Caribe, na área tecnologia era crucial, pois o Brasil não
se refere? de abastecimento. Hoje, trabalhamos com tinha recursos para importar petróleo.
SP – Sou responsável pela atuação da acordos bilaterais com governos da Amé- O desenvolvimento do etanol, que in-
companhia em 14 países. Temos as maio- rica Central. Temos acordos com a Gua- clui a criação do carro a álcool, foi uma
res operações nos Estados Unidos, na temala, entendimentos com a República questão de sobrevivência das contas do
Nigéria, em Angola e na Colômbia. Com Dominicana, relacionamento comercial
a concretização recente de projetos na
Venezuela, este será o quinto grande cen-
tro de investimentos da Petrobras. Quan-
com a Jamaica e com Trinidad e Tobago.
Oferecemos assistência aos governos des-
ses países no desenvolvimento de progra-
“ Usamos o conhecimento
do etanol como um diferencial
competitivo para a Petrobras
do digo resultados, eu me refiro não só à mas de etanol e biodiesel, que são produ-
área de exploração e produção, como
também à área de abastecimento. Deste
modo, sou responsável por todos os re-
tos, hoje, tão associados à Petrobras quan-
to o petróleo que produzimos.
entrar em outros países
S A M I R P A S S O S A WA D N ”
sultados da Petrobras fora do Brasil nes- Fale sobre a experiência da Petro-
ses 14 países. bras nesse campo? próprio país. Eu tive um dos primeiros
SP – A verdade é que a Petrobras não carros a álcool, e sei que era um veículo
Há algum investimento sendo de- produz etanol. Ela detém a tecnologia, o com muitas dificuldades. A Petrobras foi
senvolvido especificamente na know-how, ou seja, o conhecimento de o órgão encarregado de fazer a coisa fun-
América Central? como tratar o etanol, como misturá-lo à cionar. Produzir o álcool da cana-de-açú-
SP – Na América Central, tivemos algu- gasolina e torná-lo um produto estável e car era um problema do fazendeiro, mas
mas iniciativas de exploração e produção de boa qualidade. Esse conhecimento a Petrobras era encarregada de fazer a
em Cuba e, hoje, estamos no México, que veio sendo desenvolvido durante três mistura funcionar e de vendê-la nos pos-
não é considerado América Central, mas décadas. Há cerca de 30 anos, os brasi- tos. Nesse cenário, a indústria automo-
está bastante próximo dela. No passado, leiros rodaram com os primeiros carros bilística respondeu ao desafio, produzin-
analisamos inúmeras possibilidades de nos movidos a álcool. Naquela época, essa do peças e componentes adaptáveis.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 55


ENERGIA

Hoje, o consumidor não sabe que tipo etanol porque talvez não tenham uma le- que foram cometidos, e nós, como go-
de combustível está usando, se álcool 10, gislação específica para isso. A Nigéria está verno e como companhia, não nos im-
20 ou 50% ou se álcool 100%. Ele com- mudando a sua legislação para permitir portamos de reparti-los com outros pa-
pra a gasolina sem saber, ao certo, quan- que o etanol seja misturado à gasolina. É íses, mesmo porque essas trocas tecno-
to de álcool ela possui e seu carro funci- bom lembrar que não se trata somente lógicas geram oportunidades de novos
ona tão bem quanto no dia anterior, com de misturar um combustível ao outro. negócios.
outro combustível. É um trabalho do Esse processo exige toda uma tecnolo- A Petrobrás, hoje, realiza negócios com
país, na verdade, não é só da Petrobras. gia a ser repassada, como fizemos na Ve- tecnologia desenvolvida no Brasil. Isso
Atualmente, os países que estão de fora, nezuela, na África do Sul e vamos fazer ocorre tanto no processo de transferência
e vêem que o etanol substitui o petróleo na Nigéria, enviando ao país uma equipe do etanol quanto na concessão de blocos
sem nenhuma grande perda, com a van- de técnicos da Petrobras responsável por de petróleo para exploração em águas pro-
tagem de ser mais barato e mais limpo, essa transferência. Não se trata de nenhu- fundas. Temos procurado usar esse conhe-
têm o Brasil como um modelo e, mais ma ciência do mais alto grau, mas há um cimento como um diferencial competitivo
uma vez, a Petrobras aparece como de- conhecimento, uma memória de erros para a Petrobras entrar em outros países.

“ Fazer negócios na América


Central é só uma questão de
tempo, pois o primeiro
Saiba mais sobre combustíveis ecológicos e econômicos
A produção de diesel com tecnologia H-BIO em escala industrial e de biodiesel
reduz a importação de óleo diesel à base de petróleo e o índice de emissão de gás
passo já esta sendo dado
S A M I R P A S S O S A WA D N ” carbônico na atmosfera, contribuindo para minimizar o efeito estufa e o aquecimen-
to global.
O diesel com tecnologia H-BIO consolida uma revolução na produção de com-
bustíveis, sendo mais uma das possibilidades, juntamente com o biodiesel, para
tentora da solução, ampliando seu per- incrementar o setor agro-energético nacional. Obtido pelo processamento da mis-
fil. Não é mais apenas a Petrobras das águas tura de óleo vegetal e diesel de petróleo, tem alta qualidade e bom desempenho,
profundas, da sofisticada tecnologia de pois garante melhor ignição aos motores e possui menor teor de enxofre em rela-
petróleo, que poucas companhias detêm ção ao diesel disponível no mercado nacional.
no mundo; agora, é a Petrobras do eta- O processo de produção consiste em misturar óleo vegetal a frações de diesel de
nol, o combustível verde. Além disso, petróleo para alimentar as Unidades de Hidrotratamento (HDT) das refinarias, sem
associados ao etanol, estão o biodiesel e necessidade de adaptações. A utilização de óleo vegetal no processo reduz o teor de
o H-BIO, outros produtos com os quais enxofre e aumenta o número de cetano do diesel produzido, o que melhora a
a empresa está trabalhando. O biodiesel, combustão. O produto final é 100% diesel, com parte de origem renovável.
por exemplo, se encontra num estágio A tecnologia é inovadora no mundo e insere matéria-prima renovável no esque-
de projeto-piloto, pois ainda não é um ma de refino de petróleo existente.
negócio em escala industrial, mas já te- No que se refere ao biodiesel, a Petrobras desenvolve duas linhas de pesquisa nas
mos um filhote, o H-BIO, um produto quais o reagente é o etanol, o que é inédito, visto que o restante do mundo ainda
industrial que tem um rendimento su- utiliza o metanol, que é mais poluente. Uma dessas linhas de pesquisa está centrada
perior ao biodiesel. no uso de óleos vegetais variados. Outra, enfoca esta produção diretamente da
semente da mamona, o que também é inovador.
O petróleo é uma matéria-prima Fonte: www.petrobras.com.br
finita e o álcool, além de renovável,
é considerado mais limpo e mais
adequado à proteção do meio am-
biente. Podemos dizer que o etanol
é, então, o combustível do futuro?
SP – Podemos dizer que é o combustível
do presente.

Em nível de exportação também?


SP – A Petrobras está exportando etanol
para a África do Sul, para o Japão, para os
Estados Unidos, além da Nigéria e da
Jamaica. Hoje, alguns países só não usam

56 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


ENERGIA

Como está o panorama em relação tinente americano para avaliar se seria pro-
à América Central? dutivo a Petrobrás investir, hoje, de olhos
SP – A América Central tem inúmeras fechados, na produção de biodiesel e eta-
oportunidades.Talvez não tenha tanto ter- nol nessa região, já que ela não aparenta
ritório, tantas áreas cultiváveis para sus- ser uma grande consumidora. De qual-
tentar um programa intensivo de cana-de- quer forma, estamos abertos ao diálogo e
açúcar e de óleos vegetais com o objetivo estamos indo à República Dominicana na
de produzir em grande escala. Precisamos semana que vem. O Presidente Luiz Inácio
considerar, no entanto, que o consumo Lula da Silva esteve na Guatemala recen-
de combustíveis na América Central tam- temente e nós o acompanhamos. Estamos
bém não é tão intenso assim. Pode ser que presentes. Se vamos fazer negócio, é só
haja um equilíbrio. Eu, realmente, não uma questão de tempo, pois o primeiro
conheço as dimensões desta parte do con- passo já está sendo dado.

“Uma boa política energética é


essencial para o desenvolvimento” José Isaías Aguilar

Presidente da Comissão Nacional de Energia de Honduras defende ximação entre os dois países e o sur-
gimento de investimentos positivos nos
maior aproximação com o Brasil para construir um futuro sustentável diferentes setores da economia.”
O representante de Honduras acres-
“Em Honduras, o foco principal do Resultados centou, ainda, que a política de seu gover-
desenvolvimento tem sido a questão ener- José Isaías Aguilar fez questão de ressal- no é a de estreitar laços com as nações por
gética. Nossa economia depende, em gran- tar que, neste sentido, a realização do semi- ele consideradas amigas e irmãs.
de escala, da energia térmica. Para fazer nário adquire uma grande significação. “Podemos oferecer toda a segurança
face aos desafios do momento atual, nos- “ Este é um evento excepcional, para o de que os empresários necessitam para
sa política de governo consiste em dar qual o corpo diplomático de Honduras, investir em Honduras. Também oferece-
maior ênfase à energia renovável e às fon- no Brasil, tem trabalhado intensamente. mos garantias de que os investidores vão
tes alternativas de combustível. Estamos Nossa participação neste seminário da obter bons resultados e de que seus direi-
trabalhando intensamente neste sentido.” FCCE, certamente, vai dar muitos resul- tos serão respeitados nas iniciativas desen-
Esta declaração é de José Isaías Aguilar, tados a curto e a longo prazo, com a apro- volvidas em território hondurenho.”
Presidente da Comissão Nacional de Ener-
gia de Honduras, um dos representantes
do governo de seu país no Seminário Bila-
Capacidade de geração instalada no território hodurenho
teral de Comércio Exterior e Investimen-
TOTAL GENERACION= 1406 MW (2006)
tos Brasil-América Central, realizado pela
Federação das Câmaras de Comércio Ex- Biomassa
4,41%
terior – FCCE. Nesse cenário, ele consi-
dera muito importante a cooperação de Hidro Estatal
empresas brasileiras do setor, assim como 33,02%
do governo brasileiro.
“Temos muito interesse em fazer um
convênio bilateral que nos permita forta-
lecer a capacidade energética e o desen-
volvimento do nosso país. Isto daria ao
Brasil a oportunidade de investir em ter-
ritório hondurenho para desenvolver seus Hidro Privada
Térmica Privada
produtos industriais, e comercializá-los a 1,60%
56,38%
custos mais baixos, uma vez que estaria Térmica Estatal
mais perto dos mercados centro-ameri- 4,59%
cano e norte-americano.” Fonte: Comissão Nacional de Energia, Honduras, Março de 2007

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 57


TRÂNSITO

Um sinal que significa vida


Sistema moderno e eficiente ajuda a ordenar o trânsito e reduz acidentes
O Embaixador Luis Maria Riccheri
é Diretor Comercial Internacional
da Pró-Sinalização Viária, empresa
sediada em São Paulo, há 35 anos, e
que tem sido responsável pela intro-
dução do Sistema de Trânsito Inteli-
gente (ITS, na abreviatura em inglês)
nas principais metrópoles brasilei-
ras. Nesta entrevista, ele analisa as
possibilidades e as vantagens de se
estender esse benefício aos países
participantes do Seminário Bilate-
ral de Comércio Exterior e Investi-
mentos Brasil-América Central.
Luis Maria Riccheri: “pretendemos ampliar nossa atuação para toda a América Latina”.

Que tipo de serviços presta a sua nerário a ser seguido e das limitações a que te da eletrônica no controle do tráfego,
empresa? deve estar sujeito o tráfego na área; e a sina- essa é uma tendência inevitável em decor-
LMR– Como seu próprio nome indica, lização dita “inteligente”, que diz respeito rência do progresso na área da computa-
nossa firma se ocupa de implantar sistemas aos painéis eletrônicos, aos telefones insta- ção. Só queria lembrar que a instalação de
de sinalização em áreas urbanas das cidades lados nas ruas, para que os motoristas pos- aparelhos, como os chamados “pardais”,
brasileiras. Estamos sediados em São Pau- sam solicitar auxílio, aos semáforos, ou si- impõe um caráter científico e mais demo-
lo, há 35 anos, e, há cinco, trabalhamos, nais, como vocês os chamam aqui no Rio crático à aplicação das multas e ajuda a
também, na República Dominicana. Nossa de Janeiro, às câmaras de segurança e aos combater o problema da corrupção, que
boa adaptação a esse país caribenho nos faz “pardais”, entre outros equipamentos. afligia a todos, quando o controle era exer-
crer que possamos ser úteis aos demais cido exclusivamente por meios humanos.
países da América Central. Além deles, pre- Todos esses equipamentos têm im-
tendemos nos instalar e trabalhar, ainda, no portância no conjunto da sinaliza- O Brasil desenvolveu um design ex-
Peru, no Equador e na Argentina. ção, ou ocorre cada vez mais a pre- clusivo para sua sinalização?
ponderância dos aparelhos eletrô- LMR – Os padrões gráficos da sinaliza-
Que tipos de sinalização são empre- nicos? ção são universais, o que é compreensí-
gados pela empresa? LMR – Os três níveis são importantes e, vel, pois, se assim não fosse, os motoristas
LMR – Basicamente, três: a sinalização como já disse, não devemos subestimar que saíssem de um país para o outro teri-
horizontal, que consiste especialmente na os mais simples, que são as faixas, já que am que se familiarizar com uma nova sis-
pintura de faixas, aquelas linhas brancas que elas se constituem em um indicativo de temática de sinalização. Isso, com certeza,
vemos sobre o asfalto e que nem sempre fácil e imediata leitura, não apenas pelos traria problemas sérios à circulação de
são valorizadas, mas constituem um ele- pedestres, como pelos motoristas. Da im- veículos. Quanto à implantação da eletrô-
mento importante no conjunto da sinaliza- portância dos sinais de trânsito e dos pai- nica no controle do tráfego, importamos,
ção; a sinalização vertical, composta por néis, acho que nem é preciso falar, pois ela principalmente da Europa, o sofisticado
letreiros, painéis e outros indicativos do iti- é evidente. Quanto à introdução crescen- sistema que ali é aplicado com tão bons

58 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


TRÂNSITO

resultados. A adaptação dos padrões eu- cam a produção e a circulação de riquezas. que dispõe o Brasil entre os países do con-
ropeus a novas realidades fora daquele tinente – o que facilita bastante as negocia-
continente é um trabalho cuidadoso e de- Se os países mais desenvolvidos – e ções – acredito que o país esteja situado
morado, que pode levar até cinco anos o senhor se referiu-se aos da Euro- em um nível de desenvolvimento que não
para ser efetivado, sendo uma das nossas pa – já conceberam e dispõem de intimida nem inviabiliza a aplicação de prin-
mais importantes tarefas. padrões quase ideais de sinalização cípios, procedimentos e equipamentos
viária, que papel poderá caber ao aqui empregados com sucesso, entre os de-
Que vantagens teriam os países do Brasil na implantação de uma efici- mais países do nosso continente.
continente com a implantação de ente sinalização entre os países da
um sistema de sinalização viária América Central e do Sul?
mais moderno e eficiente? LMR – A resposta a essa pergunta expli- A adaptação dos sinais
LMR – As vantagens seriam inúmeras, ca porque estamos aqui, participando des-
desde as mais evidentes, como a redução se seminário. Não seria viável e nem efici-
usados num país à
de acidentes, ferimentos e mortes – não ente trazer para os países do nosso conti- realidade de outro país é
nos esqueçamos de que esses índices são nente os sofisticadíssimos sistemas em uso muito importante para
altíssimos na América Latina – até as de nos países mais desenvolvidos. Como já que todo o sistema seja
ordem econômica, pois, como pretendo disse, no próprio Brasil esses sistemas são
entendido pela
ter demonstrado em minha participação no submetidos a um processo de adaptação
painel I desse seminário, é impressionante para que se consiga utilizá-los com o má- população e, dessa
a altíssima taxa de prejuízo que advém des- ximo de eficiência, respeitadas as caracte- forma, possa funcionar
ses acidentes e, também, dos engarrafa- rísticas locais e o grau de desenvolvimen- com eficiência.
mentos que engessam o trânsito e prejudi- to do país. Ora, além da grande empatia de

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 59


E NGENHARIA

FCCE
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation

Seminários Bilaterais de Comércio Exterior e Investimentos


Calendário 2007

05 de março AMÉRICA CENTRAL

09 de abril ANGOLA

07 de maio BELARUS

04 de junho EQUADOR

09 de julho CORÉIA

20 de agosto NIGÉRIA

17 de setembro MOÇAMBIQUE

08 de outubro MÉXICO

12 de novembro ARÁBIA SAUDITA

10 de dezembro ARGENTINA

60 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


E NGENHARIA

Sustentabilidade na
ordem do dia
Andrade Gutierrez preocupa-se com a
preservação e com as questões sociais
Andrade Gutierrez é uma empresa cipalmente, para a execução de obras de

A brasileira com larga experiência in-


terna-cional nas áreas de constru-
ção, telecomunicações e concessões pú-
hidrelétricas”, afirmou o diretor da
Andrade Gutierrez.

Objetivos amplos
blicas, que envolvem obras como rodo-
vias, portos, resorts, aeroportos, projetos
de saneamento básico etc.
No Brasil, a empresa faturou, em 2005,
De onde vem o interesse pela Amé-
rica Central? Por que essa região tem
atraído uma empresa do porte da
“Trabalhamos com
mão-de-obra local,
desenvolvemos capacitação
US$ 472 milhões e, no exterior, US$ 286 Andrade Gutierrez?
milhões.
Segundo Ricardo Antonio Mello Cas-
tanheira, Diretor da Área Internacional da
RC – Atuamos desde o México, onde te-
mos um escritório central e estamos cons-
truindo uma barragem, até a Argentina. Isto
profissional e educação
R ICARDO A NTONIO M ELLO C ASTANHEIRAN ”
Construtora Andrade Gutierrez, entre as nos leva a ter uma visão global da América países são democráticos e os governos mu-
iniciativas desenvolvidas na América Cen- Latina, e nos possibilita trabalhar onde se faz dam de quatro em quatro ou de seis em seis
tral, destaca-se a participação no Consór- necessário com bastante mobilidade. Já atu- anos. Procuramos trabalhar com projetos vi-
cio Interoceânico do Panamá. Trata-se de amos na Bolívia, hoje não mais; estivemos áveis e sustentáveis independentemente do
uma ação integrada de engenharia brasi- no Chile e estamos voltando para aVenezuela. governo que esteja no poder. A sustentabi-
leira destinada a participar da ampliação Todos esses processos dependem muito da lidade econômica, social e ambiental é o nos-
do Canal do Panamá. Para isso, foi criado dinâmica e da necessidade de infra-estrutura so principal objetivo.Temos a preocupação de
um escritório na Cidade do Panamá. dos diferentes países. Muitas nações da não gerar um passivo ambiental para o futuro,
Ainda na América Central, a participa- América Central estão, hoje, preocupadas e também damos grande importância à inte-
ção da Andrade Gutierrez pode ser citada em resgatar, por intermédio de obras de gração da sociedade ao nosso projeto. Traba-
na construção do Aqueduto Noroeste, na infra-estrutura, a sua dívida social, privilegi- lhamos com mão-de-obra local, desenvol-
República Dominicana; na expansão do ando as populações menos favorecidas. vemos programas de capacitação profissional
Aeroporto de Nassau, nas Bahamas; e na para os habitantes das diferentes regiões onde
construção do Resort Jalousie, em Santa A Andrade Gutierrez também se in- atuamos, trabalhamos com iniciativas de edu-
Lúcia, no Caribe. sere nesta linha de atuação? cação dentro dos nossos canteiros de obras,
“Estamos, também, iniciando o pro- RC – Cada vez mais. A sustentabilidade do atuamos em alfabetização etc. Posso dizer que
jeto de uma usina hidrelétrica na Repú- projeto é muito importante. Na América La- essa preocupação está presente em todos os
blica Dominicana de 90 megawatts. Já tina, e na América Central, em particular, os nossos projetos.
começamos a elaborar o projeto e a esta-
belecer a liberação de licenciamento
ambiental para, em 2008, iniciarmos a
construção da usina. Estamos trabalhan-
do na Nicarágua, no desenvolvimento de
oportunidades na área de energia. Na
fronteira de El Salvador e Honduras, de-
senvolvemos o projeto para a constru-
ção de uma hidrelétrica em El Tigre. Na
Costa Rica ainda não estamos atuando.
Temos pesquisado toda a região centro
americana e apresentado propostas, prin- A Andrade Gutiérrez trabalhou na duplicação da Ponte das Américas, no Panamá.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 61


CULTURA

Música e
dança na
Nicarágua
Ritmos diversos e folclóricos, política e história marcam a tradição do maior país da América Central

Nicarágua é constituída por Hoje, o que se vê na Nicarágua é um do, são representativos, sobretudo, o som e a

A uma diversidade de povos que


deram origem a uma cultura
alegre e criativa, que nasce da
herança e da fusão de culturas
indígenas com a de colonizadores europeus
e de povos africanos.
Para a América Latina, a Nicarágua tor-
substrato cultural em que a música e a
dança não só enriquecem o cotidiano de
seus cidadãos, mas também falam de seus
sonhos e desejos coletivos de construir
uma nação mais justa e independente.
Na região do Pacífico, desde os tempos
coloniais, ocorreu uma fusão criativa, às ve-
coreografia das polcas e das mazurcas.
Alguns estudiosos consideram que a
expressão cultural por excelência do
Caribe nicaragüense são as danças e os
sons africanizados, sendo que as tribos in-
dígenas também os influenciaram. O rit-
mo, e o respectivo bailado, representati-
nou-se, também, sinônimo de luta pela es- zes violenta, outras vezes terna, entre o indí- vo dessa área é o Palo de Mayo, nascido na
tabilização política. Em 1936, Anastasio gena e o espanhol, e dela resultaram danças região de Bluefields, que conta com uma
Somoza ganhou as eleições presidenciais e, e músicas muito vistosas e diversas. Em percussão muito energética.
durante vinte anos, governou o país, dire- Carazo, por exemplo, os tambores e flautas Durante os anos 70 e 80, no período
tamente, ou por meio de aliados políticos, indígenas acompanham os dançarinos cujas do movimento revolucionário e na pos-
até ser assassinado em 1956. Seus descen- vestimentas mostram essa dualidade étnica. terior luta em defesa da Revolução
dentes mantiveram um governo forte por Em Masaya, as danças têm, sobretudo, Sandinista, destacaram-se, na Nicarágua, os
mais duas décadas, até serem vencidos pela uma identidade mestiça, com participa- ritmos de trovas latino-americanas, usa-
Frente Sandinista de Libertação Nacional, ção maior dos elementos indígenas. As das para protestar contra as injustiças so-
que deflagrou uma revolta armada no final mulheres vestem o guipil (camisa femini- ciais e para veicular veementes apelos à
da década de 70 e chegou ao poder. na feita de algodão) e os homens, cotona construção de “dias melhores e um futu-
Daniel Ortega Saavedra foi chefe de Es- (camisa masculina tradicional da Nicará- ro mais justo”, ao patriotismo e até à con-
tado da Nicarágua de 1979 a 1990 e foi gua), calça branca, chapéu e sandália. servação ecológica. Com o tempo, a trova
reeleito para a presidência em 2007. No Bra- Nas regiões montanhosas do Norte e do passou a ser um ritmo amplamente utili-
sil, a derrota da dinastia Somoza inspirou o centro, é possível destacar a presença da he- zado na criação artística nicaragüense.
documentário “O pequeno exército louco”, rança européia oriunda das colônias espanho- Eventos como o festival de poesia de León
de Lucia Murat e Paulo Adario, de 1984. las e alemãs assentadas na região. Nesse senti- são representativos dessa tendência.

62 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


AVIAÇÃO

Nova rota une Rio e Panamá


Copa Airlines voa para 37 diferentes destinos no continente americano

A companhia oferece conforto a bordo e tarifas competitivas em... ... itinerários que proporcionam economia de tempo.

Segundo Alexandre Camargo, América Central e do Caribe, çam melhor a América Central. Histori-
camente, os laços brasileiros com aquela
Diretor Internacional da Copa via Panamá. região nunca foram muito grandes, e, só
agora, a ligação comercial com a América
Airlines, a companhia proporci- Além disso, a empresa acaba de Central começa a se fortalecer, inclusive
ona economia de tempo e de di- lançar uma rota para o Panamá, com ativa participação de empresas brasi-
leiras em projetos ali desenvolvidos, so-
nheiro aos viajantes, por meio com vôos diários que partem do bretudo nas áreas de construção civil, de
estradas e de hidrelétricas. Está, também,
de seus quatro vôos diários que Aeroporto do Galeão, no Rio em pauta um programa que gira em torno
saem do Brasil para os países da de Janeiro. da utilização do álcool obtido da cana-de-
açúcar, como combustível, cuja tecnolo-
gia o Brasil domina, e que pode ter os pa-
Que papel está desempenhando a América Central: tudo isso justifica o apoio íses centro- americanos como grandes
Copa Airlines no Seminário Bilate- que estamos proporcionando à iniciativa distribuidores na região e na América do
ral de Comércio Exterior e Investi- deste seminário de analisar o comércio bi- Norte. Trata-se, portanto, de um momen-
mentos Brasil-América Central? lateral entre Brasil e países da região com to ideal para a divulgação do potencial eco-
AC – A Copa Airlines é uma empresa aé- vistas a seu incremento e dinamização. Afi- nômico da América Central e das grandes
rea do Panamá que está completando sete nal de contas, em se tratando de investi- vantagens que poderão ser obtidas no co-
anos de atuação no Brasil e que, no final mentos e negócios na América Central, mércio com a região.
de 2006, inaugurou sua nova rota: Rio de acredito que temos bom conhecimento e
Janeiro-Panamá. A partir do território pa- alguma experiência de como chegar lá e A Copa Airlines atua apenas na Améri-
namenho, fica assegurada a conexão, em de como desfrutar das vantagens que nos- ca Latina ou alcança, também, outras
menos de uma hora, com quase todos os sa empresa oferece. regiões do continente e do mundo?
países da América Central e do Caribe, AC – A Copa Airlines voa para trinta e
inclusive com os que estão tomando par- Quais são as suas expectativas em sete diferentes destinos no continente. É
te nesse seminário. Um vôo novo, uma relação aos resultados do seminário? uma empresa especializada em América
rota nova, mais facilidades de locomoção AC – Antes de mais nada, considero mui- Latina. No Brasil, ela tem, atualmente,
e de transporte de cargas entre o Brasil e a to importante que os brasileiros conhe- quatro vôos diários que se dirigem ao Pa-

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 63


AVIAÇÃO

namá, dois partindo de São Paulo, um do


Rio de Janeiro e outro de Manaus. A es-
tratégia da Copa Airlines tem sido a de voar
para quase todos os países e cidades mais
importantes da América Latina, e só não
voamos, ainda, para a Guiana, para o
Paraguai e para a Bolívia. Estamos estu-
dando a possibilidade de chegar até eles,
mas, no momento, julgamos mais impor-
tante, em termos empresariais, criar mais
uma linha partindo do Brasil e, mais espe-
cificamente, do Rio de Janeiro.

Entre os brasileiros, qual é o perfil


dos que viajam para o Panamá? São
turistas, investidores, ou passageiros
que utilizam o país como escala
para alcançar outros destinos?
AC – Para responder a essa pergunta é
importante assinalar, inicialmente, que o
Panamá constitui-se, hoje em dia, em um
centro de distribuição, não apenas do pon-
to de vista da logística de passageiros, como
“ A Copa Airlines foi
a primeira empresa
internacional a voar
via Panamá, economiza-se entre cinco e
seis horas, pois não é necessário atingir
Miami e, depois, voltar atrás até o destino
da de cargas. O país especializou-se em final. Além disso, existe a vantagem eco-
logística. No que se refere a passageiros, com aviões brasileiros nômica, pois um bilhete do Brasil até o
em torno de 20 a 25% dos que para lá
viajam ficam no país. Os demais utilizam o
Panamá como ponto de conexão para ou-
tros destinos para os quais voamos. Isso
no Brasil
ALEXANDRE CAMARGON ” Panamá custa, em média, menos US$ 400
do que uma passagem para Miami.

Quando da realização do Seminá-


ocorre, primeiro, por causa da facilidade sas atividades no Brasil com um vôo diário rio Bilateral de Comércio Exterior
de conexão, pois, como já disse, estamos a – e já estarmos com quatro – diz tudo. e Investimentos Brasil-Panamá, no
uma hora de vôo dos países da América Continuamos estudando a utilização de ano passado, os panamenhos anun-
Central e do Caribe; segundo, pela facili- novas rotas no Brasil e já as estamos plei- ciaram que o país estava concluin-
dade de não se exigir visto de entrada. teando, junto ao governo brasileiro, o que, do a ampliação de seu aeroporto in-
Quem viajar para qualquer país da região, também, é um bom sinal. ternacional, de modo a oferecer
via Miami, vai precisar do visto americano, Devo mencionar, ainda, que são fortes maiores e melhores condições para
o que é um complicador. os laços históricos que unem a Copa os vôos. Essas obras já foram com-
Quanto ao perfil profissional dos que Airlines ao Brasil, pois fomos a primeira pletadas? É satisfatório o estado atu-
vão para o Panamá, acredito que cerca de empresa aérea latino-americana a comprar al desse aeroporto?
70% seja de empresários e funcionários de aviões da Embraer, o modelo 190, e a pri- AC – A fase mais importante dessa amplia-
variadas empresas que estão viajando para meira empresa internacional a voar com ção já terminou e, hoje, o aeroporto está,
fazer negócios, sobretudo na América do aviões brasileiros no Brasil. A rota de praticamente, duplicado.Acredito, entretan-
Norte. Nos Estados Unidos, a Copa Airlines Manaus é feita com esse modelo. to, que ele vai precisar crescer muito mais, e
voa para Miami, Orlando, Los Angeles e proximamente. O Panamá tornou-se um
Nova Iorque e, graças à Continental, que é Quais as vantagens mais evidentes imenso centro de distribuição de conexões
uma das investidoras do grupo, também de utilizar a Copa Airlines nas via- de vôos internacionais para a América Cen-
para Houston, no Texas. gens para a América Central, em es- tral e, à medida que cresce o intercâmbio
pecial, e para as Américas, de um comercial com esses países, vai ficar patente
A Copa Airlines está satisfeita com modo geral? a necessidade de ampliar esse aeroporto.
seus investimentos no Brasil? AC – Antes de mais nada, a Copa Airlines Atualmente, ele atende às necessidades do
AC – Bem, se um negócio não se revela proporciona grande economia de tempo, país, mas creio que, em dois anos, principal-
rentável, a tendência é de não se investir o que é importante para a efetivação dos mente com a ampliação já decidida do Canal
nele. O fato de havermos começado nos- negócios. Para chegar à América Central do Panamá, será necessário aumentá-lo.

64 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


RELAÇÕES BILATERAIS

Comércio Exterior do MCCA


ARTIGO ELABORADO PELA EQUIPE DO DEPARTAMENTO
Evolução da corrente de comércio do MCCA
1990 a 2005 – US$ bilhões
DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DO C OMÉRCIO EXTERIOR DA SECRETARIA 50.000
DE COMÉRCIO E XTERIOR DO MDIC
45.000

40.000

Em 1990, os presidentes dos países que compõem o MCCA 35.000

estabeleceram um novo sistema de pagamentos e acordaram 30.000


reestruturar, fortalecer e reativar o processo de integração. Na- 25.000
quele ano, o fluxo de comércio externo do bloco foi de apenas
20.000
US$ 10,8 bilhões. A exportações contabilizaram US$ 4,4 bi-
15.000
lhões e as importações US$ 6,5 bilhões, o que gerou um déficit
de US$ 2,1 bilhões. A partir de então, a corrente de comércio 10.000

expandiu-se significativamente e atingiu o montante de US$ 48,9 5.000

bilhões. 0

1991

2001
1992

2002
1993

1999

2003
1995

1997

2005
1990

2000
1994

1996

1998

2004
Em 2005, segundo o FMI, a soma do PIB dos cinco países
Fonte: OMC
(Costa Rica, Guatemala, El Salvador, Honduras e Nicarágua) foi
de US$ 77,53 bilhões, resultando em uma participação do co-
mércio exterior no PIB na ordem de 63,0%, o que evidência Evolução das exportações do MCCA
uma ampla abertura econômica. 1990 – 2005 – US$ bilhões
Ao longo do período de 1990 a 2005, o déficit comercial do
18.000
bloco foi constante e contabilizou US$ 15,9 bilhões em 2005, Fonte: OMC
resultado de exportações de US$ 16,5 bilhões e importações de 16.000

US$ 32,4 bilhões. 14.000


O maior país exportador do MCCA é a Costa Rica, com ven- 12.000
das de US$ 7,0 bilhões e uma participação de 42,8% no total de
10.000
2005. Em seguida está a Guatemala, com US$ 3,5 bilhões e par-
ticipação de 21,1%, El Salvador, com US$ 3,4 bilhões e 20,6%, 8.000

Honduras, com US$ 1,7 bilhão e 10,3% e Nicarágua, com ex- 6.000

portações de US$ 858 milhões e participação de 5,2% nas ex- 4.000


portações do bloco em 2005.
2.000
A importação do bloco, por país, é menos concentrada que a
exportação. O maior comprador também é a Costa Rica, com 0
1991

2001
1992

2002
1993

1999

2003
1995

1997

2005
1990

2000
1994

1996

1998

2004
uma importação total de US$ 9,8 bilhões e participação de 30,2%
Costa Rica Guatemala El Salvador Honduras Nicarágua
no total de 2005. Em seguida estão: Guatemala, importação de
US$ 8,8 bilhões e participação de 27,2%, El Salvador, US$ 6,7
bilhões e 20,7%, Honduras, US$ 4,5 bilhões e 13,8% e Nicará- bilhão), café, chá e especiarias (8,3%, US$ 1,4 bilhão), vestuário
gua, com compras de US$ 2,6 bilhões e participação de 8,0% nas e acessórios de malha (7,6%, US$ 1,3 bilhão), máquinas e equi-
importações totais do MCCA. pamentos mecânicos (5,6%, US$ 931 milhões), vestuários e aces-
A pauta de exportação do Mercado Comum Centro-Ameri- sórios, excl. de malha (5,0%, US$ 833 milhões), instrumentos e
cano é bastante desconcentrada. O principal grupo de produtos, aparelhos de ótica (3,6%, US$ 603 milhões), açúcar (2,9%, US$
máquinas e equipamentos elétricos, com exportações de US$ 476 milhões), plásticos e obras (2,8%, US$ 474 milhões) e pro-
1,7 bilhão, respondeu por apenas 10,0% do total das vendas de dutos farmacêuticos (2,8%, US$ 462 milhões).
2005. Esse grupo compreende a exportação de US$ 803 mi- Já, as importações do bloco são um pouco mais concentradas.
lhões em circuitos integrados, 48% do total do segmento. Isso se Em 2005, o principal grupo de produtos importado foi combus-
deve a exportação da Costa Rica, país sede de uma importante tíveis minerais (participação de 14,8% na pauta, totalizando US$
fábrica de microprocessadores desde 1998. Em seguida, os prin- 4,7 bilhões), em seguida estão: máquinas e equipamentos elétri-
cipais grupos de produtos que das exportações centroamericanas cos (12,9%, US$ 4,1 bilhões), máquinas e equipamentos mecâ-
são: frutas e castanhas (9,1% do total da pauta, somando US$ 1,5 nicos (8,4%, US$ 2,7 bilhões), veículos automóveis (6,6%, US$

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 65


RELAÇÕES BILATERAIS

Evolução das importações do MCCA Exportações do MCCA


1990 – 2005 – US$ bilhões Principais produtos – 2005 – participação %

35.000 10,0 Fonte: Global Trade Atlas


Fonte: OMC 9,1
30.000 8,3
7,6
25.000

5,6
20.000 5,0

15.000 3,6
2,9 2,8 2,8
10.000

5.000

Acessórios,
Máquinas e
Equipamentos
Elétricos

Vestuário e
Acessórios
de Malha
Máquinas e
Equipamentos
Mecânicos
Vestuário e
exc. Malha
Instrumentos
e Aparelhos
de Ótica
Frutas e
Castanhas

Café, Chá e
Especiarias

Plásticos
e Obras

Produtos
Farmacêuticos
Açúcar
0
1991

2001
1992

2002
1993

1999

2003
1995

1997

2005
1990

2000
1994

1996

1998

2004
Costa Rica Guatemala El Salvador Honduras Nicarágua

2,1 bilhões), plásticos e obras (5,4%, US$ 1,7 bilhão), produtos Importações do MCCA
farmacêuticos (3,9%, US$ 1,2 bilhão), papel e cartão (3,7%, Principais produtos – 2005 – participação %
US$ 1,2 bilhão), ferro fundido, ferro e aço (3,4%, US$ 1,1 bi-
14,8 Fonte: Global Trade Atlas
lhão), cereais (2,0%, US$ 622 milhões) e algodão (1,9%, US$
593 milhões). 12,9

Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do


MCCA. Os países que compõem o bloco e a República
Dominicana são signitário de um acordo de livre comércio com 8,4

os Estados Unidos denominado Dominican Republic–Central 6,6


America Free Trade Agreement – DR-CAFTA. Em 2005, 41,5% das 5,4

exportações do bloco se destinaram aos Estado Unidos, o equi- 3,9 3,7 3,4
valente a US$ 7,3 bilhões. Seguindo-se, os maiores destinos das 2,0 1,9
exportações do MCCA foram: México (participação de 3,7% da
pauta, somando US$ 658 milhões), Países Baixos (3,3%, US$
Máquinas e
Equipamentos
Elétricos
Máquinas e
Equipamentos
Mecânicos
Combustíveis
Minerais

Veículos
Automóveis

Plásticos
e Obras

Produtos
Farmacêuticos

Ferro Fundido,
Ferro e Aço
Papel e Cartão

Cereais

Algodão
586 milhões), Hong Kong (2,8%, US$ 492 milhões), Alemanha
(2,7%, US$ 466 milhões), Panamá (2,0%, US$ 351 milhões),
China (1,8%, US$ 313 milhões), Bélgica (1,5%, US$ 261 mi-

Exportações do MCCA Exportações do MCCA


Principais países de destino – 2005 – participação % Principais países fornecedores – 2005 – participação %

Fonte: Global Trade Atlas Fonte: Global Trade Atlas


41,5 34,8

7,2
3,7
3,3
2,8 2,7 4,1 3,5 3,5
2,0 1,8 3,1
1,5 1,3 1,3 2,6 2,4
1,8 1,7
a

ica

inic lica

la

ia

a
ico

ão
Uni stados

Uni stados

ico

adá

amá
sil

Sul
ng
aixo

anh

Chin

Chin

anh
zue

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ana

Jap

Bra
g Ko

Bélg
Méx

Méx
a

DomRepúb
Can

do
dos

dos
Pan

Pan
Alem

Alem
Colô
es B

e
Ven
E

E
Hon

éia
País

Cor

66 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


lhões), Canadá (1,3%, US$ 227 milhões) e República Dominicana Participação do Brasil no comércio exterior do MCCA
(1,3%, US$ 220 milhões). 2000 a 2005
Já, quanto aos maiores mercados fornecedores das importa-
ções do MCCA, a pauta é menos concentrada. No ano de 2005, os Fonte: MDIC/SECEX e OMC

Estados Unidos responderam por 34,8% da origem das compras 0,6%


do bloco, somando US$ 11,7 bilhões. Em seguida estão: México 0,5%
(participação de 7,2%, US$ 2,4 bilhões), China (4,1%, US$ 1,4
bilhão), Japão (3,5%, US$ 1,2 bilhão), Brasil (3,5%, US$ 1,2 bi-
lhão), Venezuela (3,1%, US$ 1,1 bilhão), Coréia do Sul (2,6%, 0,4%
US$ 867 milhões), Panamá (2,4%, US$ 823 milhões), Colômbia 0,3% 3,1% 3,5%
(1,8%, US$ 590 milhões) e Alemanha (1,7%, US$ 580 milhões). 0,2% 0,3%
Quanto à posição do Brasil no comércio exterior do bloco, o País 2,2%
1,8%
ocupa lugar de destaque como o quinto maior fornecedor, com uma 1,3% 1,3%
participação crescente que atingiu 3,5% das importações totais em
2005. Entretanto, à posição brasileira como destino de produtos das 2000 2001 2002 2003 2004 2005
exportações do MCCA, ocupa tão somente a trigésima sexta posição Importação do MCCA Exportação do MCCA
com uma participação de 0,6% nas vendas totais.

Intercâmbio comercial entre Brasil e MCCA – 2006


Nos últimos dez anos, a corrente de comércio entre o Brasil e Evolução da corrente de comércio Brasil/MCCA
o MCCA aumentou 521%, ao passar de US$ 208 milhões, em 1997/2006 – US$ milhões FOB
1997, para US$ 1,29 bilhão, em 2006. De 1997 até o ano de
Fonte: MDIC/SECEX
2001, o comércio bilateral permaneceu praticamente estável. Já, 1.269 1.290
em 2002, apresentou um crescimento de 40,8% e permaneceu
com aumentos nessa ordem até atingir a cifra de US$ 1,269 bi-
lhão em 2005. No ano seguinte, o fluxo se estabilizou e cresceu 961

apenas 1,7%.
A soma de US$ 1,161 bilhão das exportações brasileiras para o
MCCA em 2006 é resultado do crescimento acentuado registrado 609
desde 2002. Nesse ano, a pauta brasileira de exportação destinada ao
452
bloco se expandiu em 47,5% relativamente a 2001, e contabilizou
321
US$ 417,5 milhões. Os aumentos continuaram até 2005, atingindo 266 258
311
208
a cifra recorde no comércio bilateral de US$ 1,171 bilhão. No último
ano da série, registrou-se um decréscimo de 0,9%.
As importações brasileiras originadas no bloco, embora peque-
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
nas em relação às exportações, apresentaram um crescimento cons-
tante no período analisado. O valor das compras externas foi de
US$ 8,4 milhões, em 1997, para US$ 129 milhões, em 2006.
Quanto ao saldo comercial, o Brasil é historicamente colocado é El Salvador, representando 18,4% e US$ 213,5 mi-
superavitário no comércio com o MCCA. O maior saldo positi- lhões. Em seguida está Honduras, com 12,1% e US$ 140,7 mi-
vo ocorreu em 2005, quando foi de US$ 1,073 bilhão. No ano de lhões e Nicarágua, com 5,1% e US$ 59,6 milhões.
2006, houve uma pequena queda no saldo na ordem de 3,8% A Costa Rica é, também, o maior parceiro comercial brasileiro
devido ao aumento nas importações e queda nas exportações referente às importações provenientes da região. No ano de 2006,
brasileiras ao bloco. o Brasil comprou US$ 117,7 milhões de produtos costarriquenhos,
Por país, o maior destino das vendas brasileira no grupo é a 91,2% do total das importações originárias do MCCA. As merca-
Costa Rica com aquisições de US$ 427,8 milhões e uma partici- dorias fornecidas pela Guatemala somaram US$ 6,18 milhões e
pação de 36,8% no total do MCCA. A Guatemala é o segundo representaram 4,8% da pauta do bloco. El Salvador contribuiu
maior comprador de produtos brasileiros, com uma cifra de US$ com 2,0% e somou US$ 2,64 milhões, Honduras, com 1,9% e
319,3 milhões e participação de 27,5% no bloco. O terceiro US$ 2,48 milhões e a Nicarágua com apenas US$ 12 mil.

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 67


RELAÇÕES BILATERAIS

Ranking da China nas exportações brasileiras Ranking da China nas importações brasileiras
2005/2004 – US$ milhões FOB 2005/2004 – US$ milhões FOB

País Valor Δ% Part% País Valor Δ% Part%

2006/05 2006/05
MCCA 1.161 -0,9 100,0 MCCA 129,0 32,3 100,0
Costa Rica 427,8 3,5 36,8 Costa Rica 117,70 27,4 91,2
Guatemala 319,3 -4,0 27,5 Guatemala 6,18 185,9 4,8
El Salvador 213,5 -10,0 18,4 El Salvador 2,64 134,1 2,0
Honduras 140,7 1,2 12,1 Honduras 2,48 32,2 1,9
Nicarágua 59,6 21,7 5,1 Nicarágua 0,01 582,9 0,0
Fonte: MDIC/SECEX

A composição da pauta de exportação brasileira para o MCCA Intercâmbio comercial Brasil/MCCA


é formada por 97,5% de bens industrializados e apenas 2,5% de 2006/2005 – US$ milhões FOB
produtos básicos. No comparativo 2006/2005 o grupo dos pro-
Fonte: MDIC/SECEX
dutos básicos apresentaram um crescimento de 57,6%, os Variação % 2005/2006:
Exportação: - 0,9% 1.269 1.290
semimanufaturados cresceram 20,8%, enquanto que os itens 1.171 1.161 Importação: + 32,3%
Corrente de comércio: + 1,7% 1.073
manufaturados regrediram 3,8%. 1.032
Dentre os principais itens exportados pelo Brasil ao mercado
em análise, os de maior participação na pauta foram: álcool etílico
(principal item, com uma participação de 10,1% na pauta total,
somando US$ 116,9 milhões), produtos semimanufaturados de
ferro/aço (representando 6,3% do total, US$ 72,8 milhões), ga-
solina (6,1%, US$ 71,4 milhões), fio-máquina de ferro/aço (5,7%,
US$ 66,2 milhões), chassis com motor para automóveis (4,7%, 98 129

US$ 54,3 milhões), automóveis de passageiros (3,5%, US$ 40,5


milhões), papel e cartão (3,2%, US$ 37,2 milhões), máquinas e Exportação Importação Saldo Corrente de
aparelhos para terraplanagem (3,2%, US$ 36,9 milhões), ligas de 2005 2006
Comércio

alumínio em bruto (2,7%, US$ 30,9 milhões) e produtos laminados


planos de ferro/aço (2,0%, US$ 23,1 milhões).
Os produtos de relevância na pauta que mais cresceram em ex-
portações para esse mercado, no comparativo de 2006 com 2005, de processamento de dados (1,6%, US$ 2,0 milhões), embala-
foram: chassis com motor (+157,6%, para um total de US$ 54,3 gens de papel (1,1%, US$ 1,4 milhões), chumbo em formas bru-
milhões), ônibus (+148,0%, para US$ 9,2 milhões), cobre em bar- tas (0,8%, US$ 991 mil), instrumentos e aparelhos médicos (0,8%,
ras, perfis e fios (+97,1%, US$ 22,2 milhões), sementes forrageiras US$ 983 mil), artigos plásticos para embalagens (0,5%, US$ 621
(+90,0%, US$ 10,0 milhões), pneumáticos (+64,9%, US$ 19,9 mil) e fios e cabos elétricos (0,5%, US$ 597 mil).
milhões), motocicletas (+51,0%, US$ 18,0 milhões), fumo em Entre as unidades da federação, a que mais exportou para o
folhas (+49,9% US$ 16,6 milhões), álcool etílico (+44,2%, US$ MCCA em 2006 foi São Paulo. O Estado foi responsável por 48,7%
116,9 milhões), ligas de alumínio em bruto (+42,8% US$ 30,9 da venda ao MCCA e totalizou US$ 565,5 milhões. As demais
milhões) e móveis (+40,5%, US$ 22,1 milhões). principais unidades da federação que realizaram exportações ao
A pauta de importação brasileira originária do MCCA, tam- mercado foram: Rio de Janeiro (participação de 11,0% no total,
bém, é bastante concentrada em produtos industrializados, que somando US$ 127,4 milhões), Minas Gerais (9,9%, US$ 114,7
respondem por 92,4% do total. Os produtos básicos represen- milhões), Rio Grande do Sul (7,9%, US$ 92,1 milhões), Paraná
taram 7,6% da pauta. (5,8%, US$ 67,6 milhões), Santa Catarina (4,2%, US$ 48,2 mi-
Apenas um produto, circuitos integrados, respondeu por 80,8% lhões), Espírito Santo (4,0%, US$ 46,7 milhões), Bahia (4,0%,
das importações nacionais oriundas do MCCA, somando US$ US$ 46,2 milhões), Amazonas (2,4%, US$ 27,3 milhões) e Ceará
104,3 milhões. Os outros principais itens comprados pelo Brasil (0,8%, US$ 9,4 milhões). Os demais estados brasileiros foram
foram: alumínio para reciclagem (5,3% do total, somando US$ responsáveis por 1,4% das exportações nacionais para o MCCA.
6,9 milhões), peças de borracha vulcanizada (1,6%, totalizando As importações brasileiras de produtos oriundos do MCCA
US$ 2,0 milhões), partes e acessórios para máquinas automáticas são menos concentradas no estado de São Paulo que foi responsá-

68 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


vel por 27,1% da pauta total e somou US$ 35,0 milhões. O Rio Considerando os dados de 2006, 2.131 empresas brasileiras efe-
grande do Sul participou com 20,0% e totalizou US$ 25,9 mi- tuaram vendas ao MCCA, representando um decréscimo de 1,2%
lhões. Em seguida estão: Bahia, com 16,8% e US$ 21,7 milhões, (-26 empresas) em relação ao ano de 2005 (2.157 empresas).
Paraná, com 15,3% e US$ 19,8 milhões, Amazonas, com 9,1% e Do lado da importação, 333 empresas brasileiras realizaram
US$ 11,7 milhões, Espírito Santo, com 4,0% e US$ 5,2 milhões, compras de produtos originários do MCCA, 33,7% (+84 em-
Santa Catarina, com 1,7% e US$ 2,2 milhões, Rio Grande do Nor- presas) a mais que em 2005 (249 empresas).
te, com 1,4% e US$ 1,8 milhão, Minas Gerais, com 1,3% e US$
1,7 milhão, e Rio de Janeiro, com 1,1% e US$1,5 milhão.

Exportação brasileira para o MCCA por fator agregado Principais produtos exportados pelo Brasil para o MCCA
2006/2005 – US$ milhões FOB 2006 – US$ milhões FOB

1.062 116,9 Fonte: MDIC/SECEX


Variação % 2004/2005: 1.022
Básicos: + 57,6%
Semimanfaturados: + 20,8%
Manufaturados: - 3,8%
72,8 71,4 66,2
54,3
40,5 37,2 36,9
30,9
23,1
91 109
18 29

Máquinas e
Aparelhos para
Terraplanagem

Laminados
Planos
de Ferro/Aço
Semimanuf.
de Ferro/Aço

Chassis com
Motor

Ligas de
Alumínio
Álcool Etílico

Gasolina

Fio-máquina

Automóveis

Papel e Cartão
Básicos Semimanufaturados Manufaturados
2005 2006 Fonte: MDIC/SECEX

Principais produtos importados pelo Brasil do MCCA Estados brasileiros que mais importaram do MCCA
2006 – US$ milhões FOB 2006 – US$ milhões FOB

104,3 Fonte: MDIC/SECEX 35,0 Fonte: MDIC/SECEX

25,9
21,7
19,8

11,7
6,9 2,0 2,0 1,4 1,0 1,0 0,6 0,6 5,2
2,2 1,8 1,7 1,5
Partes de Máqs.
Circuitos
Integrados

Alumínio para
Reciclagem

Embalagens
de Papel

Chumbo em
Formas Brutas

Fios e Cabos
Elétricos
Peças de
Borracha
Vulcanizada

Aut. p/ Processa-
mento de Dados

Instrumentos
e Aparelhos
Médicos
Artigos de
Plástico para
Embalagens

Rio Grande
do Sul

Rio Grande
do Norte
Paraná

Espírito
Santo
São Paulo

Amazonas

Rio de
Janeiro
Bahia

Santa
Catarina

Minas
Gerais

Estados brasileiros que mais exportaram do MCCA Número de empresas brasileiras exportadoras e
2006 – US$ milhões FOB importadoras no comércio com o MCCA
565,5 Fonte: MDIC/SECEX 2.157 2.131 Fonte: MDIC/SECEX

127,4 114,7 92,1 249 333


67,6 48,2 46,7 46,2 27,3 9,4
Rio Grande
do Sul

Paraná

Espírito
Santo
São Paulo

Amazonas

Ceará
Rio de
Janeiro

Minas
Gerais

Santa
Catarina

Bahia

2005 2006
Exportadores Importadores

Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 69


CURTAS

Segurança Humano, das Nações Unidas,



Foi destaque, durante o de 2005, a Costa Rica


Seminário Bilateral de detém o quinto lugar no



Comércio Exterior e mundo em matéria de



Investimentos Brasil- exportações de alta


América Central, a segurança tecnologia, resultado da



jurídica oferecida pela Costa atração de investimentos


Rica aos investidores estrangeiros. Além disso o



estrangeiros. No território país é referência mundial



daquele país, os estrangeiros ○

em turismo, recebendo


não encontram reservas mais de 1 milhão de



legais e podem dirigir, eles visitantes por ano.



próprios, os seus negócios.


Encontram, também, Financiamentos


• O BNDES, entidade que


igualdade constitucional de


direitos e deveres em relação colabora com a realização dos



aos cidadãos da Costa Rica. seminários realizados pela A Costa Rica recebe muitos visitantes da América Central, mas a



As leis de propriedade Federação das Câmaras de maioria vem dos Estados Unidos e da União Européia.


intelectual funcionam Comércio Exterior – FCCE,



segundo as regras da mantém, em sua linha de Empresas – MPMEs. São comerciais e múltiplos,


Organização Mundial do financiamentos à exportação, consideradas MPMEs as cadastrados pelo BNDES.



Comércio. Segundo o Índice o programa Empresa Âncora empresas que apresentam Maiores informações podem



de Desenvolvimento – Micro, Pequenas ou Médias receita operacional bruta ser obtidas pelo e-mail


anual de até R$ 60 milhões. faleconosco@bndes.gov.br.



Entre as principais vantagens O BNDES disponibiliza


desta linha de crédito estão o também, para as MPMEs, o



pagamento antecipado programa Pré-Embarque



(muitas vezes à vista) aos Ágil. As empresas elegíveis


fornecedores MPMEs são as exportadoras instaladas



relativo à produção a ser no Brasil. A modalidade é

exportada pela empresa- constituída por operações



âncora e o acesso indireto indiretas, por meio de repasse



desses fornecedores ao do financiamento através dos


mercado externo. O agente agentes financeiros. A listagem



A Revista dos Seminários Bilaterais de financeiro, por sua vez, conta dos bancos considerados


com a mitigação do risco da agentes financeiros pode ser


Comércio Exterior e Investimento, operação. As companhias obtida no site do BNDES, no



organizados pela FCCE, é distribuída entre elegíveis para este programa seguinte endereço:

são firmas comerciais www.bndes.gov.br/


as mais destacadas personalidades, do


exportadoras, trading produtos/instituicoes/


Brasil e do exterior, que atuam no


companies, ou empresas aglamina.asp. O agente


comércio internacional. industriais que participem da financeiro, na qualidade de



cadeia produtiva e que repassador e garantidor


adquiram a produção de perante o BNDES, negocia as


Anunciar aqui é fazer chegar o seu


determinado conjunto condições da operação com a



produto a quem realmente interessa, a significativo de micro, empresa exportadora, como


pequenas ou médias empresas o spread do agente e as


quem decide.

visando à exportação. A garantias envolvidas. Em


Procure-nos.

modalidade praticada são seguida é firmado um


operações indiretas, com o contrato de financiamento



Tel.: 55 21 2570 5854 repasse do financiamento por entre a empresa exportadora


meio dos agentes financeiros, e o agente financeiro. Os


eduardo.teixeira@abrapress.com.br

que são cerca de cem bancos modelos de contrato podem



70 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


ser obtidos no endereço: caldeiras para Costa Rica – e



http://www.bndes.gov.br/ a Germisul, com mais de


produtos/exportacao/ US$ 1 milhão em vendas de



preembagil.asp. sementes. Além disso, a



APEX fechou contrato para


Sorteio a instalação de um centro de



• Durante o Seminário distribuição para pequenas e


Bilateral de Comércio médias empresas, na Cidade



Exterior e Investimentos ○ do Panamá, nos mesmos



Brasil-América Central, moldes dos já existentes em


foram sorteadas duas Miami e em Portugal. Os



passagens de ida e volta do primeiros 12 meses serão de



Rio de Janeiro a um país da operação gratuita para as 50


América Central, oferecida empresas brasileiras que



pela Copa Airlines. Na serão selecionadas e para a


presença do Diretor APEX. O centro de



Internacional da Copa distribuição do Panamá será A estudante Nicole Marie Bandeira de Mello Dourado, é cumprimenta-



Airlines, Alexandre Camargo, localizado na Zona de Livre da pelo Presidente da FCCE.


foram contemplados a Comércio de Colón.



estudante de Relações


Internacionais, Nicole Marie


Descontos


Bandeira de Mello Dourado, • A Copa Airlines, que opera



e o representante comercial vôos na América Central, está


da Comissária Ultramar, oferecendo descontos



Maurício Louzada. Os dois corporativos para empresas


felizardos receberão que efetuem, na companhia,



passagens do Rio de Janeiro à compras abaixo de US$ 25



Cidade do Panamá e, de lá, mil por ano. O programa


em outro vôo, partirão para chama-se Business Rewards,


um país da América Central a e procura criar uma relação


sua escolha. mais direta, de fidelização,



com os clientes corporativos.



Projetos São acumulados um ponto a


• Os principais projetos de cada US$ 1.000 gastos com



engenharia negociados viagens partindo do Panamá,



durante a missão empresarial e dois pontos para cada US$ Uma funcionária da Copa Air Lines, informa ao representante comerci-

brasileira que visitou a 1.000 nas viagem partindo al da Comissária Ultramar, Maurício Louzada, que ele ganhou uma


passagem aérea para a América Central.


América Central, em 2006, de outros destinos da Copa

foram referiram-se àas obras Airlines.



de ampliação do Canal do 80 milhões em vendas de hospitalares, veículos etc.



Panamá, ao projeto El Tigre, Missão oficial produtos brasileiros e mais Tais empresas realizaram

de construção de uma • Em 2006, uma missão de US$ 1 bilhão em futuros contatos com 947 possíveis


hidrelétrica na fronteira entre empresarial brasileira projetos de infra-estrutura parceiras nestes cinco

El Salvador e Honduras, chefiada pelo Ministro do e engenharia. Os países países.



além da implantação de Desenvolvimento, Indústria visitados foram Panamá, Segundo a APEX, uma


usinas de etanol, como a da e Comércio Exterior, Luiz Costa Rica, Guatemala, El das organizadoras da missão,

American Renewable Fuel Fernando Furlan, visitou a Salvador e Honduras. Da as empresas brasileiras


Suppliers, em El Salvador. maioria dos países da delegação, participaram 50 devem investir nesses países,


Foram, também, América Central. Cálculos empresas brasileiras das em abertura de lojas,

fechados contratos realizados pelo ministério áreas de têxteis e propaganda e outras



importantes por empresas indicam que os resultados confecções, calçados, iniciativas, empregando

como a Sermatec – US$ 9 da iniciativa deverão gerar alimentos, agroindústria, recursos estimados da ordem


milhões com a venda de negócios no valor de US$ equipamentos médicos e de US$ 10,498 milhões.


Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L 71


CURTAS



















Federação das Câmaras de Comércio Exterior



Foreign Trade Chambers Federation




Fédération des Chambres de Commerce Extérieur



Federación de las Cámaras de Comercio Exterior









Conselho Superior




MembrosVitalícios






Antônio Delfim Netto



Benedicto Fonseca Moreira




Bernardo Cabral


Carlos Geraldo Langoni




Ernane Galvêas


Giulite Coutinho



Gustavo Affonso Capanema (Vice-Presidente)



José Carlos Fragoso Pires




Laerte Setúbal Filho



Milton Cabral



Paulo D’Arrigo Vellinho



Paulo Pires do Rio




Paulo Tarso Flecha de Lima



Philippe Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança




Theóphilo de Azeredo Santos (Presidente)











72 Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • A M É R I C A C E N T R A L


BNDES

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